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História O Filho de Hades - Dekaéxi


Escrita por: taesahk

Capítulo 16 - Dekaéxi


Fanfic / Fanfiction O Filho de Hades - Dekaéxi

 Mas eu sei, em meu coração, 

que você não é algo eterno

E sim, eu te deixei me usar 

desde quando nos conhecemos

Mas eu ainda não terminei

De cair em sua armadilha

 

Jeon Jungkook conseguia oscilar entre um homem e um garoto na concepção de Kim Taehyung. Inocente quando sorria com dentinhos protuberantes e bochechas coradas. Viril quando segurava uma espada na mão e músculos a mostra. Talvez ele só tivesse muitas máscaras, muitas camadas em sua personalidade e muitos mistérios em sua historia. Ninguém ousaria temer Jeon Jungkook, fazendo-o tornar um alvo fácil para ataques como palavras mal intencionadas e fofocas desvairadas. Ele era o chato e arrogante da universidade, sendo assim, nunca o levavam a sério como um ótimo filho de Atena que era. Mas ali, enquanto o garoto rebolava sobre os olhos das pessoas mais influentes do campus, ele parecia receber glória, derrubando seus rótulos um a um. 

"Interesseiros", pensou Taehyung ao apertar seu pênis duro por cima da roupa com uma das mãos. Gostaria de tê-lo dançando só para si, pois ele mesmo, nunca havia duvidado das habilidades de Jeon Jungkook. Lembrava-se muito bem do garoto correndo para enfrentar cães infernais sozinho com o intuito de salvar os filhos de Dionísio. Lembrava-se das vezes que fora repreendido por ele depois de agir como um grande babaca. Lembrava-se em como ele havia resistido na cabana de Gapyeom e lembrava-se do dia que treinaram juntos. Neste dia, especificamente, o filho de Atena havia perdido a luta para Taehyung, mas em compensação, havia ganhado uma parte de seu coração.

O filho de Hades chegou à conclusão que as pessoas deveriam superestima-lo. Assim, envolvido em seus movimentos durante a música alta, deliciava-se ao olhar para o sorriso torto de Jeon, o cabelo pingando de suor e a camisa o marcando nos locais que ele mais gostaria de lamber. Ele era malditamente lindo, assim como a apresentação que acabara de fazer. "Foi para mim", pensou Taehyung ao sentir sua ereção sendo cada vez mais espremida pelo jeans de seus calça. 

Então, ansioso com o que provavelmente viria a acontecer entre ele e o filho de Atena, o loiro apagou o cigarro na parede, olhando para os lados e jogando a bituca no chão. O caminho para o banheiro não foi tão difícil quanto pensava – dado que as pessoas estavam muito ocupadas observando o seu garoto –, com excessão de apenas uma garota bêbada que havia agarrado seu pescoço no caminho. Incomodado com o bafo, ele afastou-a devagar e lhe deu um sorriso tímido antes de dizer que estava acompanhado. 

Abriu as portas do lavabo e se olhou no espelho. A maquiagem que havia passado debaixo dos olhos ainda estava ali, destacando suas feições belas e simétricas. Ele ajeitou a bandana no cabelo e retirou a jaqueta, colocando-a apoiada em uma das pias para aliviar o seu calor. Calor este não devido ao ar condicionado escasso daquela festa sufocante, mas devido às caras e bocas que Jungkook fazia ao olhá-lo nos olhos e rebolar como um gostoso que era. Deuses, seu pau latejava implorando pela bunda branquinha de Jeon. O filho de Hades queria beija-lo. 

Era verdade que antes de ir à festa e depois de conversar com Namjoon e Yoongi, ficara um pouco apreensivo com o que exatamente ele tinha com Jungkook. Lembrou de todas as vezes que o garoto o fez a pergunta e em todas elas seu coração acelerava, não sabia se era por medo ou ansiedade, mas a palpitação estava lá, junto com uma pressão estranha que sentia perto do seu diafragma e o calor de suas bochechas. Era uma sensação boa no geral é era dolorido pensar que talvez não duraria mais, não depois de ele receber sua punição do Ministério e ir para o Tártaro. 

Uma pena de morte para ser torturado por Fúrias no próprio inferno. Quase seria dramático demais, se não fosse verdade. 

Era isso. Ele nunca havia deixado Jungkook se apaixonar por ele não porque o considerava apenas uma foda. Não mesmo. Era por que ele nunca mais o veria de novo. 

Ele não teria mais a oportunidade de ouvir as raras gargalhada de Jeon, de sentir seu cheiro doce, a quentura de sua pele durante a noite e o gosto de seus lábios. Taehyung listaria todas as coisas que o filho de Atena o faria sentir falta, mas daria muito trabalho e provavelmente cansaria sua mão. O filho de Hades estava em um embate mental, tendo em sua cabeça apenas duas opções: ou se afastar de Jungkook e esquecer todas essas sensações boas que andava a sentir, ou agarra-lo para si a fim de fazer cada vez mais memórias antes de ser morto. Desse modo, ele aliviaria sua eterna dor com o som estranho do espirro do garoto ou com seu toque macio e dengoso.

Taehyung estava determinado a ser frio com o garoto para tentar entender se seus sentimentos eram apenas temporários sem distrações, como um disfarce. Mas então, vendo-o dançar com Hoseok, acarretou-lhe em um apagão de consciência e ele decidiu que precisava segura-lo para si também. Queria dançar com ele como o outro fazia. Queria fazê-lo sorrir como o filho de Dionísio fazia. Quase quis tirar uma foto da cena, porque mesmo que sentissem um pouco de ciúmes, gostaria de mostrar em como Jungkook parecia belo junto com seus amigos. Era isso, Taehyung queria fazer de Jungkook ser lindo ao seu lado para ter uma bela fotografia para levar para o inferno em seu bolso, afinal, iria ser condenado em pouco tempo. 

