História O Fabricante de Bonecas - Kiss me here, touch me there, hank panky

Naruto acordou primeiro, com o corpo todo dolorido e o rosto afogado em belos e perfumados cabelos negros. Sua cabeça latejava, mas não se importaria com algo tão trivial, enquanto seus braços estavam ao redor do corpo de Hinata. Seus braços a envolviam com delicadeza e possessão, sim possessão, porque se aquele maldito Fabricante de Bonecas acha que vai tocar em um fio sequer daquele cabelo, estava enganado.

Ainda era madrugada e o sol sequer havia aparecido, mas não se movia temendo acorda-la. Sabia que ela não vinha dormindo muito bem e merecia mais algumas horas de sono, então continuou exatamente imóvel apenas velando o sono dela. Aproveitou o momento, mesmo que soubesse que aquilo era muito errado. Não ficava assim com uma mulher há alguns anos. Desde sua ultima namorada, que havia o deixado quando ele entrou para a polícia.

Dividia a cama com algumas mulheres, mas era só sexo, era casual e cada um voltava para sua casa ao fim da noite. Estar ali com Hinata era diferente, não que não estivesse atraído por ela, porque era impossível não estar. No entanto, gostava também da companhia da mulher, que era divertida, gentil e muito atraente. Era tão tímida e corava o tempo todo, e como amava vê-la encabulada e com o rosto avermelhado. E mesmo que fosse completamente errado e nada profissional, havia se afeiçoado à mulher de uma forma irreversível.

Acordar nos braços do detetive não foi tão constrangedor quanto imaginou. Mesmo que seu corpo estivesse dolorido e uma dor incomoda fizesse sua cabeça latejar não pode conter um sorriso ao fitar os olhos azuis. Poderia parar o tempo e ficar ali pra sempre, mas seu celular despertava em algum cômodo da casa e seus pacientes lhe aguardavam. Sentiu-se desamparada quando se levantou e ficou distante do calor e segurança que emanava dele.

— Bom dia Hina. — Naruto tinha o sorriso mais encantador do mundo.

— Bom dia Naruto, vou fazer um café. Ficaria feliz se pudesse esperar.

— Eu adoraria. — espreguiçou o corpo como um felino e a camisa ergueu-se um pouco revelando um bom físico.

Os olhos de Hinata ainda estavam naquele pedaço de corpo bronzeado, mas tomou consciência de que olhos azuis estudavam seu rosto e corou. Lembrou que suas pernas deveriam se mover e caminhou em direção à cozinha, decidida ocupar suas mãos com algo que não fosse o deus dourado em seu sofá.

Naruto estava pronto e arrumado para o trabalho, mesmo que ainda vestisse as roupas amassadas da noite anterior. Enquanto agua fervia, Hinata aproveitou para se trocar e pentear os cabelos. Iria trabalhar hoje e vestiu um uma blusa de seda rosa folgadinha e uma saia lápis cinza que combinava com o casaco.

O café estava pronto e ela preparou torradas com um delicioso patê de acompanhamento. A pior parte de morar sozinha era fazer suas refeições sem companhia e ficou agradecida por ter Naruto ao seu lado naquele momento. Se tivessem mais tempo prepararia também um suco, e quem sabe uma salada de frutas. Mas tentou fazer o melhor com o tempo que tinha.

— Obrigada pelo café. — Naruto se servia sentindo-se em casa. — Estou faminto. — provou a torrada com o patê. — Estou ficando mal acostumado! Que patê delicioso. Você cozinha muito bem, Hina.

— Sinta-se a vontade para vir sempre que quiser.

Entrelaçou seus dedos com os dela e a fitou com intensidade, era difícil não gostar dessa mulher.

— Quero aproveitar outras refeições com você.

Um arrepio percorreu todo seu corpo, e o calor que subiu para seu rosto era um indício de que estava vermelha. Se não fosse tão tímida teria se jogado nos braços grandes e fortes que já havia se habituado tanto a gostar.

Naruto acabou chegando atrasado à delegacia. Não estava em seus planos passar a noite na casa de Hinata, e se ela não tivesse desviado seu caminho para leva-lo a delegacia teria se atrasado ainda mais. Mas era impossível negar que havia sido uma noite ótima. Passou tantos anos sozinho, que havia se esquecido de como era bom despertar e encontrar um sorriso o aguardando. Sasuke estava emburrado como sempre e tinha um hematoma no rosto, que só fez aumentar o sorriso do Uzumaki.

— Por que está rindo como um idiota? A noite foi boa? — Naruto deveria ter notado o sorriso cínico no rosto do parceiro.

— Foi e meu dia acabou de melhorar. — coçou o queixo desatou a rir, sendo acompanhado por Jiraya.

— Babacas. — Sasuke não poupou “elogios”. — Eu estive pensado em uma coisa. E se estivermos analisando tudo errado. — girou o corpo na cadeira. — Hinata pode ser cumplice, ou até mesmo o próprio Fabricante de Bonecas e está nos enganando desde o início.

Jiraya parou de rir no mesmo instante, analisando a possibilidade apesar de não acreditar que isso fosse possível, enquanto Naruto usava toda a força de vontade para evitar dar uma surra em Sasuke. Bastou Hinata lhe dar um safanão para que o detetive mudasse sua postura e a encarasse como suspeita. Ela era uma vítima, tanto no passado quanto no presente e as alegações de Sasuke eram descabidas.

— Não pode estar falando sério! — Naruto socou a mesa com fúria.

