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História O Esquecido - A fuga da rainha, que era princesa.


Escrita por: hellothere90

Capítulo 27 - A fuga da rainha, que era princesa.


Foi dito, por muitos, que o reencontro entre Deméter e Perséfone, marcou a história como um momento puro e maravilhoso. Talvez nunca, na história dos olimpianos, uma mãe tenha amado sua filha tanto como Deméter amou Perséfone.

Eu não o amava quando vim para cá. Na verdade, eu o odiava, sim, o odiava com todas as minhas forças. Ele havia arrancado de mim o que era mais importante, a minha mãe e o convívio com ela. Uma dor como aquela, achei que jamais voltaria a sentir, mas estava enganada. Sinceramente, durante muitos anos, eu o evitava, a minha vida era evitar meu marido. Tínhamos quartos separados, eu fiz questão de ficar longe dele. Mas parte disso, era o preconceito que eu tinha criado dele, até porque, todos os deuses que eu tinha conhecido eram tão cruéis, tão egoístas e assustadores, o que eu podia esperar do deus dos mortos? Mas, ele era gentil, e em muitos momentos, amoroso, claro que do jeito dele. Aos poucos, meu coração que era duro como pedra, foi se amolecendo, ele me encantava. A saudade da minha mãe nunca passou, mas, ele a tornava aturável. Fui criando um sentimento por ele, e logo, chamei essa criação de amor, e o amei. Nosso amor, assim como o de muitos, foi quente no início. Como uma grande fogueira, nosso amor ardia em brasa e iluminava tudo ao seu redor. Mas, infelizmente, como toda fogueira, o nosso amor foi diminuindo, diminuindo, até que ele apagou, só restaram as cinzas. Eu culpo a rotina, em vários momentos tudo era muito bom, o nascimento do nosso filho foi um deles. Porém, fomos nos distanciando ao ponto de que alguns dias não nos víamos. Quando paro para refletir, acho que é injusto culpar ele assim. Mas eu não consigo perdoar ele, por isso eu fugi. Para onde? Para o único lugar que eu queria ir por todos esses anos, para os braços de minha mãe. Em parte, no meio do caminho, eu pensei mais, por que nunca havia fugido antes? Era porque eu não podia ou não queria? Eu não posso mentir, muitas vezes eu queria fugir, mas algo sempre me prendia. Lembro hoje, que aquela romã me fazia ficar presa nesse lugar, visto que, qualquer um que coma algo do mundo dos mortos, fica fadado a morar por lá eternamente. Mas, isso não me impediria de ver minha mãe pelo menos uma vez, então, qual seria o motivo? Por que eu não vi minha mãe durante todo esse tempo? Acho que a verdade é algo que todos nós buscamos evitar, ainda mais quando ela pode ser dolorosa. Talvez eu não quisesse voltar, talvez eu não sentisse tanta falta da minha mãe assim, talvez, eu quisesse uma troca de ares, mudar um pouco de vida, conhecer alguém... Mas nada disso importa mais, o que importa é que eu vou vê-la, após todos esses anos, e definitivamente, irei ficar o quanto eu puder por lá. Mas como fugir? O que eu farei para fugir? Não quero fazer muito barulho, gostaria de ser o mais discreta possível, mas eu sei como eu sou, sei que não vou conseguir ser tão discreta se eu ficar em situações desesperadoras, eu preciso de ajuda. Mas não há ninguém para me ajudar, terei que fazer tudo sozinha. Como rainha deste lugar, há túneis que somente eu e Hades conhecemos, pelo menos é nisso que eu acredito. Usarei esses túneis para fugir deste lugar, encontrarei minha mãe, acabarei com a maldição da romã, e depois disso, eu decidirei meu destino.

Perséfone faz um pequeno gesto com a sua mão, ela abre um buraco escondido debaixo da cama do seu quarto e adentra nele. No túnel, ela percorre vários caminhos e bifurcações, todas ela escolhe sabiamente, pois sabe a direção de cada um. Mas, Perséfone durante sua fuga, ela não percebeu uma coisa, não percebeu que havia alguém naquele templo, que seria capaz de detê-la, o que mudaria para sempre o rumo da nossa história. Os túneis quando foram feitos, estavam planejados para passar por todo templo. Para que assim, quem precisasse deles, teria todo o acesso do templo. Porém, durante sua fuga, o túnel de Perséfone passou justamente debaixo do lugar em que seu filho e enteado estavam treinando. E durante o treino, ela parou para ver seu filho, viu aquela aura envolta dele, viu seus olhos, seus cabelos e sua personalidade. Ela chorou, chorou porque não queria abandonar seu filho, ela o amava. Ir embora seria o mesmo de arrancar seu coração com as próprias mãos. Mas que escolha ela tinha? Foi traída, sequestrada, iludida e estava confusa sobre si mesma, só sabia que queria ver a mãe mais do que tudo. Ela deu uma última olhada para seu filho, ela chorou, mas foi embora. Ao sair do mundo dos mortos, Perséfone se sentia frágil, ela sentia, que a cada segundo sua vida esvaia de seu corpo, ela sentia o seu corpo morrendo. Porém, o objetivo dela era mais importante, mais importante do que tudo até aquele momento, ela não podia deixar tudo acabar ali, ela precisava encontrar sua mãe. Quando ela chegou numa floresta, sentiu seu poder crescer, sua mãe habitava nas suas veias. Ela se sentou em meio às árvores e começou a recitar um antigo feitiço:

Xýpna

Xýpna

Tous kaleí i prinkípissa sou

Xýpna

Xýpna

Pígaine me se aftón pou sou aníkei

Páre me sti mitéra mou

Segundos se passam, nada acontece, Perséfone enche seus olhos de lágrimas, ela pensa que não é mais digna, pensa que as plantas não a amam mais, ela pensa que sua mãe não a ama mais. Mas ela estava enganada. As árvores se movem em harmonia, elas recolhem a princesa caída, e a erguem em seus galhos. Em uma das árvores Perséfone se deita, e essa mesma árvore, cresce, estica e avança rapidamente. A árvore cresce infinitamente enquanto leva Perséfone para algum lugar. Perséfone começa a chorar, mas desta vez ela está com um sorriso no rosto e diz:

Mãe, estou indo.


Notas Finais


Notas de tradução:

Xýpna, xýpna, tous kaleí i prinkípissa sou, xýpna, xýpna, pígaine me se aftón pou sou aníkei. Páre me sti mitéra mou. = Acordem, acordem, sua princesa os chama, acordem, acordem, me leve para aquela que é sua rainha. Me levem para minha mãe.


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