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História O Esgrimista - Capítulo Único


Escrita por: saraleo

Notas do Autor


Olá pessoinhas!! Tudo bem com vocês? Espero que sim. A Vic e eu planejávamos escrever essa fic há algum tempo, mas acabou não saindo. Mas a inspiração veio e conseguimos. Eeeh! A fic é para o projeto Starter - estamos imensamente felizes e animadas por estarmos participando. Só espero que não tenhamos saído do tema.

Então é com muito orgulho que apresentamos a vocês o nosso primeiro feat (ain que emoção!)

Um agradecimento especial à Juju, aka ~instax, por ter feito essa capa linda. Minha designer particular -q

Ps: Nós betamos, mas pode ter ficado algum erro. Qualquer coisa é só avisar.

Ps2: nós tentamos achar o nome dos pais do Bambam, mas foi quase impossível. Por isso colocamos outros nomes. Tomara que não fique confuso.

Boa leitura, esperamos que gostem.

Capítulo 1 - Capítulo Único


Fanfic / Fanfiction O Esgrimista - Capítulo Único

— Eu preciso mesmo ir?

A Sra.Bhuwakul suspirou pela milésima vez perante à pergunta do filho, pois também era a milésima vez que a mesma era feita em um curto intervalo de tempo.

— Sim, Kunpimook, você precisa ir.

Aceitando a derrota, o ruivo jogou-se na cama e assistiu sua mãe dar meia volta e sair de seu quarto, o som do atrito entre o salto dos sapatos e o chão deixando um rastro pelo corredor como se personificasse um lembrete; o garoto não tinha escolha tampouco uma saída.

Bambam sabia que se não descesse para a sala de estar em cinco minutos seu pai lhe daria uma bela bronca e o clima seguinte predominante durante o restante da noite seria ainda pior, então decidiu simplesmente aceitar as ordens que lhe foram dadas e logo estava esperando os pais sentado no sofá e entretido com um jogo no celular.

Não que fosse um adolescente rebelde, veja bem; o garoto já tinha seus 19 anos e vivia contra a vontade sob o mesmo teto da família. Não tinha problemas com os pais, exceto pelo fato de que ambos insistiam que ele ainda tinha muito a aprender dentro daquela casa.

O Sr. e a Sra. Bhuwakul eram simplesmente donos de uma grande empresa e um de seus sonhos era ver o filho único herdando tudo que possuíam e levando os negócios à frente, embora o garoto não demonstrasse o interesse que tinham em mente.

Além da faculdade de administração, o ruivo tinha aulas de empreendedorismo e matemática, a junção de todas as coisas que mais detestava. Ainda assim, tentava ao máximo não reclamar, pois reconhecia não ter sido um aluno de dar orgulho nos tempos escolares e amava demais seus pais para rechaçar completamente algo que eles desejavam para si.

Por isso mesmo que Bambam estava ali, esperando os pais para os três irem a uma festa que comemorava mais um avanço na vida profissional dos Bhuwakul. Haviam feito uma aliança com outra renomada empresa e esta de origem chinesa, e, para comemorar, os donos da mesma haviam organizado algo somente para os Bhuwakul, seus próprios familiares e alguns funcionários de ambas empresas.

Bambam sabia que a noite seria longa, por isso mesmo que, antes de sair de casa, verificou se havia mesmo colocado os fones de ouvido no bolso da calça.

Chegaram por volta das 20hrs ao local de destino e o ruivo não pode deixar de, espontaneamente, se impressionar com a mansão que via à sua frente. Apesar de morar em uma casa com, provavelmente, o mesmo tamanho, Kunpimook não era lá apegado a esse tipo de coisa e preferia mais apreciar os detalhes vitorianos da grande construção à sua frente.

No primeiro contato que teve com o interior da residência, sentiu vontade de dar meia volta e sair correndo, mas o olhar de seu pai foi o suficiente para lhe fazer descartar a hipótese.

Sustentando um sorriso programado no rosto para todos os olhares aparentemente educados que recebia das pessoas à sua volta, direcionou-se juntamente aos pais para o salão apontado por um dos empregados ainda na entrada principal do local, onde foram calorosamente recebidos.

Ao chegarem, foram guiados por mais um empregado a uma determinada mesa, onde, após sentarem, não foi necessário mais do que dois minutos para que os anfitriões, Ricky e Sophia Wang, aparecessem. Exclamaram os nomes de Kanya e Khalan Bhuwakul como se fosse a maior surpresa do mundo a presença de ambos ali, mas acabaram por se surpreender ainda mais com a presença do tão falado filho único, Kunpimook.

Apesar de não ser fã de apresentações do tipo, Bambam realmente gostou da energia transmitida pelos Wang, como se, de alguma forma, o casal fosse diferente das pessoas com as quais seus pais frequentemente fechavam negócio.

O salão estava repleto de convidados, mas os anfitriões não saíram mais dali, o que contribuía para aquela mesa ser o alvo principal dos olhares e das conversas das pessoas próximas.

Sophia vez ou outra lhe elogiava, arrancando-lhe um rubor discreto colorindo suas bochechas e transparecendo um pouco do inevitável desconcerto.

Mesmo que não se sentisse completamente deslocado naquela festa, seu tédio era quase palpável. Quando sua mãe estava prestes a lhe cutucar por baixo da mesa em um pedido mudo para que se portasse como deveria, uma empregada surgiu e sussurrou algo para os Wang, distanciando-se no instante seguinte.

— Oh, claro! Iremos agora para outro salão, espero que apreciem esgrima. — Ricky anunciou, sorrindo ao final como se estivesse esperando desde o início por aquele momento.

Bambam não era lá um fã de esportes, mas imaginou que algo relacionado à esgrima poderia lhe tirar do tédio ou algo parecido, até porque era algo que fugia praticamente dos parâmetros de uma festa de negócios empresariais.