Mal percebeu que ainda mantinha o sorriso naquele lugar. Balançou a cabeça para espantar os pensamentos, mesmo que agradáveis e torceu para que Jeon chegasse logo ao seu encontro, assim ambos se aliviariam como tanto desejavam. Quando ele escutou a porta se abrindo, virou para receber-lo com o sorriso mais sacana que tinha, este que desfaleceu aos poucos quando percebeu que na verdade era Park Jihoon, filho de Hermes e um garoto no qual havia se aventurado durante seus primeiros dias na Triskle. Ele recordava-se bem quando Jungkook pareceu afetado depois de saber que havia transado. 

Cabelos caóticos, olhos cansados e camisa aberta. Jihoon estava bêbado além da conta, como a garota que acabara de lidar. Pateticamente o rapaz cambaleou em sua direção murmurando palavras desconexas até então e Taehyung teve que revirar os olhos para a cena deplorável. 

- Taehyung... - murmurou arrastado. 

- Você não acha que devia ir embora? - perguntou irritado por ter que talvez ajudá-lo a sair do banheiro e pela demora de Jeon. Queria tanto sentir sua boca que já sentia-se com sede. 

- Taehyung... - murmurou mais uma vez, chegando perto do loiro e derrubando a jaqueta alheia ao se apoiar na pia. Taehyung quis matá-lo. - Você nunca mais me ligou... - choramingou, fazendo uma expressão de tristeza forçada, com bico e voz manhosa. 

- Eu não tinha a intenção de te ligar, Jihoon. Aquilo foi só uma noite - esclareceu o tatuado com um estalo de língua. Estava quase broxando. 

O garoto bêbado ajeitou sua expressão facial, correndo os olhos para avaliar como Kim Taehyung parecia uma personificação de um demônio sexual. Ele começou pelo cabelo, passando os olhos pela sua boca, seu queixo, seu pescoço forte e o tronco largo marcado pela regata escura até para ali, no lugar onde mais se interessava. Taehyung sabia que Jihoon notara o quão necessitado sexualmente ele estava, já que a dureza de seu membro era bem perceptível. 

- Deixa eu te lembrar como é ter minha boca lambendo seu pau, o que acha? - sugeriu o filho de Hermes, jogando-se para cima de Kim até ter os braços ao redor de seu pescoço. Ele parecia molenga demais, como se nem ao menos prestasse atenção nos seis movimentos.

Os olhos de Jihoon incitavam o tamanho desenho que tinha, assim como seu sorriso meio aberto e o carinho que ele fazia na nuca de Kim. Vendo-o daquele jeito, achava-o bonito: olhos claros, bocas carnudas, um rosto pequeno e traços melindrosos. Lembrava de como o garoto tinha uma garganta profunda e gemia agudamente com suas estocadas. Tinha sido uma boa foda, mas o filho de Hades não sentiu nada, apenas dó. Apesar de ser bonito e bom de cama, Jihoon não causava a euforia que Taehyung sentia ao ver Jungkook. Este que como um imã parecia o puxar e como chamas do Tártaro, parecia incendiar nele algo que ainda em seu dicionário era desconhecido. 

Ele olhou para Jihoon de forma sacana. 

- Não vai ser dessa vez, filho de Hermes. Por mais que você seja bom com essa sua boquinha linda... - ele segurou o maxilar do garoto com a mão, afastando-o devagar. - Você não é o meu garoto.

- O que? - perguntou surpreso, um pouco irritado por ter seu pedido negado. Talvez ele teria que insistir. - E quem é o seu garoto? 

- O meu garoto é o homem mais belo desse lugar... - sorriu perdido.

- Quem? - insistiu. 

- Jeon Jungkook. 

Kim Taehyung notou a expressão de Jihoon e na maneira que ele mordeu seu lábio inferior como se estivesse se segurando para dizer algo. Do jeito que as coisas funcionavam naquele lugar, ele soube que provavelmente o que sairia de sua boca sobre o filho de Atena não seria nada agradável. Assim, quando o filho de Hermes estava prestes a falar e talvez insistir no seu pedido em quase uma humilhação, Taehyung o interrompeu. 

- Tá vendo isso aqui? - repousou a mão em cima de sua ereção e a apertou com vontade. Um gemido rouco escapou de sua boca semiaberta e ele não pode evitar sorrir ladino com a surpresa de Jihoon para o ato tão erótico. - Isso aqui é para Jeon Jungkook, somente pra ele. 

- Eu... Eu posso te aliviar! - disse mais alto e mais agudo. Se não estivesse tão barulhento do lado de fora, aquilo seria quase um grito. 

- Jihoon, não insista. Apenas vá para casa, a não ser que queira ver eu e o filho de Atena fodendo nesse banheiro. Eu não ligo para plateias - riu baixinho.

O garoto tinha o nariz vermelho como de quisesse chorar e Taehyung se perguntou se estava sendo muito rude. Ele não lembrava de ter sido mal educado ou frio com o garoto, sendo que apenas o disse a verdade. Por alguns segundos quase se sentiu mal ou fardado a conforta-lo por levar um fora, se o garoto não tivesse fungado e literalmente se ajoelhado para ficar com o rosto nivelado no quadril do tatuado. 

- O que está fazendo? - perguntou surpreso quando Jihoon colocou as mãos no cós da calça de Kim e puxou-o para mais perto. 

Kim sorriu com a depravação, afinal, ele ainda era vil e gostava de receber esse tipo de atenção. Mas, como havia dito, Jihoon não era Jungkook e por um momento também achou que seria errado fazer aquilo. Seus pensamentos do momento sobre o relacionamento que ele tinha com filho de Atena eram estranhos, afinal, eles não tinham dito que eram exclusivos ou algo assim, mas deixaria essas dúvidas para tirar depois em sua própria mente. 

