O sol se punha no horizonte, um maravilhoso espetáculo enquanto tingia o céu com seus tons laranja vermelho e amarelo, como uma pintura de algum grande mestre e talvez isso fazia-se verdade como parte da criação dos regentes do universo, fossem eles quem fossem e sendo suas obras efêmeras possivelmente porque sua forma de ultrapassar a eternidade era aquela em que recriavam suas composições em suas grandes telas, das mais belas às mais terríveis eram sempre incríveis suas obras. Sonam estava sentado em posição de lótus observando atentamente a maravilha da natureza, a brisa fresca por vezes jogava seus cabelos negros os fazendo acompanhá-la brevemente, assim como curvava as plantas douradas, os alecrins que cobriam o campo. Seus pensamentos estavam em paz, a mente limpa, e ele sabia estar sendo observado, já sabia a algum tempo e esperava que ele se aproximasse, contudo parecia que ele não o faria tão cedo e por isso levou a mão e o chamou com um movimento dos dedos, sem olhar para trás. Logo os passos se aproximaram e o homem sentou-se à suas costas, o acomodando entre suas pernas e o rodeando com seus braços o fazendo recostar-se contra seu peito.
—Eu fico muito feliz que não haja alguma forma de te pegar desprevenido. — Ian comentou ao afundar o rosto nos longos cabelos negros e inspirar profundamente o aroma num gesto que se tornaram extremamente habitual e que sempre era acompanhado de uma expressão de profundo contentamento, ainda que no momento não desse para vê-la pela forma como estavam sentados.
O monge moreno sorriu de leve e respondeu através de sua linguagem de sinais:
“Mas há. É difícil mas é possível, até eu me distraio e me perturbo.”
—Eu gosto de ser fonte de suas distrações e perturbações, mas só das boas. — Ian respondeu, e seu tom deixava claro que se tratava de uma de suas insinuações travessas.
“Você sabe que é, meu lobo.” Respondeu novamente em seu gesticular. “Eu queria conversar com você sobre a situação de hoje cedo. Você me pareceu ficar chateado com o fato de não precisarmos ser colegas de quarto como pensamos que iríamos ser.”
—Ah isso… bem, eu realmente fiquei pensativo com essa história. Você tinha gostado da ideia também? — Ian perguntou se acomodando melhor às costas dele.
“Claro que sim. Sabe que eu adoro ficar perto de você. Mas pense pelo lado bom, nós dois no mesmo quarto não seria mais difícil nos controlarmos?” Ante a essa pergunta do monge seguiu um silêncio em resposta.
—Sonam… porque você acha que eu fico me segurando? — O questionamento veio depois de um tempo.
Ainda que não esperasse por essa pergunta, sua resposta veio fácil:
“É porque você fica sem saber se vai conseguir porque sou homem?”
—Que? — O choque de Ian era perceptível na voz e o homem deslocou os corpos para olhar nos olhos do namorado. — Foi isso que você andou pensando?
“Na verdade não pois sinto que você fica animado e que reage, ao mesmo tempo sinto que você briga consigo mesmo para se controlar, eu nunca perguntei porque, achei que me contaria quando quisesse afinal nunca tive qualquer resistência à seus toques ou avanços, acho que sabe que quero tanto quanto você. Porém depois desse questionamento foi a única coisa que pude pensar.”
Ian começou a rir e balançou levemente a cabeça.
—Acho que devíamos ter tido essa conversa antes. Não sei porque não falei sabendo que você é assim, sensato e sincero. — Ele observava os olhos quase brancos de Sonam, uma das mãos do monge foi até seu rosto e lhe tocou na região da barba com a ponta dos dedos num daqueles carinhos suaves que sabia deixar Ian relaxado. — Na minha espécie nós marcamos nossos companheiros com uma mordida de acasalamento. Nós naturalmente costumamos morder enquanto estamos… empolgados, faz parte dos instintos porém, essa mordida específica é dada no quadril e depois de feito não tem mais volta, se torna um vínculo para toda a vida. E foi por isso que eu não tentei nada muito mais ousado com você Sonam, porque você me atiça de tal forma que não sei se vou conseguir me controlar e posso acabar te marcando.
Seguiu-se mais um breve silêncio em que Sonam havia desviado o olhar mergulhando em seus pensamentos, porém continuava os carinhos na barba do transmorfo, até que afastou a mão para falar.
“Eu compreendo e respeito seus costumes, não me importo que espere até a hora que achar a certa. Porque eu não me incomodaria em ser marcado, você já é meu companheiro de alma Ian.” Voltou a encará-lo com ternura, ele estava sendo cuidadoso consigo como sempre.
—Isso quer dizer que eu estive me privando de você por nada? Eu estou me sentindo um idiota agora. — O transmorfo sorriu largamente de uma forma que fez o namorado rir de leve.
