— Então é verdade que você vai mesmo embora? — perguntei triste.
— É! Mas você tem que ficar feliz por mim! Afinal eu vou embora pra ficar mais forte! — ele disse com os braços na cintura, todo orgulhoso.
— Eu tô feliz... Mas é que eu nunca mais vou te ver.
— Não diga bobagens [Nome]! A gente ainda vai poder se comunicar por cartas!
— Não vai ser a mesma coisa!
— Tá bom tá bom... Quando eu ganhar um celular a gente pode conversar por ele, vai ser mais fácil. Que tal? — ele sorriu mas eu dei as costas.
— Hmpf, pra você é tudo fácil... Mas não imagina a falta que vai fazer pra mim... — sussurrei a última parte.
— Ei [Nome], quando eu estiver falando com você, tem que olhar pra mim! — logo senti seus dedos na minha cintura, me enchendo de cócegas.
— Ai! Você sa-sabe que eu odei— PARA! — não conseguia falar nada pois eu dava altas risadas.
— O que você fez foi falta de educação! Peça desculpas já! — ele gargalhava junto.
— Tá bom! Me-me desculpe! Eu prometo te mandar cartas todos os dias e não ficar mais triste. — ele parou com as cócegas e me olhou com as bochechas um pouco vermelhas.
— Você é a melhor amiga que eu já tive [Nome]! — ele me abraçou apertado e eu fiz o mesmo. — Jamais vou esquecer de você!
— Eu também Rin, mas por favor, não pare de falar comigo!
— Eu não vou! Prometo! — ele colocou a mão no peito sorrindo, mostrando seus pequenos dentes afiados.
◈━≫ Tᴇᴍᴘᴏ ᴘʀᴇsᴇɴᴛᴇ.
— E no dia seguinte ele pegou o avião. — suspirei. — Mas eu até entendo que ele tenha parado de mandar notícias depois de um tempo, nós éramos crianças então... Ele deve ter esquecido.
— É, naquela época ele também parou de falar comigo, eu e a minha mãe ficamos muito preocupadas. Mas agora ele sempre manda notícias! Ele está mudado, dá até saudades dele, ele nem tem tempo pra nós! — Gou falava com um sorriso no rosto.
— Eu até acredito em você mas... Da última vez que nos encontrarmos foi horrível, pelo menos pra mim. — virei o rosto.
— Vocês se encontraram?! E não me contou?! — ela se debruçou sobre mim surpresa.
— Não foi nada demais... Foi só um "oi". — falei tentando não chorar ao lembrar da cena.
— Quando?? Onde?! Como?! Me contaaaa! — ela me chacoalhou e eu dei risada.
Ela sim sabia como me distrair sem perceber.
— Calma! Tudo bem, eu conto. Faz pouco mais que um ano...
◈━≫ 1 ᴀɴᴏ ᴀᴛʀᴀ́s.
— Finalmente troquei de celular, aquele treco velho tava travando toda hora! — exclamei guardando a caixa do aparelho na bolsa.
Até que enfim, depois de uns bons meses trabalhando eu consegui juntar dinheiro suficiente pra isso! Obrigado!
— Agora sim eu vou poder conversar com-
Paralisei.
Eu o encarei por pelo menos uns 10 segundos pra ter certeza de que era ele mesmo. Fiquei meio na dúvida em me aproximar dele porque... Ele tava tão alto e diferente!
Chega de hesitar! Se eu não for agora, não vou mais!
Estava encostado na parede e mexia no celular, nem se dava o trabalho de prestar atenção nas pessoas a sua volta e só desviou a atenção do aparelho quando eu cheguei bem perto e perguntei:
— Rin...?
— ... [Nome]? — ele me encarou por alguns segundos meio boquiaberto.
E eu pude confirmar que, pelos seus dentes pontiagudos. Era ele.
— É você mesmo? — dei um leve sorriso.
— O que você quer? — meu sorriso se desfez na hora.
Que tom de voz era aquele?
Guardou o celular no bolso e cruzou os braços.
— Como assim...? — arqueei um sobrancelha e ajeitei a minha bolsa um pouco sem graça.
— Eu que pergunto, parece que tá vendo um fantasma. — agora foi a vez dele fazer uma expressão engraçada, porém bem fria.
— É que você sumiu! Nunca mais deu notícias... Eu tava-
— Preocupada? Por que se deu o trabalho? Se eu não mandei notícias é porque eu tava ótimo.
— Eu nem sabia que tinha voltado da Austrália! Os outros já estão sabendo? — tentei mudar o clima da conversa.
— Quem? O Haru e aqueles caras? Fala sério, é pra isso que tá falando comigo? — acho que eu só piorei as coisas.
