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História O diário medíocre de uma garota desocupada - Espiar seus colegas no vestiário não é tão legal...


Escrita por: Naty_Vic

Capítulo 12 - Espiar seus colegas no vestiário não é tão legal...


Querido, não tão querido, diário...

A corrida de orientação foi na sexta, passei o fim de semana todo jogando com Armin, talvez nós tivéssemos faltado na segunda se nossa parceria nos jogos não tivesse entrado em colapso no meio da madrugada.

Quando cheguei à escola eu parecia um figurante de The Walking Dead, eu fiquei surpresa quando vi o Armin, ele parecia totalmente descansado, como se tivesse dormido por umas quinze horas seguidas.

Eu fui até ele e o cumprimentei, mas ele não me respondeu só me olhou apático e fechou seu armário, virando de costas pra mim. Eu não pensei duas vezes e segurei o braço dele:

-Espera ai! Você tá me ignorando? - perguntei, ele só me olhou por cima do ombro com um olhar gélido.

-E por que eu deveria falar com você? - virou-se pra mim com uma pose defensiva.

-Porque nós somos amiguinhos, ué. Nós passamos o fim de semana todo jogando juntos. - expliquei como se não fosse óbvio.

-Eu não sou "amiguinho" de quem estraga meu jogo.

-Eu não estraguei o "seu" jogo. - Armin me olhou como se eu fosse uma pessoa horrível e cruzou os braços na frente do corpo.

-Você atirou em mim, eu estava liderando a pontuação! Por sua culpa nós perdemos. - falou um pouco mais alto, eu fiquei ofendida com a acusação e levei minhas mãos até minha cintura, e o olhe incrédula.

-Você só pode tá brincando! Desligou na minha cara por causa de uma coisa como essa? Além do mais a culpa foi sua de ficar na minha frente. - eu praticamente gritei.

-Ficar na sua frente? - riu com deboche. - Você pulou em cima da mim sua maluca e já foi atirando! E depois disso você riu por dez minutos.

-Foi uma brincadeirinha.

-Não existe brincadeirinha em ranqueadas. - cerrou os olhos. -Aliás, eu não falo com traidores.

-Agora eu sou uma traidora? Eu me recuso a jogar com você outra vez.

-Eu é que me recuso há gastar meu tempo com você de novo. Poderíamos ter ganhado todas as partidas se você não tivesse a mira de uma velhinha com Parkinson! - fiz minha melhor expressão de mágoa, meus olhos até se encheram de lágrimas e tudo que precisei foi lembrar de filmes onde cachorros morrem.

-Minha avó tem Parkinson... Não é engraçado quando você vê todo o sofrimento de perto, você tem ideia de como é difícil? - Armin mudou sua expressão, agora parecia pensar em como consertar sua fala.

-Uau... - ele levou a mão até a nuca, envergonhado. -Eu não sabia. - então eu ri até meu estômago doer ele só me olhava quieto.

-É brincadeira, minha avó só é velha mesmo, mas ela não tem nada! Ela só finge doenças às vezes pra receber a aposentadoria. - eu voltei a rir e ele me acompanhou.

-Essa foi boa. - deu um soquinho no meu ombro.

-Então já que a gente tá de boa... - e então ele assumiu a carranca de novo.

-Não estamos não, você vacilou feio. - arqueei a sobrancelha.

-Fala sério, isso não tem sentido.

E então nós voltamos a discutir, o corredor inteiro estava nos assistindo.

-Tudo bem então. - dei de ombros. -Quero só ver quem vai carregar você no RPG então.

-Você acha que eu preciso de você? Ninguém precisa me carregar eu sou um Deus jogando qualquer coisa.

-Não parecia afinal você ficava atrás do meu personagem nível oitenta, só pegando xp.

-Você que não me deixava fazer nada, queria mostrar suas habilidades, exibida. Não tinha nenhuma vantagem jogar com você.

-Não tinha vantagem? Eu te deixava ficar com todos os itens que não eram cor de rosa, seu ingrato!

-Desculpe interromper a briga do casal... - era voz da Melody.

-Não somos um casal! - gritamos em uníssono.

-Eu nunca namoraria uma garota que erra ultimate da Sona.

-E eu nunca namoraria um cara que acha que seu personagem mago é a coisa mais trevosa da terra enquanto na verdade mais parece uma nova versão do Mickey Mouse. - ele arregalou os olhos e então disse pausadamente:

-Você. Não. Disse. Isso.

-Disse. Sim. - respondi de volta.

Armin então virou as costas e foi embora sem nem olhar pra trás, eu fiquei observando sua silhueta sumir entre as pessoas pensando em todo o xp que eu dividi com ele para que ele agisse como um idiota comigo.

-Lillyan. - Melody estalou os dedos na frente do meu rosto, puxando a minha atenção pra ela. -Estou tentando te dizer que a diretora está te esperando na sala dela.

-Hã? - até me esqueci do drama anterior. - O que ela quer comigo? - minha voz estava transparecendo desespero.

-Não sei, mas é melhor você ir, ela odeia esperar. - ela se despediu e saiu me deixando com o coração na mão.

 

A cada passo em direção à sala da diretora faziam meu coração acelerar, fiquei pensando no que minha mãe me disse na ultima vez que precisou falar com a diretora e posso garantir que não quero ter esse tipo de conversa outra vez.

Eu nem sequer bati na porta, assim que entrei encontrei com a senhora Shermansky com uma cara nada amigável e um Castiel emburrado na cadeira em frente à mesa dela.

-Hey... – soltei um risinho nervoso. – A Melody disse que a senhora queria falar comigo, mas vejo que já está ocupada, o que é uma pena, volto outra hora. – mentira.

