História O diário de Yuri - Facadas nas costas e mudanças

Não posso afirmar com veemência que eu vá voltar, mas na verdade eu voltei, eu estou aqui, mas não sei se isso vai tornar a se repetir no futuro. Isso faz sentido? Não sei, realmente tô sem saber de muitas coisas ultimamente. Então, aqui estou, atualizando a minha vida depois de mais de um ano sem escrever uma palavra sequer, o que eu estive fazendo durante tanto tempo?

Estive pensando, primordialmente. Entre esses diversos meses que separam o último capítulo desse que estou escrevendo agora, muita coisa aconteceu, mas é como se tudo fosse um espelho embaçado que quanto mais eu tento limpar, mais desfocado fica. Ano passado, bem, ano passado eu acabei não conseguindo passar naquele concurso que eu comentei, o que foi bem como um choque pra mim. Eu nunca estive muito acostumado a perder de verdade, “Como assim, Yuri?’’, você pode perguntar e eu te respondo na maior cara de pau que eu sempre fui (ou me senti) como um dos melhores da turma, não importando qual turma eu estivesse. As minhas notas sempre foram acima da média, eu sempre consegui fazer as coisas do jeito que queria, mas sempre me sentia um perdedor, porque em todo tempo eu atribuía as minhas conquistas não a uma possibilidade de eu realmente ser alguém bom, mas apenas à média do lugar ser muito baixa. Isso é compreensível? Eu realmente não sei. Isso é narcisista? Provavelmente sim.

Mas voltando ao meu ponto, eu perdi feio em muitos aspectos no último ano, mas eu ganhei muito mais do que eu poderia ter imaginado ou previsto. Nesse meio tempo entre o final que eu deixei solto e essa remenda que coloco agora, eu conheci provavelmente uma das melhores pessoas que eu já pude encontrar na minha vida. Nesse meio tempo (ressalvo que talvez possa ser aqui meu adolescente interno falando) eu conheci alguém que vem me ensinando o que é amar alguém, conhecer alguém e confiar nessa pessoa no âmago do seu ser. Então, tendo passado por isso eu digo que o amor nunca pode ser compreendido apenas por leitura (acredite, eu tentei) e o amor nunca vai ser a resolução para todos os seus problemas (acredite, eu acreditei) mas ele vai sempre estar lá, mais como um lugar onde você pode parar e se curar pouco a pouco nessa jornada estranha da vida do que uma poção mágica que te faz recuperar de todos os danos sofridos até então.

Segunda parte, mudanças, o fato de eu ter perdido tão feio nesse espaço de tempo desencadeou mudanças que eu nunca poderia prever na minha vida. Por mais que seja horrível (e bota horrível nisso) você ser arrancado subitamente da sua zona de conforto, algumas coisas positivas podem vir disso. Eu mudei, mudei de colégio, mudei de gostos, mudei de opiniões, até o meu jeito de escrever deve ter provavelmente mudado. Talvez as facadas nas costas podem ter valido à pena.

O tempo atual está longe de ser bom, afinal, estamos em uma fodendo pandemia. Eu evito de ver os jornais todo o dia para não, como posso dizer, surtar. Mas tudo isso vai mudar, e vai continuar mudando quando acabar, afinal, é assim que o mundo funciona. Peço perdão por ter deixado esse diário tanto tempo parado, a gente acaba esquecendo as coisas com a idade (nesse meio tempo eu fiz aniversário também!) mas talvez eu retorne pra escrever mais, talvez não, nunca se sabe.