História O destino - III - O começo

02 de março 1616– Século 17

Inglaterra Londres

Lauren acordou assustada com vozes que não conseguia identificar. Meio tonta, se sentou na cama com a visão um pouco embaçada, passou a mão pela cabeça tentando processar o que tinha acabado de sonhar- achava que era um sonho- levantou ainda atordoada, pois estava morrendo de dor de cabeça e não estava conseguindo processar as coisas direito e então chamou sua mãe.

-Mamãe, mamãe- diz ela indo em direção à porta para abri-la.

Assim que abre, o volume das vozes se aumenta a deixando mais confusa. De repente uma mulher mais velha de cabelos castanhos amarrado em um coque por um pano, com um longo vestido branco com vários detalhes de marrom apareceu em seu caminho colocando as mãos em seu ombro e a encarando fixamente com semblante de preocupa.

- Lauren, filha? O que aconteceu? – Diz ela de frente para Lauren

Lauren no mesmo instante fica pálida e da uns passos para trás, sua mãe não podia ser aquela mulher. Clara era mais jovem e não usava esses tipos de roupas, não assim no dia a dia ainda mais em um lugar que parecia ser publico. Ela esfrega seus olhos com a mão tentando processar o que estava acontecendo quando um homem aparentando quase a mesma idade que a mulher a sua frente e com um semblante mais relaxado do que a da mulher, para enfrente as duas e diz com um sorriso.

-Ai esta vocês, Lauren porque não vai ajudar seu irmão a limpar os copos? – diz ele dando um abraço em Lauren.

Lauren mais uma vez da um passo para trás saindo do abraço e os encarando fixamente com um olhar confuso.

-Vocês poderiam chamar meus pais? Eu preciso deles, acho que estou no lugar errado.

Os dois começam a rir da filha e diz:

-Lauren se esta tentando fugir do trabalho? Espero que saiba que não funcionou- diz sua mãe sorrindo.

Lauren olha mais uma vez ao seu redor e tudo esta diferente, muito diferente. Sua dor de cabeça aumenta e ela quase caiu se não fosse seu pai ter a segurado.

-Lauren...- diz seu pai a segurando- Filha o que foi? Você esta pálida.

Lauren parece entrar e transe, faz o caminho de volta para o quarto toda atrapalhando encostando pelas paredes, e no fundo podia ouvir vozes chamando seu nome. Eram seus supostos pais. Ela entra no quarto só que dessa vez depara com tudo em volta, tomando um choque de realidade. Um quarto nada parecido feito para uma garotinha de onze anos, penteadeira com alguns produtos de beleza, um guarda roupa de madeira pequena próxima à cama e a sua frente uma porta que dava entrada para um banheiro. A mesma seguiu até essa porta. Deparou-se com um espelho e logo se deparando com uma Lauren, mais velha, cabelos longos, um corpo de mulher. Um grito. Única coisa que seus pais ouviram antes de se deparar com uma Lauren caída entre a porta do banheiro e o quarto.

Um ano depois

Ainda não sei explicar o que aconteceu; Demorou um tempo para poder processar tudo, tentei contar para meus pais, mas eles disseram que não passava de um sonho bobo e que eu deveria esquecer isso. Durante uns meses acreditei nessa hipótese, mas quando uma morena de cabelos longos com um lindo sorriso no rosto e um belo vestido preto longo rodado e com detalhes de renda branco na frente entrou pela porta do estabelecimento dos meus pais, sim meus pais era dono de uma mercearia, nada muito grande e também tinha a parte do bar, que praticamente vive cheio de homens. Naquele momento quando vi, percebi que aquilo não foi um sonho, tudo aconteceu, e de que alguma forma eu não morri naquela noite. Aquela morena me trouxe lembranças daquela época que eu não poderia esquecer jamais