-Espera ai. Quero falar com você também, sente-se ao lado de Castiel. – falou, fui andando contra a minha vontade até a cadeira e nem me atrevi a olhar na cara de meu colega quando me sentei. –Vocês sabem que a corrida de orientação foi totalmente arruinada por causa de vocês dois... – e então um sermão começou, mas eu mentiria se dissesse que prestei atenção em mais alguma coisa depois dessa frase, eu me distrai com as listras do tapete gigante e felpudo bem distribuído na sala.

Castiel estava falando sobre alguma coisa, quando eu me toquei de que estava sendo repreendida pela diretora e resolvi assumir o controle do meu cérebro.

-Era culpa daquela trilha mal sinalizada. – ele disse com toda a má vontade do mundo.

-Está dizendo que nós não conseguimos organizar as coisas direito? – a diretora começou a ficar possuída pela raiva, eu não queria ver ela surtada então intervi para nos salvar.

-Eu posso lhe contar o que aconteceu. – falei, e me aproximei mais da mesa dela, como se fosse algo muito sigiloso.

-Ah não... – ouvi Castiel reclamando.

-Claro. Prossiga por favor, estou ansiosa pra ouvir.

-Nós estávamos andando pela trilha e então algo nos atraiu para dentro da floresta... Algo diferente que nunca tínhamos visto em nossas vidas.

-Um castor? – ela perguntou, ainda prestando atenção.

-Não! Uma esfera mágica! – a diretora gesticulou com a cabeça como se compreendesse perfeitamente o que eu estava lhe dizendo, Castiel estava calado, acho que para saber até onde minha cara de pau ia. –Castiel me disse para não segui-la, mas eu não consegui dizer não, estava hipnotizada pela estranha beleza daquele objeto. Nós começamos a desbravar a floresta até chegarmos a uma clareira.

-Uma clareira? – assenti positivamente com a cabeça.

-Nós não conseguíamos mais parar, na clareira havia um caminho cheio de flores que nos levou diretamente até uma caverna, era estranha, parecia ter mais de dois mil anos! E emanava uma áurea estranha. – ela continuou me ouvindo com a cabeça apoiada sobre as mãos. E eu continuei a história, disse que dentro dela havia um troll e que ele raptara Castiel, mas eu muito corajosa fui atrás dele e nós travamos uma batalha de vida ou morte, eu estava mostrando a ela meus movimentos de luta, que eu vi em jogos de lutas e em animes. Até ser atingida por uma alma de lobo invocada pelo guardião da caverna, e que enquanto eu lutava com os cem lobos (sim, foi de uma para cem) Castiel estava desmaiado, eu me deitei no chão e gesticulei como fora a luta corpo a corpo enquanto eles tentavam arrancar o meu pescoço. –E eu não conseguia mais segura-los, foi ai que...

-Castiel você está dispensado. Mas espero que melhore seu comportamento não vou me esquecer da corrida. – Castiel revirou os olhos e se levantou para sair, eu fiz o mesmo. – Você não Lilly, sente-se, por favor.

Eu obedeci, e fiquei esperando a diretora começar a brigar comigo, mas invés disso ela me ofereceu biscoitos que tirou de uma das gavetas de sua escrivaninha. Eu aceitei lógico, ela me observou comer e então disse:

-Então... você já fez acompanhamento psicológico querida? Sabe, eu entendo o porquê de vocês terem se perdido, eu deveria ter escolhido um parceiro para tomar conta de você. – ela disse como se eu fosse um hamster. –Nós temos um grupo de apoio muito interessante aqui na escola, você iria adorar.

-Grupo de apoio?

-Isso mesmo, eu não quero se sinta pressionada nem nada, mas te fará muito bem conversar com outras pessoas que passam pelo mesmo que você.

Grupo de apoio que coisa mais ridícula! Se tem algo que nunca vou fazer na minha vida é me prestar a um papel desses, pode guardar bem essas palavras diário.

Tivemos uma conversa de duas horas, a diretora tentou me convencer com todos os seus argumentos, porém desistiu quando eu lhe disse que já fazia acompanhamento em uma clínica privada, o que obviamente é mentira.

-Por favor, se quiser participar não precisa hesitar, aqui. – ela estendeu pra mim um papel do tal grupo falando sobre os horários e os dias de reunião, eu agradeci e dei no pé, joguei o panfleto no meu armário e fui pra aula.

Quando pedi licença para entrar o professor não gostou muito, mas deixou que eu entrasse, eu sentei perto da Rosalya, pegando meu caderno e fingindo que eu estava estudando e não desenhando uma história em quadrinhos sobre a história que eu inventei para a diretora.

 

No intervalo eu fiquei sentada no pátio com a Íris falando sobre diversas coisas aleatórias até ela precisar ir até o clube de música para um ensaio, eu fingi que não me importei de estar sozinha e fiquei lendo no meu celular até a Ambre aparecer com suas duas amiguinhas.

-Você é inacreditável! – ela começou com sua voz irritante, eu ergui os olhos e vi que ela estava um pouco possessa. –Por sua causa ninguém ligou para a minha vitória! Todo mundo só quer comentar sobre você ter se perdido na floresta com o Castiel. – ela jogava os cabelos de um lado para o outro enquanto falava.

-Não é minha culpa se você é desinteressante até para o jornal da escola. – Ambre arqueou as sobrancelhas e colocou as mãos sobre a cintura.

-Vocês ouviram isso? – as outras duas assentiram com a cabeça, Ambre foi tirando os acessórios. –Toma. Segura meu brinco.