O salão para o qual os convidados se direcionaram era tão amplo quanto o anterior e não havia mesas. O centro era delimitado por um piso distinto que Kunpimook deduziu ser o espaço reservado para a possível apresentação que ali aconteceria, pois as pessoas respeitavam aquele limite imposto como se já estivessem acostumadas àquele tipo de programação.

Cerca de um minuto depois, duas pessoas trajando da cabeça aos pés as vestimentas adequadas para a prática de esgrima entraram no salão, incluindo, claro, as máscaras. Bambam ouviu um casal próximo comentar algo sobre um deles estar com um florete e o outro com um sabre, deduzindo ser as armas que estavam trazendo consigo.

O único fator que permitia ao ruivo diferenciar os esgrimistas à sua frente era a altura, pois um deles aparentava ter a mesma que a sua, enquanto o segundo provavelmente possuía uns cinco centímetros a mais.

Havia também próximo dos dois um homem que, mesmo vestido como os demais convidados presentes no local, Bambam deduzira ser o responsável por agir como juiz, pois transmitia um ar distinto de quem estava ali para manter a imparcialidade.

Após breves reverências e sob o silêncio de todas as pessoas que assistiam atentamente aos pormenores antes do início da apresentação, os atletas finalmente começaram o embate.

Pela primeira vez, algo naquela noite chamou a atenção de Kunpimook.

Era incrível como os movimentos do esgrimista mais baixo pareciam precisos e feitos com maestria e, ao mesmo tempo, leveza. O modo como atacava, se esquivava e recuava. Sem dúvidas, o atleta tinha anos de experiência quando comparado ao adversário, este cujos ataques eram realmente apressados e grotescos, como se estivesse desesperado para acabar com aquilo - o que o tailandês julgou como um esforço escusado, sabendo que o embate só seria finalizado no último instante do terceiro assalto.

Bambam nunca teve interesse em esportes - apesar de saber como alguns funcionavam na parte teórica - mas, a partir daquele momento, começou a repensar acerca de seus conceitos.

O ruivo estava tão absorto nos detalhes que qualquer um poderia dizer que ele já previa a vitória daquele que observava.  O esgrimista mais baixo garantiu a derrota de seu oponente no momento em que, em meios aos últimos segundos restantes, realizou uma flecha, surpreendendo seu adversário e conseguindo os pontos decisivos.

Com o fim da apresentação e os habituais aplausos, os convidados passaram a conversar entre si e, percebendo que seus pais estavam realmente entretidos em mais um assunto com Ricky e Sophia, foi se distanciando aos poucos até estar longe o suficiente para não ser visto retornando para o salão anterior.

Ao voltar à mesa e constatar que todos que estavam por ali se mantinham ocupados o suficiente para não notarem sua presença, tratou logo de plugar os fones no celular e colocar a playlist no aleatório, cruzando os braços sobre a extensão de mármore e apoiando o rosto ali.

Bambam estava quase pegando no sono quando a sexta música tocava, ao que uma movimentação se fez presente ao seu lado e automaticamente lhe fez ajeitar a postura e praticamente arrancar os fones dos ouvidos.

Suspirou aliviado por constatar que não era nenhum de seus pais, mas ainda assim foi inevitável ficar um pouco embasbacado com a presença de alguém que definitivamente não vira até então.

Tratava-se de um rapaz agora sentado à sua esquerda. Os cabelos eram de um loiro platinado e impecavelmente penteados e fixos senão por um ou dois fios rebeldes que insistiam em cair da franja, havia um visível sinal na região próxima das bochechas e um sorriso dançando pelo contorno dos lábios.

Antes que pudesse ter outra reação, o loiro se pronunciou:

— Entediante, não?

Não deixava de ser a única pessoa em meio a todas naquela festa que parecia concordar consigo; claro que o ruivo acabou por entrar no assunto sem fazer cerimônias:

— "Entediante" é eufemismo... Acho que logo vou dormir aqui mesmo se meus pais não aparecerem falando que vamos embora.

O outro rapaz riu, perguntando o que Bambam estava ouvindo e consequentemente gerando um assunto envolvendo gosto musical. A conversa poderia muito bem durar a noite toda se certas quatro pessoas não surgissem juntas já fazendo comentários sobre a situação que viam à frente.

Gesticulando sutilmente para os dois garotos, a voz do Sr.Wang se fez mais presente em comparação às demais:

— Oh, vejo que já se conhecem!

Kunpimook primeiramente riu mentalmente ao julgar a frase como típica de filmes e viu Ricky como um verdadeiro personagem fictício que havia saído de uma tela de cinema. O ruivo realmente havia gostado do Wang bem como de sua esposa Sophia.

— Este é Jackson, nosso filho — A Sra.Wang se pronunciou, fazendo Bambam se surpreender com o que havia acabado de ouvir.

Nem em seus devaneios mais distantes imaginava que o casal tinha um filho e tampouco que o mesmo estava ali ao seu lado e há momentos falando sobre o quão entediante a comemoração estava.

O assunto que se seguiu envolvia o âmbito profissional, consequentemente devolvendo aos rostos dos dois garotos a mesma expressão puramente entediada.

Um dos empregados apareceu anunciando ao Sr. e a Sra. Wang sobre uma possível apresentação de piano ainda não confirmada para a noite. Visando que a atenção dos adultos estava voltada somente para aquilo, Jackson aproveitou a deixa e, silenciosamente, segurou o pulso de Bambam e saiu devagar da mesa.

No instante em que percebeu um olhar de soslaio vindo de seu pai, o Wang mais novo apressou o passo e correu trazendo o jovem Bhuwakul consigo, passando como um vulto por entre os inúmeros convidados que se mantinham em pé e até mesmo derrubando uma bandeja das mãos de um empregado, gritando um pedido de desculpas sem parar de correr.

Bambam deixou de entender a situação ainda quando sentiu seu pulso ser puxado pela primeira vez instantes atrás, deixando-se ser guiado pelo loiro e apressando o próprio passo no intuito de acompanhá-lo ao que ria das circunstâncias como se fosse um dos momentos mais divertidos que poderia presenciar.

