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História O Enigma do Príncipe - Despedida


Escrita por: stormary

Notas do Autor


Aloha!

Tava em uma abstinência criativa e precisei maratonar os filmes de ontem pra hoje.

Fiz minhas mudanças.

Boa leitura!

Capítulo 37 - Despedida


Severo acordou-se e abriu os olhos, encarando o teto do quarto, na Rua da Fiação. Desejava que tudo não tivesse passado de mais um de seus tantos pesadelos, mas sabia que não. Virou-se na cama e percebeu estar sozinho. Levantou-se da cama e seguiu para o banheiro, onde lavou o rosto e fez sua higiene pessoal, dando um tempo para reparar em seu reflexo no espero. Estava abatido. Demonstrava de mais. Ensaiou para si mesmo sua expressão característica de indiferença. Precisava mantê-la, hoje era o dia de ir até Voldemort e seguir com o plano de Dumbledore.

Dumbledore. Sentiu-se estranho.

Bufou e depois puxou o ar com força. Saiu do quarto e desceu em direção da cozinha, sendo quase guiado pelo cheiro do café. Parou primeiro na sala, percebendo que as coisas estavam nos lugares, incluindo tudo aquilo que ele havia quebrado, mesmo que sem querer. Devia ter dado trabalho.

Narcisa pela primeira vez podia dizer que havia acordado antes do homem que estava ao seu lado na cama, mas a verdade é que mal havia pregado o olho durante a noite toda. Assim que percebeu os primeiros sinais do amanhecer, por raios de sol entrando de forma tímida pela fresta da janela fechada do quarto. Sentou-se na cama e respirou fundo, tinha que voltar para Hogwarts e manter as coisas como estavam. Ia ser difícil, mas devia a Dumbledore terminar sua missão. Terminar aquilo que prometeu a ele quando lhe foi estendida a mão.

Levantou da cama depois de longos segundos olhando para Snape. O homem, mesmo dormindo tinha uma expressão tensa. Mesmo que ela tentasse, jamais iria conseguir entender plenamente o que ele estava passando, e sabia que era algo que Severo não dividiria por completo. Ajeitou-se e desceu primeiro para a sala. Estava tudo um tremendo caos e, mesmo com a ajuda da varinha, acabou ficando um bom tempo colocando-a em ordem. Depois seguiu para a cozinha e limpou-a de forma a conseguir usar. Estava impressionada na quantidade de poeira que uma casa podia acumular.

Enfim pode passar um pouco de café, afinal foi a única coisa que ela encontrou nos armários, além de uma cesta com algumas frutas enfeitiçadas para não estragarem. Há quanto tempo Rabicho havia saído dali? Um século?

Ouviu passos se aproximando e virou-se. Severo estava parado na soleira de entrada da cozinha, ao lado do balcão que a dividia da sala de entrada. Estava ainda só com a calça que havia dormindo e descalço. Serviu as duas canecas com café e aproximou-se dele, entregando uma delas.

- Achei que já tinha ido. – ele disse bebendo o café.

- Quis ajeitar as coisas para você antes de ir. – disse. – Estão precisando de mim em Hogwarts, mas senti que precisava mais de mim aqui.

Ele desviou o olhar para a cozinha. Ela realmente havia ajeitado as coisas, e isso que fez com que ele se surpreendesse.

- Não precisava ter feito isso. – levou novamente o café à boca.

Narcisa deu de ombros e terminou o seu em silêncio. Estava mais do que na hora de ir para Hogwarts, precisava estar lá para despedir-se de Dumbledore, amparar McGonagall... Tocar a diante seu dever, pelo menos por hoje ainda. Não sabia como as coisas iam ser dali em diante. Largou a caneca sobre o balcão e voltou-se para Snape, que estava com o olhar fixado nos fundos da casa pela janela da cozinha.

- Eu tenho que voltar. – ela disse. Severo abaixou o olhar para o rosto da mulher. – Está tudo bem?

- Perfeitamente. – respondeu indiferente. – Vou aproveitar para pedir duas coisas.

- Sim?

- Esqueça o que viu ontem à noite. – largou a caneca ao lado da dela. – E nunca mais aproxime-se de mim quando eu estiver naquele estado. Eu podia ter machucado você.