-Por que eu? – Li perguntou.

-Porque você é minha amiga, alguém tem que segurar meus acessórios enquanto eu dou na cara dessa sem noção. – ela explicou, devagar, fazendo um coque no cabelo.

-Eu sempre faço isso enquanto tudo que a Charlotte faz é ficar observando. – a asiática cruzou os braços.

-Quando ela engasgou com o chiclete fui eu que enfiei o dedo na garganta dela, isso me deixa isenta de segurar as joias. – Charlotte disse séria.

-Qual é o problema em Li? Você ainda tá chateada por causa do carinha da festa? – e a partir dai elas começaram a discutir entre si eu só levantei e fui embora.

-Ela tá fugindo! – Li gritou a me ver afastada delas. Essa garota adora me caguetar pra Ambre não é possível.

-Volta aqui agora, eu não terminei com você.

-Tá achando ruim, vem aqui me pegar, imitação menos interessante da Regina George. – Ela veio mesmo, eu tive que dar um rasante pelo corredor, consegui me esconder em uma sala de aula vazia e fiquei lá em baixo da mesa do professor.

Só que eu demorei muito tempo e a sala começou a encher, mas o pior momento foi quando o professor notou que eu estava ali, ele levou um puta susto e caiu da cadeira, a sala que estava na maior algazarra ficou quieta, eu me levantei bem devagar.

-Puxa... peguei no sono! – disse, me espreguiçando. Em seguida eu acenei pra turma e fui embora como se nada tivesse de fato acontecido.

Meu professor não estava na sala então eu fui bater um papo com Alexy, Armin estava conversando com ele, mas parou assim que me viu.

-Alexy! – eu já fui me jogando na cadeira do lado dele. – Parece que faz uma eternidade que nós não vemos, foi uma pena você não poder ter ido na corrida teria sido divertido fazer par com você.

-Ei, pensei que você não tivesse vindo hoje. – ele apertou minhas bochechas, até que eu finalmente consegui me soltar.

-Eu estava meio ocupada sabe... – ele então me olhou sério, é engraçado como o Alexy consegue me conhecer mesmo com pouco tempo de convivência. –Tá bom eu não estava, mas não quero falar sobre isso. Como foi seu fim de semana?

-Eu sai pra encontrar uns amigos da minha antiga escola, eles foram gentis e vieram até a cidade me ver.

Continuamos conversando, em algum momento a Violette se aproximou de nós, ela tinha um sorriso nervoso nos lábios.

-D-desculpe, mas será que você poderia me ajudar com esses exercícios de inglês? – ela perguntou pro Alexy, ele nem pareceu notar a forma como ela estava corada e respondeu que sim animadamente na mesma hora, então ela se juntou a nós enquanto eles faziam os tais exercícios eu notei a forma que a Violette olhava para ele... ah eles tem tanta sorte de eu ser um anjo do amor.

-Fico feliz em poder ajudar. – ele sorriu pra Violette enquanto ela se afastava de nós e ia se sentar novamente em seu lugar, eu olhei pra Alexy com meu melhor sorriso malicioso, ele me olhou confuso.

-Hum... – me aproximei dele. – Ela tá tão na sua! Cachorrão! – então eu dei um empurrãozinho nele. Todo mundo sabe que esse é o primeiro passo para que um romance dure a vida toda é “Plantar a ideia na cabeça das vitimas”.

-Para com isso, nós somos só amigos. – ele estava meio sem graça.

-Não, nós somos só amigos. – eu apontei pra nós dois. –Violette quer seu corpo nu, só está com vergonha de dar o primeiro passo. O que você acha dela?

-Hã... Violette é legal, mas... – então eu bati com as minhas mãos. O que assustou os alunos que estavam perto de nós e o professor que estava entrando na sala.

-Isso é ótimo! Não precisa se preocupar eu vou... – fiquei de pé, já me preparando pra ir até a Violette, mas o professor mandou que eu sentasse no meu lugar e sossegasse.

Na troca de aulas a Violette saiu da sala e eu não pensei duas vezes em ir atrás dela, o Alexy nem sequer percebeu que eu estava o ajudando a trilhar o caminho do amor. Ela foi para o clube de jardinagem e ficou desenhando, eu me esquivei entre os arbustos e fiquei observando ela.

Até alguém passar, tropeçar em mim e cair. E eu não fiquei surpresa ao ver o Jade.

-Lilly... nós já conversamos sobre você ficar fazendo coisas estranhas no meu jardim. – ele disse bem devagar para que eu fosse capaz de entender tudo o que dizia. Ele estava com suas roupas de jardinagem e uma espátula nas mãos.

-Você não vai me expulsar né? – perguntei, meio suplicando. –Eu posso te ajudar com as plantas! Eu nem usei perfume hoje, eu estou pensando no meio ambiente juro, semana passada eu peguei um lixo que estava no chão e joguei em uma lixeira. – ele me olhou por um momento, Jade é desconfiado quando o assunto é sobre plantas e eu.

-Tudo bem. Você pode fazer uns buracos pra que eu plante algumas coisas novas, Afinal você é boa nisso. – pude sentir um leve rancor - Aqui. – Me entregou a espátula, onde eu deveria cavar já estava bem sinalizado então não teve muito erro, e eu ainda podia observar a Violette.

-Pode deixar! – fiz uma continência o que acabou derrubando terra nos meus olhos. – Ai! – gritei. –Acho que estou cega! Socorro eu nem terminei de ver Dragon Ball Super ainda!

-Fica calma! – Jade estava calmo, ele não hesitou em jogar um monte de água na minha cara, o que me fez ficar engasgada.