A correria cessou quando ambos chegaram, depois de mais de um minuto, a uma porta que, quando aberta, revelava um enorme jardim não visível da parte de frente da casa. Estavam ambos ofegantes e compartilhavam suas risadas perante à situação, até cada um finalmente recuperar a própria respiração.

Bambam se perdeu com o olhar enquanto observava cada detalhe do novo local, admirando as inúmeras espécies de flores ostentadas nos canteiros.

O céu naquela noite contava com poucas estrelas - e, no entanto, incrivelmente brilhantes - e uma lua minguante que iluminava parcialmente o jardim com o auxílio oriundo de algumas luzes artificiais em postes espalhados estrategicamente pela extensão do lugar.

Bambam não sabia a distância entre onde estavam e o salão de onde haviam saído, mas já não conseguia ouvir as vozes em conjunto de todos aqueles convidados.

— Eu não perguntei seu nome...

A voz do Wang pareceu trazer o ruivo de volta à realidade, fazendo-o focar naquele ao seu lado, desviando a atenção dos permenores que compunham o cenário.

— Kunp-Bambam — a expressão no rosto do loiro foi cômica, como se perguntasse o que o outro estava querendo dizer — É Kunpimook, você provavelmente não lembra porque deve ter ouvido um espirro ou algo do tipo quando meus pais o falaram. Então... Por favor, chame apenas de Bambam.

— Como quiser.

O loiro gesticulou para que Bambam o seguisse e andou apenas um pouco para que se sentasse na grama e olhasse para o ruivo em um pedido mudo para que fizesse o mesmo. Kunpimook atendeu a ausência de palavras e no instante seguinte havia sentado juntamente ao loiro. Próximo ao tailandês havia um poste de luz distante dos demais, como se fosse fruto de um acidente, e foi inevitável sorrir ao perceber que era exatamente igual ao de Nárnia.

Os dois garotos passaram alguns instantes em silêncio apenas observando as nuances do céu pouco estrelado daquela noite, mas não tardou para que Jackson voltasse a puxar assunto, aproximando-se discretamente um pouco mais do outro:

— Você tem algum interesse em herdar a empresa?

A resposta veio rápida e espontânea, como se Bambam estivesse há tempos esperando por uma oportunidade de se livrar daquelas palavras presas em sua garganta.

— Não. Realmente não quero, mas tento agradar meus pais e esse é um dos sonhos deles, ver o filho único herdando tudo que eles construíram... É complicado. Desde o término da escola eu me imaginava morando sozinho ou com meu melhor amigo, estar aos 19 anos sob o mesmo teto que minha família e tendo de seguir seus passos definitivamente não estava em meus planos.

O quê?!

Bambam estranhou a incredulidade no tom de voz usado na pergunta, não controlando sua indagação e devolvendo o olhar diretamente nas orbes do rapaz.

— O que foi? — Arqueou uma sobrancelha, demonstrando sua confusão perante à situação.

— Você tem 19 anos?! — Jackson levou uma das mãos ao peito fazendo falso drama e arrancando risadas por parte do Bhuwakul.

— Sim, sim... E você?

— Não acredito... Eu tenho 17! Jurava que você era mais novo.

— Parece que o mundo dá voltas — o ar cômico se fez presente em seu tom de voz — Não precisa me chamar de hyung, tudo bem? — De fato, não ligava muito para esse tipo de coisa e com Jackson não seria diferente.

O mais novo assentiu, prosseguindo:

— Consigo sentir a pressão que seus pais exercem sobre você com apenas um olhar.

Novamente, o tailandês se viu repensando sobre o que ouvira. Kanya e Khalan nem imaginavam que deixavam tão claro para todos o peso que jogavam nas costas do filho único.

— A todo momento... Mas e você? Seus pais não cobram o mesmo? — Apesar de evitar julgamentos precipitados, para o Bhuwakul  Ricky e Sophia eram boas pessoas e consequentemente bons pais, como se não tivessem nada a esconder e simplesmente agissem naturalmente.

— Não exatamente, eles respeitam minhas escolhas. Esperam que eu aceite levar os negócios à frente, mas irão entender se eu não querer isso para mim.

— Tão compreensíveis, devem ser ótimos para você.

Jackson notou que a voz do outro havia tomado um tom desanimado na metade da frase e se camuflado em meio às palavras, embora não o bastante para passar despercebido pelo chinês. Não se sentia bem imaginando como o garoto vivia e tudo que lhe era exigido, colocando-se em seu lugar mesmo que por pouco tempo.

— Sim, eles são... Espero que os seus mudem de opinião enquanto ainda há tempo. Sabe, é realmente importante que eles vejam o seu lado, não podem simplesmente passar por cima das suas verdadeiras vontades.

Bambam acabou por levar alguns instantes para responder, ainda mais surpreso por estar se sentindo tão compreendido. Jackson lhe entendia bem mesmo que não passasse pela mesma situação, o que exigia um pouco de empatia.

O assunto não se prolongou muito apesar de ter sido comentado mais um pouco. Em meio às piadas e aos trocadilhos por parte do mais novo foi inevitável que quaisquer resquícios de um clima desagradável deixassem a atmosfera como se nunca houvessem estado ali. 

Repentinamente, Jackson mudou completamente o rumo que estavam tomando.

— Hey, Bambam...  — Uma de suas mãos passeou pela grama até encontrar as pontas dos dedos de seu hyung, surpreendendo o mesmo com o toque inusitado. Viu um leve rubor no rosto do tailandês e prosseguiu — Você namora?

— Hã? — Perguntou visivelmente desconcertado, desviando o olhar e acabando por focar em sua mão por pouco ainda não entrelaçada à alheia — N-Não...

— Desculpe ser tão invasivo — o Wang sorriu abertamente e Kunpimook jurou ter sentido até suas próprias orelhas esquentarem, deixando de lado as bochechas por já saber que elas estavam praticamente em combustão; nunca foi um aluno exemplar em química, mas diria que estava passando por uma reação exótermica — Hétero?