“Não, você apenas é mais tradicional do que parece.” E voltou a levar a mão ao rosto dele acariciando a barba.
—Pode ser… mas agora você me deu carta branca. — Ian aproximou o rosto do dele. — E quero te mostrar o que que você faz comigo, o que seu corpo faz com o meu.
E o transmorfo juntou os lábios aos do monge o beijando, no começo lentamente, Sonam abriu a boca para a língua que exigia o aprofundar do ato e seguia o ritmo que aumentava gradualmente, sentia-se tão bem envolto pelo calor do namorado naquele recanto que compartilhavam que, para si, não havia como as coisas ficarem melhores. Ou talvez houvesse. Foi o que pensou quando a boca de Ian abandonou seus lábios e desceu para seu pescoço, o monge inclinou a cabeça a fim de facilitar o acesso enquanto ele beijava e chupava a região, depois foi a vez da boca faminta subir, sugar o lóbulo da orelha e o morder de leve. O moreno de olhos fechados se entregava aos carinhos, o corpo recostado contra o do lobo e sentindo-se acender com os toques ainda bastante restritos, com uma das mãos dele o mantinha preso junto a si, a outra se emaranhara entre seus cabelos os mantendo longe da região alvejada. Porém foi quando a língua dele desceu indo até a base do colo, até onde a túnica permitia, foi que Sonam suspirou com os arrepios causados pelo gesto.
—Parece que você gosta mesmo quando eu te lambo… bem, estamos empatados, eu adoro sentir o sabor da sua pele. — E Ian mordeu fazendo Sonam estremecer e se segurar ao braço que rodeava seu corpo, precisando de algum apoio ante os desejos que despertavam de uma vez em si.
Em seguida Ian sugou o local ao mesmo tempo em que abria e puxava a capa e o colete os retirando, descansou o queixo sobre o ombro do monge que, pelo canto do olho, o notou sorrir enquanto respirava mais tranquilo e ele desatava a faixa que havia na cintura de suas vestes.
—Finalmente vou ver o que tantas roupas escondem. — Comentou num sorrisinho sacana.
Sonam também sorriu e, assim que a faixa estava solta, virou o corpo para ficar de frente para o lobo o beijando, passou os braços em volta do pescoço dele e, enquanto era retribuído, o sentiu voltar a enlaçar seu corpo pela cintura e também puxar-lhe, o que fez com que acabassem ajoelhados e presos naquele ósculo intensamente lascivo. Uma das mãos voltou a se afundar nos longos cabelos os segurando com certa força, a outra desceu pelas costas até parar sobre as nádegas que foram apertadas com vontade ao mesmo tempo em que ele puxava os fios e mordia seu lábio inferior. O monge sentia o coração acelerar e algo comparável à uma corrente elétrica parecia expandir-se em seu interior, ao mesmo tempo acontecia uma reação específica no baixo ventre, percebia-se despertar a caminho do enrijecimento. Abriu os olhos e encontrou os olhos dourados brilhando claramente com extrema satisfação.
—Você não sabe a linda imagem que faz assim.
O moreno o soltou para responder.
“Você me faz encher-me de vontades que eu nem sabia que tinha.” E levou as mãos ao cinto de Ian o abrindo também, enquanto se inclinava para frente beijando-lhe o pescoço, as mãos de Ian seguiam passando por suas costas, e ao soltá-lo Sonam afastou-se um pouco para abrir o colete de couro, deparando-se com a expressão travessa de Ian.
—Eu talvez também use roupas demais.
Sonam riu silenciosamente enquanto o livrava da peça, ainda que fosse sua primeira vez fazendo aquelas coisas ele já imaginara acontecendo, desejava-o a ponto do próprio corpo vencer a disciplina da mente e sendo com Ian ele escolhia não lutar para restaurar-la. Em seguida o próprio transmorfo puxou a blusa para cima desnudando seu torso forte com certa pressa. O monge deslizou as mãos pela musculatura das costas o tocando de leve, reconhecendo-lhe o corpo, olhou para cima e percebeu que agora era ele que estava com os olhos fechados apreciando os carinhos, até que as mãos dele o seguraram pelos braços e os olhos amarelos voltaram a lhe encarar intensamente.
—Minha vez de ficar em vantagem meu amor. — E o lobo levou as mãos à sua tûnica a puxando para cima novamente o mais rápido que pode, logo expondo o corpo moreno.
Sonam nunca se envergonhara do próprio corpo mas naquele momento se perguntou se seria mesmo do agrado do namorado, porém não houve tempo para pensar no assunto já que se viu agarrado e beijado com uma voracidade que fez com que se tornasse difícil acompanhar o ritmo, as mãos dele passaram por suas costas e era como se deixassem um rastro de calor denso, lânguido, que se propagava o dominando. O sentiu inclinar-se para frente e percebeu a intenção, apoiou as mãos no chão e deixou que fosse guiado para deitar-se na grama abaixo, foi só quando estava recostado que o transmorfo interrompeu o beijo. O monge admirou por um instante a figura imponente do homem que havia se ajoelhado, o vendo acima naquela figura atraente, sexy, viril, percebeu o quanto o seu corpo pedia por ele.
