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História O diário que se repete - Capítulo 1 - Pela primeira vez


Escrita por: Raydow

Capítulo 2 - Capítulo 1 - Pela primeira vez



Ela dorme graciosamente após a noite turbulenta. Seus pais, seu irmão, seu cachorro de estimação, à pouca horas ela ainda podia interagir com todos. Não entendo muito bem como é este sentimento, eu nunca o experimentei completamente, porem, vendo-a eu posso sentir que é algo complexo, certamente intrigante. 
    No geral humanos vivem muito pouco, raras são as exceções que dispõem de alguma real chance de realizar um impacto significativo no universo, a maioria deles consegue com sorte deixar apenas uma marca em seu planeta de origem. Entretanto, esta humana que dorme à minha frente, Elaha Piesta, conseguiu facilmente deixar sua marca no universo, mesmo antes de ter tido qualquer contato comigo, posso dizer inclusive que ela influenciou até mesmo o meu restrito ciclo social. Para mim, ela é um humano dentre os humanos, me ajudou a entender diversas coisas, mesmo recebendo apenas sofrimento em troca.
    Esta é a segunda vez à salvei do massacre que houve em sua casa. Embora ela não soubesse, o motivo da ocorrência era o envolvimento de seu pai adotivo, Gustavo Telga, com a mafia local. 
    Diferente da primeira vez em que eu preparei omelete de ovos com queijo para ela comer ao acordar, eu resolvi fazer torradas com manteiga, embora isso não pareça relevante, esta refeição é o suficiente para criar uma nova história, uma em que mesmo eu desconheço o que vai acontecer.
    Faltam menos de cinco minutos para ela acordar, seus longos cabelos vermelhos se espalham pela cama, seu corpo pequeno e encolhido apenas faz a cama já grande parecer maior ainda, sua respiração estava suave e estável, diferente de algumas horas atrás em que parecia estar tendo pesadelos. Ao lado da cama, sentado em uma cadeira com a perna esquerda sob a direita, formando um quadrado, estava eu, pacientemente esperando que ela acorde.
    - Bom dia Elaha, espero que tenha descansado bem. - disse após ver que ela estava abrindo os olhos.
    - Quem é você? - perguntou com uma voz sonolenta.
    - Me chamo Reiel R. Brange, mas você pode me chamar de Rei. É assim que as pessoas próximas à mim se dirigem. - enquanto falava, levantei da cadeira, fui em direção à janela e abri a cortina. Um raio de sol iluminou todo o quarto.
    - Reiel... - Elaha começou a falar enquanto levantava da cama e tentava lembrar de algo. Ela estava vestindo um pijama branco com bolinhas rosas. - Você é algum conhecido de meus pais? - após terminar de falar, as memórias terríveis da noite anterior vieram a sua mente. Seu rosto empalideceu, lagrimas vieram à seus olhos, em sua mente ela podia apenas ouvir o som dos disparos e os gritos por misericórdia de sua família na noite anterior. No lado da cama, em cima do criado mudo estavam as torradas, eu não sabia que tipos de mudanças elas já tinha feito, porem sabia que aquela linha do tempo era nova para mim.
    Nunca fui muito sentimental, parece que a maioria dos sentimentos é exclusivo para humanos normais, com vidas normais. Olhando para a janela, enquanto ela ainda estava tentando se convencer de que aquilo era a realidade, eu tentei dizer sem entrar em muitos detalhes, na tentativa de acalma-la, explicar o que houve na noite anterior.
    - Por favor tenha calma Elaha, eu vou explicar o que houve. Seu pai adotivo - enquanto eu falava ela me interrompeu.
    - Pai adotivo? - disse com uma enorme expressão de surpresa.
    - Sim, seu pai adotivo, Gustavo, foi traído pela mafia local em que estava envolvido. Não conheço muito os detalhes, mas parece que ele ficou tempo de mais sem escolher um lado. - em seu rosto uma expressão de tristeza havia se formado.
    - Então, a minha família... eles realmente... - disse soluçando em meio ao choro.
    - Sinto muito por isso, mas seria complicado de mais salva-lo. - disse ainda olhando na direção da janela, enquanto ela estava sentada na cama com a coberta por cima das penas.
