As garotas entram no apartamento de Tenten, Naruto e Neji ainda as seguem. Hinata está sendo levada no colo e dorme no ombro do noivo, Tenten resmunga algumas coisas com Neji as quais Sakura não presta atenção.
— Coloque Hina no sofá. - Sakura diz a Naruto.
— Eu vou dormir na cama com a Tenten. - Karin diz.
— Vou pegar o futon para colocar no quarto de hospedes. - Temari diz se afastando.
— Agora vão embora. - Ino observa os rapazes.
— Vocês não farão nada maldoso com a Tenten, não é?
— Quem acha que somos?
— Pode ir, - Sakura diz observando Neji - fique tranquilo, não faremos nada.
Ele a observa e acredita em sua palavra.
A rosada os acompanha até a porta.
— Boa noite Sakura-chan.
— Boa noite Naruto.
— Boa noite Sakura, cuide dela tá.
Ela sorri.
— Eu cuido.
Ao vê-los se afastar Sakura percebe que gostaria de ter alguém que se preocupasse assim com ela. Ela volta a entrar e caminha até o quarto de Tenten.
Karin ajuda a amiga a se vestir.
— Obrigada por hoje. - Sakura diz. - Foi muito bom.
A Uzumaki a observa e sorri.
— É para isso que servem os amigos.
— Boa noite.
— Boa noite.
Sakura vai até o quarto de hospedes procurando por um cobertor, ao encontra-lo volta para a sala e cobre Hinata.
É um sofá extremamente confortável, ela vai ficar bem. A rosada pensa caminhando até as janelas para cobri-las com a cortina.
Antes de ir para o quarto ouve três toques na porta. Caminha até ela e ao abrir vê Deidara.
— Vocês chegaram. - ele diz aliviado.
— Duvidou que conseguiríamos?
— Uma Tenten tombante me deu um pouco de incerteza. - ele admite fazendo-a rir. - Boa noite.
— Boa noite.
Ele se afasta e ela volta a entrar trancando a porta e indo para o quarto.
Tanto Ino quanto Temari já estão dormindo, ela se deita no futon e pega no sono rapidamente também.
Sakura acorda com o toque de seu celular.
— Desliga isso. – Ino joga um travesseiro nela.
A rosada tateia o chão a procura do telefone.
— Alô.
*Bom dia Sakura.*
— Lee, não se liga pra alguém essa hora da manhã.
— Sai daqui. – Ino fala.
Sakura se levanta e deixa o quarto.
*Desculpe se te acordei, quer dizer já são nove e meia pensei que já estivesse desperta.*
— Noite longa. Então, o que quer?
*Queria te chamar pra ver aquela peça da qual conversamos, tem uma apresentação deles hoje e pensei que talvez quisesse ir. É tipo um encontro e seria legal se fossemos juntos.*
Sakura fica em silêncio.
*Se não quiser ir também, tudo bem sabe. Não tem problema, mesmo.*
— Lee nós já falamos sobre isso.
*Eu sei, eu só, vamos Sakura um encontro é tudo o que peço, se não gostar nunca mais volto a tocar no assunto.*
— Tudo bem. – ela consegue ouvi-lo comemorar – Um encontro, mas se não der certo.
*Eu vou fazer dar certo.* Ele a interrompe *Te pego ás oito.*
Ele desliga e ela suspira. Como já está desperta caminha até a cozinha da amiga.
Ao chegar na sala vê uma Hinata cansada de olhos fechados e dor de cabeça visível.
— Bom dia. – Sakura diz.
— Shhh.
A morena que tem uma das mãos na cabeça leva o indicador aos lábios. Ela está sentada em uma banqueta próxima do balcão que divide a cozinha da sala, há um copo, uma vasilha com água e um pote de remédios em cima da pedra negra de granito que compõe o balcão.
— Aspirina? – Sakura sussurra.
— É.
Sakura se aproxima e pega um comprimido enchendo o copo com a água da vasilha. Em um gole o remédio desce garganta abaixo.
— Eu nunca mais bebo de novo.
Hinata tem o cotovelo apoiado no balcão e a mão na cabeça.
— Você nem vai lembrar dessa ressaca amanhã.
— Tomara. Quem era no telefone?
— Lee.
— Ele ainda não desistiu?
— Não sei como tomar controle dessa situação, gosto dele, mas se continuar dessa forma vou apenas magoá-lo.
— Mesmo que seja difícil você tem que ver o que é melhor para ele, não o que é mais fácil.
— Uma Hinata de ressaca dá belos conselhos.
A morena sorri.
— Saky, isso não é um elogio.
Sakura ri e Hinata suspira tocando a cabeça com as duas mãos.
— Ressaca é uma droga, queria ser igual a você que não sente isso.
— Eu tenho ressaca, a minha apenas é mais fraca.
— Dá no mesmo.
