-Me conta o que houve? -Pediu Naty.
Nisso novamente me veio um flashback à cabeça de todos os momentos de horror que eu vivi, e então eu lhe digo:
-Não houve nada, só acho que não estou pronta pra ter a minha primeira vez.
-Tudo bem, eu entendo, não se preocupa, eu espero.
Sorri e lhe dei um selinho. Dormimos a noite toda juntas, abraçadas.
No dia seguinte, ao acordar tomei banho e fui pra minha casa. Não parava de pensar em tudo o que havia acontecido. Estava me sentindo muito mal, como se eu estivesse vivendo tudo novamente, voltei a me sentir suja e com nojo de mim. Pensei o quanto eu queria morrer pra não pensar mais nisso, mas daí lembrei de Maytê e das crianças/jovens do abrigo e a vontade passou.
Assim que cheguei em casa, Maytê estava vendo desenho, parecia bem concentrada, nem notou minha chegada.
-Cadê a minha princesa? -Perguntei.
-Luna! -Gritou ao vir em minha direção e pular em meu colo. -Senti saudade.
-Eu também, meu amor. -Falei.
Coloquei - a no chão e fui tomar banho. Queria tirar toda a sujeira do meu corpo, mas não conseguia, parecia estar impregnada na minha pele. Enquanto a água cai pelo meu corpo, eu começo a chorar, e então as gotas d'água se misturam com as minhas lágrimas.
-Luna, vai demorar? -Perguntou Maytê. -Preciso fazer xixi.
Eu a escutei, mas era como se eu tivesse em outro planeta, apenas segui chorando.
-Luna! -Insistiu. -Tô apertada.
Nisso voltei a nossa realidade e abri a porta para May que entrou correndo e já foi logo sentando no vaso enquanto eu voltava pro box do banheiro. Tentei disfarçar a cara de choro, mas acho que nunca fui uma boa atriz.
-O que houve? -Perguntou May docemente ao colocar sua roupa. -Tá chorando?
Neguei com a cabeça e ela ficou a me observar, acho que eu não conseguia mentir nem pra uma garotinha de 5 anos, era uma péssima mentirosa mesmo.
-Não chora, Luna. -Pediu com a voz meio triste.
-Tá tudo bem. -Falei. -Sai daqui pra você não se molhar.
Ela me olhou tristemente e saiu do banheiro. Não gostei de vê-la daquele jeito. Continuo chorando enquanto as águas do chuveiro caem sem parar.
-Eu te odeio, eu te odeio. -Falo ao bater em minha barriga, em meus seios...
Não aceitava meu corpo, odiava ele e tudo o que o mesmo me fazia lembrar. Saio do banheiro e me arrumo. Acabo deitando em minha cama enquanto tento esquecer de tudo o que eu não quero lembrar. May entra em meu quarto e deita ao meu lado em silêncio.
-Não gosto de te ver triste. -Falou.
-Tá tudo bem, pequena. -Falei ao acariciar seu rosto.
-Não tá, não. -Ela disse. -Você está triste, eu sei porque também já me senti assim.
Lhe dei um beijo no rosto e a abracei. May ficou deitada comigo sem dizer nada, era tão fofa, nem sei o que eu faria quando tivesse que me despedir dela, sofreria tanto e acho que ela também. Acabo dormindo.
Ao me acordar, já estava me sentindo um pouco melhor. Resolvo ir tomar banho, já era o meu terceiro do dia. May acaba tomando banho comigo dessa vez, eu teria que lhe banhar mesmo, aí já aproveitei.
-Tá melhor? -Ela perguntou enquanto eu lavava seu cabelo.
-Tô sim. -Falei sorridente.
Ao terminarmos de tomar banho, a vesti e me arrumei também. Ficamos brincando a tarde toda, mamãe e Nick também brincaram um pouco conosco.
-Você está se saindo uma ótima mãe. -Brincou meu irmão.
-Engraçadinho. -Falei sem conter o sorriso.
-Tenho certeza de que seus filhos serão muito felizes por tê-la como mãe. -Falou May me arrancando um sorriso bobo.
No dia seguinte, fui pra escola bem cedinho. Assim que chego vou logo em direção das minhas amigas. Já estava bem melhor.
-Estudou pra prova? -Perguntou Lindy.
-Que prova? -Questionei.
-A de História que tem hoje. -Falou Funny.
-Tem prova hoje? -Perguntei apavorada. -Xi, lascou.
-Acho que alguém não estudou. -Falou Funny.
Não tinha estudado mesmo, acho que a sora tinha marcado essa prova há um mês e eu nem lembrava dela. Pior que a prova estava muito difícil, chutei todas as questões, nem sei se acertei alguma coisa.
-Acho que peguei recuperação. -Falei assim que o sinal pra ir embora tocou.
-Eu tenho certeza que eu peguei. -Falou Lindy. -Nunca gostei de História e a sora ainda tem implicância comigo.
Na verdade, Lindy tinha mania de perseguição, ela achava que nenhuma professora gostasse dela, o que não era verdade, mas vai tentar explicar…
Sai da escola, almocei e voei para o serviço, já estava morrendo de saudade das crianças/jovens, queria saber como eles estavam...
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