Bambam sabia muito bem no que aquilo ia dar  — Jackson não fazia questão alguma de, naquele momento, omitir suas intenções e até onde queria chegar — e que não havia necessidade de hesitar quanto a revelar sua orientação sexual, as circunstâncias estavam claras até demais. Não precisava pensar duas vezes, afinal.

O Wang sabia a resposta, tudo que precisava era de uma confirmação acompanhada de uma permissão subentendida.

— Não...

— Você se importaria se eu te beijasse aqui e agora?

O mais velho não foi capaz de responder, olhando agora, sem parecer perceber, para cada traço do rosto do chinês.

E, antes mesmo que pudesse formular palavras ou agir de alguma forma, sentiu os dedos do outro tocarem seu queixo e puxarem levemente seu rosto.

Jurou que seu coração estava prestes a explodir quando os lábios de Jackson tocaram os seus e deram início a um beijo calmo que, mesmo após se intensificar, continuava com o mesmo ritmo.

Inicialmente o tailandês apertou a grama entre os dedos em um ato automático, como se aquilo pudesse, de alguma forma, atenuar a velocidade de seus batimentos cardíacos.

Não havia pressa alguma por ambas as partes, aquele momento poderia durar a noite toda sem que percebessem ou notassem o sol nascer.

O ósculo se findou com selos demorados e risos baixos. Permaneciam próximos um do outro e seus narizes tocavam, o que, naquele instante, passara a ser visto de forma cômica.

A atmosfera mudou bruscamente quando o som da porta sendo aberta alcançou seus ouvidos e gerou um distanciamento automático entre os rapazes. Um dos empregados estava ofegante e seu alívio ao ver os dois ali era visível; havia vasculhado a casa inteira à procura.

Os garotos voltaram à mesa com os pais como se nada houvesse acontecido, mas a mudança no comportamento do ruivo era perceptível. Estava mais acanhado do que anteriormente e reprimia um riso ou outro toda vez que seu olhar se encontrava com o do Wang mais novo, ou ruborizava com o contato visual.

Além do mais, o primeiro olhar que Kanya direcionou ao filho deixava bem claro que eles teriam uma conversa em casa. Kunpimook sentiu inveja do loiro ao ver que os pais do mesmo não haviam lhe lançado um mínimo olhar no intuito de o repreender pelo ocorrido, como se não fosse nada de mais.

Khalan nem sequer olhava para o filho, senão acabaria o fuzilando com o mero ato. Kanya, na verdade, não era uma mãe tão rígida como aparentava ser, todos os avisos subentendidos que dava a Kunpimook tinham o único intuito de fazer o garoto perceber o que estava supostamente fazendo de errado para, no fim, não ter de ouvir tanto sermão por parte do pai.

Bambam não percebeu quando Jackson se esforçou ao máximo para ser discreto ao puxar um guardanapo de papel e uma caneta do bolso do pai — que apenas riu discretamente com o ocorrido.

Após mais uma hora, o Sr. e a Sra. Bhuwakul finalmente se despediram dos Wang e levantaram, fazendo menção de deixar o local. Ainda depois de mais uma série de agradecimentos, o tailandês mais novo olhou para o loiro prestes a se despedir, quando sentiu, por baixo da mesa, os dedos de Jackson deixando em suas mãos um pedaço de guardanapo dobrado.

— Melhor abrir depois — O Wang sussurrou com um sorriso.

Abrir o bilhete improvisado foi o primeiro ato de Bambam ao entrar no carro com os pais, ignorando os comentários dos mais velhos.

Havia uma sequência de números escritos e não foi preciso mais de um segundo para que Kunpimook entendesse o que aquilo significava.

- X -
 

Os dias que se passaram foram os mais incômodos da vida do Bhuwakul mais novo. Desde o jantar que seu pai o obrigou a ir, onde encontrou aquele rapaz charmoso de cabelos loiros, BamBam não conseguia mais se concentrar em nada. Desde um simples trabalho da faculdade à uma partida de vídeo game com algum amigo. O fato é que o filho dos Wang o tirara toda a concentração que lhe restava.

À tempos ninguém o fazia sentir daquela forma. A última vez que sentiu algo assim fora com seu primeiro — e último — namorado, Kim Yugyeom. Namoraram por cerca de 8 meses, até que seu pai descobriu e os obrigou a terminarem, coisa que por Bambam eles não fariam; contudo, Yugyeom sentiu-se ameaçado pela "influência" que seu pai exercia e acabou se afastando.

Mesmo tendo sido algo rápido, Bambam realmente o amou - em cada momento. Adorava ver aqueles olhinhos pequenos o encarando, ou aquele sorriso de orelha a orelha quando se afastavam após algum beijo. Porém o medo do rapaz mais novo acabou com todos os planos que fizera para ambos.

Desde então, não se interessou amorosamente por mais ninguém. Até conhecer Jackson. O chinês de madeixas descoloridas que o encantou durante aquela partida de esgrima. De fato ficou em estado de choque quando sua mãe o disse que o esgrimista mais baixo era Jackson. Foi por causa daquilo que Bambam cedeu às inúmeras tentativas de seu pai, para que largasse um pouco aquele celular e fizesse algum esporte, e decidiu entrar em uma aula de esgrima.

Acabou matando dois coelhos com uma cajadada só, já que seu pai parou de o perturbar e realmente estava gostando de praticar aquilo.

Passaram-se dois meses desde aquela noite, na qual Jackson o beijou e por fim deu-lhe seu número de telefone. Na volta para casa, Bambam acabou perdendo o bilhete que o chinês o entregara — acarretando em diversos dias de procura e de auto xingamentos por ser tão desastrado. Poderia pedir ao seu pai o número dos Wang, ou até mesmo ir à casa deles; entretanto a vontade de o fazer não era maior que a vergonha.

Acabou desistindo de procurar aquele papelzinho mínimo e se jogou em sua cama espaçosa, finalmente deixando a ficha — que nunca mais se veriam novamente — cair. Não que seu pai não fosse obrigá-lo a comparecer em outro jantar chato de negócio com os Wang; contudo mesmo se isso acontecesse, as chances de Jackson nem querer olhar mais em sua cara — por achar que fizera pouco caso de si — eram enormes. Pensar nisso o assustava.

