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História O espírito da ópera - O passado que retorna e sentimentos que florescem.


Escrita por: CRIS75950

Capítulo 16 - O passado que retorna e sentimentos que florescem.


Fanfic / Fanfiction O espírito da ópera - O passado que retorna e sentimentos que florescem.

Christine despertou deitada sobre uma magnífica cama de casal de mogno com lençóis de seda. Bocejou e olhou ao redor daquele cômodo lindamente decorado com um belo mosquiteiro de armação. Sentiu-se aconchegada e aquecida. De repente, ouviu uma linda melodia de piano que estava sendo tocada no cômodo ao lado. Christine calçou seus sapatos e saiu do quarto. O pequeno corredor era iluminado com castiçais de velas. Assim que entrou na sala, encontrou Erik tocando piano no canto afastado. Assim que percebeu a presença da menina, parou de tocar e olhou ela.

-Olá...-disse ele carinhosamente.-Descansou bem?

-Sim, muito bem. Obrigada.

-Espero não ter acordado você.

-Não, claro que não.

-Está com fome? Posso preparar alguma coisa...

-Não, não se incomode...eu preciso ir agora... já deve ser quase uma hora da tarde.

-Você quer ir agora?

-Sim, eu preciso.

-Está bem então. Vou levá-la de volta.

Erik então conduziu Christine de volta para a ópera. Mas antes que pudesse abrir a passagem no espelho, fez um gesto com a mão para que Christine ficasse em silêncio.

-O que foi?-Christine perguntou em voz baixa.

Carlotta estava no camarim com Lefevre. Os dois dialogavam.

-Aquele monstro desgraçado quebrou meu nariz!...

-Não entendo porque ele fez isso com você.

-Foi para defender aquela garota insignificante...

-A quem se refere?

-Minha empregada Christine.

-A sua empregada?

Lefevre começou a rir de forma descarada.

-Do que está rindo?

-O Fantasma defendendo uma empregada! Essa foi ótima, minha querida.

-Mas eu estou falando sério! Ele mencionou o nome dela.

-E qual seria o motivo?

-Eu bati nela ontem a noite....

-Por que?

-Ela esqueceu de limpar a minha banheira... então eu a castiguei.

-Se ficar batendo nessa moça por qualquer motivo frivolo, terá de se explicar com a Sra. Valérius. Ela é a tutora dessa menina e tem muita influência em Paris....

Lefevre olhou ao redor do camarim e sussurrou no ouvido de Carlotta.

-E irá despertar a fúria da "coisa" que vive embaixo deste teatro.

-Tudo bem... você tem razão. Eu me precipitei em castigá-la.

-Apesar de tudo, a menina é uma ótima criada. Seu camarim está sempre limpo e arrumado.

-De fato, ela é sim.

-Vamos esquecer esse acontecimento desagradável e tomarmos um bom café no restaurante da ópera. 

-Está bem.

Carlotta e Lefevre saíram do camarim. Em seguida, a passagem no espelho abriu-se e Erik e Christine entraram.

-Foi você que bateu na Carlotta então?

-Eu nunca suportei a arrogância dessa mulher...ela sempre humilhou as criadas que teve. 

-Mas ela é mulher.... não se deve agredir uma mulher.

-Mas isso não é motivo para humilhar ninguém. Seja homem ou mulher, todos devem-se respeitar.

-Eu sou apenas uma empregada...

-E por essa razão irá aceitar todo tipo de insulto e humilhação?... Christine, ninguém é melhor do que ninguém. Pessoas como Carlotta sentem prazer em humilhar os mais pobres e humildes. Isso é algo que eu não consigo tolerar...eu fui humilhado várias vezes no orfanato...eu ficava isolado das outras crianças, mas...elas adoravam bater na minha porta e me cobrir de deboches e insultos.

Antes que Erik fosse embora pelo corredor, olhou mais uma vez para sua aluna e disse:

-Nunca mais diga que você é uma simples empregada, Christine...em breve, você será a estrela brilhante deste teatro.

Dito isso, atravessou a passagem no espelho e desapareceu na escuridão do corredor. Christine sentou-se em frente ao toucador de Carlotta e olhou para seu rosto no reflexo do espelho. Apesar de conhecer Erik há pouco tempo, sentia sensações estranhas quando estava perto dele. Ela nunca o viu sem máscara...no fundo, tinha vontade de conhecer seu rosto...de ver a face de seu maestro, porém não ousava dizer uma só palavra sobre aquilo. "Será feio ou bonito?", pensou ela com um leve sorriso. De repente, ouviu a orquestra tocar e uma nova soprano começar a cantar. Christine então desceu até o palco e viu que o ensaio dos artistas estava começando. No meio do palco, estava madame Lorenzi que cantava sua ária. Era a substituta de Carlotta. 