Quando parei de morrer vi que Violette tinha dado no pé, talvez eu mesma tivesse assustado ela. Tive que ajudar o Jade afinal eu prometi, depois disso eu pude sair, Nath passou por mim no corredor e eu troquei algumas palavras com ele até a Melody aparecer e levar ele pra longe de mim.

Tivemos aula de artes e eu finalmente pude conversar com a Violette.

-Eu notei que você se dá bem com o Alexy. – ela corou de leve, e olhou pra mim.

-É... ele é um bom amigo.

-Sei... – pisquei pra ela. –Você deveria falar com ele, Alexy é um ótimo rapaz. Sinceramente eu acho que vocês dois combinam.

-Acha mesmo? – estava receosa.

-Mas é claro! – coloquei minhas mãos nos ombros dela. –Vai fundo garota o máximo que pode acontecer é ele enlouquecer no meio do relacionamento colocar fogo na sua casa e te manter em cativeiro por alguns anos. – ela engoliu em seco, mas foi até ele no fim da aula, eu dei um empurrãozinho nela que não foi nada fraco, ela desiquilibrou, mas Alexy estava perto e a segurou, ótimo, isso sempre faz os casais se apaixonarem.

-Para de empatar o caminho, lesada. – Ambre me empurrou, mas ao contrário de Violette ninguém me segurou eu fui de cara no chão mesmo, o Armin até pisou na minha perna quando passou por mim, ele realmente ficou chateado pelo jogo.

Resolvi esperar Alexy no portão.

-Não vai pra casa Lilly? – era Lysandre.

-Ah, não... eu vou esperar um amigo.

-Posso esperar com você pra não ficar sozinha, já está escurecendo, sabe, é perigoso. – Meu doce Lysandre, como alguém pode se preocupar com alguém como eu? Deixo essa pergunta no ar.

-Eu adoraria! – falei empolgada, ele sorriu. -Se isso não for te atrapalhar, claro.

-Não se preocupe tenho tempo livre. Está esperando quem? – perguntou meio apreensivo.

-Alexy!

-Aquele de cabelos pretos? Eu o vi sair da escola. – eu ri e balancei a cabeça negativamente.

-Não esse é o Armin! Estou esperando o irmão dele, aquele de cabelos azuis. – ele assentiu. –O que você achou da corrida? Você acabou sozinho né... Desculpa. – lembrei que roubei seu parceiro.

-Foi divertida, foi fácil por causa do mapa. Eu fiquei preocupado com você e o Castiel.

-Eu acabei jogando o mapa fora no começo... se é pra ter uma experiência com a natureza que seja completa né. – dei de ombros. –Eu não vi nenhum bicho, fiquei meio desapontada, eu esperava pelo menos uns lobinhos.

-Eu vi um servo. – Foi o suficiente pra eu ficar deslumbrada, a cada coisa nova que o Lysandre me dizia sobre os servos eu ficava ainda mais impressionada, na minha próxima vida eu quero ser um servo.

Violette passou por nós dois sozinha, ela estava normal não parecia que tinha encontrado o amor de sua vida, o que me deixou preocupada. Não demorou pro Alexy surgir e eu não pensei duas vezes em me jogar em cima dele cheia de perguntas.

-O que aconteceu? Pode me explicar por que a Violette passou aqui com cara de cu murcho? – Alexy estava dividido entre rir e me repreender por encorajar a garota.

-Vai com calma, respira.  – ele falou, segurando meus ombros e me afastando um pouco dele para que conseguisse respirar, ouvi Lysandre limpar a garganta e olhei pra ele, estava com aquela expressão que ele fez quando o Dakota deu em cima de mim na praia.

-Bom, vou indo boa noite Lilly. – ele começou a caminhar.

-Lysandre! – ele olhou pra trás. – Muito obrigado por me fazer companhia. – eu sorri enquanto acenava e ele sorriu de volta, ainda meio incomodado com a minha proximidade do Alexy.

-Então... o que aconteceu? – estava eufórica e dando alguns pulinhos.

-Violette disse que gostava de mim. – ele disse enquanto caminhávamos em direção ao ponto de ônibus. – Mas...

-Ai meu Deus! Eu não consigo me acalmar! – eu falei alto.

-Ainda não terminei. – eu finalmente parei de pular e prestei atenção nele. –Eu disse a ela que não.

-Mas por quê? Violette é uma garota legal, se você der uma chance a ela Alexy...

-Eu sei, mas não é por causa disso. Eu prefiro um tipo mais... musculoso.

-Tipo a Gracyanne Barbosa? – arqueou as sobrancelhas.

-Eu gosto de rapazes. – então ficou um silencio por alguns segundos.

-Faz sentido levando em conta que já dançamos Beyoncé juntos. – dei de ombros, ele tocou a ponta do meu nariz com o indicador.

-Engraçadinha.

Depois cada um de nós fomos pra nossas respectivas casas, eu disse ao Alexy para dizer ao Armin que eu não estava nem ai pra birra dele comigo.

 

No dia seguinte eu cheguei muito cedo, eu fico oscilando entre chegar muito tarde ou muito cedo, não pensei duas vezes para ir ver o Natanael. Mas logo me arrependi, ele não estava com uma cara nada boa.

-Bom dia... – ele me olhou e em seguida voltou para o que estava fazendo.

-Oi Lilly. – ele falou sério. – Desculpe, eu não tenho tempo livre agora.

Depois ele foi embora, me deixando em pé no meio do grêmio, a Melody viu tudo e quando eu olhei pra ela recebi um olhar de “Sei como você se sente”.