Flashback on

 Camila e eu éramos amigas eu e ela conversava muito ela tinha as mesmas perguntas que eu sobre a vida, nossa idade não dizia nada e relembrar isso até me assusta um pouco, como duas crianças podiam ter uma mentalidade daquela. Nós brincávamos muito também, eu amava muito Camila, eu sentia algo por ela, sentia vontade de esta sempre brincando, de estar protegendo  sempre das outras garotas e garotos chatos, sempre deixando ela com os melhores brinquedos, eu colocava Camila em primeiro lugar em tudo. Um dia brincando alguns metros de casa em um riacho com Camila, eu senti vontade de abraça-la, não sabia o significado disso  apenas o fiz e foi um sensação  como o primeiro gole de água depois de horas brincando. Deixei Camila brincando no riacho e fui em direção a minha casa pegar uns de meu brinquedo e dos meus irmãos para podermos brincar. Antes de chegar a casa vire-me e olhei pela ultima vez Camila e tive certeza que eu queria continuar brincando com ela para sempre. Alguma horas depois estávamos todos reunidos na casa de Camila, todos de preto, e alguns choravam muito. Eu não sabia o que fazer não me deixaram ver Camila depois que a encontrei boiado naquele riacho, mamãe me disse que o balanço que Camila estava pendurada quebrou e ela caiu no riacho e foi morar em outro lugar agora, mas que não era para mim ficar triste pois ela ainda estava morando no meu coração. Depois do velório sentei na varanda que costumávamos conversar e chorei, não chorei pela morte dela, não chorei por Camila ter se mudado, pois mamãe disse que ela sempre estaria aqui no meu coração; Chorei por que antes de Camila se mudar eu ia lhe dar um presente, presente que hoje ela mora, segundo mamãe.

OBS:Dois meses depois Lauren morreu.

Flashback off

 Ela esta vindo em minha direção acompanhada de duas amigas. Não sabia o que fazer, pois acho que agora eu e ela não éramos mais amigas, já se passou um ano  desde que acordei aqui e agora que a vejo. Elas sentam perto do balcão. Meu coração gela. Chego de frente para elas e não consigo desviar meu olhar de Camila. Alivio. O que estava sentindo ao olhar aqueles olhos castanhos.

- Bom dia- diz uma mulher baixinha- Eu gostaria de um suco, por favor- Diz ela virando para a outra amiga e perguntando- E vocês, Dinah e Camila vai querer o que?

- O mesmo, por favor- Dinah diz e olha para Camila que não conseguia tirar os olhos de mim, me sinto envergonhada.

-Ham? O que...Assim desculpa- diz ela se ajeitando na cadeira e olhando para as amigas- O mesmo também.

Saio para ir fazer o suco, mas não deixo de olhar de canto de olho para Camila que agora estava em um conversa com Dinah e ally e eu apenas ouvindo.

-Poxa Dinah, vai dizer que não achou aquele rapaz lindo- diz Ally com cara de espanto.

-É mais o menos, não exagera que ele nem é para nós e sim para Camila- Dinah diz e da um sorrisinho para Camila.

Volto para que estou fazendo e ignoro o que tinha acabado de ouvir. Não sei o que senti ao imaginar Camila com alguém; Sei que somos só amigas, e que provável que ela não se lembre de nada, eu ainda lembrava e o sentimento que sentia por ela continuava o mesmo. Camila ainda era a garotinha que morava no meu coração e que eu queria ter brincando pra sempre.

Acordo de meus pensamentos e vou em direção a elas com os sucos.

-Muito obrigado...?-Diz Camila me olhando.

-Lauren, meu chamo Lauren- falo com receio.

- Muito obrigada lauren- Dessa vez é Dinah que fala.

Não aguento de curiosidade e pergunto antes de me afastar

-São novas aqui?

Elas me olham e Ally responde:

-Sim, chegamos tem uns dois dias.

-Ah, que legal sejam bem vidas.

Aceno com a cabeça e dou o ultimo sorriso e saio, mas não deixo de perceber o olhar de Camila sobre mim.

Camila POV

Cheguei à cidade tem dois dias com meus pais, minha Irma sofi e mais duas amigas. Meu pai recebeu uma boa proposta de trabalho e tivemos que nos mudar da Rússia para Londres. Minhas duas amigas, Ally e Dinah, vieram sobre a responsabilidade dos meus pais, para poderem estudar, lógico uma desculpa para vir comigo, pois elas são como irmãs para mim. Confesso que quando soube que íamos nos mudar, fiquei feliz. Não que eu não gostasse da Rússia, mas algo me dizia que Londres iria mudar minha vida.

Estava em meu quarto descansando quando Dinah entrou igual louca me chamando para sair, ir conhecer o bairro.

-vamos mila, já faz dois dias que estamos aqui  e ainda não saímos- diz ela com voz de criança pidona- Ally já esta la em baixo esperando

- Já disse que vamos sair, mas agora estou com sono, vá vocês duas- Digo enterrando a cara na cama.

-Não, levante agora Karla Camila, ou serei obrigada e tomar providencia- Dizia Dinah com as mãos na cintura me olhando agora com cara de fúria.

Levantei-me sem dizer nada passando por ela e indo me trocar. O medo era real.

....

Depois de horas andando, avistamos uma mercearia que funcionava como bar também. Fomos direto em direção a ela só que antes de entrar, um rapaz de cabelos loiro e liso de terno e gravata nos parou e me cumprimento com um beijo na minha mão e depois minhas amigas. Ficamos assustadas, pois três garotas andando por ai não deve ser muito comum.