-Finalmente uma cantora de verdade no palco...-ironizou Meg.

-Quem é essa?

-Madame Carmem Lorenzi. Uma grande soprano da Itália que veio morar na França. Está substituindo a bruxa velha.

Christine resolveu assistir ao ensaio. 

Enquanto isso, a Sra. Valérius recebia a visita da noiva de seu sobrinho Alfred.

-Seja muito bem vinda a minha casa, minha querida.

-Muito obrigada, senhora. É um prazer conhecê-la.

-Parece ser muito jovem...

-Nem tanto. Já completei meus 31 anos.

-Mas o rosto é de menina.

-Muita gentileza sua, senhora.

-Aurora passará alguns dias aqui em Paris até o dia do nosso casamento, titia.

-E aonde se hospedará?

-Alfred alugou um quarto em um pequeno hotel perto daqui.

-Pode ficar aqui comigo, querida. Desde que a minha pequena Christine partiu me sinto sozinha. 

-Eu não quero incomodar a senhora...

-Mas não será incômodo algum, meu bem. Vou adorar a sua companhia.

-Bem, sendo assim eu aceitarei.

-De acordo..-disse Alfred.-Vou buscar as suas coisas no hotel.

-Obrigada.

Aquela jovem adorável era Aurora Durand, a ex bailarina do circo. 

Após o incêndio do circo de seu pai, Aurora retornou para sua cidade natal em Marselha aonde recomeçou sua vida. Com sua parte do dinheiro deixado pelo seu pai, Aurora abriu um pequeno negócio: uma loja de artigos femininos. Conheceu o sobrinho da Sra. Valérius durante uma visita que o mesmo fizera em sua loja há dois anos atrás. Mesmo apreciando a nova vida, Aurora sentia falta de sua época de bailarina. E também de Erik...ela ainda o amava mesmo depois de onze anos passados. 

Assim que a noite chegou, o auditório da ópera foi ficando lotado de espectadores para a estréia de madame Lorenzi. Para a surpresa de muitos ali presentes, o camarote cinco foi alugado por um casal de nobres da França. Eles ocuparam o camarote 5 juntamente com um casal de amigos. Enquanto a representação não era iniciada, os quatro tomaram assento e ficaram dialogando enquanto aguardavam as cortinas se abrirem. Conversavam tranquilamente quando ouviram ruídos estranhos ao redor do camarote... ruídos acompanhados por sussurros fantasmagóricos em seus ouvidos. As duas mulheres começaram a ficar amedrontadas. Ruídos e sussurros assustadores que arrepiaram todos que estavam ali no camarote. De repente, as velas do castiçal se apagaram completamente. 

-Eu quero sair daqui!!..-exclamou uma das duas mulheres que estava assustada com aquilo tudo.

Os quatro então deixaram o camarote 5 rapidamente.

As cortinas foram abertas e a representação começou. Carlotta estava em um outro camarote juntamente com os dois diretores. Christine estava em um canto afastado do palco assistindo a representação ao lado de Meg e Johnny.

-Madame Lorenzi é uma excelente cantora...-comentou Meg.

-Um excelente calmante para dormir..-disse Johnny com um longo bocejo.

-Como você consegue sentir sono no começo da representação?

-A ópera sempre me deu sono.

-Se está com sono, vá dormir.

-Vou ficar aqui mais um pouco. Não têm nada pra fazer mesmo.

Enquanto Meg e Christine estavam distraídas assistindo madame Lorenzi cantar sua ária, Johnny foi pegando no sono aos poucos. Estava de pé recostado ao lado de um cenário com os braços cruzados. Quando havia adormecido literalmente, foi despertado subitamente por um tapa na nuca que levara enquanto estava de costas para a cortina. Acordou assustado e ouviu uma voz familiar e zombeteira:

-"Fique de olhos abertos, garoto.."

-Seu filho da mãe...-murmurou Johnny esfregando a nuca.

-O que foi, Johnny?-perguntou Meg.

-Nada...foi uma mosca que pousou na minha cabeça.