- Não, criança... - negou mais uma vez. 

Taehyung estava prestes a levantar Jihoon do chão e impedi-lo de algo que talvez os dois se arrependeriam quando uma dor latejante atingiu sua têmpora direita. Agonizando, ele esqueceu o que estava fazendo e seus reflexos o forçaram a apoiar uma das mãos na pia ao lado para tentar focar no que quer que fosse aquilo. Seus olhos reviraram com o a pressão na cabeça e ele tombou-a para trás a fim de fazer a enxaqueca ir embora, mas tudo que ela fez foi se espalhar até o lado esquerdo e iniciar um zumbido agudo em seus ouvidos, como se alguém gritasse. 

Taehyung apertou os dedos no objeto de porcelana até ficarem brancos e sentiu quando Jihoon começou a abrir seu cinto com dificuldade. Desnorteado com as terríveis pontadas, ele levou as duas mãos pra suas orelhas e tentou se afastar com um passo para trás, mas o filho de Hermes o segurou com uma das mãos. Confuso e com os sentidos falhos, Taehyung sentia dor se intensificando cada vez mais, assim como seus grunhidos sôfregos, no entanto o outro garoto estava bêbado e com o ego ferido demais para se importar. Então, quando o tatuado passou a controlar a respiração aos poucos, pode ouvir sussurros em sua mente, alguns eram confusos, outros choravam, outros pareciam raivosos. 

Naquele momento ele soube que, como antigamente, os mortos voltavam a fim de tentar se comunicar com o filho de Hades.

Seus sentidos se recuperavam aos poucos conforme ele expirava com mais calma. Suas mãos desceram de seus ouvidos para afastar o garoto e quando ele já não escutava mais nenhum grito, Kim desceu os olhos irritadiços para Park Jihoon, que já terminava de abrir seu zíper. Então foi aí que seu coração foi esmagado, no momento que a porta abriu e Jeon Jungkook entrou no banheiro. 

Assim, nos minutos seguintes, ambos já estavam com corações machucados e Jungkook caminhava para fora daquela festa, deixando para trás um Taehyung estático e triste. O filho do deus da morte sentia um tipo de dor diferente, o qual ele não soube identificar, mas soube que ela destroçou sua alma, principalmente depois de vê-lo beijando outro homem. Deuses, doía tanto. 

- O que foi aquilo? O que você fez? - a voz de Jimin soou ignorante no seu ouvido. O filho de Afrodite chacoalhava-o pelos ombros com a intenção de tirá-lo do transe. 

- Eu acho que destrui o coração de Jungkook... - disse, com os olhos marejados ao olhar para o mais baixo. - Não se preocupe, ele fez questão de destruir o meu também - ao dizer isso seus olhos se direcionaram para Jaehyun. Suas faces se encontraram e o investigador pode sentir os olhos do loiro como se realmente o queimasse de ódio. Ele jurou sentir cheiro de enxofre. 

- QUE MERDA! - gritou Jimin, empurrando o amorenado antes de sair em busca de seu amigo.

Taehyung andou até o bar e sentou-se ao lado de Jaehyun. Batucou os anéis na bancada, pensando se devia ou não dizer alguma coisa. Mais preocupado com o garoto que havia ido embora chorando por sua causa do que com os mortos que provavelmente voltavam a incomoda-lo, pediu uma dose de scotch. Ele não sabia se podia se sentir tão angustiado com o que acabara de acontecer, nem se podia sentir o remorso por algo que nem ao menos havia feito. Mas estava, como se carregasse o peso da Terra nas costas, assim como Atlas* estava fazendo no momento. 

Ele pensou em todas as toxidades que sempre disse a Jeon, todas as palavras secas, todas as palavras possessivas e em todas as mentiras. Sempre fora um cretino, então pareceu tão fácil tratá-lo daquele jeito. Suspirou. Taehyung tinha um ciúmes assassino, assim como ele já achava que era. Afinal, ele nunca soube o que sentiu com Jungkook, mas precisava mantê-lo para si, como se o protegesse de tudo. "Meu", era uma palavra que adorava dizer para se referir ao filho de Atena, porém, muito pelo contrário, Jungkook era livre e sempre fazia questão de mostrar esse seu lado, só tinha a carne fraca demais e Taehyung sempre parecia estar mais perto nos momentos em que mais precisava.

- Qual é o gosto? - perguntou ao detetive, depois de dar uma gole da bebida amarga. Sua voz estava um pouco falha devido ao choro que segurava para não sair. Jaehyun pareceu confuso.

Se chorasse, ele saberia o que estava sentido. Não queria admitir nenhuma daquelas coisas. 

- Gosto? - perguntou com certo receito, pois até onde sabia, havia acabado de beijar o namorado do homem ao seu lado. 

- Qual gosto da boca dele? - Kim virou seu rosto para encara-lo e Jaehyun pode perceber o seu amargo tom de voz, como se ele sufoca-se. 

- Eu... Não senti gosto algum - disse ao engolir em seco, desviando se rosto daquele olhar quase assassino. Perguntava-se como uma pessoa poderia parecer tão triste e medonha com somente algumas palavras e um copo de bebida alcoólica na mão. Ele não devia se sentir tão intimidado pelo filho de Hades, afinal, tinha quase certeza que era mais velho. 

- Sério? - riu triste, fungando em um segundo gole da bebida. - Toda vez que eu o beijava, conseguia sentir um gosto agridoce. 

- Por que? 

- Doce por ser bom demais. Azedo por fazer meu coração acelerar... - Taehyung ainda o encarava ao dizer as palavras, até levantar da cadeira e colocar alguns trocados na mesa como baixinha ao barman. Ele olhou uma última vez para o homen beijado por Jeon antes de ir embora. - Coração acelerado significa que provavelmente estamos fazendo algo errado. Não queremos isso, não é detetive? 

