1. Spirit Fanfics >
  2. O "Damo" e A "Vagabunda" >
  3. Café Gelado

História O "Damo" e A "Vagabunda" - Café Gelado


Escrita por: Dii_Kook

Notas do Autor


Espero que gostem

Capítulo 2 - Café Gelado


Fanfic / Fanfiction O "Damo" e A "Vagabunda" - Café Gelado

Park Jimin 

Março 2017 - 06:39 a.m 

Faculdade Nacional de Seoul

Chego na faculdade super pleno, afinal, não tenho motivos para correr se não estou atrasado. Alguns alunos me cumprimentam com acenos de cabeça, outros com sorrisos, mas pelo menos todos dão um jeitinho discreto de me dizer um "olá".  

Cursar medicina veterinária nem sempre foi um sonho, comecei mesmo apenas para colocar no meu currículo e agora já não pretendo ter outra carreira além dessa, talvez um pouco de canto, mas a principal vai ser cuidar dos animais. É uma paixão descoberta recentemente. 

Minha aula iria demorar alguns minutos para começar, mas decidi ir para a sala e não correr risco de imprevistos. Chegando lá, escolhi o meu lugar e me sentei na cadeira logo em seguida, colocando a alça da bolsa no encosto do assento. Para assumir uma postura mais confortável, coloquei meus antebraços na mesa e me curvei um pouco para frente, esperando Taehyung chegar, o restante dos alunos e o professor. Ah, também estava à espera dela

Poucos minutos depois a garota chegou da mesma maneira que todas as manhãs, a única coisa que mudava era sua roupa. Os cachos negros e volumosos chamando atenção por onde passavam, alcançando pouco menos que seu ombro e cobrindo partes de sua testa com pequenos cachinhos de franja, o cabelo dela é como um chafariz de magnitude. Sua pele, naturalmente morena, sem dependência do sol para ficar escura, deixava ainda mais gritante a flor desenhada no rosto com glamour. As outras estavam cobertas pelas suas roupas, chamativas, que combinavam perfeitamente com a imagem que tinham de si. Uma calça jeans escura como o mar a noite, colada na pele moldando suas curvas de outro país, a blusa regata por dentro da cintura alta da calça, com o decote ressaltando seus seios que tantos olhavam estranho, mas adorariam ter; um salto que parecia uma bota, cobrindo abaixo de seu tornozelo e fechado por um zíper na lateral; E, para finalizar, sua jaqueta de couro vermelha que fazia par com o batom sangue que coloria seus lábios. Ela é tão... Diferente. 

– Ela vem de batom vermelho para a faculdade, tem doença?

– Só pode ser louca, nem para as festas eu uso um batom tão... Extravagante. 

E a sala explodiu em murmúrios, assim como todos os dias que ela passava pelo portão da escola, todos sussurravam coisas sobre ela. Não sei se gosta de receber tanta atenção assim, mas não parece se importar, pois é impossível que ela não ouça nem um comentário sobre seu estilo considerado "arriscado" aqui na Coréia do Sul.

– Tenho certeza que ela se arrepende profundamente por ter feito aquela flor no rosto. – comentou uma pessoa atrás de mim. 

– Acho que ela fuma pra cacete, sério, ela parece ser daquelas que só fazem coisas erradas. – julgou outra. – Deve estar aqui porque é obrigada pelos pais, afinal, acho que prefere festas do que estudos. 

Revirei os olhos com tamanha baboseira  dita, como conseguiam julgar alguém sem conhecê-la? Essas garotas não deveriam abrir a boca para falar de Iara. Essas garotas falam, Iara faz. Outra coisa que admiro nessa brasileira misteriosa que é sempre vista sozinha por causa do preconceito que sofre, todavia, enfrenta de cabeça erguida. 

Para minhas surpresa, e de todos, Iara abriu um sorriso assim que a garota terminou de proferir a frase, revelando seus dentes perfeitamente alinhados e brancos, como os dos comerciais de pasta de dentes ou propaganda de clínicas dentárias. Curvei meus lábios em um sorriso fraco e discreto, me sentindo orgulhoso da garota por mais uma vez enfrentar os comentários que faziam de ti com mais surpresas do que já mostrou. 

