História O Esquecido - O lago de prata

“Me contaram uma vez, uma história sobre a proposta do rei dos mares. Contava como ele pediu para as irmãs que abandonassem tudo e fossem viver com ele no reino que atualmente ninguém sabe a localização. Atlântida era conhecida por ser tão rica e próspera que deixava o Olimpo com inveja. Pois bem, o rei dos mares disse que se elas tivessem ao seu lado no mundo dos oceanos, toda a riqueza que havia seria delas também. Claro que sabendo o que sabemos hoje, as coisas aconteceram da maneira que o rei dos mares jamais pensou que fosse acontecer. Se ele soubesse o futuro, não teria nem entrado na guerra.” -Angelos

Hera avançava contra Poseidon, com sua armadura de prata. Ela carregava em ambas as mãos, espadas gêmeas. As Gemini Argentum tinham fama por toda a Grécia. Todos sabiam que se alguém fosse lutar contra Hera, enfrentariam também sua ofensiva constante e interminável. Com as gêmeas em mãos, Hera disferia uma sequência de golpes imparáveis, Poseidon estava apenas recuando, em defensiva. Ele pulava sobre o mar de prata, usando seu pouco atrito para deslizar para atrás. Mas ele precisava usar suas magias quando Deméter atacava. Atirando espinhos de gelo, Poseidon balançava seu tridente e transformava o gelo em água, direcionava para Hera e retirava o feitiço, fazendo com que a água acertasse Hera e se tornasse gelo novamente. Era inteligente, mas não impediria Hera. Quando ela percebeu o ritmo de batalha de Poseidon, ela apelou. Usou seu poder que havia transformado o mar em prata, o Afýpnisi. Quando Poseidon recuava, dessa vez sendo previsível para Hera, ela controlava a prata embaixo de seus pés e a domava. Direcionando a Poseidon, ele tinha que desviar, pois se fosse acertado, iria ser coberto pela prata e seria preso. Dando tempo suficiente para Hera esquartejar seu corpo. E dessa vez, a regeneração não funcionaria, visto que aquela prata do Afýpnisi era diferente, cortaria qualquer efeito divino. Era um poder que Hera não podia usar com frequência, por isso, reservou para Zeus. Mas lutar com Poseidon era uma tarefa difícil. Apenas com Deméter e com o Afýpnisi elas viam chance de ganhar. Até porque, se não fosse por isso, talvez ocorresse um empate entre Poseidon e Hera. Mas com Deméter ajudando, as coisas seriam diferentes. Hera começou a controlar a prata ao redor, deixando Poseidon em posições difíceis. E junto com os ataques de gelo de Deméter, era uma questão de tempo até Poseidon morrer. Em apuros, Poseidon permanecia na defensiva, ele sabia o risco que estava correndo, mas não sabia como resolver aquilo. Na verdade, ele tinha um plano, e esse era colocar as duas deusas embaixo do mar. Mas elas sabiam que perderiam a batalha se caíssem ao mar, por isso, evitavam e permaneciam no lago de prata. Poseidon não podia se distrair, mesmo pensando em seus planos, tinha que estar atento. Um passo falso podia ser fatal. Até que Poseidon se jogou ao mar. Ao fazer isso, Deméter foi tão rápida quanto seu irmão, congelando uma porção do mar, onde Poseidon estava. Congelado, Poseidon esmurra seus arredores, quebrando o gelo, mas era tarde demais, a prata o cobriu e o solidificou. Hera aproveitou a chance que tinha e fisgou seu peixe. Ela ia finalizá-lo com uma perfuração através da prata com suas espadas. Ela sabia exatamente onde Poseidon estava, ela só precisaria executar sua ação. Hera enfiou suas espadas, mas, não sentiu acertar ninguém. Hera estava confusa, assim como Deméter que perguntou:

Você errou?

Antes mesmo de Hera responder, uma imensa baleia as atacou, por debaixo do lago de prata. Debaixo d’água, a baleia estraçalhou uma parte do lago, atacando com sua cabeça, as duas deusas. Poseidon surge em cima da baleia e diz:

Minhas irmãs, vamos esquecer nossas diferenças.

Hera se enraivece e diz:

Esquecer que você era um verme no Olimpo, atrás da sombra daquele lunático? Esquecer que você é um ser podre que merece a morte? Jamais! Quando eu enfiar minhas espadas no sua cabeça e te mandar para onde você merece, terá meu esquecimento.

Poseidon faz uma cara de desgosto e diz:

Se você se manter rancorosa por toda sua vida, não vai ser nenhum inimigo que a matará e sim você mesma. O perdão é a chave da vida.

Deméter quebra seu silêncio e fala:

Eu jamais, jamais irei esquecer minha dor e minha fúria. Jamais esquecerei do que você fez contra mim.

Deméter cria um arco de gelo, e uma flecha de Afýpnisi é feita por Hera. Deméter mira, e atira. Sua magia congelada dá impulso para a flecha. Ela vai em direção ao rei dos mares. Poseidon a segura com uma de suas mãos e diz:

Eu tenho Atlântida, um reino tão rico quanto o próprio Olimpo. Vocês dizem para mim que sou um canalha, mas vocês esquecem dos próprios pecados. Quantas vezes Hera matou e torturou cruelmente os mortais por culpa de Zeus. Não seria o certo, ela punir Zeus invés de todo o mundo? Durante anos, o mundo foi parque de diversões para Zeus, e para Hera, seu refúgio para descontar suas dores. Quantas vezes pessoas inocentes tiveram que sofrer pela mão da rainha? A rainha deveria ter matado o rei e não os mortais. Enquanto isso, Deméter somente amou uma de suas filhas, e logo foi a filha de Zeus. Enquanto Despina precisava de uma mãe companheira, Deméter se preocupava somente com a filha que realmente amou. Você culpa o estupro, mas então por que não a tirou do seu ventre logo depois do ato? Você esperou e gerou essa cria porque quis e depois de tê-la, largou-a fora como um brinquedo velho. Eu sou o monstro, mas sei que vocês duas também são.

Deméter e Hera estavam enraivecidas, suas feridas haviam sido tocadas. Hera não podia pensar direito com tanta raiva, e logo fez uma lança com suas espadas. Uma grande lança de prata que seria usada para atacar Poseidon. Deméter chorava de raiva, ela pensava nas suas filhas, seus bens maiores. Deméter se ajoelhou e com um grito, trouxe o inverno perdido à tona, o Longa Hiens, havia chegado.