-Bom dia Melody. – cumprimentei levando em conta que ela não teve a capacidade de fazer isso e nem de esconder a risada.

-Pensei que você e o Armin estivessem juntos. – ela deu de ombros, enquanto ia até o grampeador e unia dois papeis. Eu pensei em dizer a ela pela ultima vez que eu e Armin não tínhamos nada, mas só dei de ombros e fui para fora.

Andei até o pátio para esperar algum conhecido chegar, o ruim de Sweet Amoris é que parece que todo dia brotam alunos novos. Infelizmente a única conhecida que eu achei foi a Bia, mas a Bia é a Bia, quando ela passou por mim disse:

-Fique a dois metros de mim tenho spray de pimenta na bolsa. – e continuou andando fazendo a mochila de escudo contra mim.

Fiquei sentada em um banco até o Castiel aparecer, tudo bem que ele é a grosseria encarnada, mas na falta de outras opções de conversa.

-Olá Castiel, dormiu bem? – perguntei, enquanto ia de encontro com ele.

-Eu não tenho alpiste na bolsa, pode ir pra outro lugar. - ele aumentou a velocidade dos passos e eu fui atrás.

-Hoje de manhã fui ao grêmio dar um oi para o Natanael e ele me tratou como se eu fosse uma qualquer. Não que eu não esteja acostumada com esse tipo de tratamento, por exemplo de você eu espero uma pedrada a qualquer instante, mas ele é mais gentil. – eu ainda estava o seguindo pela escola.

-Por que raios você acha que eu me importo? – usou de seu melhor atributo, ignorância. Pelo tamanho do bico que ele estava fazendo eu pude notar que não era uma boa hora pra conversa.

-Você acha que eu sou inconveniente? – perguntei, escorada na parede enquanto ele usava o bebedor.

-Não, de forma nenhuma. – ironizou.

-Não foi o que pareceu, mas chega de falar sobre mim, me conte sobre você. Já pensou em usar rímel nos olhos, ou sombra preta pra deixar sua aparência ainda mais gótica? – ele revirou os olhos e continuou andando, ele foi até o porão, eu nem tinha mais o que falar, mas eu também não tinha nada melhor pra fazer até a aula começar.

Castiel acendeu um cigarro e começou a fumar normalmente, como o porão é fechado e cheio de tranqueira, eu confesso que fiquei um pouco triste de ver um espaço tão grande tão mal utilizado, eu estava quase me afogando com a fumaça do cigarro dele.

-Você precisa mesmo fumar agora? – perguntei entre tossidas. Ele me olhou e em seguida continuou o que estava fazendo. E eu fiquei lá quieta, até ele terminar de fumar.

-Sai daqui. Xô. – ele gesticulava com as mãos como se tivesse tocando um cachorro, até se cansar e voltar a caminhar pela escola, o sinal bateu e ele foi até o armário dele. –Lilly se não parar de me perseguir vou colocar fogo na sua casa. – ele falou sério.

-Você deveria parar de fumar faz mal, já pensou no seu pulmão? Ele fica triste quando fazemos isso Cassiano. – repreendi. – E você não pode colocar fogo na minha casa, você não sabe onde fica.

-Sei sim, eu fui com você até lá quando você colocou nessa mente doente sua que tinha um demônio na escola. – ele falou com sua má vontade, batendo a porta do armário com vontade e quase acertando a minha cara.

-Você já foi à casa da Lilly? – Peggy surgiu entre nós com seu microfone em mãos.

 -Aqui. – ele me empurrou para perto dela. –Tira esse encosto de perto de mim. – em seguida ele foi embora com aquela pose de rebelde sem causa.

-Então... qual seu relacionamento com Castiel? – ela perguntou colocando o microfone dela mais próximo de mim.

-Bem... aparentemente eu fui de colega insuportável para encosto, acho que estou progredindo. Ei você poderia me entrevistar falando sobre a comida da cantina, essa semana eu encontrei um grampo de cabelo no macarrão... – eu fui falando, ela não me contrariou e aceitou que era melhor do que nada, o que posso dizer sobre isso? Eu tenho alma de estrela, não posso ver uma câmera.

 

Eu sentei com o Alexy durante as aulas, nós dois conversamos o tempo todo, Armin ainda estava puto e me ignorando, ele fingiu que eu era um mosquito na aula de química e eu infelizmente acreditei, eu parei a aula e perguntei pra professora se eu estava com cara de mosquita.

A pior parte foi quando ela disse que sim... Por causa disso eu realmente fiquei brava com ele, Castiel sentou perto de mim na aula seguinte e ficou tirando um monte de fotos da minha cara e escrevendo nelas “Eu tenho cara de mosquita?”, ele mandou todas no grupo da sala, e na troca de aula ele riu da minha cara quando eu passei por ele.

Eu terminei a entrevista que eu prometi a Peggy mais cedo e em algum momento a Rosalya apareceu e me ajudou na entrevista.

-Obrigado Rosa! Eu tinha me esquecido daquele molho gorduroso que eles servem as quintas. – disse casualmente.

-Imagina, eu estava meio entediada. E além do mais alguém bem vestido precisava aparecer naquela foto. – eu fingi que não entendi e continuei conversando até ela dizer que iria ver Leigh no portão da escola e sair correndo.

-Ah... o amor é lindo. – até ela atropelar uma menina. –Rosalya! Cuidado com degrau! – mas já era tarde demais.

Eu voltei a vagar pelo corredor, sabe aquelas lendas sobre espíritos que rondam os corredores das escolas? Eu sou um, levando em conta o fato de que estou viva e eu estava na minha vida chata até ver Castiel e Lysandre conversando no corredor.