Taehyung rumou até a saída para ir embora e  por incrível que pareça ele apenas se foi, sem brigas ou sem dizer palavras cortantes, pois ele sabia que não podia fazer nada a respeito, o única opção racional e plausível era somente aceitar, pois Jungkook tinha sua própria liberdade, não tinha? Então o loiro olhou-o mais uma vez ante de fechar a porta e Jaehyun pode perceber as íris brilhantes e avermelhadas do filho de Hades o perfurando como uma facada profunda. Ele soube, naquele instante, que havia comprado uma guerra.

No entanto, uma guerra já acontecia, não era a guerra dos Homens, nem a guerra de Poseidon. Era a guerra caótica que batalhava na mente de Jungkook, que ao caminhar na rua com sua garrafa favorita de vodka – aquela que havia roubado do balcão antes de socar Baek Eunji – lembrava da cena do banheiro em um looping desgraçado. Rebobinando e rebobinando como se quisesse realmente sofrer. Não, ele não queria sofrer, ele já estava fazendo isso. Encontrava-se entre uma dicotomia dolorosa, não sabendo se realmente poderia ficar tão triste por Taehyung querer outra pessoa o chupando. Eles não eram nada.

Era verdade, eles não eram namorados. Eles não eram amantes. Eles não eram amigos. Riu sozinho, tropeçando no próprio pé depois de dar uma golada generosa do álcool e caindo no meio da rua. A garrafa ecoou pelo bairro, rachada em cacos grandes e Jungkook quase estremeceu quando sentiu o asfalto frio contra suas mãos. Ele então deitou no chão negro, com o corpo estirado no meio da rua deserta a fim de observar o céu. Sírius brilhava excepcionalmente bem naquela noite. 

- Não somos nada - falou olhando para o céu. - Escutou Héspero? Não somos nada...

"Eu sou sua casa, assim como você é a minha", lembrou-se das palavras do tatuado com os olhos molhados. Era isso, eles eram algo, mesmo esse algo não tendo nome, mesmo que fosse uma relação um tanto perturbada, mesmo eles mentindo um para o outro sobre os verdadeiros sentimentos que sentiam. Foda-se se estava sendo dramático, a dor no seu peito era maior do que isso. 

Desde pequeno suas emoções eram rasas e tudo que mais sentia era tristeza e culpa. Ele nunca havia sentido nada assim, nunca havia se apaixonado e não sabia como devia agir em relação a isso, mas concluiu que odiava esse sentimento, pois ele era penoso. Ele não chorava só por se sentir traído, ele chorava porque pela primeira vez que admitiu ter um sentimento que supostamente era pra ser bom e sincero, ele fora arrancado de si e destroçado como se não fosse nada. Tudo bem, ele já devia saber de seu azar. 

Era isso, Jeon Jungkook estava permitido a ter sentimentos, desde que eles não fossem bons. Desse modo, sem querer pensar em mais nada, fechou os olhos e sentiu a briza da madrugada até escutar a voz de Park Jimin de longe. 

- Sai da rua, seu desgraçado! - gritou o baixinho, correndo até o outro garoto. - Quer morrer atropelado? - elevou o tom de voz, ajudando Jeon a se levantar e se apoiar em seus ombros com um dos braços. 

- Eu to muito bêbado... E triste... - murmurou arrastado, andando com seu amigo pelas ruas. 

- Vamos te dar um banho e dormir. Amanhã a gente resolve essa merda - grunhiu alto. - Que saco, que tipo de relacionamento tóxico é esse que vocês têm? 

- Não temos um relacionamento - disse, soluçando pela bebida que já lhe fazia falta. 

- É justamente uma das razões de ele ser tão errado. Por existir um relacionamento e vocês não quererem admitir, então simplesmente agem como se não se importassem - disse, revirando os olhos pela situação e sentindo o peso de Jungkook sofrer suas costas. 

Jimin chegou suado no quarto de Jungkook e incrivelmente estrava mais sóbrio que o amigo. Incentivou-o a tomar um banho – o que ele conseguiu fazer sozinho – e a escovar os dentes antes de dormir. Jungkook colocou apenas uma cueca e caiu sobre os lençóis, permitindo-se chorar mais um pouco enquanto observava o céu pela sua janela uma última vez. Lembrou-se do beijo roubado que tinha dado em Jaehyun também e mentalizou que precisaria se desculpar propriamente para o detetive.

- Não deixe ele dormir aqui... - Jungkook murmurou baixo antes de cair no sono profundo causado pelo álcool que corria em suas veias. 

Jimin bufou de raiva e se perguntou em como o relacionamento de Jungkook e Taehyung havia crescido, mas não evoluído em quase nada. Talvez ele deveria apertar as bolas do filho de Hades como já havia feito antes, lembraria-o de machucar seu amigo como já estava. Mas então pensou no rosto de Taehyung quando o viu devastado no meio do salão, ele sabia que expressão era aquela, afinal, era um filho de Afrodite. Taehyung teve o coração quebrado e Jimin concluiu que para alguém que nunca sequer amou, sua confusão mental parecia um pouco mais entendível, fazendo-o agir sem pensar para manter aquilo que nunca conhecera.

Os devaneios do filho de Afrodite foram interrompidos com leves batidas na porta e em surpresa alguma ele se deparou com o tatuado, que segurava um cigarro apagado na boca. Olhou em seus olhos e percebeu o quanto eles estavam vermelhos. Por um momento ele quis perguntar o que o loiro havia feito para chegarem naquela situação, mas talvez seria se intrometer demais. Porém, Park mordeu as unhas, ele estava muito irritado para deixar aquilo passar. 

- O que você fez? - perguntou, impedindo a entrada do filho de Hades. 

- Não foi o que eu fiz, foi o que ele acha que eu fiz - disse, tirando a bituca da boca e colocando atrás de sua orelha. - Mas, talvez seja melhor assim. 