— Parem de gritar estou ouvindo vocês do quarto. – Tenten se aproxima com as mãos na cabeça. – Porque hoje tem que estar tão claro? Porque não pode estar nublado, tão escuro que você não vê nada se não ligar a luz?
— Toma.
Sakura estende o pote de remédios e coloca água no copo.
— Você faz o café. – Sakura diz.
— Por que eu?
— Bom, você desistiu. – Hinata sussurra – Obrigada por aquilo, aliás, se eu tivesse que tomar mais uma, teria desistido.
— Puta que pariu que ressaca da porra.
— Bom dia também Porquinha.
Ino se aproxima já pegando o pote de aspirina da mão de Tenten.
— Eu tô com fome. – Ino diz.
— Não faça barulho ao cozinhar nosso café. – Hinata sussurra para Tenten e caminha em direção ao sofá, Ino a acompanha.
— Como você consegue?
Sakura ouve Tenten e se senta na banqueta com os braços apoiados no balcão.
— O que?
— Não ficar tão acabada quanto a gente.
— Sei lá, sou mais resistente ao álcool, só isso.
— Eu passei vergonha ontem? Não lembro nem como cheguei em casa.
— Neji te ajudou.
— É por isso que eu amo meu namorado.
— Depois do que ele viu ontem talvez você não tenha mais um namorado.
Temari se aproxima se sentando ao lado de Sakura e tomando seu comprimido.
— O que eu fiz?
Tenten pergunta pálida.
— Deu em cima do motorista e disse que queria dormir com ele.
Sakura sorri da travessura da loira.
— Ai meu Deus.
Tenten se esqueceu totalmente da ressaca, ela corre para o quarto a procura do celular para tentar salvar o namoro.
— Isso foi muita maldade, você pegou pesado.
Sakura a observa e a loira ri.
— Ela desistiu.
Tenten aparece na sala com o celular no ouvido, com o rosto em desespero. As meninas deitadas no sofá a observam sem entender o que está acontecendo.
— Neji, amor, me perdoa eu não queria dizer aquilo eu não sei o que deu em mim e.
Ela para de falar enquanto Temari segura a risada.
— Do motorista.
Ela ouve o namorado do outro lado da linha em silêncio.
— Então você não está zangado comigo? – Mais alguns segundos de silêncio – Por nada, te ligo depois.
Tenten desliga o telefone e observa Temari de cara fechada. A loira não consegue segurar a risada e a garota de chiquinhas nos cabelos volta para a cozinha para preparar o café da manhã.
— Você tá fodida na minha mão no próximo jogo.
— O que foi que aconteceu? – Ino pergunta.
— Falem baixo. – Hinata diz.
— Temari disse que Tenten tinha dado em cima do motorista na frente do Neji.
— Mas não se preocupe, vai ter troco.
— Foi só uma brincadeirinha.
Temari apoia o queixo nas mãos e os cotovelos no balcão observando-a.
— Caralho, vocês não sabem falar baixo?
Karin se aproxima sentando ao lado de Temari e se servindo do seu comprimido para a dor de cabeça insuportável que sente.
— Ei Karin. – Ino se levanta e se aproxima. – Por que você não ficou com o Sasuke?
— Quando eu era mais nova tinha uma queda por ele.
— Disse que não gostava dele quando perguntei. – Sakura a observa.
— E não gosto, mas já gostei e não tive coragem de roubar um beijo dele.
— Nossa Cerejinha em compensação arrancou um pedaço do irmão mais velho. – Temari observa a rosada.
— E ele beija muito bem.
Sakura sorri e as meninas riem.
— Ele tem chance? – Temari pergunta.
— Todas conhecemos a fama de Itachi, não serei mais uma para ele riscar da lista.
— É assim que se fala Testuda.
— O café está pronto, arrumem a mesa de jantar pra mim.
Elas tomam o café da manhã recuperadas parcialmente da ressaca, o resto do dia é passado na casa de Tenten e quando a tarde aponta no céu Sakura decide ir para casa sendo a primeira a ir embora.
Já em casa, um banho rápido a acalma fazendo-a relaxar. Para seu encontro com Lee ela coloca um vestido preto com gola fechada e um decote V nas costas, com a saia alcançando metade de sua coxa. Nos pés leva um salto simples e preto e pega a bolsa para completar o visual.
Ao olhar para o relógio o vê marcar sete e cinquenta e três, ela então se senta no sofá a espera do amigo e pega o celular, mexendo nele sem nada específico para fazer.
Quando ouve os toques na porta, não demora a se levantar e atendê-la.
Lee pisca surpreso ao vê-la.
— Você está linda como sempre.
— Obrigada.
Lee lhe estende o braço em gancho e assim que tranca a porta ela o segura e eles seguem para o elevador.
— Como as crianças estão? – ela pergunta ao chegarem no elevador.
— Bem, estão bem, as visitei recentemente e alguns foram adotados.
— É sempre bom ouvir isso.
— Sim. O que você pensa sobre isso?
— Sobre isso?