Narcisa cruzou os braços, parando as mãos sobre os hematomas que o aperto do homem haviam causado em seu braço. Ele não precisava saber que havia a machucado.

- Não entendo o porquê de querer que eu esqueça. – disse. – Mas tudo bem.

Ele assentiu como se agradecesse e subiu a mão, levando para os cabelos da mulher. Pousou a mão ali, entre os fios, segurando-lhe a nuca, e se aproximou. Precisou abaixar o rosto para beijá-la, percebendo como ela ficava consideravelmente mais baixa que ele sem os sapatos de salto.

- Sinto muito. – ela sussurrou para ele, encostando suas testas e colocando uma das mãos em seu peito. – Pelo o que teve que fazer.

- Voldemort vai querer me ver. – ele disse. – E talvez nos encontremos na sua casa hoje à noite. Cuide-se até lá.

Narcisa assentiu e juntou os lábios dos dois novamente um instante.

- Cuide-se também. – pediu.

A mulher juntou a capa que estava sobre a guarda do sofá e colocou sobre os ombros, saindo da casa em direção ao ponto de desaparatação. Ao chegar em Hogwarts seguiu direto até os aposentos de McGonagall.

Não havia movimento nos corredores, não havia o constante burburinho de alunos. Não havia um pingo de alegria em Hogwarts. Os poucos alunos que passaram por ela em seu curto trajeto nem a cumprimentaram. Também não seria capaz de exigir isso, até mesmo os quadros lamentavam-se em silêncio pela grande perda que haviam tido.

Sabia que o nome de Severo já devia estar na boca de todos. Sabia que ele já era o grande vilão da história, mas não podia julgar os que pensavam assim. O plano era esse. Infelizmente. Chegou à porta dos aposentos da professora de transfiguração e bateu algumas poucas vezes. Minerva abriu a porta já vestida em seu devido luto. Olharam-se alguns segundos e Narcisa abraçou a mais velha, que retribuiu de imediato. Quando estavam mais calmas na medida do possível, ficou a par das decisões que haviam sido tomadas sobre o velório do diretor, que aconteceria ali na escola mesmo, no lugar que ele havia dedicado sua vida toda.

Fora uma das coisas mais emocionantes que Narcisa vira em sua vida. Hogwarts estava cheia, mesmo que infelizmente por aquele motivo, de membros do Ministério, ex-alunos, moradores de Hogsmeade, todos envolvidos em um grande véu de emoção. Não faltaram palavras para homenagear o grande homem que Alvo Dumbledore havia sido.

Mas a ficha foi caindo aos poucos, até que ficou claro que ele havia mesmo ido. O ano na escola estava terminado ali e os alunos voltariam para suas casas no final do dia.

A cerimonia acabou depois de longas horas e belas homenagens e cada um seguiu para organizar suas devidas coisas. Narcisa teria que ir também. Estava na hora de voltar para Mansão Malfoy e ver como as coisas realmente ficariam.

- Professora Malfoy. – ouviu a voz de Hermione e parou no corredor virando-se.

A menina vinha sem o seu característico sorriso, a expressão tão marcada quanto a de todos.

- Hermione. – Cissa saudou.

- Eu estava indo arrumar minhas coisas e pensei que talvez precisasse falar com alguém. – disse. – Harry nos contou com detalhes a noite de ontem. Falou sobre Draco e o... Professor Snape.

Narcisa sentiu-se mal. Não queria que seu filho estivesse no meio daquilo tudo, muito menos que Severo precisasse carregar o fardo da morte de Dumbledore. Se pelo menos eles soubessem o que aconteceu...

- Foi uma noite difícil. – respondeu depois de um tempo. – E acredito que Harry está achando que tenho algo a ver com isso. Mas lhe garanto, se eu pudesse ter evitado, eu teria. Devo a Dumbledore... Devia a Dumbledore muita coisa.

- Não estamos lhe acusando. – Mione disse rapidamente. – Harry está mais abalado que qualquer um, dê um desconto a ele. Sei que ele vai entender isso com o tempo. Só é difícil, por ele ter visto Draco lá...

