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História O Diário - Capítulo 3 - Laços


Escrita por: vanillabbh

Notas do Autor


Olá, baunilhas!!
Chegamos ao terceiro capítulo da história.
Baekhyun hoje irá falar um pouco sobre a última consulta com seu psicólogo.
Boa leitura!!

Capítulo 3 - Capítulo 3 - Laços


Fanfic / Fanfiction O Diário - Capítulo 3 - Laços

Sexta-feira

18 de Maio de 2018

23:17 PM


Oi, diário!! Hoje visitei meu psicólogo. Tenho consultas toda semana e confesso que pensei muito em não ir hoje, ainda bem que os meninos me animaram.

Pra falar a verdade a consulta foi muito difícil pra mim. Eu não tinha nenhum assunto, então Junmyeon (o infeliz do psicólogo) decidiu conversar sobre minha infância e minha relação com meus pais. Foi complicado.

Meu pai é Byun Seungho, um médico que abriu sua própria clínica de estética, e minha mãe é Kang Minhee, antigamente ela ajudava meu pai no trabalho, mas agora ela é apenas uma dona de casa.

Nossa relação familiar é bem ruim, sempre foi dessa forma. Meus pais não enxergam e não compreendem a minha individualidade, eles querem que eu seja quem eles querem que eu seja, sem pensar em quem eu quero ser, nunca tive o direito de tomar minhas próprias decisões e fazer minhas próprias escolhas. Me sinto preso e é desesperador.

Quando eu era criança eram eles quem decidiam os cursos extras que eu teria na escola. Eu queria fazer música, então por uma das poucas vezes eles me ouviram, mas não me permitiram escolher que área eu iria estudar. Eu queria aprender canto, participar do coral da escola, aprimorar as técnicas que eu havia desenvolvido sozinho, mas eles me colocaram na aula de piano porque achavam algo intelectual e clássico.

Não posso dizer que foi de um todo ruim fazer aquelas aulas, aprendi a gostar do piano, o som que ele produz, e aprendi também a harmonizar as teclas com a minha voz. Ele é um ótimo acompanhante pra quando quero cantar um pouco. Mas o que importa é que eles me forçaram a fazer algo que eu não queria de verdade.

Isso não aconteceu apenas com música. Quando eu quis fazer dança, ballet pra ser mais exato, meu pai disse que eu jamais iria fazer essas "aulas de menininha" e me colocou no time de baseball (ele ama baseball, eu não). Quando eu quis aprender inglês, me colocaram no mandarim. Quando eu quis aprender pintura, me colocaram na escultura. Quando eu queria sair com meus amigos, ir ao shopping, ao Lotte World, me divertir como um adolescente normal, me levaram para jantares entediantes com famílias riquinhas do trabalho do meu pai, com garotos engomadinhos que não brincavam de esconde-esconde porque iriam se sujar, ou não queriam falar sobre romance porque política era mais interessante... Eu nunca tive o direito de fazer o que eu queria. Agora principalmente, estou seguindo uma carreira que eu detesto porque eles discordam da música e querem que eu seja um veterinário.

Mas o pior é que eu nunca me rebelei. A única vez que tentei, fazendo audições e procurando a carreira musical, eu falhei. Acho que tenho medo disso sempre acontecer. No fundo, por mais que eu odeie seguir as ordens deles, é como se eu aceitasse que eles sempre souberam e sempre saberão o que é melhor pra mim, então é melhor obedecê-los.

Eu não posso dizer que fui uma criança feliz. Eu nunca pude ser eu mesmo. Meus brinquedos eram escolhas deles, eu vivia cercado de carros, bolas, estilingues, quando na realidade o que eu queria mesmo era aquela Barbie usando roupas da moda ou aquele ursinho rosa bebê. Minhas roupas não me agradavam, só fui me vestir de acordo com o que eu gostava quando comecei a trabalhar e comprar minhas coisas, e ainda por cima vivia recebendo críticas do meu pai porque a calça estava agarrada demais, ou porque gola alta é coisa de mulher... Afinal, existe "coisa de mulher" e "coisa de homem"? Mas enfim... Eu nunca tive o direito de escolher nada para mim mesmo, seja atividades, diversão ou roupas, sempre fui controlado, até mesmo na minha forma de agir.