Resolveu fechar os olhos, acabando por suspirar pesadamente ao que bateram em sua porta. O mundo não conspirava a seu favor. Murmurou um "Quem é?", logo ouvindo a voz abafada de uma das empregadas da casa. Levantou calmamente e abriu a porta.

— Bambam, um amigo seu quer falar contigo pelo telefone.

— Ok, Sorn. Obrigado — a garota se retirou enquanto o rapaz fechava a porta.

Sorn era a empregada mais nova da casa. Trabalhava ali para ajudar sua família que viera para a Coreia em busca de uma vida melhor, mas como a maioria dos imigrantes acabou se decepcionando. Eram amigos e às vezes Bambam lhe contava certas coisas, já que a garota era a única que ele confiava plenamente naquele lugar. Por isso permitia que ela o chamasse pelo apelido, pelo menos longe de seus pais.

Locomoveu-se até a cama novamente, pegando o telefone que ficava no criado-mudo ao lado.

"Alô?"

"Kunpimook Bhuwakul?"

"Ele mesmo"

Estranhou a pergunta, já que Sorn alegara ser um amigo seu.
 

"Você tem exatos três segundos para falar por que sumiu e não me ligou"
 

"O quê? Quem está falando?"

"Um..."

Bambam se pôs a pensar quem raios estaria o ligando, já que parecia estar camuflando a voz.

"Dois..."

De repente, foi como se algo estalasse em sua mente.

"Jackson?"
 

"Até que enfim hein, já estava ficando decepcionado por ser esquecido tão facilmente. Eu não passei dois meses tentando pronunciar seu nome corretamente pra nada"


O mais velho arregalou os olhos por ter confirmado sua suposição. Jackson agora falava normalmente, trazendo-lhe arrepios graças a voz naturalmente rouca que tinha.

"Por que não me ligou? Não me diga que eu sou tão chato assim?"
 

"Não... não é isso"

"Então o que foi?"

"É que... eu perdi seu número"

Falou um pouco rápido devido a vergonha por ser tão desastrado; em seguida ouvindo um risada extremamente gostosa do outro lado da linha.

"Tudo bem, acontece. Mas eu não te liguei só por isso"

"Não?"

"Não. Queria saber se você tem algo pra fazer agora"

"Depende... por quê?"

"Topa assistir um filme comigo?"

Bambam encarou a pilha de livros da faculdade que o esperavam em cima da escrivaninha, pensando se devia ou não aceitar o convite. Acabou fazendo o que nem ele mesmo esperava.

"Topo!"

- X -

Verificou as horas mais uma vez em seu celular. Quinze para às oito. Bambam encontrava-se parado em frente a entrada do cinema, tomando coragem para entrar. Da última vez que estivera sozinho com o Wang mais novo, coisas que o marcariam para sempre aconteceram. Não podia negar sua ansiedade. Respirou fundo pela décima vez, antes de por o pé dentro do local.

Procurou algum canto mais vazio, para que pudesse ligar para Jackson e informá-lo que já havia chego. Estava prestes a digitar o número, quando alguém sussurou-lhe ao pé do ouvido.

"Me procurando?"

Sentiu todos os pelos de seu corpo se arrepiarem. Rapidamente guardou o aparelho no bolso da calça e virou-se para o outro que o encarava sorridente. Não pôde evitar que seus olhos passeassem por todo o corpo do outro. Jackson usava uma blusa branca com um colete por cima, calça jeans rasgada rente ao joelho, seus cabelos perfeitamente alinhados, agora raspados nas laterais. Perfeito, pensou o Bhuwakul.

— Vamos? — Jackson perguntou, com um sorriso maroto e sua face, percebendo claramente o que o mais velho fazia.

— Claro...

Enfrentaram a fila de ingressos, enquanto decidiam qual filme veriam. Acabaram optando por Convergente já que ambos estavam ansiosos para ver a continuação daquela trilogia. Na hora de pagar, Jackson fez questão de cobrir as dispesas, não dando nenhuma brecha para Bambam contrariar. O tailandês apenas revirou os olhos, com o pensamento de arcar qualquer outra coisa que comprassem.

Após a compra dos ingressos, foram comprar pipoca, refrigerantes e todas essas besteiras para comerem durante a sessão. Depois de escolherem tudo que queriam, Bambam fez questão de se pronunciar primeiro.

— Agora é a minha vez de pagar.

— Negativo. Quem convidou fui eu, Bambam — alegou Jackson enquanto pegava novamente a carteira.

— Mas não é justo você pagar por tudo.

— Vamos fazer o seguinte — Jackson o encarou sério, logo depois dando um sorrisinho — da próxima vez você paga.

Bambam assimilou com cuidado aquela frase, que poderia ter vários significados.

— Terá uma próxima vez?

— Terão quantas vezes você quiser.

- X -

O filme realmente era bom, mas seria uma pena se Bambam não tivesse prestado atenção em absolutamente nenhuma parte da história. Toda vez que o protagonista aparecia sem camisa ou até mesmo molhado, o tailandês pensava em como Jackson ficaria lindo em seu lugar. Era algo um tanto ruim de se pensar? Talvez. Mas não conseguia evitar. Theo James era uma completa perdição; Jackson Wang não ficava atrás.

Sabia que o chinês podia não compartilhar dos mesmo pensamentos. Sabia que aquela noite — em que se beijaram — poderia ter sido apenas ele cedendo a seus desejos momentâneos, mas não negava que queria mais que tudo que não fosse bem assim.

Em determinado momento, Jackson colocou um braço ao redor do corpo de Bambam — que apenas manteve seu olhar fixo na tela à sua frente, tentando esquecer a presença do descolorido; mas o chinês não queria ser esquecido.

— Está gostando do filme? — sussurrou-lhe, fazendo Bambam se perguntar quando pararia de sentir arrepios sempre que o outro fizesse algo.