De repente, Iara olhou-me, virando totalmente seu rosto para mirar meu semblante que congelou com seus olhos castanhos fitando-me de maneira indecifrável. Inesperadamente, ela sorriu, esticou os cantos da boca em um sorriso ainda maior que o outro, assentindo de leve como um cumprimento. Eu, mesmo que congelado pela surpresa e pelo seu olhar que me perfurava tão facilmente, retribui o gesto com os lábios trêmulos pelo contato, mas não deixei de ficar feliz pela nossa primeira iteração. Estava tão evidente assim que eu à observava? 

– Você vai babar se não fechar essa boca. – ouvi a voz grossa atrás de mim e imediatamente suspirei pesado. 

– Bom dia, Taehyung. – olhei o rapaz já sentado ao meu lado. 

– Bom dia, Jimin. – respondeu com seu típico sorriso quadrado. 

– Os dentes dela são tão perfeitos... – me senti aliviado por escutar pelo menos uma vez algo bom. – Deve ter gastado uma fortuna para reparar os estragos.

Soltei o ar em uma bufada extremamente irritada, essas pessoas provavelmente nem sabem o segundo nome dela, quanto mais as coisas que faz ou deixa de fazer. A cada dia que passo eu fico mais irritado, esses seres terríveis cospem as palavras como se ela fosse surda, entretanto,  eu sei que ela consegue escutar muito bem o que falam dela e acho terrível que não pensem nos sentimentos das pessoas antes de soltarem as ofensas. 

– Me irrita tanto quando falam assim dela. – Taehyung cerrou o punho e o colocou sobre a mesa. 

Uma das coisas que admiro nele é a maneira como pensa, apesar de não ser exatamente igual ao meu pensamento, quando o assunto é preconceito pensamos iguail. Todavia, eu fico mais irado que ele quando o assunto é Iara, pois ela é o mais próximo que tenho... De um verdadeiro exemplo da xenofobia aqui. 

– Eu também. –  concordei com ele. 

– As vezes eu tenho pena dela, por ficar sempre sozinha... Um dia ainda vou falar com ela, só preciso tomar coragem. – falar com garotas nem sempre foi o forte de V, apelido carinhoso que dei para ele por ter a mania de fazer um V com os dedos.

Eu quase gritei de entusiamo com a idéia que tive, mas me controlei e me conformei em apenas sorrir e me remexer na cadeira em uma tentativa de diminuir a energia. Nem sei como não pensei nisso antes, uma solução tão fácil, tão na minha cara e eu ignorando ela... Às vezes me sinto um retardado. Que nem algumas pessoas desta sala.

~♥~

Quando a aula acabou, eu nem esperei todos saírem e já fui em disparada ao corredor, pois não queria perdê-la depois de ficar horas tomando coragem ao invés de prestar atenção na matéria. Quando cheguei até a porta, encontrei-a na metade do corredor, andando graciosamente com seu jeito decidido e despojado, ignorando os diversos olhares que ganhava. 

– Iara! – chamei-a em um tom normal, a coragem que sentia se esvaiu no ar assim que ela se virou, agora eu me sentia um bobo impotente e trêmulo.

– Sim? – indagou com metade do corpo virado para mim. 

Travei. As palavras não saíam. Meus comandos não eram obedecidos e não ajudava em nada ter todas as pessoas ali presente focados no diálogo mal começado. Eu fechei meus olhos e respirei fundo, pois nem sabia que havia parado de respirar por milésimos segundos. Juntei toda a coragem em meu peito e convidei:

– Quer tomar um café comigo? 

Foi mais difícil do que pensei. Achei que seria bem mas tranquilo, se eu não ficasse tão nervoso...

– Não. – surpreendeu-me, já que eu esperava uma resposta positiva. – Quero tomar um sorvete.

– S-sorvete? Mas é inverno, está frio... – retruquei confuso, piscando várias vezes como se estivesse me reiniciando. 

– Ah, então deixa para o próximo verão. Ou a primavera. – deu de ombros, ameaçando virar-se novamente. 

– Okay! Eu topo! – pareci mais desesperado do que queria. – Vamos tomar um sorvete. 

Como sempre, ela me assustou lançando um sorriso satisfeito, no entanto, eu já me sentia mais que feliz por ter conseguido iniciar nossos primeiro diálogo. 

                                  ~★~

Depois de chegarmos a uma lanchonete, Iara foi direto ao balcão do atendente, o que não fazia sentido já que tinha um freezer repleto de gelados bem ao seu lado. Entretanto, decidi não contrariar e segui seus passos, parando atrás de seu corpo. 

– Eu vou querer um café. – pediu de repente, fazendo-me ficar mais confuso do que já estava. – Com creme, muito creme. 