Jimin suspirou. 

- Ele beijou Jaehyun, eu vi com meus próprios olhos. 

- Eu sei. 

- Por que ele fez isso? Não é o Jeon que eu conheço.

- Porque ele quis. Não posso fazer nada em relação a isso, Jimin - explicou, apertando suas mãos dentro do bolso da calça jeans. Ele odiava lembrar da cena. - Apesar de querê-lo só para mim, Jungkook é um homem livre e como diz o ditado dos humanos, querer não é poder. 

Taehyung entrou no quarto, deixando Jimin surpreso com suas palavras sinceras. Era isso, Taehyung gostava de se mostrar dominante na relação, mas se tivesse que ceder às vontade de Jeon, ele faria. Talvez ele só não soubesse controlar o ciúmes, não porque era uma pessoa má, mas porque nunca havia sentido isso antes também. Jimin chegou a conclusão que Kim também era um fodido ignorante e carente na rodinha de seus conhecidos. Sentiu pena. 

- Ele não quer que você durma aqui... - disse, quebrando o silêncio ao ver Taehyung migrar para o banheiro. 

O loiro pegou sua escova de dentes e varreu o quarto com os olhos logo depois, parando alguns minutos para ver como Jungkook dormia como um homem alcoolizado. Lindo, com a boca aberta em um ronco baixinho e com as bochechas coradas, o que esclarecia sua fraqueza para bebidas fortes. Naquele momento ele soube que talvez nunca mais sentiria o calor do corpo do mais novo sobre o seu em noites um pouco mais frias. Ele deu dois passos na direção do garoto, inclinou seu corpo até seu rosto ficar perto de seu cabelo bagunçados e se permitiu sentir seu cheiro em uma fungada longa e calma. O cheiro do resquício de álcool se misturava com seu cheiro doce, porém, ainda assim era delicioso. Sentiria falta. 

- O que você fez comigo? - perguntou em um sussurro para o garoto, que apenas respondeu com um ronco baixinho e cansado. Taehyung sorriu triste e pegou sua mochila, colocando algumas roupas nela antes de se virar para Jimin. - Eu não vou dormir aqui, vou dormir no quarto de Min Yoongi. 

Jimin deu de ombros, abrindo a porta para Taehyung e vendo-o dar passos para cada vez mais longe. Assim, enquanto o tatuado andava com os ombros pesados e cheirando a nicotina, ele pensava que talvez tudo isso tenha sido bom, sendo uma ótima justificativa para ele não incomodar mais o filho de Atena, assim como Namjoon havia sugerido durante o dia. Não gostaria de fazê-lo sofrer mais sendo que Jeon já tinha demasiados problemas para também lidar com os seus. E por incrível que pareça, Taehyung não pensava que sentiria saudades das transas que tinha com o mais novo, mas sim do sorriso que ele dava de manhã depois de acordar em seus braços. 

- Quem é você, Kim Taehyung? - perguntou sozinho para si mesmo antes de bater na porta de Yoongi para dormir em seu sofa pequeno e com cheiro de naftalina. Ele estranhava-se como pessoa, porém não parecia achar ruim.

 

O filho de Atena acordou com dor de cabeça, encontrando o corpo de Jimin ao leu lado e enquanto ocupava a maior parte da cama desajeitadamente, o filho de Afrodite se encolhia em um cantinho para não atrapalhar seu amigo. Jungkook sentiu-se mal com aquilo e puxou-o mais para o meio, temendo que ele caísse. O de cabelos cinzas resmungou um pouco com o toque, mas continuou dormindo quando Jeon sentou-se na cama, sentindo a enxaqueca o atingir junto com o famoso enjoo de ressaca. Ele olhou o relógio, que marcava meio-dia e bufou, arrastando-se até a geladeira para tomar água gelada do gargalo da garrafa.

- Já acordou? - a voz de Jimin soou rouca e doce pela manhã. 

Jungkook acenou que sim e voltou a sentar na cama, sem antes engolir algum remédio para dor.

- Quer me contar o que aconteceu? 

- Eu flagrei Park Jihoon prestes a fazer um boquete em Taehyung, no banheiro - disse de uma vez, olhando para o teto com íris opacas. Ele estava cansado dessa imagem o perturbando.

- Aquele desgraçado! - o jovem socou o travesseiro, como sempre fazia para descontrair sua raiva. No entanto lembrou das palavras de Taehyung: "não foi o que eu fiz, foi o que ele acha que eu fiz", o que isso significava? - Espera, você acha mesmo que ele queria? 

- Pelos Deuses Jimin! - Jungkook levou uma das mãos até o rosto, esfregando os olhos como se estivesse ficando irritado. - Kim Taehyung é forte, se ele não quisesse teria afastado Jihoon. 

- É, verdade. Mas, vocês deviam conversar - disse, olhando-o. - Você beijou outro homem na frente dele também. O relacionamento de vocês não é saudável e se forem terminar algo, terminem certo. 

- Não existe nenhum relacionamento para terminar. Taehyung sempre disse isso, assim como ele sempre foi um babaca - respondeu Jeon, lembrando dos momentos que passaram juntos. - Ele sempre fez questão de marcar sua possessividade sobre mim. 

- Não defendo ele, mas... - Jimin lembrou-se de outra parte da conversa que teve com o filho de Hades, percebendo que talvez a possessividade que tinha era devido ao medo de perder aquilo que provavelmente era a única coisa que o fazia bem. Coisa não, pessoa. 

- Mas nada Jimin! Não acha fodido o fato de ele odiar me ver perto de outros homem por causa desse ciúmes idiota, mas ele sim poder ficar com outras pessoas? - Jungkook soava cada vez mais alto. 

- Ei! - repreendeu-o. - Eu acho fodido sim, mas vocês são adultos e precisam se resolver, caralho! O filho de Hades é um babaca, todos sabemos. Mas, eu não lembro dele te impedindo de algo. 