— Por que não? Andei estudando o passado dela, foi para Londres com os pais e os assassinatos pararam. Voltou para o país para cursar faculdade e pouco tempo depois de fixar moradia em Konoha o assassino volta. — ficou de pé e encarou Naruto. — Ninguém entrou na casa dela, a patrulha não viu nada. Ele ligou pra ela depois dos assassinatos, mas a ligação foi feita de um telefone publico e ela aproveitou isso para vir à delegacia e pedir para ser informada das investigações. Ninguém além dela e da policia sabem os detalhes do crime, talvez ela seja cúmplice ou a própria assassina.

— Isso não significa nada. — a garota tímida que gostava de chá, vestia moletons de unicórnios e corava atoa não faria nada daquilo.

— Para de defendê-la! — o moreno também estava perdendo o controle. — Só está fazendo isso porque está comendo a suspeita.

Depois dessa os dois chegaram a trocar alguns socos e Jiraya precisou intervir para que não se machucassem muito. Kakashi segurava Sasuke, enquanto Naruto era arrastado por Jiraya para fora da sala. Esta era uma reviravolta pela qual não estava esperando. Como não percebeu que Naruto estava envolvido com Hinata?

— Parem os dois com isso. — os dois estavam se encarando, mas a briga havia terminado. — O que esta acontecendo com você Naruto? Não posso te culpar moleque, pois Hinata é muito bonita, mas se envolver com uma ela é um erro. Pode colocar tudo a perder. E se Sasuke estiver certo? Isso, com certeza, colocaria tudo a perder.

— Não tem como o Sasuke estar certo. — disse convicto. — Ela é a vítima. E não estou envolvido com ela. — mentiu.

— Por que acha que ela é uma cumplice ou a própria assassina? — Kakashi precisava ser objetivo. — Estou curioso com sua linha de raciocínio.

— Ela está desviando nosso foco. Talvez ela tenha matado as meninas, afinal procurávamos um homem e ela passaria despercebida. Os assassinatos pararam depois que ela foi para Londres, ela volta e tudo recomeça. Estamos focados na Hinata, porque é isso que ela quer. Ela está nos afastando do nosso objetivo principal, nos fazendo ficar alheios aos assassinatos.

Era o ego ferido falando, só pode. Naruto só queria que seu parceiro se permitisse conhecer Hinata, ver com os próprios olhos como ela é doce e delicada. Tinha certeza de que se Sasuke a conhecesse não ficaria com essas acusações descabidas.

— De onde tirou esse absurdo de que estou... — fez uma pausa procurando pelas palavras corretas. — com a Hinata?

— A patrulha informou os visitantes. O vizinho, um senhor de idade na parte da manhã, que ficou algumas horas e você que passou a noite inteira lá.

— Eu peguei no sono no sofá. Não aconteceu nada, absolutamente nada. — tratou de se explicar.

Naruto havia passado dos limites e Kakashi deveria afasta-lo desse caso antes que uma merda das grandes acontecesse, mas confiava em seu detetive e estava disposto a arriscar muito para que ele continuasse na investigação. A teoria de Sasuke fazia sentindo, era lógica, mas Kakashi não acreditava que a menina estivesse fingindo. Ele estava lá, há dez anos, quando ela foi trazida à delegacia depois de sobreviver ao Fabricante. Mas havia a possibilidade de Sasuke estar certo e Hinata estar mais envolvida em tudo isso do que imaginavam.

— Eu entendo que vocês têm pontos de vista diferentes. — Kakashi começou. — Siga seus instintos Sasuke, você comanda a força tarefa. Naruto na minha sala agora.

O loiro estava atônito com a postura de Kakashi. O delegado sentou-se e indicou a outra cadeira ao seu detetive.

— Você está mesmo envolvido com ela. — aquilo não era uma pergunta e Naruto ficou calado. — Como deixou isso acontecer?

— Não aconteceu nada, Kakashi. Passei por lá para ver como ela estava e apaguei no sofá. Estava muito cansado, e sei lá, dormi. Sasuke está com o ego ferido por ter apanhado de uma garota pequena e se tornar a chacota da delegacia.

— Você até pode estar certo, Naruto, mas a teoria do Sasuke tem fundamento. Investigue os álibis de Hinata na hora dos crimes e não comente nada da investigação com ela. Sasuke está no comando da força tarefa a partir de agora. Eu deveria te tirar desse caso, mas confio em você. Não me decepcione.

Enquanto Naruto tinha um dia horrível na delegacia, alguém trabalhava avidamente em uma obra de arte. O barulho constante da máquina de costura lhe deixava feliz, como nada no mundo era capaz. Tu-tu-tu-tu-tu-tu... Os tecidos eram belíssimos e a composição que estava criando ficaria maravilhosa. Precisava se apressar para não deixar sua nova boneca esperando. A polícia confiscou a boneca de Hinata e não estava feliz com aquilo. Aquele era um item de colecionador e um presente, claro que ele não havia comprado, mas era um artista talentoso o suficiente para criar uma réplica perfeita.

— Sou um artista. Um artista!

Aqueles idiotas não compreendiam a grandeza a que ele estivera destinado. A polícia lhe caçava como um animal, mas a verdade era que ele havia se tornado um deus. Mas até mesmo aqueles policiais deveriam reconhecer o brio de sua obra. A mídia o descrevia como o Fabricante de Bonecas. Nome tolo, pois não era isso que fazia, ele fazia mais, ele imortalizava aquelas garotas. Dava a elas a chance de se tornarem eternamente perfeitas. Tinha em suas mãos seda e cetim, veludo e lantejoulas, renda e pedrarias. E em breve seria um magnífico vestido, utilizado para dar vida a uma nova boneca.