-Prazer senhoritas- diz ele se curvando depois de beijar nossas mãos- Me chamo Diplo, vejo que são novas aqui, meu pai me contou sobre os negócios com o seu- Ele diz olhando para mim e sorrindo.

- Assim, prazer Camila, essas aqui são ally e Dinah. - Digo e olha para ele mais uma vez- Se você nos der licença, estamos indo tomar um suco, prazer em conhecer.

Pego nas mãos das meninas e continuamos em direção ao local. Entramos no local e as meninas começam a rir da situação que ocorreu alguns minutos. Não sou como as outras garotas que ficam todas assanhadas quando algum menino lhe dá bola. Sobre minha vida amorosa, eram meus pais que iam decidir o melhor cara para mim. Eu odiava essa ideia, não queria me relacionar com ninguém, muito menos com alguém que eu não era apaixonada. Queria viver minha vida sozinha, mas os rótulos não me deixa outra escolha, uma hora ou outra teria que construir uma família.

Assim que entramos e sentamos, não conseguia tirar meus olhos da mulher de olhos verde que estava nos atendendo. Meu coração não parava de acelerar, não sei o que estava acontecendo comigo mais eu poderia ficar olhando para ela o resto da minha vida. Acordo para realidade com minha amigas perguntando o que iria querer. Depois de fazermos o pedido, a mulher se afasta, e meu olhar  vai junto mas logo o desvio para duas garotas que começaram a falar do garoto que nos parou.

- Aff, da para trocar de assunto, ele simplesmente foi educado com segundas intenções que como viu, eu já cortei.

Digo revirando os olhos. E mais uma vez olho para garota  de costas atrás do balcão, que agora virou-se e vinham em nome direção. Só conseguia pensar em uma coisa, seu nome. Não demorou muito e já estava com ele na ponta da língua, Lauren, a garota dos olhos verde.

Depois de algumas horas decidimos ir embora. Pagamos a conta e confesso, meu coração apertou, queria conversar com Lauren, algo nela me faz meu coração mais alegre. Isso não foi possível logo estávamos fora do estabelecimento. Saio dali, mas meus pensamentos continuam naquele lugar e naquela menina. Eu teria que voltar. E iria voltar.

21 de Fevereiro de 2017

Não esperei nem dois segundo para logo sair correndo do restaurante. Estava demorando pra Camila cruzar meu caminho novamente. Da primeira vez não deu certo, e da ultima vez também. Depois de entender que Camila não pertencia a minha vida, sempre que a encontrava eu fugia, fugia para bem longe. Preferia viver por ai sem ela e com ela viva do que viver nesse mundo sem Camila. Quando me dou conta já estou a algumas quadras do restaurante quase chegando à empresa. Paro pego meu celular e ligo para Normani. Mani, minha amiga que sempre me ajudava quando estava na pior. Ela não pergunta o motivo apenas me consolava e dizia belas palavras que me acalmavam, quando eu tinha crise de choro com lembranças. Ela assim mo Lucy era uma Irma para mim. Ligo para ela e explico que estava precisando dela. Não demorou nada e já estava em eu apartamento, deitada como uma criança em seu colo.

- Eu a vi mani. E a dor de não poder me aproximar caiu como uma avalanche no meu coração- digo em meios de lagrimas e soluços- Ela estava linda, assim como todas as outras vezes. Ela estava lá com aquele sorriso que acaba com toda minha força de mantê-la longe.

- Lauren, eu não sei quem é ela, e também não precisa dizer. Vejo que você realmente ama. E ela deve ter amar muito também. Minha mãe de ensinou que na vida quando duas pessoas se amam, nem mesmo se o destino tiver contra elas, será capaz de separa-las. Que quando duas pessoas se amam de verdade, suas almas se ligam formando uma só- diz ela agora olhando para mim- Percebo que suas almas estão ligadas, nem a conheço, mas só pelo seu olhar quando fala dela, vejo o verdadeiro amor.

Mani termina de dizer aquilo e eu começo a chorar mais ainda, pois ela não entendia. Mesmo que sua alma esteja ligada a outra, o destino ira sim tentar separa-las e no final, sempre iria conseguir. Pois acredite, eu já tentei fazer de tudo para mudar isso, mas nada adiantou, o que me restava agora era fugir.

Nota: Havia uma coisa que Lauren dessa vez estava tentando, mas a sua dor não a deixava enxergar. E essa coisa era a chave crucial para sua felicidade.