Pov Snape
Deixei Narcisa na porta do escritório e segui direto para a reunião da ordem. Não havia nada novo de minha parte e eu não era bem vindo, para variar. Assim, sem estar na companhia do Diretor, pouco me disseram - sendo assim, eu precisava dar um jeito de reverter essa situação, já que não pretendia andar na presença do diretor como antes.
Ao final da reunião entediante, voltei a aparatar em Hogwarts. Fui aos meus aposentos e me entreti preparando os materias das aulas de segunda e terça; queria passar meu domingo envolvido em minhas pesquisas e não corrigindo coisas desses cabeças ocas. Fiquei absorto em minhas correções e em leituras e quando dei por conta, alguém batia a minha porta.
- Entre. - falei.
Dobby entrou de cabeça baixa enquanto carregava um pequeno frasco e um bilhete em mãos.
- Com licença, mestre Snape. - disse. - Mas o Diretor mandou que Dobby buscasse as coisas que pertenciam a Sra. Malfoy em sua antigarresidência e que Dobby viesse depois dar isso a mestre Snape. - aproximou-se.
- O que se trata? - perguntei.
- Dobby não sabe senhor. Dobby só deve lhe entregar. - colocou as coisas sobre a mesa e recuou de cabeça baixa.
- Tudo bem. Suma. - rosnei para ele.
Dobby segui rapidamente para a porta e saiu fechando-a. Encarei o frasco com fios azuis que brilhava em minha mesa e o pequeno bilhete ao lado dele. Eram memórias, e eu não estava entendo mais nada.
Coloquei a mão sobre a mesa e batuquei os dedos algumas vezes. Podia dizer que estava dividido entre abrir e jogar tudo na lareira. Peguei em primeiro o pequeno bilhete e o abri.
"Sei que ainda lhe restam dúvidas, por isso, envio junto a esse bilhete, minhas memórias desta manhã.
Se quiser ver o que deveria ter visto e ouvido se esperasse, olhe-as. Lembre-se: um filho nunca é descartável para um pai, Severo.
PS: O quarto de Narcisa fica no topo das escadarias das masmorras.
A.D."
Eu estava desconcertado. Conturbado, essa era a palavra certa. Peguei agora o frasco com os fios das lembranças de Dumbledore e o olhei por alguns instantes.
Não faria isso. Não agora. Coloquei-o dentro de uma gaveta e olhei o relógio. Faltavam poucos minutos para o jantar. Recolhi minhas coisas e segui em direção ao Grande Salão. Parei em frente a porta dos aposentos de Narcisa e bati. Esperei por alguns segundos e ela abriu, encarando-me por um momento.
- Está quase na hora do jantar. Achei por melhor vir buscá-la. - falei.
- Estou terminando de arrumar algumas coisas. - disse. - Entre. Não me demoro.
Ela deu-me passagem e entrei, passando os olhos pelo cômodo. Claro, mas não sem os toques Sonserinos que Dumbledore não deixaria de dar.
- Pode sentar. - me indicou o sofá. - Vou apenas terminar de colocar os livros nos lugares.
Sentei-me e a acompanhei com os olhos enquanto subia e tornava a mexer nos livros. Eu estava inquieto, de mais até. Levantei e me aproximei alguns passos.
- Falou com Dumbledore? - perguntei.
- Sim. - respondeu. - Ele ficou feliz que tenha dado certo e perguntou por você.
Resmunguei em resposta. Essa situação estava me perturbando de mais para um dia. Fingi me entreter com os livros.
- Devo perguntar o que há? - Cissa me olhou com o canto dos olhos.
- Não.
- Mesmo sabendo que isso me intriga? - tentou de novo.
- Ele está preocupado com você.
- Não. - respondi de forma mais grosseira. - E não tente de novo. Estou tentando agir, no mínimo, de forma amigável com você.
- Seu jeito amigável me intriga. - virou-se para mim. - Isso é seu. - entregou-me um livro sobre o preparo eaadministração de poções complicadas.
- De onde tirou isso? - olhei-a.
- Está comigo desde a época de escola. - disse dando um meio sorriso.
Encarei o livro e tentei ligá-lo a algo. Nada.
- Fique com isso. - joguei na mesa. - Vamos logo. Não quer ter que chegar quando todos estiverem lá.
Terminei a frase já do corredor e vi Narcisa apressar-se para me alcançar. Quando chegamos ao salão, alguns alunos já estavam ocupando seus lugares bem como a maioria dos professores.
Dessa vez não assumi meu lugar de costume, a esquerda do diretor. Puxei uma cadeira para Narcisa e sentei ao lado dela. Logo os alunos passaram a chegar em peso, surpresos pela presença da mulher na mesa dos professores, principalmente os Grifinórios e Sonserinos. Quando todos estavam em seus devidos lugares, Dumbledore levantou-se e seguiu ao púlpito.
- Silêncio. - pediu. Os poucos as vozes se calaram. - Hoje eu gostaria de anunciar duas novidades em nossa escola. Primeiramente estaremos dispondo, a partir de segunda feira, um programa de reforço para Poções e DCAT. Os alunos que sentirem interesse, poderão inscrever-se e os professores também poderão indicá-los. - disse. - Ao longo dos próximos meses, serão implementados para outras matérias também. - virou-se para nossa mesa. - Narcisa, minha cara. - chamou-a. Senti-me arrepiar. Algo estava errado. - A Sra. Narcisa Black Malfoy será a professora desses dois conhecimentos. Assim, gostaria de pedir-lhes para serem hospitaleiros com ela e desfrutem daquilo que ela tem para ensina-los. - a fala do diretor foi seguida por palmas puxadas pela mesa da Sonserina.
Se eles estavam pensando em tirar vantagens, estavam bem enganados. O diretor de início ao banquete e voltou com Narcisa para os devidos lugares.
- Nossa reunião vou adiada para segunda feira. - ele disse aos professores. - Creio que a Sra. Malfoy gostaria de repousar.
Narcisa agradeceu e começamos a comer. Comi pouco e percebi que o diretor também. Mas eu estava tentando não ligar, precisava lembrar-me disso, mesmo que fosse difícil. Depois de remexer a comida no prato, pedi licença e me levantei, sendo seguido por Cissa, que acompanhou-me até fora do salão.
Caminhamos juntos e dessa vez não parei na porta de seus aposentos. Pelo menos não era a minha intenção, até sentir a mulher segurar-me pela mão. Virei-me para ela irritado. Sentia uma sobrecarga de emoções carregadas pelo dia, não queria que nada me desviasse do meu caminho, mas ela o fez.
- Seja lá o que esteja deixando vocês assim... - ela me olhou antes mesmo que eu falasse qualquer coisa. - De um jeito de parar. Já está se percebendo ao longe. Mágoas fazem mal, Severo.
- Sei disso mais do que qualquer um, Narcisa. - respondi. Silêncio se abateu por alguns instantes. Olhei nossas mãos e as soltei. - Por que está fazendo isso? Por que se importa? - minha voz saiu em um tom estranho.
- O mínimo que posso fazer por você, Severo, é me importar. Devo-lhe isso por tantas outras coisas. - disse. Ela levou a mão ao meu peito, mas logo a tirou. - Boa noite. E pense no que lhe falei.
Observei Narcisa entrar no cômodo a frente e fechar a porta. E fiquei lá parado, me sentindo conturbado pela segunda vez em tão pouco tempo.
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