    - Como assim complicado? - ela parecia furiosa por algum motivo. - Você teve a chance de salva-los e não o fez? - seu tom de voz estava ainda mais alto.
    - Tem muitas coisas que você precisa conhecer ainda, porem antes eu preciso que me diga, exatamente, o que fez ontem. - disse dirigindo um olhar serio a ela. Ela engoliu seco, não é algo para se orgulhar mas seres do meu porte assustam facilmente humanos, e mesmo ela não estava fora disso. - Acredite em mim, você vai compreender a situação em breve. - continuei de maneira mais suave, até por que eu não tinha intenção alguma de assusta-la.
    - Eu estava voltando do banheiro. - começou a falar. - Do nada você apareceu atrás de mim, e começou a me passar varias instruções. Você ainda estava dizendo algumas coisas que eu ia falar, porem sem eu falar. Na hora tudo parecia muito estranho e difícil de acreditar, porem depois você foi até o guarda roupas, abriu a porta e desapareceu novamente. Fiquei parada ali, perplexa, tentando compreender a situação pelos próximos 35 segundos, até ouvir um grande estrondo vindo do quarto de hospedes ao lado do meu. “Está mesmo acontecendo” eu pensei, imediatamente, então fiz como você falou e entrei no guarda roupas. Após alguns segundos um sujeito veio até o quarto. Ouvi cinco disparos. Após isso não ouvi mais ninguém no quarto, então sai do guarda roupas, e fui para debaixo da cama. A luz estava apagada, estava bem escuro, eu estava com muito medo. Logo em seguida alguém voltou e olhou dentro do guarda roupas. - ai está, a Elaha forte e inabalável que eu conhecia, após desabafar sobre ocorrido na noite anterior ela estava com uma expressão muito mais viva.
    - Apenas para confirmar, sentiu alguma coisa molhada ao entrar debaixo da cama? - Perguntei com dúvidas sobre a última parte do meu plano.
    - Uhm... talvez eu tenha - seu rosto ficou um pouco vermelho - sabe, me mijado.
    - Ei ei, não precisa ficar com vergonha, e se te consola, o liquido no chão era sangue de cavalo, eu coloquei ali, já que precisava enganar a Lily de alguma forma.
    - Lily? Mais importante, sangue de cavalo? O que você pretendia...
    - Lily ou então Licorata Lyterast, gerencia as mortes na terra. - ela não pareceu acreditar muito porem mesmo assim eu continuei. - Se ela descobrir que alguém está fora de sincronia com sua lista, ou seja, alguém que deveria estar morto, estiver vivo, ela da um jeito na situação. É por isso que eu coloquei um corpo falso cheio de sangue de cavalo debaixo de sua cama.
    - Então, dessa forma você enganou a Morte... e pensar que ontem eu iria apenas rir se alguém me contasse algo assim. - disse Elaha.
    - Peço que não à chame de Morte, conheço a Lily a muito tempo, somos grandes amigos e ela não gosta de ser chamada assim. Ela não é má, sabe, está apenas fazendo seu trabalho. - disse passando um ar de seriedade um pouco mais leve, quase sarcástico. Ela deu um pequeno sorriso. Fazia realmente muito tempo que  não à via sorrir. - Bem por agora eu gostaria que você comesse algo, ao lado de sua cama eu preparei torradas com manteiga. No bule tem um chá que eu acredito ser de seu agrado. - ela começou a se servir.
    - Reiel, eu tenho muitas dúvidas sobre tudo isso, mas tem uma questão em particular que eu gostaria de saber - disse enquanto pegava uma torrada do prato em seu colo, em cima da coberta.
    - Pode me chamar de Rei se quiser. - disse para lembra-la de que ela faz parte do meu restrito ciclo de amizades.
    - Ahh. Certo. Rei... - disse um pouco relutante - Por que eu?
    - Por que você vai mudar a história deste universo. - ela fez uma expressão de surpresa, claramente não compreendia o propósito de minhas palavras, porem era compreensível, visto que pouquíssimos humanos já fizeram tal feito. - E é claro, o motivo mais importante - continuei, direcionando meu olhar para o seu, encarando a profundeza de seus olhos castanhos - Por que eu amo você.
 



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