Assentiu rapidamente, sem encará-lo, ja que este estava perigosamente perto.

— Quando o filme acabar, quero te levar em outro lugar.

E assim as horas se passaram em completo silêncio entre os dois. O fim aproximou-se mais rápido do que Bambam esperava e com isso os créditos já apareciam na enorme tela. Se aquele filme fosse o material necessário para uma resenha valendo ponto, com toda a certeza tiraria zero. Jackson não esperou que as luzes se acendessem para levantar e começar a descer aqueles degraus, fazendo o tailandês o seguir.

— Aonde estamos indo? — Bambam perguntou pela centésima vez, já fora da sala de cinema, sendo ignorado também pela centésima vez.

Pegaram o elevador até um andar aparentemente vazio do shopping. Subiram um lance de escadas, Jackson sacou uma chave em seu bolso abrindo a porta branca e estreita que ali havia. Passou por ela, estendendo a mão para que o ruivo fizesse o mesmo.

— Da última vez que você saiu me puxando por aí, coisas aconteceram.

Coisas podem acontecer a qualquer momento — puxou o garoto para dentro daquele local.

Ao que Bambam pôs o primeiro pé ali, deixou seu queixo cair e pupilas dilatarem observando onde estavam. O loiro havia o levado no terraço do shopping, de onde tinha visão panorâmica do céu estrelado e da lua cheia brilhante.

O chinês se aproximou de Bambam por trás, rodeando suas mãos na cintura fina, enquanto passava seu nariz delicadamente pela tez macia do outro.

— Por que me trouxe aqui? — Bambam perguntou, após alguns segundos daquele jeito.

— É calmo o suficiente para fazer uma coisa.

— O quê? — mas no fundo ele sabia exatamente o quê era.

Sem falar mais nada, Jackson virou Bambam de frente para si — indo em direção ao muro, o prensando ali. Suas mãos continuavam possessivamente na cintura do mais velho, enquanto as mãos do outro se encontravam espalmadas em sua peito.

A ponta de seu nariz passeou pela bochecha alheia, encontrando o nariz do outro em um terno beijo de esquimó. Bambam podia sentir a delicadeza e cuidado do outro, fazendo o ato se tornar imensamente mais prazeroso.

Jackson encarou os lábios carnudos um pouco antes de quebrar a distância. O ruivo já tinha esquecido o quão bom era o gosto daqueles lábios. Seria clichê demais dizer que borboletas passeavam por seu estômago, entretanto seria mentira dizer o contrário. O beijo durou alguns segundos, antes da falta de ar pedir por atenção. Afastaram-se minimamente com alguns leves selares e um sorriso igualmente compartilhado.

— Como conseguiu a chave daqui?

— Eu tenho meus contatos — piscou.

Mais nada foi dito antes do tailandês puxar o outro pelo colete e novamente iniciarem um ósculo intenso e extremamente quente.

- X -

 

Após a intensa sequência de beijos e carícias que tiveram no terraço daquele shopping, os encontros se tornaram cada vez mais frequentes. Era sempre assim: Jackson o ligava, disfarçava a voz quando alguma outra pessoa atendia e dizia ser um amigo da faculdade, marcavam um encontro qualquer — que não importa como começasse, Bambam sempre sabia que terminaria com os dois se agarrando em algum canto.

Na maioria das vezes Jackson era carinhoso, fazia Bambam se sentir a pessoa mais amada do mundo; entretanto assim como conseguia ser gentil, também conseguia ser selvagem e proporcionar o maior dos prazeres a ambos — mesmo não passando de uns amassos.

Bambam não entendia o porquê de Jackson nunca avançar para um próximo passo, mas agradecia por as coisas não estarem indo tão rápido.

Obviamente seu pai nem sonhava que ainda mantinha contato com o Wang mais novo, e nem podia claro. Caso se quer imaginasse, mesmo que por uma fração de segundos, poderia considerar-se uma pessoa morta. Khalan era a pessoa mais preconceituosa que Bambam já conheceu em toda a sua existência. Sabia do que o outro era capaz de fazer, por isso preferia manter tudo em segredo. Mesmo Jackson afirmando que estaria com ele caso seu pai enlouquecesse, o ruivo preferia não arriscar. Principalmente pelo fato de não terem nada concreto. Não arriscaria sua convivência com o pai por um rapaz que poderia muito bem não compartilhar dos mesmo sentimentos e acabar o magoando.

Foi exatamente isso que disse para o descolorido no último encontro que tiveram, quando ele fez questão de voltar ao assunto "se assumir". Todavia se arrependeu logo depois, vendo o brilho no olhar do outro se esvair por completo. Jackson não disse mais nada, só comunicou que já estava tarde e que o levaria em casa. Bambam até tentou falar algo, mas não teve coragem. Principalmente porque no fundo, era exatamente aquilo que queria dizer, então optou por se calar.

Um mês, era o tempo exato em que Bambam não tinha nem um sinal se quer de Jackson Wang. Nenhum telefonema, nenhuma mensagem de texto, nem se quer um mísero tweet. O mais novo tinha simplesmente evaporado. Queria ligar para ele e perguntar o que havia acontecido, mas a falta de coragem não permitia. No fundo sabia o porquê do outro ter sumido dessa forma, só não queria aceitar. Acreditava que o chinês precisava entender seu lado também. Não arriscaria sua vida por algo incerto, que poderia mudar a qualquer momento.

Um novo ano se iniciou e com ele a mudança de idades. Bambam agora com 20 e Jackson com 18 anos. Apenas mais uma ano para o chinês alcançar a maioridade. Esta que mesmo após alcançada, não fez a menor diferença na vida do tailandês.

Não conseguia mais prestar atenção nas explicações dos professores, nem focar na pilha de deveres atrasados que tinha. Nem nas aulas de esgrima, que tanto o animavam ultimamente, estava tento um bom rendimento. E mais uma vez Jackson tirara sua concentração.