— Não! É que... Faz muitos anos e eu pensei que... — droga, fala alguma coisa.
— Senpai? — um garoto de cabelo cinza saiu da loja de esportes com uma sacola na mão.
— Ah Nitori, já pegou o que precisava? — ele me deu as costas falando com o menino.
— Sim! Desculpe por fazê-lo vir até aqui comigo... — ele inclinou a cabeça com os olhos fechados numa forma de se desculpar.
— Vamos voltar então. — os dois começaram a andar.
— Mas...!
— Se não tem mais nada pra falar, tchau [Nome]. — Ele nem olhou pra trás.
◈━≫ Tᴇᴍᴘᴏ ᴘʀᴇsᴇɴᴛᴇ.
— Aí ficou por isso mesmo, ele foi embora e nunca mais falei com ele.
— Que grosseiro! Eu vou falar pra ele na próxima vez que eu tiver chance!
— Não Kou! Não faz isso... É melhor deixar como está.
— Como eu posso "deixar como está" se você ainda sofre por isso?! Vocês era tão amigos! Deveriam conversar, ele está diferente da última vez que se viram! — Gou argumentou.
— Não sei... Tenho medo de ficar parecendo uma boba na frente dele de novo... Também não sei como ele iria reagir. É melhor deixar assim e se o destino quiser mudar, quem sabe. — eu me levantei do banco.
— Você não pode depender desse "destino"! Tem que fazer alguma coisa! Eu te ajudo! Eu faço de tudo pra que você e o meu irmão voltem a se falar! — ela segurou as minhas mãos com força.
— Kou e-eu... Não sei se tô preparada pra encarar ele de novo... — falei num tom preocupado.
— Vem aqui. — ela me puxou para um abraço confortante e eu a abracei também, era disso que eu tava precisando. — A gente- eu vou dar um jeito tá? Daqui a algumas semanas vai ter uma festa especial aqui em Iwatobi pra comemorar o aniversário da cidade, os meninos querem muito ir pra fazer algo diferente e eu vou dar um jeito de arrastar o meu irmão também! Não que será difícil. — sorriu com seu plano mirabolante.
— Kou por favor, eu-
— Confie em mim [Nome]-chan! Vai dar certo! — ela pegou o celular e escreveu uma mensagem pra ele. — Ele deve estar ocupado treinando mas ele vai me responder assim que terminar!
— Ai meu Deus, tem certeza do que tá fazendo?
— Tenho sim! Pode confiar em mim! Daqui a um tempo nós vamos estar rindo dessa situação! — Gou afirmou e eu não pude deixar de sorrir.
— Estou contando com você.
— Pode escrever! — fez um positivo.
— Já tá ficando tarde, temos que ir pra casa.
— A gente se vê amanhã na aula então [Nome]-chan! — Vou me deu um beijo na bochecha e foi embora pra casa.
Eu fiz o mesmo.
◈━≫ Aʟɢᴜᴍᴀs sᴇᴍᴀɴᴀs ᴅᴇᴘᴏɪs...
O tempo passou muito rápido e chegou o dia da festa. Como era um festival especial, o povo se vestia de quimono, tradição nossa.
Eu nunca tive coragem de usar o meu mas hoje eu usaria por ser uma ocasião especial e porque a Gou mandou eu ir vestida assim.
"Vai de quimono sim senhora! Onde já se viu?!"
— Só você mesmo minha amiga... — terminei de me arrumar, prendendo meu cabelo num coque e amarrando o meu quimono de cor [cor].
— Está pronta, minha princesa? — ouvi minha mãe, ela se escorou na porta com um sorriso.
— Não me chama de princesa mãe... É embaraçoso. — falei saindo do quarto.
— Não vai comer nada antes de sair?
— Não, eu combinei com os meus amigos e vamos jantar lá. — peguei meu dinheiro e guardei no bolso.
— Se divirta tá? — ela beijou a minha testa.
— Obrigada mãe, eu já vou. — saí de casa.
Eu não morava muito longe do festival e cheguei rapidinho no ponto de encontro onde eu e Gou tínhamos combinado.
— Te fiz esperar muito? — perguntei ao me aproximar dela.
— Não! Pra falar a verdade acabei de chegar. Vamos encontrar os meninos?
—Sim... A propósito, você tá muito bonita. — sorri segurando um pedaço do tecido. — Eu adoro esse tecido, é tão gostosinho e fresco.
— Eu também! Não troco nunca!
Nós caminhamos por entre as barraquinhas e haviam muitas crianças, típico.
Mas nada tirava a minha ansiedade e medo... Será mesmo que ele estava mudado?
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