- Não lembra? 

- Não - admitiu.

- Pois bem, eu te conto... - disse, virando os olhos cheios de lágrimas para encarar Jimin. - Ele me impediu de me apaixonar por ele. 

"Voce também se impediu disso", pensou o filho de Afrodite. 

 

Domingo passou devagar, assim como a semana. As horas corriam mais rápido e o outono parecia chegar, secando algumas árvores e fazendo plantas mortas decorarem os caminhos nos arredores da Universidade. Jungkook ia as aulas, evitando procurar ou encarar Taehyung, então, quando o encontrava, tratava de desviar o rosto ou mudar de caminho. Ele havia perdido vontade de fazer muitas coisas, como treinar durante a tarde. Também parecia cansado, pois muitas noites dormira se martirizando se devia ou não conversar com o tatuado e as olheiras ao redor da vista eram nítidas, dado os choros constantes por uma saudade que ele não entendia. 

Jungkook fazia as provas, estudava, realizava trabalhos, era assistente de aula e vezes ou outra ia até a secretaria para revisar o desempenho de Taehyung, já que ainda era seu instrutor acadêmico. "Nada mal", pensou ao ver notas azuis escritas em seu boletim mensal. Seu coração se apertou. Talvez Kim esteja melhor sem ele, por fim livrando-se de um garotinho apaixonado. 

- Jungkook, você está muito ocupado? - perguntou Rita, uma das secretarias do balcão de atendimento da Triskle. Ela tinha cabelos cacheados e olhos claros, provavelmente era descendente de italianos devido ao seu sotaque peculiar e tinha seus famosos óculos de grau vermelhos, que vezes ou outra ficavam caídos em seu nariz. - Eu preciso buscar minha filha na escola, pois ela passou mal por algum motivo. Será que você poderia grampear o calendário acadêmico de Setembro pra mim e entregar na tesouraria? 

- É que... - iria dizer que tinha que estudar para alguma matéria. Era mentira, ele de fato não queria ficar horas grampeando papéis. Não tinha nem mesmo ânimo para isso.

- Obrigada, você é um anjo, sabia? - a moça disse, sorrindo e pegando sua bolsa de couro falso antes de sair pela porta com pressa. 

Jungkook bufou, pegando os papéis do balcão e o grampeador. Na verdade, pensou que talvez uma tarefa tão inútil o livraria de pensamentos tristes e saudosos de um garoto de ombros largos e pele bronzeada. Cantarolava alguma musica qualquer em sua terceira remessa de calendários, o que foi interrompido com o barulho da porta da secretaria abrindo. Jungkook sorriu imaginado que Rita tivesse voltado, assim ele se livraria daquele trabalho tedioso – que na verdade não havia cumprido seu papel de distração –, no entanto seu sorriu morreu, pois não era a mulher de óculos vermelhos e sorriso simpático. Era o homem tatuado que vinha o atormentando nos pensamentos, sonhos e pesadelos.

- Er... - Taehyung limpou a garganta. - Eu vim entregar as provas corrigidas como um favor para o professor Philips, de fotografia. 

Jungkook pareceu aflito quando ambos pares de olhos se encontraram, como se seus vasos se dilatassem. Não muito ao contrário do que o outro sentiu, sobretudo quando passou os papéis para o garoto e levemente tocou em seus dedos. A sensação foi quente e ao percebeu o típico calor do toque do loiro e um formigamento percorrendo sua derme, Jungkook afastou rapidamente as mãos, fazendo os papéis caírem sobre a bancada bege. 

- De-desculpa... - disse baixo, juntando os papéis tão rápido quanto eles cairam. Sentia-se um idiota por parecer um coelhinho assustado.

Jungkook sentia suas mãos tremerem ao ajeitar os papéis e notou uma gota de suor escorrendo por sua nuca. Ele não queria encarar o filho de Hades, não queira nem ao menos direcionar uma palavra a ele, mas era fraco, porque lembrava de todos os momentos que tiveram juntos e todos os desentendimentos também, principalmente o mais recente. Escutar a voz de Taehyung depois de uma semana era estranho, ainda mais ela sendo tão singular como era, como se engolisse sua alma a cada sílaba. 

Jungkook foi atingido com as palavras de Jimin por um momento, dizendo que deveriam se resolver como pessoas adultas. Como ele faria isso? Como ele começaria esse assunto? Como traria à tona a ideia de um relacionamento, se nunca achara que tiveram um. Balançou a cabeça em reprovação, quem deveria vir falar com ele era Taehyung. Ele não iria ceder.

- Jungkook... - escurou seu nome sair da boca do filho do deus de morte, no tom que tanto amava. - Eu... Nós precisamos... 

Uma esperança em sua alma se acendeu, pois ele gostaria de ter essa parte de história com o loiro resolvida, no entanto não queria ser aquele com a iniciativa.Talvez ali Taehyung lhe contaria as razões que o levaram a destruir seu coração e mesmo que chorasse, mesmo que doesse, ele se sentiria mais leve. Jeon procurava um ponto final concreto ou talvez uma vírgula, para que a história mudasse para melhor e ele voltasse a beija-lo como antes.

- Precisamos o que? - soou eufórico até demais, pronunciando as palavras altas como se estivesse desesperado pra ouvi-lo. 

Um silêncio se fez presente e Jeon achou que o loiro não o responderia, até finalmente o respondê-lo. 

- Não... Não é nada, tchau - disse, olhando-o penoso e com o maxilar tenso antes de sair daquele lugar que o sufocava tanto. 