Todas as noites antes de dormir pensava nele. Em cada momento que tiveram juntos, que por mais rápidos que tenham sido foram intensos o suficiente para que nunca esquecesse.

Tamanha fora sua surpresa quando ouviu seu celular vibrar na escrivaninha e viu o nome do loiro estampado na tela. Rapidamente atendeu a chamada como se sua vida dependesse disso.

"Tem dez minutos para vir ao parque próximo da sua casa"

Dito isso desligou, não dando nem ao menos a  oportunidade do tailandês falar alô.

A velocidade em que desceu as escadas e despistou sua mãe para então ir correndo em direção ao tal parque fora tão grande, que tinha certeza que poderia entrar na adaptação da liga da justiça como o flash, no lugar do Ezra Miller. E nem precisaria de dublê.

Chegou no local desejado com dois minutos de antecedência, surpreendendo não só a si como ao mais novo também.

— Que rápido! — Jackson soltou sua típica risadinha rouca, enquanto observava uma cena um tanto quanto cômica.

Bambam apoiava os braços nos joelhos, tentando reorganizar a respiração que no momento era ofegante.

— Vem cá, vem — segurou em seu pulso e o guiou para uma parte mais afastada do parque, onde a copa de uma árvore aparava as poucas gotas d'água daquele dia chuvoso.

— Por que sumiu? — perguntou ao loiro — Quer dizer, na verdade eu sei o porquê mas queria ter certeza se foi realmente o quê eu estava pensando,  por qu-

— Bambam, por favor cale a boca — foi interrompido por Jackson. Apenas o obedeceu, se calando logo em seguida.

— Olha, eu passei todos esses dias pensando no que você disse e mesmo tendo ficado imensamente magoado, acabei chegando a conclusão de que você está mais do que certo. Eu não te dava a segurança que você precisava para enfrentar seus medos e se libertar.

— Aonde você quer chegar com isso?

— Não me interrompa, por favor — Bambam assentiu enquanto o outro continuava — Eu posso não ser tão experiente como você, nem ter a noção de vida que você tem. Posso ser considerado um pirralho, mesmo a nossa diferença de idade não sendo tão grande. Posso ser um idiota que não merece o risco. Alguém que você nem conhece e só servia para saciar suas vontades. Mas eu quero que saiba de uma coisa, Bambam: cada momento que passei contigo foram os melhores da minha vida. Sei que pode ser a coisa mais clichê do mundo o que irei fazer agora mas, — aproximou-se do outro, lançando-lhe um sorriso, por fim ajoelhando-se; o que fez os olhos do tailandês quase saltarem para fora — Kunpimook Bhuwakul, quer namorar comigo?

Bambam agradeceu mentalmente pelo parque estar deserto e ninguém poder ver a cara de idiota que devia estar fazendo naquele momento.

Nem em seus maiores sonhos poderia imaginar que Jackson pensava tudo aquilo. Em seu subconsciente, o inseguro daquela relação era ele mesmo e não o outro. Se odiava por ter dito aquelas palavras para o mais novo, na última vez que se viram. Como não tinha mais volta, dedicou seus pensamentos em o que responder àquela situação.

Fez uma lista dos prós e contras que seriam aquele relacionamento. Jackson era a pessoa que o fazia feliz e sentir-se bem ultimamente. A primeira pessoa com quem se envolveu amorosamente depois de Yugyeom. Mas também era alguém do mesmo sexo, a qual se fosse descoberto acarretaria em sérias consequências. Seu pai já tinha se livrado de um namorado seu. Temia que o fizesse de novo.

— Meu joelho está doendo então, se for me recusar faça logo — a voz de Jackson o tirou de seus decaneios.

Esqueceu de todos os contras quando encarou o mais novo nos olhos e pôde sentir toda a sinceridade que ele emanava. E novamente Jackson Wang o fez mudar seus planos.

Aceito.

O sorriso de orelha à orelha, um pouco surpreso talvez, estampado no rosto do Wang só o fez confirmar internamente aquela decisão. Tinha feito a escolha certa.

Jackson levantou e como de costume nessas ocasiões, se aproximou-se de Bambam para beijá-lo e selar se fato aquele compromisso.

Finalmente podia chamá-lo de "meu namorado".

- X -

Os dias que se seguiram foram os melhores da vida de ambos. Agora tinham toda a certeza que o sentimento era recíproco, que estariam juntos para o que der e vier. O único problema — e que vinha sendo o motivo de algumas discussões — era a insistência do chinês para que assumissem. Quando questionado por isso, o Wang somente dizia que queria poder revelar o que tinham para sua família; mas não o faria se não fosse a vontade do outro.

Estavam juntos a quase três meses e nesse tempo todo o Bhuwakul não tinha encontrado uma forma de contar a seu pai que estavam namorando. Não queria que o acontecimento com Yugyeom se repetisse. Tinha medo de perder Jackson, por isso queria aproveitar nem que fosse um pouco antes de revelar tudo.

Haviam acabado de voltar de mais um encontro. Mesmo agora namorando, não deixaram a tradição dos encontros de lado. Principalmente porque aquele era o momento que podiam agir como namorados. Jackson levara Bambam até em casa e naquele momento estavam em frente a porta encarando um ao outro sem saber o que fazer.

O chinês olhou ao redor, se certificando que não tinha ninguém por perto, agarrou a cintura do mais velho e atacou seus lábios.

Aquele beijo foi o combustível necessário para enfrentarem o que veio a seguir.

A porta foi aberta e uma voz masculina se fez presente.

— Que palhaçada é essa?! — separaram-se quase que automaticamente ao reconhecerem a voz do sr. Bhuwakul.

— Pa-pai?

Bambam sentiu suas penas fraquejarem e seus olhos se arregalarem. Seu pai encarava a situação a sua frente com uma expressão de nojo estampada em sua face. Bambam queria poder dizer que aquilo não era o que o homem pensava, mas a situação não o favorecia em nada.

— Posso saber o que está acontecendo aqui? — mesmo sabendo, o homem queria ver se os rapazes tinham coragem de dizer-lhe a verdade em sua cara.