- Draco... – Narcisa a interrompeu. Sentiu os olhos marejarem. – Ele não teve escolha, nunca teve.  – Severo também não. – Lembra quando lhe falei que invejava a coragem de Lílian por ter se posto entre Harry e o Lord das Trevas? A invejo porque eu não tive coragem de fazer isso pelo meu filho. – levou uma das mãos à boca, tentando acalmar-se. – Desculpe.

Hermione ficou em silêncio vendo a professora secar uma lágrima que descia por seu rosto. Tinha ido ali para perguntar sobre Snape, mas não conseguiria ser insensível a ponto de fazer aquilo naquele momento.

- Vai voltar para casa? – a jovem perguntou depois de um tempo.

- Vou. – Narcisa respondeu mais calma. – Não é uma opção eu não voltar.

- Lhe mando uma carta. – ela abraçou a professora, para despedir-se. – Cuide-se. Por favor.

- Você e seus amigos também. – Cissa tocou o rosto da menina. – Cuide deles.

Mione sorriu e voltou pelo caminho que havia vindo. Narcisa entrou em seu quarto e fechou a porta com todos os feitiços que conhecia, tomou um banho e se preparou para voltar para a Mansão Malfoy.

~*~

Severo ficou um bom tempo apenas sentado no degrau da porta dos fundos, encarando o que um dia havia sido o jardim da casa. Sabia que não tinha o mínimo de paciência para ir até onde Voldemort estava, mas precisava.

Não era mais uma escolha.

Mas mesmo assim iria adiar o encontro o máximo que conseguisse. Levantou-se e caminhou até um ponto do jardim, onde agachou-se e arrancou um punhado de ervas.

Dumbledore pegou a xícara de chá e seguiu até a janela dos fundos, observando o jardim pela fresta da cortina.

- Eu não sabia que estava fazendo uma criação de ervas daninhas no seu jardim? – alfinetou o professor, que bufou em resposta.

- Veio aqui para reclamar do meu jardim ou realmente tem um bom motivo para me importunar nas férias além de suas caduquices? – perguntou irritado.

- Preciso que volte para Hogwarts mais cedo. Talvez tenhamos problemas pela frente.

- Traga-me uma novidade. – resmungou.

Arrancou mais um punhados de ervas. Aquele ano era o que Sirius havia escapado de Azkaban. Mais um ano na cola do garoto Potter. Mais um ano de trabalho vazio.

Quando deu-se por conta já tinha limpado uma boa parte. Sentiu fome, já passava-se das quatro horas da tarde. Entrou e comeu uma maçã seguindo para tomar um banho depois. Não podia mais atrasar seu encontro com o Lord das Trevas. Ficou pronto quando já eram quase seis horas e aparatou na Mansão Malfoy.

A movimentação de comensais estava calma, e agradeceu em silêncio por isso. Chegou ao local em que Voldemort ficava e bateu algumas vezes, esperando a porta abrir-se. Bellatriz deu passagem para o homem, espiando-o com o canto dos olhos e saiu, fechando a porta.

- Milord. – saudou o bruxo das trevas que estava sentando em uma das poltronas. Na outra estava Lúcio Malfoy.

- Veja quem chegou. – disse. – Aproxime-se, Severo.

O fez. Sempre sentia tenso com o bom humor do bruxo com cara de cobra, mas não deixava transparecer.

- Pensei que não viria afinal. – Lúcio disse. – Mesmo roubando a cena que deveria ser de Draco.

- Eu ajudei seu filho, imbecil. – rosnou. – Por conta do voto perpétuo que tenho com Narcisa.

- Você quis chamar a atenção. – Lúcio desdenhou. – Quis mais reconhecimento. Até me impressionou...

- Lúcio. – Voldemort ergueu a mão, fazendo o homem calar-se. – Fale quando for convidado. Severo estava em uma situação que já havíamos discutido quando Narcisa lhe pediu o voto. Claro que me deixaria mais feliz caso minha ordem tivesse sido cumprida. Mas quem liga? – riu de forma medonha. – O venho está morto. E sabe o que você merece, Severo?

- Não, Milord. – respondeu. Agradeceria se fosse um bom copo de poção do sono com whisky.