Taehyung achava que seria melhor assim, porque, dessa forma, se afastaria do garoto e o tiraria de sua mente aos poucos. A despedida seria mais fácil se Jungkook o esquecesse e se não chorasse por ele. Por vezes, o tatuado via-o andando pelos corredores da Triskle, com a cabeça baixa, olhos inchados e máscara para tentar se esconder. Ele percebia também quando o garoto tentava sempre o evitar, como se fosse muito horrível até mesmo tê-lo em um mesmo ambiente. Assim, quando o observava e se perdia em sua beleza, tinha que evitar correr até o moreno para dizer o que queria e que sentia falta de sua presença, de seus toques e os beijos mais gentis que antes trocavam.

Pra o filho de Hades, era mais fácil que Jeon achasse que realmente havia o traído, assim ele o olharia com angústia e nojo, porque se ele o olhasse com ternura e com aquele sorriso inocente, Taehyung falharia e voltaria para seus braços dizendo coisas que ele nem ao menos entendia. Era um caos, principalmente na mente do mais novo, que quase – por um momento – segurou aqueles braços tatuados para o impedir de ir para dizer as coisas que estavam entaladas, mas ele sabia que se realmente fizesse, o máximo que conseguiria fazer seria chorar. 

Lágrimas não eram mais bem vindas naquela hora. Jungkook precisava se impor, não só porque achava que o mais velho havia o traído, mas por todas as palavras ríspidas e toda a possessão maldita que havia recebido do loiro. Não, ele não iria correr atrás de algo que já estava longe demais para ser agarrado.

- Droga! - Jeon rosnou sozinho, amassando os próprios papéis em sua mão a fim de evitar a ardência que começava a ter em seu rosto. 

Com os dedos cansados, o filho de Atena foi até a cafeteria, sentando-se perto da janela e pedindo um café puro para tentar despertar de seu transe emocional. Ele observava a rara chuva que caía do lado de fora e em como o vapor do seu café parecia dançar acima do líquido negro. Coisas simples o agradavam, então se perguntou como algo tão complexo como um filho do deus da morte havia o chamado tamanha atenção. Ele não entendia muito bem, mas desde o dia que o viu chegando na universidade, excêntrico com suas belas imagens cravadas em seu corpo e olhos intensos como o cheiro do café que ali bebia, soube que cairia em sua armadilha diabólica. Uma que ele nunca realmente quis sair. 

Ele tomou um gole do líquido amargo, que para ele foi quase como um doce, já que amargo mesmo estava seu coração. Que piada. Olhou uma última vez para chuva e achou-a bela e convidativa, tentando se perguntar porque as pessoas sempre a relacionavam com a tristeza, então, quando ele sem querer deixou uma lágrima escorrer de seu rosto devido a tudo que estava sentindo – sendo solidão e confusão uma das principais delas –, encontrou a resposta. A chuva não era triste, ela só era conveniente, pois se você chorasse nela, ninguém iria descobrir suas lágrimas e isso, para os melancólicos, era bom demais. 

- Taemin está te procurando, ele quer falar com você - sentiu maõs tocando seus ombros e ele logo tratou de limpar aquela gota salgada e atrevida que escorria em seu rosto. 

- O que? - perguntou surpreso ao virar-se e encontrar Hoseok. O filho de Dionísio, percebendo o nariz rosado de seu amigo e sorriu sem graça para ele, não querendo tocar no assunto. Ele sabia que Jungkook havia brigado com Taehyung, mas como um bom observador, não se intrometeria. 

- Você precisa ir falar com Taemin agora, parece urgente - disse Hoseok. - Ele me encontrou e disse para eu vir te procurar e parece um tanto irritado.

- Isso é estranho, mas obrigado... 

Jungkook caminhou com passos lentos em direção a sala do segundo diretor, temendo o que estava por vir, já que o filho de Hera sempre fora um tanto assustador. E quando chegou, sua porta já estava aberta como se o estivessem aguardando, então ele simplesmente entrou depois de anunciar sua chegada ao bater de leve em uma parte dela. Taemin se encontrava sentado em sua poltrona, vestido em um terninho florido e anotando algumas coisas em sua agenda. "Morte ao filho de Atena", imaginou-o escrevendo depois que o homem lhe lançou um olhar mortal para recebê-lo. 

- Sente-se - disse. - Chá? 

- Não, obrigado. 

- Vinya, traga chá ao filho da deusa - disse para uma ninfa do bosque que Jeon nem ao menos percebera, esta que serviu algum tipo de chá verde ao dois semideus. Ele nem ao menos se lembrava de ter visto a xícara e os outros utensílios sobre a mesa.

- Segundo diretor, Jung Hoseok disse que havia um assunto sério sobre o qual você gostaria de tratar comigo - disse Jeon, com a voz um pouco mais baixa do que o normal. 

- Sim. 

Um silêncio se fez presente e Jungkook esperou que sua resposta fosse seguida de algumas palavras ou uma explicação, no entanto, nada saiu da boca do filho de Hera. Por um momento, Jungkook sentiu calafrios e se perguntou se devia beber aquele chá ou não, pois parecia uma ótima fonte de calor para aquecê-lo. Então, quando sua mão se estendeu até que a ponta de seus dedos tocasse a haste da xícara, ele recuou a mão com a fala de Taemin, em um susto.

- Você sabia que Hera não podia ter filhos semideuses? 

- Hm... - hesitou. - Ela é a deusa da família e do casamento, seria errado, não seria? 

Taemin gargalhou pela primeira vez e Jungkook perguntou quantas camadas de humor poderiam se esconder naquele homem tão magro. 

- Seria totalmente errado - desfaleceu o riso. - Enquanto ela devia sempre se manter fiel a Zeus, guardando seus desejos somente para ele. O deus do trovão se deitava com quem bem quisesse, pois isso não é à toa que Hera se tornou um tanto... Vingativa. 

Jungkook não soube o que dizer, pois tinha medo de falar algo errado e irritar o diretor, então apenas continuou em silêncio para dar o primeiro gole do seu chá doce, não se importando muito de misturar seu gosto com o do café de mais cedo. Qualquer coisa para se distrair dos olhos furiosos de Lee Taemin parecia mais agradável no momento. 