Eles saem do elevador caminhando em direção ao carro de Lee que está bem próximo.
— É, crianças, filhos. O que você pensa, quero dizer você pretende formar uma família?
Sakura pensa por alguns segundos e eles entram no carro. Lee gira a ignição saindo do estacionamento do prédio.
— Eu quero ter uma família, - ela diz sem olhar para ele – acho que no fundo é o que todos querem. Saber que independente do dia corrido e do cansaço do trabalho, das preocupações, você tem alguém a sua espera em casa, alguém que te ama, que te ouve, que está lá por você todas as vezes que parecer difícil demais. Não sou muito diferente dessas pessoas.
Lee sorri. Ele sempre amou a maneira sincera com a qual Sakura responde suas perguntas, ele é apaixonado pelo seu sorriso e por suas curvas, cada traço do corpo dela é lindo. Mas o jeito com o qual a rosada encara certas situações, sua maneira de pensar é isso que realmente o fez amá-la.
— É a primeira vez que verei essa peça. – ele diz.
— Eu já a vi uma vez, mas eu era muito pequena e não me lembro muito bem. Só me lembro da cortina vermelha se abrindo, lembro que suas frases eram de difícil compreensão e de alguns poucos momentos daquela noite.
— Então é como se fosse sua primeira vez também.
— Sim, tem razão.
O teatro não demora a surgir a sua frente e eles descem, Lee entrega as chaves ao manobrista e se aproxima de Sakura.
O teatro é majestoso exatamente como Sakura se lembra. Quando era pequena visitou esse mesmo lugar com seus pais, o lugar era simplesmente mágico e a história era linda, uma mulher que era amada por dois homens diferentes, um deles era belo e imponente, o outro com um horrível nariz, mas ainda assim foram as palavras desse último que encantaram a donzela, assim como encantaram a rosada.
Sakura ama Cyrano de Bergerac exatamente por causa daquela noite, aquelas lindas palavras escritas por um poeta que definitivamente conhecia o amor, naquele momento Sakura decidiu que queria um amor como o de Roxane, queria um Cyrano para si. Entretanto, ao contrário da tragédia, queria que não houvesse aquelas dificuldades, queria que eles se encontrassem antes que fosse tarde demais, antes das cortinas se fecharem.
Infelizmente, os anos passaram e esse homem nunca chegou, ela nunca se apaixonou verdadeiramente por ninguém e o mais frustrante é que o sonho de conhecer esse alguém fica cada dia mais distante considerando que os homens a sua volta querem unicamente uma coisa, sexo, e os que querem algo a mais não a atraem.
A peça começa e é como se voltasse a ter quatro anos de idade e estivesse no colo de sua mãe assistindo aquele homem feio de belas palavras. Ele é um lindo exemplo de que as aparências não importam quando se sabe o que dizer.
Lee não fala com ela durante a peça, pois vê o brilho em seus olhos. Ele pessoalmente não tem ideia do que está acontecendo no palco, sua atração principal é observa-la. Como ela é linda. Os olhos verdes da rosada estão vidrados em cada movimento dos atores, seus ouvidos aguçados se atentam a cada palavra dita e sua reação segue com perfeição cada cena e ato. Ele não se cansa de observá-la, ele não se cansa de admira-la e ao perceber como está sendo sua noite sabe que terá outra chance e fará valer a pena.
Quando a peça termina, eles deixam o teatro e Sakura não para de falar um único minuto. Ela menciona inúmeras cenas, comenta sobre as falas e a única coisa que Lee consegue fazer é sorrir da reação da rosada. Mesmo com o triste final, que ele não entendeu muito bem, considerando que prestou pouca atenção à peça, Lee está feliz, está feliz porque consegue perceber que esse encontro a agradou. Mesmo as lágrimas caídas mostram que ela está feliz por ter vindo e ele quer fazer com que essa felicidade dure muito tempo.
Ao chegar em frente ao seu apartamento Sakura o observa com um sorriso no rosto.
— Obrigada por hoje, eu realmente amei, com exceção daquele final, mas enfim.
Ele sorri.
— Isso me dá o direito a um segundo encontro?
Sakura o observa atentamente mordendo um dos lábios, faz isso quando pensa sobre um assunto que não sabe exatamente como conduzir.
— Tudo bem, isso te dá direito a um segundo encontro.
Ele abre um sorriso enorme que a faz rir.
Sakura se ergue na ponta do pé e beija a bochecha do amigo.
— Boa noite Lee.
— Boa noite.
Sakura entra ainda com o sorriso bobo no rosto. Talvez dar uma chance ao Lee, não seja uma má ideia. Com isso em mente ela vai para a cama curtir seu colchão, a última noite na casa de Tenten não foi ruim, mas nada melhor do que sua cama.
Depois de tirar o vestido e o salto, ela se joga na cama de calcinha e sutiã. Ela poderia colocar um pijama? É claro que poderia, mas a rosada mora sozinha, então dane-se.
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