-Estou enlouquecendo, preciso ter seu corpo junto ao meu. – Lysandre falava sério, enquanto Castiel ouvia sério. –Essa paixão queima em meu peito me fazendo pirar. Preciso de ti junto a mim agora mesmo.

Eu não esperava por isso, então eu fiquei chocada, dei meia volta e sai, como se nada tivesse acontecido, então o Castiel não só traia o Natanael como também mantinha um caso com seu melhor amigo? É muito para meu coração.

-E ai guria! – dei um pulo de susto, mas já sabia que a Kim. –Tá tudo bem? Você tá com uma cara...

-Tá sim! Estou ótima! Nunca me senti tão bem! Porque você acha isso? – fiz minha melhor encenação.

-Certo então... Você viu o Lysandre? Eu encontrei com o treinador e ele me pediu pra avisa-lo que ele precisa se trocar para o treino, você anda colada nele, será que você poderia avisar pra mim?

-Sim, sem problemas. Até mais.

Voltei a andar, não foi difícil encontrar o Lysandre, eu estava um pouco receosa de falar com ele, mas fui mesmo assim.

-Lysandre?... – chamei, ele tirou os olhos do seu bloco de notas onde escrevia algo e olhou pra mim.

-Tá tudo bem Lilly? Você parece meio estranha. – ele falou, eu ia perguntar quando eu não parecia, mas a conversa dele com o Castiel veio a minha mente.

-Tá sim... O treinador pediu pra avisar que você precisa se trocar para o treino de hoje. – falei rápido. – Bom, estou indo nessa. – me virei pra sair.

-Obrigado por avisar. – ele deu aquele sorriso perfeito dele, quando passou por mim eu pude sentir o cheiro de seu perfume. Suspirei, por que os caras mais legais gostam de rapazes?

E então me veio em mente que como Lysandre iria se trocar eu poderia ver suas costas e consequentemente sua tatuagem, é isso, mesmo que ele pertença ao Castiel olhar não tira pedaço não é? É!

Corri para o vestiário masculino, o engraçado é que os atletas não estavam lá, estava completamente vazio, eu agradeci e entrei em um armário, liguei a câmera antes de começar a esperar Lysandre chegar. Comecei a pensar em como tinha sido uma péssima ideia, mas eu já não podia fazer mais nada.

Não demorou muito para alguém aparecer, eu não conseguia ver o rosto, a pessoa começou a se despir. O que chamou minha atenção foram todas as manchas roxas que ele tinha nas costas, ergui os pés para ver quem era e quase não acreditei quando vi Natanael, acabei me apoiando na porta e caindo, assustando o loiro.

-M-mas... O que você está fazendo Lillyan? – droga, ele estava bravo, vestiu sua camiseta de esporte rapidamente.

-Eu... eu... – não consegui pensar em nada para safar minha pele então fui sincera, ele já estava puto não tinha como estragar mais. –Me escondi no armário pra ver a tatuagem do Lysandre eu não esperava que você aparecesse e... Que manchas são essas nas suas costas?

-Você é mesmo inacreditável! O que você tem na cabeça pra fazer algo assim? - ele balançou a cabeça negativamente. –Não importa só saia daqui, antes que eu conte a alguém o que você estava fazendo.

-Não, as suas costas... O que aconte... –ele me cortou.

-Não é da sua conta, só saia daqui. – eu obedeci, ninguém me notou saindo do vestiário masculino.

Fiquei intrigada com as manchas, mas não comentei com ninguém pela forma como ele agiu é algo grave.

Eu fiquei sentada no clube de jardinagem, até o Lysandre aparecer.

-Lilly, eu vi o Nathaniel agora a pouco, ele estava bravo. Você sabe o que aconteceu? – eu não menti, se eu inventasse Lysandre ficaria ainda mais nervoso comigo quando descobrisse o real motivo. Suspirei antes de começar. Eu não costumo me sentir envergonhada ou arrependida, mas naquele momento eu estava.

-Eu me escondi no vestiário masculino para ver sua tatuagem, mas não foi você que eu encontrei e sim o Natanael. – dei de ombros.

-Você o que? – ele perguntou incrédulo. –Você quer tanto ver minha tatuagem a ponto de se esconder no vestiário? – sua sobrancelha estava arqueada, acompanhada por uma cara nada boa. Eu não respondi, não tinha nada para dizer a meu favor. Lysandre suspirou pegando minha mão e me levando com ele até o ginásio.

Ele me levou até o vestiário e começou a desabotoar o casaco e em seguida a camisa de costas pra mim, eu até me esqueci todo o sobre resto, ele estava corado e tenho certeza que eu também, meu coração estava acelerado, então ele levantou a blusa dele até o alto de suas costas para que eu pudesse ver suas costas. Eram asas, uma das tatuagens mais bonitas que já vi (e costas também).

-É linda! – e então eu percebi estava no vestiário com um rapaz sem camiseta, na lógica eu não deveria usar a minha também, levando em conta que Lysandre era aparentemente Bissexual afinal ele me levou pra um vestiário com ele. Sem pensar duas vezes eu comecei a tirar minha camiseta. Quando ela estava na altura da minha cabeça quase fora do meu corpo eu ouvi uma exclamação de Lysandre.

-O que você está fazendo? – eu espiei pelo buraco da blusa, seu rosto estava todo vermelho, até mesmo seu pescoço adquiriu a cor.

