O escuro e a cachaça
Eu acordei muito cedo hoje, era por volta das 06h quando acordei pela primeira vez nessa manhã, mas estava nublado e frio diga-se de passagem uma manhã deprimente, assim como eu acordei mais duas vezes antes do meio dia, não sai do meu quarto e da minha cama até as 13h da tarde, sinceramente não me lembro dessa manha e tarde muito bem e pouco me importa, eu já estava costumeiramente deprimida e com planos mirabolantes de suicídios.
A partir das 15h comecei pela busca pelo estoque de bebidas do meu pai, procurei em baixo da escada, na cristaleira da minha mãe, no antigo quarto do filho dos meus pais, e por fim no quarto deles, não achei então presumi que poderia estar no quartinho de ferramentas do meu pai, que fica lá em baixo na área de serviço e pra entrar nele eu precisava das chaves e então comecei uma nova busca e foi uma busca falha não achei em lugar nenhum as malditas chaves, mas um lampejo veio em minha mente...e se a chave já estiver na porta?
Bom meus caros eu estava certa, estava lá e era só entrar e foi o que fiz, rezando para que aquelas bebidas estivessem ali, e por sorte estavam em cima de um armarinho, catei um banquinho que estava por ali na área de serviço e subi em cima dele pra pegar uma das garrafas, puxei logo uma pet de 2l com a cachaça mais forte e artesanal de nossa própria casa.
Desci do banquinho e levei pra fora do quartinho com a garrafa, tranquei a porta e peguei a garrafa com o conteúdo num tom de óleo de motor, subi as escadas analisando aquela garrafa e entrei pela porta da cozinha, peguei uma das minhas garrafinhas d’água de cor preta e despejei boa quantidade do liquido dentro dela, levei ambas as garrafas para o meu quarto.
Oque eu fiz logo após? Coisas da faculdade esperando ansiosamente o horário que iria cortar meu cabelo, o mais curto possível, considero-me bastante bonita com ele curtinho e realça toda a minha beleza e também, passei por momentos difíceis com minha ansiedade, depressão e anemia...amigas de longa data, resumindo, meu cabelo quebrou...foda!
As 16:20 tomei banho, e assim que sai já me aprontei já que logo após o corte só voltaria em casa para calçar meus sapatos e pegar meus materiais para ir a aula, hoje é direito administrativo... bom cheguei no salão e logo fui pedindo o corte, curto atrás e proporcionalmente longo na frente, o famoso long.-bob, lavamos e o momento, a tesoura tirando as pontas ralas e me dando uma nova aparência...o resultado era mais do que o esperado se eu morrer hoje, morrerei bonita...
Voltei pra casa terminei de me arrumar e desci para o ponto de ônibus, e fiquei esperando, e esperei tanto que tive vontade de fumar um cigarro, com meus fones de ouvidos tocando só as mais tristes embarquei na Mercedes publica quando ela chegou, sentei na janela e passei o percurso observando as rua e as pessoas, assim que cheguei onde pretendia desci em frente aquela casa maçônica caminhei até a faculdade com a garrafa de cachaça e fui até a lanchonete, comprei a bananas chips, cinco reais em pura delicia salgada, comprei um pacote e dei meia volta com as minhas botas barulhentas que toda vez que piso no chão fazem toc toc toc, subi três lances de escada no bloco B e entrei no corredor, abri a porta da sala 409 e sentei em umas das primeiras carteiras da frente, cara fila é composta por duas carteiras para que os alunos possam sentar em duplas, eu sento na carteira que fica do lado esquerdo.
Alguns minutos e um dos motivos da minha melancolia chegou, ele me olhou e disse, que foi obrigado a ir, não disse nada até porque ele não é obrigado a me trazer na faculdade, mas sabíamos que estava tudo estranho...em determinado momento daquela aula uma coisa desagradável me ocorreu e meu mal humor e tristeza aumentaram, passamos a aula toda assim com um clima ruim eu acho, minha percepção não estava das melhores naquele momento, foi uma aula rápida de final de semestre bebi um longo shot da cachaça com meus amigos e fomos embora, aquele que foi o motivo da minha tristeza nessa segunda foi embora tão rápido como chegou, me senti deprimida...mais deprimida.
Sentei no meio-fio à espera do meu pai dando pequenos goles na garrafa, e foi nesse momento que pensei seriamente em me matar e era o que eu ia fazer, assim que meu pai chegou entrei no carro, silenciosa e pensativa e com uma vontade enorme de chorar sem parar, em determinado momento do trajeto de volta pra casa uma ou duas lagrimas escorreram do meu globo direito, com pensamentos distantes e desejando chegar no meu quarto o mais rápido possível para desabar e foi assim que fiz, procurei aqueles remédios de pressão e tirei vários comprimidos das cartelas...ingeri todas com o auxílio da cachaça, no escuro e silencio do meu quarto, naquele momento eu só pensava em como eu estraguei a vida de todos a minha volta e de como eu poderia ser um fardo para outros, e cheguei à conclusão que não faria falta, e que talvez e só talvez o único que me esperaria levantar amanhã e todos os outros dias subsequentes na esperança de me ver seria meu cachorro.
Bebi mais da cachaça e esperei o efeito começar e assim deitei na cama esperando piamente não acordar no dia seguinte...
Fim?
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