Quanto ao nosso relacionamento, eu e meu pai nos damos muito mal, ele vive criticando meu jeito "afeminado" de ser, o que me faz extremamente inseguro, eu constantemente me forço ao máximo para ser o mais "homem" possível na frente das pessoas. Ele também costuma criticar e xingar homossexuais, ele acha um absurdo quando vê um casal na rua, ele diz coisas horríveis como "esse tipo de homem deveria ter apanhado quando criança". Minha mãe já não liga tanto para esse lado da sexualidade, apesar de concordar com meu pai ela não fica pegando no meu pé, talvez ela acredite até demais que eu gosto de garotas... Mas sendo agressivos ou carinhosos, nunca tivemos uma boa relação. Sempre fomos muito distantes, não tenho pais amigos como muitos dos meus colegas, meus pais são mais como inimigos na minha vida. Não tenho nenhuma intimidade com eles, não conto nada da minha vida a menos que eles perguntem, eles não me conhecem e eu não os conheço, somos quase como estranhos.

É muito difícil pra mim ter esse tipo de relação com eles. Eu realmente gostaria de ter pais presentes, compreensivos e carinhosos, que me amam exatamente do jeito que eu sou ao invés de quererem me forçar a ser alguém totalmente oposto a mim mesmo. Machuca muito ser humilhado pelo meu pai com aquelas palavras a respeito da sexualidade. Talvez eu tenha tanto medo da sociedade porque primeiramente tenho medo dele (foi o que Junmyeon disse). 

Eu nunca tive um laço familiar, nunca senti que tinha pai nem mãe, só que haviam duas pessoas insuportáveis que cuidavam de mim. Junmyeon disse que pode ser isso que me causa dificuldade em confiar nas pessoas, mas também um desejo imenso de encontrar esse laço familiar em amigos, e por isso dói tanto quando começam a se afastar ou fico com tanto medo de que isso aconteça. Eu busco o apoio e cuidado materno e a proteção paterna em alguém que sequer é da família. Isso fez sentido para mim, eu me sinto protegido e cuidado quando estou com os meninos.

De acordo com Junmyeon, preciso parar de buscar essas figuras paterna e materna em outras pessoas e aprender a conviver com isso. Não posso mudar meus pais e o jeito frio deles, mas não posso buscar laços familiares em estranhos. No máximo o que posso fazer é buscar um irmão sem ligação sanguínea, um melhor amigo que seja tão próximo que posso considerar como meu "irmão de alma". Eu sinto que Kyungsoo e Chanyeol poderiam ser esses irmãos, mas e se eles se afastarem? Família é pra vida inteira, amigos não...

Eu comentei com Myeon sobre sentir que preciso de um amigo com quem eu possa ser eu mesmo, sem fingimentos, sem usar máscaras, alguém para quem eu possa mostrar meu verdadeiro eu pela primeira vez na vida. Ele disse que preciso primeiramente ter coragem, se eu confio e gosto tanto dos meus colegas de quarto então devo deixar meu medo de lado e falar com eles, me mostrar para eles. Acho que vou tentar fazer isso aos poucos, devagar, ir me soltando e me apresentando até poder ser quem realmente sou. Tenho muito medo que eles me julguem, mas ao mesmo tempo não acho que eles fariam isso, não acho que seriam o tipo de gente que abandona outra pela sexualidade. Espero estar certo...

Bom, já falei bastante sobre meu psicólogo, então acho legal apresentá-lo.

Seu nome é Kim Junmyeon, ele é apenas 4 anos mais velho que eu e é muito doce e gentil. Na maior parte das vezes fico chateado com ele, parece que não me entende, ele fala, fala, fala e não ajuda em muita coisa, me faz parecer um idiota. Mas muitas vezes eu vejo que ele se esforça para me entender e tenta me ajudar. Talvez essa chateação venha do fato de que não acredito muito que conversas curem doenças, então fico com esse bloqueio. Eu não consigo me aproximar e confiar nele, então acabo me sentindo invadido quando preciso falar sobre a minha vida, mas ao mesmo tempo sei que preciso me abrir e ser sincero sobre o que sinto. Acho que vou tentar deixar um pouco meu receio de lado e me render a esse tipo de tratamento.

Nossa, eu escrevi bastante hoje... Acho que vou parando por aqui. Preciso pegar meus livros e cadernos e me focar nos estudos agora, nunca se sabe quando um professor vai fazer uma prova surpresa, eles adoram isso. Vou estudar um pouco de cada matéria e, provavelmente, sofrer com ansiedade e antecipação.

A qualquer momento eu volto a escrever. Até logo, carinha.


Notas Finais


Bom gente, espero que tenham gostado.
Tentarei ir apresentando a história do personagem aos poucos, conforme for necessário.
Muito obrigada por ler ♡


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