– E-espera, não íamos tomar sorvete? – coloquei a mão em seu ombro, recebendo um olhar de "você é louco?" do atendente atrás da madeira escura. 

– Ah, eu só queria ver se você estava mesmo afim de falar comigo. – riu sem sentido. – É, você está bem desesperado. 

– Eu não estou desesperado, apenas queria falar com você. – rolei os olhos, me sentindo um tolo. 

– Relaxa. – deu tapas em meu ombro como forma de consolo. – Vai querer o sorvete mesmo, ou prefere um café? 

– Café, sem creme, mas com muito açúcar. – disse enquanto olhava o atendente, que assentiu após ter anotado tudo no computador. – Vem, vamos sentar. 

A garota me acompanhou até uma mesa no fundo da lanchonete, perto da janela e um pouco afastada das outras mesas. Percebi que, como na faculdade, ela recebe diversos olhares por onde passa, deixando um rastro de pessoas que se contorcem para vê-la. 

– Você chama muita atenção. – indiquei o óbvio. 

– Eu sei, gosto disso. – deu de ombros, sentando-se no sofá de frente para o meu. 

– Da atenção? 

– Exato. – sorriu de canto. – Me sinto A Diferente. 

– E você é, creio que metade dessas pessoas nunca viram alguém com uma sequer tatuagem pessoalmente. – olhei em seus olhos. – É um diferente bom. Muito bom. 

– Obrigado. – assentiu. – Sei que também é pelo meu cabelo alto, um pouco curto e com cachos volumosos — abri a boca para elogiar seus fios estonteantes, porém, ela completou: – E me olham assim pela cor.

– Uma perda de tempo. Para mim, é a mesma coisa que as outras. – fecho a cara. – Não deveria ser tão espantoso ver alguém de pele escura... Cara, é apenas uma cor, como todas as outras. 

– Fico feliz que pensas assim, nem sempre as pessoas acham isso. – achei que iria suspirar ou parecer triste, mas tudo que ela fez foi sorrir mais ainda. – Porém, o que predomina mesmo é minhas tatuagens. 

– São quantas, ao todo? – fiquei curioso, pois só tive a oportunidade de ver as de suas mãos, rosto e uma abaixo da clavícula quando usou uma blusa com caimento nos ombros. 

– Quer descobrir? – afirmei. – Tire minha roupa que irá descobrir. 

Engasguei com tais palavras, foi um choque tão grande que, mesmo sem nada na boca, acabei tossindo como um fumante de tão assustado que fiquei. Olhei em seus olhos dando leves socos no peito para voltar ao normal, regulando a respiração e abrindo a boca para dar alguma resposta, no entanto, nada saía. Estava perplexo ainda. 

– Os cafés chegaram. – ouvi uma voz ecoar e olhei para o lado, vendo uma garçonete colocando as xícaras na mesa e saindo logo em seguida, não antes de se curvar. 

Engoli em seco e peguei minha xícara, assoprando o líquido escuro e colocando-o para dentro depois. Iara bebia o seu café tranquilamente, completamente alheia ao que falou antes, como se não estivesse preocupada com aquilo. Nem sequer aparentava arrependimento. 

– Então – pigarreei. – Por que a Coréia? Não gosta do Brasil? 

– Eu amo meu país. – mostrou-me o dedo médio. Quase achei que era um xingamento, mas avistei a pequena bandeira do país em seu dedo e sorri minimamente, um gesto com dois significados. – Porém, eu queria conhecer um lugar novo, diferente de tudo que tinha lá. 

– Mas tinha outros lugares. - franzi o cenho. – Lugares que não iriam te julgar tanto como aqui. 

- E é por isso que eu escolhi Seoul. – mostrou-me seus dentes em um sorriso brilhante. – A atenção que eu recebo aqui eu não receberia em nenhum outro lugar. Aqui é muito... Igual, e eu sou diferente. 

– Você quer libertar as pessoas de todo esse padrão? 

– Exatamente. Gosto de mostrar para as pessoas que a vida não é baseada em padrões, a vida não é um padrão. – me acompanhou em mais um gole de café. – Você pode se arriscar, pode se aventurar, não precisa ter medo.

- Um exemplo disso são suas tatuagens? – indaguei interessado. 

– Você é um bom observador. – balançou a cabeça sorrindo.

– Obrigado. – respondi constrangido. – Você é uma boa pessoa.

– Obrigado. 

~✴~

– É aqui. – ela falou, parando em frente à uma casa grande e muito bonita por sinal, pelo menos por fora. 