-Você tirou sua blusa pensei que eu deveria tirar a minha também, eu não tenho uma tatuagem, mas se prestar atenção tenho uma pinta aqui. – apontei para uma manchinha minúscula que ficava em na minha costela, abaixo do meu sutiã, ele seguiu minha mão com o olhar desviando em seguida.

-Coloque de volta. – ele disse sem me olhar.

-Não! Não é justo! Sua tatuagem foi muito legal. – continuei passando a blusa pelos braços. –Eu tenho uma sarda bem pequenininha próxima do pescoço (na verdade ela fica um palmo abaixo dele) não é uma tatuagem maneira, mas é legal porque parece um coração!

-Escuta. – ele se aproximou e segurou minha blusa para que eu não terminasse de tirar. –Estamos no vestiário masculino qualquer um pode aparecer aqui e te ver se despindo, você não precisa me mostrar nada.

-Mas... – ele olhou bem nos meus olhos e falou pausadamente:

-Blusa. Corpo. Agora. – eu finalmente percebi a situação e comecei a pensar pra onde eu ia fugir depois disso, porque nunca mais iria poder olhar na cara do Lysandre. Ele não se afastou ou desviou o olhar depois de dizer isso, continuamos nos olhando como se não houvesse mais nada ali, juro que vi Lysandre se aproximar aos poucos e então no segundo seguinte o treinador entrou no vestiário e nos encontrou.

-Mas o que vocês estão pensam estar fazendo aqui? – ele esbravejou, eu finalmente vesti minha blusa, bem a tempo porque no segundo seguinte o vestiário começou a se encher de jogadores. Um deles até gritou “Eitaaa”. Antes de serem colocados para fora.

-Não é o que está pensando. – Lysandre falou com aquela calma dele, mesmo em uma situação dessas ele é um monumento calmo sem grandes emoções.

-Ah não? E o que vocês dois faziam aqui? Essa moça estava se despindo, eu enxergo muito bem. – ele estava mais bravo que o Natanael, eu acho que esse é o dia internacional da Lilly de fazer merda.

-Estávamos trocando uma lâmpada. – apontei para o teto.

-É assim que chamam isso hoje em dia? - ele balançou a cabeça negativamente diversas vezes.

Nós tentamos convence-lo de que não estávamos querendo procriar no ginásio, mas ele não ouviu, e nos levou direto para a diretoria. Lysandre continuou calmo a todo o momento, tanto que a diretora se irritou e decidiu não chamar nossos pais o que não nos livrou de uma palestra com a professora de biologia onde ela falou sobre a importância da proteção e nos deu uma aula de educação sexual por uma hora inteira.

Depois disso eu não falei com Lysandre a professora nos fez sentar em lados opostos da sala e fez Lysandre sair primeiro em segurança porque disse que eu parecia uma ninfomaníaca.

 

Então depois disso eu decidi voltar ao caso do Natanael, e onde mais eu conseguiria informações sem ser com a Ambre? Por sorte os alunos estavam comentando dos dois alunos descontrolados no vestiário, mas ninguém sabia que era eu e o Lysandre.

A Ambre estava sozinha mexendo no celular em um banco do pátio, eu não pensei duas vezes para me aproximar. Brincadeira eu pensei pelo menos umas cem vezes antes de conseguir caminhar até ela, por garantia eu fui com os braços protegendo o meu corpo, afinal é a Ambre, selvagem e descontrolada vai que ela resolve me morder? (espero que ela nunca leia isso)

-O que é que você quer? – ela perguntou, sem tirar os olhos do telefone.

-Eu vi as costas do Natanael e...

-Você fez o que?! – ela berrou pra mim. – Você é maluca! Como você ousa fazer uma coisa dessas? Eu já te disse pra ficar longe dele. – ela levantou e começou a me intimidar e conseguiu mesmo que eu tenha continuado parada enfrentando ela.

-Ele está com hematomas nas costas, eu pensei que você soubesse o que aconteceu. – dei de ombros. –Poderíamos fazer um acordo. – então ela parou.

-Que tipo de acordo? – como negociar com o diabo: ofereça algo em troca do favor.

-O que você quiser. – disse parecendo confiante, cruzei os braços. Mesmo que eu só quisesse correr para bem longe. –Se você me contar o que aconteceu.

Ela ponderou por algum tempo e então voltou a se sentar.

-Meu celular está travando... Se me der um celular novo eu te conto.

-Um celular? Tá brincando né?

-Isso ou nada. – ela deu de ombros. –Tem um no mercado de tudo por duzentos dólares. Assim que tiver ele em mãos eu te dou as informações que você quer. – ela sorriu. –Agora dá licença você estraga o ambiente. – fez sinal com as mãos para que eu fosse embora.

 Eu não tinha duzentos dólares, mas minha curiosidade era grande demais pra só seguir em frente. Então bolei o plano perfeito, fui a uma sala de aula vazia e liguei pra tia Agatha.

“Espera, me fala outra vez. Você está sendo ameaçada por um chefe da máfia?”

“Isso e preciso de um celular de duzentos dólares pra ele me deixar em paz, estou com medo de dizer aos meus pais, você pode guardar segredo né?”

“Lillyan, fala sério... – pensei que ela havia descoberto a mentira e iria me empalar em praça publica, mas é a tia Agatha. –Eu nem imagino como deve ser! Não se preocupe não direi nada, mas... você vai ficar sem seu presente de natal.”

Maldita Ambre!

“Tudo bem... isso é mais importante! Eu preciso continuar viva.”

“Chego ai em quarenta minutos.”

“Certo, muito, muito, muito obrigado Tia, te devo essa.”

Eu preciso parar de mentir, sei disso. Essa vai ser a ultima vez. Droga, já estou mentindo de novo!