“Ian, eu quero você… mais que isso, eu preciso de você.” Viu-se admitindo e se surpreendeu em fazê-lo, permitir-se querer qualquer coisa era algo a que sabia não poder dar-se ao luxo, mas como controlar isso quando a coisa em questão era sua outra metade? Ian se lançou sobre si com um sorriso largo cheio de malícia porém ao mesmo tempo havia algo a mais, aquele carinho, aquele amor.
—Não se preocupe lua da minha vida, eu também quero e preciso. E vai ser um prazer te dar o que quer. — Ele desceu o rosto e os beijos e chupões passaram por seu tórax o fazendo respirar com força. — Ainda não vai ser tudo, mas vou garantir que fique satisfeito. — Disse contra a pele morena que explorava.
Beijos, lambidas, mordidas, seu corpo era coberto com elas e Sonam sentia-se ferver, a excitação o dominava e ele arfava e agarrava-se à grama abaixo de si enquanto seu corpo era feito de banquete para seu lobo feroz, não havia nada o que pudesse desejar mais naquele momento do que continuar a ser a presa dele, e quando a necessidade aumentou tentou levar a mão ao pênis que estava tão duro a ponto de pulsar contra o pano que o cobria, mas Ian afastou sua mão sorrindo.
—Não trapaceie amor, vou cuidar disso para nós dois.
O moreno abriu os olhos quase brancos e viu Ian livrar-se das roupas que lhe sobravam, Sonam observou novamente o corpo dele, dessa vez com liberdade ao contrário do outro momento em que o havia visto nu e precisara tentar não olhar afinal não tinham nada na época, o corpo era musculoso, a pele clara porém bronzeada coberta por pelos em vários pontos, passou a língua pelos lábios repentinamente secos e, logo após, olhou para o membro que estava tão rígido quanto o próprio. Ao buscar novamente o olhar do namorado percebeu o sorriso predatório ressurgir e aumentar, não sabia se por ter notado sua contemplação ou se, após o ter livrado dos sapatos, ele agora levava as mãos às laterais da sua cueca sendo a última peça de roupa que os separava. Em seguida estava, assim como o transmorfo, completamente nu, exposto ao olhar que também não se conteve em focar na parte específica de seu corpo. Sonam, sentindo a necessidade de maior contato, o chamou com um movimento de uma das mãos que o lobo imediatamente atendeu deitando-se sobre si, juntando os corpos e ao mesmo tempo os falos, o que lançou uma nova corrente arrebatadora de paixão a espalhar-se por ambos.
Enquanto voltavam a beijar-se com volúpia, Ian moveu os quadris fazendo com que os membros roçassem um no outro, entendendo, o monge também moveu-se e juntos eles começaram uma cadência que alimentava o prazer que sentiam. Um gemido rouco e gutural escapou do transmorfo e Sonam se viu provocado pelo som, passou uma das pernas em torno do quadril dele em busca de mais contato, eles mantinham o ritmo sentindo a excitação aumentando até que precisavam de mais e o lobo se afastou apenas o bastante para levar uma das mãos aos pênis e começar a masturbá-los juntos. Naquele momento o moreno se perguntava como era possível se arrepiar daquela forma se o que sentia era um calor tão grande como se seu corpo estivesse pegando fogo, juntou uma de suas mãos à dele e prosseguiram entre seus ofêgos e os gemidos do lobo naquele momento íntimo há muito esperado.
Era possível derreter-se daquela forma, era possível sentir tantas coisas e apenas uma ao mesmo tempo? O que era aquilo, aquele prazer absurdo que parecia fazer com que tudo o mais aparentasse ser irrelevante, Sonam já havia sentido coisas demais para uma vida contudo nunca nada como o que Ian o proporcionava naquele instante. O monge sabia que não conseguiria mais demorar-se, segurou ao ombro dele com a mão livre chamando sua atenção, quando o dourado que mostrava-se escurecido de forma febril fixou-se em si o moreno sentiu o mundo à sua volta se distanciar e a conexão profunda e erótica entre ambos pareceu ser tudo o que restara, ele jogou a cabeça para trás atingindo o orgasmo, ouvindo seu nome sendo chamado enquanto o corpo de Ian imprimia-se contra o seu e ele também se liberava seguindo a si.
Permaneceram abraçados se recuperando, até que o lobo rolou e largou-se na grama o puxando para deitar-se sobre o corpo dele.
—Foi o melhor começo Sonam…
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