O gramado era de um verde bem forte, um pouco escuro por causa do horário, mas muito bem cuidado e vivo. As flores rodeavam o jardim partido ao meio por uma faixa de granito que ligava o portão a entrada da casa. A cerca branca deixava a vista de fora ainda mais aconchegante, dando aquela impressão de casa dos filmes americanos. 

– Muito bonita. – elogiei, dando mais uma analisada na vista. 

– Quer conhecer ela por dentro? 

Petrifiquei mais uma vez, é incrível a maneira como essa menina se mantém neutra fazendo tal pergunta e eu aqui, quase virando gelo de tão imóvel que estou. Acho que ela não tem juízo, ou se teve, hoje não tem mais, porque não é recomendado convidar um estranho para dentro de sua casa. Apesar de estudarmos juntos, nunca nos falamos, na verdade, nem um cumprimento sonoro sequer. Eu poderia ser muito bem um maluco. 

Mas, do mesmo jeito, eu iria aproveitar essa oportunidade para conhecê-la. O jeito que uma pessoa arruma a casa pode se dizer muito dela. 

Abri a boca para responder que queria, porém, uma vibração no bolso direito de meu sobretudo me impediu. Peguei o aparelho e olhei a garota que assentiu em consentimento. Me afastei um pouco dela, pois não sabia o assunto que seria tratado e gostaria de evitar situações constrangedoras no nosso início... De amizade? 

– Alô? – disse já com o aparelho na orelha. 

"Filho, olhe o visor da próxima vez." A voz de mamãe ecoou do outro lado da linha, acompanhada de um suspiro cansado. 

– Certo, me desculpe. – rolo meus olhos. – O que foi? 

"Eu quero que você venha logo para casa hoje, um diretor de uma empresa parceira virá jantar aqui e ele gostaria de te conhecer. Isto é, se você não tiver que estudar ou coisa do tipo." Completou rápido. Não importa o que aconteça, meus estudos sempre serão a prioridade para minha mãe. 

– Tudo bem, eu já estou indo. – segurei a vontade de soltar o ar. – Tchau, te amo, beijos. 

"Tchau, querido". 

Encerrei a chamada finalmente suspirando, pois estava com vontade zero de ir para minha casa ao invés de conhecer a da Iara. Olho para o céu em busca de algum consolo, as vezes eu realmente me sinto cansado de tantas responsabilidades e deveres, eu gostaria de ser um pouco mais livre... Um pouco mais Iara.

Sim, isso, vou usar o nome dela como uma expressão agora; de liberdade e beleza.

Ao notar que a coitada ainda aguardava uma resposta minha, girei meus calcanhares e voltei a ficar próximo dela. Meu descontentamento deveria ser evidente, porque ela sorriu de canto ao ter a visão completa de meu semblante. 

– Não vou poder entrar, tenho que ir. – suspirei mais uma vez, encolhendo os ombros numa postura levemente curvada. 

– Tudo bem, fica para uma próxima. - deu de ombros como sempre fazia. Já descobri uma de suas manias. – Vai ter próxima. 

Não entendi muito bem se era uma pergunta ou uma afirmação, portanto, apenas assenti em resposta e coloquei as mãos nos bolsos junto com o celular. 

– Tchau, Iara. – me despedi. 

– Sério? Sem um selinho? Esperava mais de você. – virou-se e andou pelo jardim, deixando um Jimin, mais uma vez, estático parado em frente ao portão. 

Essa garota ainda vai me fazer virar pedra. 


Notas Finais


Twitter: Dii_Kook 
Snap: dii.as 
Kakao: diikook 
Insta: dii_kook 
K-Pop Amino: Dii_Kook 
Facebook: Dii Andrade 
Skype: Dii_Kook 

Em andamento ~♦~

Imagine Kim Taehyung: https://spiritfanfics.com/historia/amor-da-primavera--imagine-kim-taehyung-6193228

Imagine Jungkook: https://spiritfanfics.com/historia/deixar-de-amar-voce--imagine-jeon-jungkook-6608818

Imagine: Kim NAMJOON:  https://spiritfanfics.com/historia/um-amor-do-mar-imagine-kim-namjoon-6775263

Imagine WonHo: https://spiritfanfics.com/historia/i-hate-you-i-love-you-6640701

Gostaram?


Gostou da Fanfic? Compartilhe!

Gostou? Deixe seu Comentário!

Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.

Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.


Carregando...