— Uma simples demonstração de amor entre duas pessoas, por quê? — Jackson disse simplista, fazendo com que o tailandês mais novo o encarasse incrédulo, juntamente de seu pai.

Khalan riu de indignação por tamanha petulância por parte do Wang. Já se encontrava visivelmente alterado. As veias do pescoço saltando e o rosto vermelho como brasa

— Mas onde já se viu uma pouca vergonha dessas na porta da minha casa! — Entre Kunpimook, agora! — ordenou, a fim de não ser contrariado.

— O sr. não pode obrigá-lo. Ele já é maior de idade — explicou o chinês.

— Mas enquanto ele estiver morando debaixo do meu teto, terá que respeitar as minhas ordens. E quanto a você — apontou para Jackson — terá que se resolver com o seu pai.

Dito isso, Khalan pegou Bambam pelo pulso e o puxou para dentro novamente. Antes de sair de vista, o ruivo lançou um olhar para Jackson dizendo que ficaria tudo bem. Só esperava que o mais novo entendesse.

O homem abriu a porta em um rompante, jogando o rapaz para dentro. Por sorte, conseguiu se equilibrar e não caiu de cara no chão.
Seu pai fazia seu sermão dizendo o quão nojento e repugnante aquilo era, que não criara filho nenhum para ficar se agarrando com outro por ai, entre outras coisas. Nesse momento sua mãe apareceu, visivelmente preocupada com os gritos que surgiam.

— O que houve?

— Adivinha? — perguntou retoricamente — O viadinho do seu filho estava se agarrando com o herdeiro dos Wang, na porta de casa.

Kanya abriu a boca, sem conseguir falar nada. Não por estar surpresa — até porquê a mulher sabia perfeitamente do envolvimento entre o filho e Jackson; não que Bambam houvesse dito, mas as mães sempre sabem de tudo — Só não imaginava que o marido descobriria dessa forma.

O homem pegou o telefone fixo e discou um número qualquer. Antes de por na orelha, voltou-se para Bambam.

Você, vai para o seu quarto e só sairá de lá quando e sou mandar! — exclamou — Sorn! — chamou a empregada que logo apareceu — Eu quero que você tranque o Kunpimook no quarto e não abra sem a minha ordem, entendeu? — a garota assentiu seguindo o rapaz que subia as escadas.

Antes de chegar ao topo conseguiu ouvir a voz de Khalan falando o nome do pai do Jackson. Podia imaginar o quão ferrado o outro estaria agora, só esperava que Ricky fosse mais compreensível que seu progenitor.

Ao adentrar seu quarto, Sorn lançou-lhe um olhar como um pedido de desculpas, antes de fechar a porta e trancá-la por fora. Sentou na cama encostado na cabeceira, agarrado aos joelhos. E pela primeira desde seu último relacionamento, se permitiu chorar. Só saiu daquela posição quando ouviu sons na sua janela. Mais precisamente pedras sendo lançadas ali. Arqueou as sobrancelhas e levantou, antes que quebrassem o vidro. Abriu a janela, colocando a cabeça para fora. Deixou a surpresa se apossar de si quando seu olhar encontrou-se ao de Jackson.

— O que você está fazendo aqui? — perguntou um pouco mais alto para que o outro pudesse escutar, ao mesmo tempo temendo que seu progenitor aparecesse.

— Vim conversar com o seu pai — falou como se fosse óbvio.

Antes que o mais velho pudesse dizer qualquer coisa, perdeu totalmente a fala, ao que viu Ricky chamar seu filho para entrarem. Jackson lançou mais um olhar a Bambam, dando uma piscadela e seguindo seu pai.

Se o tailandês não estivesse preso naquele quarto, já estaria no andar de baixo a muito tempo.

Bambam não aguentava mais esperar. Por mais incrível que parecesse não ouvia nenhum grito, nem voz alterada se quer. Não esperava mesmo que a porta se abriria, nem que Sorn o lançasse uma sorriso de canto e logo depois um certo chinês adentrasse o cômodo.

— Jackson? — levantou do chão onde estava. O mais novo abraçou-lhe, como se não se vissem a vários dias — O que aconteceu lá em baixo?

— Digamos que meu pai deu um jeito — sorriu perante a expressão confusa do namorado — ele ameaçou encerrar a parceria entre as empresas se o seu pai não ficasse fora do nosso caminho. E, desculpa pelo o que eu vou dizer mas, seu pai é mercenário demais para perder algo que rende muito dinheiro — Bambam o encarou com os olhos arregalados.

Não pelo que o rapaz disse de seu pai. Ele até concordava. Mas sim porque não podia acreditar em como aquela história se desenrolou, a ficha só caiu quando sentiu os lábios macios em contato com os seus em um beijo casto que logo se intensificou.

O beijo de Jackson era o melhor que já provara em toda sua vida e agora estava certo, enfrentaria o que fosse para usufruir dele para sempre.

— Estamos livres, meu amor.


Notas Finais


Hoy~
Primeiramente, obrigada a você que chegou até aqui ♡

Sobre algumas palavras mencionadas no decorrer da prática de esgrima:

× assalto: (não é nada como furto ou algo do tipo -q) refere-se ao período. Acontecem 3 assaltos, cada qual com a duração de 3 minutos.

× sabre/florete: além da famosa espada, são duas das armas que podem ser usadas.

× flecha: diz respeito a um ataque veloz e inesperado, surpreendendo o adversário.

Como a Di disse, esta foi uma ideia que permaneceu enterrada por um tempinho e, na verdade, foi o primeiro projeto que compartilhamos e eu imaginei que fosse ser deixado de lado, então acho que vocês podem sentir daí a minha alegria por não ter passado em branco e resultado em algo -q

Peço desculpas por qualquer erro que possam ter encontrado, aliás

Enfim... Agradeço à Di por ter escrito essa fanfic comigo, à Juliana por ter feito a capa e a cada um de vocês por ter lido O Esgrimista, estou enviando um bolinho para todo/as~

xoV♡ xoD♡


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