- Você mereceu... – ele parou olhando por cima do olho de Snape. Um sorriso medonho surgiu em seus lábios. – Veja só Lúcio, quem chegou.

O bruxo de cabelos loiros e longos levantou-se e sorriu também. Snape não precisou virar-se para saber quem estava ali, mas mesmo assim o fez. Narcisa estava parada na entrada do lugar, com as mãos para trás e seu olhar buscou direto o do mestre de poções.

- Nossa segunda espiã de mais sucesso. – Voldemort saldou. – Aposto que estava no velório do pobre Dumbledore.

Ela assentiu aproximando-se, sem desviar os olhos de Snape.

- Com sua licença, Milord. – ela chegou até onde estavam. – Hogwarts encerrou as atividades, então retornei.

- Isso é ótimo. – Lúcio puxou-a pela cintura e enterrou o rosto no pescoço da mulher alguns segundos.

Voldemort olhou os dois alguns segundos e voltou-se para Snape alguns segundos depois.

- Eu ia falando com você. – disse. O professor assentiu. – Sinta-se em férias. Deu um passo importante para nós, distraia-se.

- O que quer dizer... Milord?

- Que mesmo tendo perdido nossa festa de comemoração ontem à noite... e que eu não possa lhe oferecer mais aos prêmios... – os olhos do Lord vagaram o corpo de Narcisa. – Que ofereceria, merece um tempo. Portando, suma.

- Sumir? – Narcisa fingiu achar graça.

- Severo está sendo dispensado por enquanto. – Lúcio disse. – Foi um ano e tanto... Então nada mais justo que ele ter um descanso nesses dois meses.

- Isso. – Voldemort assentiu, recostando-se na poltrona. – Claro que deve comparecer aqui quando for chamado, mas apenas nessas ocasiões. Creio que os anfitriões tenham assuntos para resolver nesse tempo.

Snape entendeu perfeitamente o que estava acontecendo. Narcisa ficaria aquele tempo ali, e com ele afastado só Deus podia dizer o que aconteceria, mas não podia contestar ordem alguma naquele momento. Assentiu para o Lord das Trevas com custo.

- Pode ir. – dispensou-o.

Assentiu novamente.

- Suas coisas já vieram de Hogwarts? – Severo olhou Narcisa. – Ou podemos busca-las antes que eu...

- Minha mulher não vai a lugar nenhum dessa vez, meu amigo. – Lúcio disse apertando a mão em torno da cintura da mulher.

- Claro que não. – Snape sorriu de canto. – Vou me retirar, Milord. Com sua licença.

Voldemort assentiu e o homem de vestes negras saiu a passos rápidos do lugar, deixando para trás o som do farfalhar de sua capa. Saiu da casa e agarrou pela roupa o primeiro elfo que achou, ordenando que chamasse Narcisa sem dizer que era ele quem o fazia. Depois de algumas ameaças foi obedecido. Saiu de vista e esperou entre as árvores. Logo ouviu passos, observou de onde estava a mulher procura-lo. O encontrou em um tempo e aproximou-se.

- Se Lúcio ver que ainda está aqui... – ela disse baixo.

- Eu teria que mata-lo e entregar meu disfarce. – respondeu grosseiro. – Estou com um péssimo pressentimento.

- Eu sei me cuidar. – ela respondeu.

- São dois contra um, Narcisa. – contrapôs.

- Não vai acontecer nada. – ela estava quase mentindo para si mesma.

Silêncio de ambos. Severo olhou sobre os ombros da mulher, tendo certeza que ninguém estava por ali. Puxou-a pela cintura e tomou-lhe os lábios em um beijo, para em seguida sair dali e aparatar sozinho, deixando-a para trás. Por mais que não fossem admitir nem para si mesmos, aquilo havia sido quase uma despedida.

E havia sido difícil.

Tempos sombrios se aproximavam, e não conseguiriam passar por ele sozinhos.  


Notas Finais


Despediram-se de tantas coisas que chega a ser ruim de contar. Severo vai ter que pensar em uma missão de resgate urgente ou...................... (no spoiler)

Espero vocês nos comentários.

Um beijo na nuca esquerda!
Até.


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