Ia saindo da sala quando dei de cara com Armin, eu virei pra sair, mas ele parou na minha frente. Eu olhei pra ele.

-Lilly acho que devemos dar um fim a isso. – disse, se referindo a nossa birra.

-Agora você me diz isso? Depois que já me fez passar vergonha na frente de todo mundo?

-Não sei do que você está falando. – ele se fingiu de inocente, mas o sorriso nos lábios dele dizia exatamente o contrário.

-Claro que sabe. – fiz bico.

-Desculpa, só ouvi o “bzzz”, poderia repetir? – ele fez um zumbido, eu não consegui ficar séria e ri, dei um tapa no braço dele. –Foi mal, eu fui meio idiota. – ele disse meio a contragosto.

-Meio? – então ele me olhou e em seguida sorriu.

-Você é muito petulante garota. – começou a fazer cócegas em mim, até que eu implorasse pra ele parar.

-Só vou parar quando você me chamar de mestre! – eu empurrei ele, porém ele era muito mais forte do que eu.

-Não! Me solta! Senão não vou jogar duo com você. – ele parou e pensou por um segundo.

-Tá bom. Te ligo no Skype as oito. – ele então bagunçou meu cabelo antes de ir embora com o psp nas mãos.

Lembrei que minha tia iria me encontrar na entrada e fui em direção ao portão, encontrei o Natanael no caminho, ele continuou andando, decidi deixar que ele deixa-se a raiva ir embora sozinho. Claro que antes eu gritei pra ele:

-Eu já pedi desculpas! Não pode me odiar pra sempre! – ele virou me olhou e continuo andando.

Fui até a entrada pegar o celular, e a minha tia estava mesmo lá.

-Lillyzinha! – acenou. –Eu trouxe. – ela apontou pra caixa do celular. Estava vestida de fada, com seu cabelo comprido e perfeitamente escovado com uma fita azul, os fios caindo sobre os ombros.

-Tia você salvou minha vida! – foi a primeira coisa que falei ao me aproximar. –Literalmente. –completei baixo.

-Não se preocupe querida, eu fico feliz em poder te ajudar. – ganhei um abraço de urso que deve ter quebrado alguns de meus ossos e fui procurar a Ambre.

Encontrei Lysandre e Castiel no corredor, e eles estavam conversando sobre paixão de novo, eu fiquei parada olhando.

-Perdeu o que aqui? – Castiel perguntou.

-E-eu não queria interromper o lance de vocês nem nada...

-Lance? Você tá pensando no que? Lysandre está lendo a letra da nossa próxima letra pra mim, sua doente. – Castiel disse com toda a sua impaciência.

-Vocês não estão juntos?

-Não sei se fico ofendido ou acho graça. – Lysandre não olhou diretamente pra mim. Castiel balançou a cabeça negativamente algumas vezes, e depois se despediu dizendo que tinha mais o que fazer do que perder tempo comigo.

Eu entrelacei os dedos das minhas mãos uns nos outros.

-Eu não consegui me desculpar antes, eu agi sem pensar e te causei transtorno. – abaixei a cabeça.

-Vamos só esquecer isso. – ele se aproximou de mim, colocando uma mecha do meu cabelo atrás da minha orelha. Depois ele sorriu e foi embora.

Finalmente eu consegui me mover e continuei procurando a Ambre, ela estava sentada na escadaria usando um estojo de maquiagem.

-Aqui. – joguei a caixa do celular em cima dela, ela se surpreendeu.

-Não acredito. – sorriu largamente, enquanto pegava o aparelho e ligava.

-Eu disse que era um trato, agora é a sua vez. Onde o Natanael se machucou?

-Ah... – ela riu. –Foi lá em casa.

-No que ou com o que?

-Eu já te disse, garota. Agora sai daqui, eu preciso ver meu celular novo.

-Ele caiu?

-É, ele caiu das escadas. Agora some daqui.

Eu não acreditei muito, mas pensando bem não tinha porque ela mentir sobre isso. Fui guardar meu material para ir embora até a Melody me chamar até o grêmio.

-Olá? – perguntei, enquanto ia entrando.

-Olá Lilly, eu estava pensando em uma maneira de recuperar o dinheiro que a escola gastou com o fiasco da corrida de orientação. – ela disse, enquanto me convidava para sentar.

-E por que isso tem a ver comigo?

-Você que se perdeu.

-A escola vai jogar isso na minha cara pra sempre? Ninguém nunca se perdeu aqui? – eu perguntei mais pra mim mesma.

-Estou tentando te ajudar Lilly. – ela falou, como se eu tivesse a ofendido.

-Poderíamos fazer uma feira. – Melody fez careta. – Um bazar! Ou então uma mercearia! Ah não! Um açougue! – falei animadamente.

-Alguma coisa mais... Sofisticada.

-Um show? O Castiel e o Lysandre tem uma banda. – ela então sorriu.

-Isso é ótimo! Você limparia sua ficha com a diretora. E nós recuperaríamos o que a escola gastou! Você pode falar com os dois amanhã? – ela ficou animada também.

-Posso falar hoje mesmo.

-Eles já devem ter ido pra casa... Você faz isso amanhã cedo, está certo?

-Tudo bem, até mais.

E então eu fui embora também, a escola já estava vazia, sabe, eu sinto que as coisas vão mudar e que esse é só o primeiro passo.

E eu estava certa, porque assim que cheguei à porta da escola a Ambre estava agarrando um garoto...

Lilly Sulliver.

 


Notas Finais


Eu sei ficou enorme. Desculpe eu me empolguei ~QQ

Obrigado por ler!


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