A representação correu tranquilamente e sem incidentes. Assim que chegou ao final, madame Lorenzi dirigiu-se até o camarim de Carlotta acompanhada por sua criada. 

Johnny estava na antiga sala de música dialogando com Erik que estava preparando a aula de canto.

-Gostaria de agradecer ao "belo tapa" que você me deu hoje.

-Não tem de que.

-Então está dando lições de canto para Christine?

-Ela tem uma voz magnífica. Uma voz que merece estar nos palcos.

-É impressão minha ou você está gostando dela? 

Erik encarou Johnny silenciosamente e disse:

-Não diga asneiras, garoto... Christine é apenas uma menina. Tem idade para ser minha filha.

-Eu sei que você é muito velho para ela...mas não deixa de ter os seus predicados.

Johnny riu e Erik disse:

-O único predicado que vou lhe dar será um bom puxão de orelha acompanhado por uma surra de cinto na sua bunda!.. Tenha respeito, garoto. Eu não sou um adolescente desmiolado ou uma peste feito você.

-Mas ela é uma moça muito bonita.

-Sim, ela é...mas é apenas uma aluna e amiga. Portanto, pare de ficar fantasiando bobagens nessa sua cabeça ôca.

-Mas não é fantasia. Você e ela poderiam se entender futuramente...

-Se continuar falando assim, o próximo corpo que encontrarão na ópera será o seu.

-Tudo bem. Mas que seria interessante seria...ver a Bela e a fera juntos finalmente.

-Ora, seu....!!

Johnny saiu correndo para fora da sala soltando risadas irônicas.

Mesmo zangado com Johnny, Erik pensou nas suas palavras. Seus pensamentos foram interrompidos assim que a porta se abriu e Christine entrou na sala.

-Boa noite...-disse ela fechando a porta.-Desculpe pelo atraso...eu estava limpando meu quarto e organizando minhas roupas.

-Não se preocupe. Está tudo bem. Você está muito cansada? Podemos terminar mais cedo se quiser.

-Não, claro que não. Podemos começar.

-Muito bem então... Hoje começaremos com a ópera de Mozart.

Erik então começou a tocar o piano. Começou a cantar o início da canção:

"Il desìo di vendetta, e di morte
Sì m'infiamma, Sì m'infiamma
e sì m'agita il petto,
Sì m'infiamma, e sì m'agita il petto,

Che in quest'alma ogni debole affetto
Disprezzato si cangia in furor.
Il desìo di vendetta, e di morte
Sì m'infiamma, e sì m'agita il petto,

in quest'alma ogni debole affetto
Disprezzato si cangia in furor.
Disprezzato si cangia in furor..."

Christine o observou atentamente. Erik possuía uma voz incrivelmente doce e grave ao mesmo tempo. 

-Você prestou atenção no meu tom de voz quando cantei estas notas mais elevadas?..

Erik percebeu que Christine estava distraída, com o olhar parado.

-Christine?

-Sim?

-Está prestando atenção no que estou dizendo?

-Estou sim... é que eu fiquei observando você cantar e... fiquei distraída.

-Procure prestar atenção da próxima vez, mocinha...Se quiser ser uma cantora de verdade, precisa aprender a limpar a sua mente e se concentrar na lição. 

-Está bem...me desculpe.

-Tudo bem. Você deve estar cansada. Vamos treinar estas últimas notas mais agudas e encerrar a aula de hoje.

Erik então voltou a tocar o piano novamente e Christine respirou fundo e começou a cantar as notas exigidas por ele. No final da aula, como de costume, Erik trouxera o jantar para Christine. Os dois começaram a comer em silêncio. Erik comia através de uma abertura que havia máscara. Christine comia com o olhar cabisbaixo.

-Você está bem?-perguntou ele.

-Estou sim.

-Eu peço desculpas se fui um pouco rude com você durante a lição.

-Não, não é isso....

-E o que é então?

-Não é nada...estou um pouco cansada e com sono.

-Vou acompanhar você até o quarto.

-Obrigada.

Minutos depois, Erik acompanhou Christine de volta para o quarto no sótão. 

-Eu prometo me esforçar mais..-disse a menina em voz baixa e sonolenta.

-Não se preocupe com isso. Vá descansar agora. Se precisar de alguma coisa, basta me chamar.

-Tudo bem. Boa noite.

Christine entrou e fechou a porta. Erik ficou parado ali durante alguns segundos. Parecia um pouco perdido e confuso. "O que diabos está havendo comigo?", Perguntou mentalmente para si próprio...




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