- Então por que ela me teve? - perguntou o homem.

- Eu não sei dizer, senhor. 

- Você não anda estudando muito mitologia grega, não é mesmo? - sorriu. - Você se recorda de Perseu*, o fundador de Micenas*, não? - Jeon assentiu. - Ele é filho de Zeus com uma humana chamada Dânae, no entanto ele nunca a tocou. 

- Como assim? - Jungkook mostrou interesse, desde que sabia que seus meio irmãos e meia irmãs semideuses também nunca havia sido gerados pelo sexo e sim esculpidos por Atena. 

- Zeus engravidou Dânae ao se transformar em uma chuva de ouro e depois que a água a tocou... Ela apareceu grávida - suspirou, brincado com o chá que tomava, ora ou outra rodando o líquido com um dos seus dedos longos e pálidos. - Hera ficou furiosa, principalmente porque Dânae era uma humana sem poder algum, mas não fez realmente nada porque Zeus não a tinha tocado. No entanto, logo depois ele a traiu novamente, com outra humana e gerou Hércules*. O nome da humana era Alcmena e mais uma vez Zeus dizia tê-la engravidado através de uma chuva de ouro.

- Hércules e Perseu, dois heróis - murmurou baixinho, para si. 

- Eu não diria que Perseu é realmente um herói de honra, mas não me importo de fato. De qualquer forma, eles receberam esse título e ninguém pareceu se incomodar por Zeus ter traído Hera para engravidar mulheres mortais. Vamos dizer que a hierarquia ainda é um tanto complicada no Olimpo. 

- Mas você disse que ele não as tocou. Devia haver um motivo. 

- O oráculo que ordenou a geração dos bebês em suas orações, então Zeus não pode negar. Mas, eu disse que foi o que Zeus contou à Hera, não o que ele realmente fez - disse Taemin, passando a encarar Jeon. - É verdade que ele engravidou Dânae sem tocá-la, no entanto, seduzido pela beleza de Alcmena, deitou-se com ela e quando Hera descobriu, tomada pelo ciúmes, tentou matar Hércules. 

- Por que está me contando tudo isso? - Jeon quis saber. 

- Acalme-se, filho de Atena - pigarreou, colocando um mínimo sorriso de lado. - Hera não conseguiu sucumbir a vida Hércules quando bebê e se sentiu rebaixada pela humana que deitou-se com Zeus. Tomada pela vingança, ela seduziu um humano e me teve como seu bebê e prova de sua raiva. 

- Mas isso não destruiria a reputação dela como deusa do casamento e da família? - perguntou. 

- Hera é deusa da família e mesmo assim tentou matar Hércules, seu enteado - disse. - A balança dos deuses funciona como eles bem querem, sempre foi assim. Mas se você quer saber - Jeon não queria, na verdade -, ela recebeu sua punição. Apesar de ainda ser esposa-irmã de Zeus, ela não pode mais gerar filhos. Então eu fui seu último filho, por isso ela levou-me para o Olimpo e por isso fui alimentado com néctar dos deuses, pra que eu pudesse talvez me tornar um herói, assim como Hércules e Perseu foram. 

- Você não é um herói - Jungkook deixou escapar. 

Taemin direcionou seus olhos para Jeon como se fossem os de medusa, desejando petrifica-lo. Ele não se importaria, já que reconhecia que havia deixado escapar um comentário um tanto desrespeitosos para o Segundo Diretor. 

- Eu não sou Perseu - levantou-se, caminhando para trás de Jungkook até ter as mãos nos ombros do rapaz. - Eu não sou Hércules. Mas, eu sou Lee Taemin, o segundo director da Triskle a mando de Zeus e devo ser herói para os alunos dessa instituição. E como responsável por todos que aqui estudam e residem - apertou os ombros de Jeon -, eu devo saber quando um aluno é sequestrado por outro. 

- Eu... - Jungkook não soube o que dizer, ele nunca realmente havia falado sobre Bogum para Taemin e lembrar do episódio era doloroso demais.

- Não há justificativas! - gritou - Eu tive que saber por Kang Daniel. Quem fez isso? 

- Park Bogum - respondeu sem demora, dado que queria livrar-se daquele assunto o mais rápido possível. 

- Certo, a partir de hoje ele está proibido de entrar no campus. Teremos que colocar centauros vigiando os portões até ele ser pego e pagar por isso - disse irritado, como se estivesse cansado demais de tantos problemas. - Se ele fez isso com você, pode fazer com qualquer outra pessoa e você não ter me avisado antes, coloca muitas pessoas em perigo!

Mesmo sabendo que Bogum provavelmente não mataria ninguém, além dele, Taemin estava certo em se preocupar com os outros estudantes. 

- Ele não vem a Triskle desde aquele dia - explicou Jeon. 

- Não interessa - colocou e dedos na ponte do nariz, suspirando pesado. - Mandarei alguns filhos de Apolo para tentarem descobrir onde ele se esconde, pois ele deve ser julgado pelo Ministério de qualquer forma. Sequestro é crime, filho de Atena. 

Jungkook abaixou a cabeça, esperando não ter que contar detalhes sobre o que realmente aconteceu dentro daquela cabana que havia ficado preso, pois lembrar de como tinha ficado tão vulnerável, ainda mais sendo um semideus, era triste e frustrante. 

Ele levou as mãos para beber o resto chá e os goles longos desceram de uma vez, como se ele nem ao menos apreciasse o gosto suave da erva. No entanto se arrependeu amargamente de tê-lo feito, principalmente quando escutou alguém batendo na porta aberta – como ele havia feito antes – para entrar na sala de Taemin. E foi assim que seus olhos se encontraram. Taehyung pareceu estático no meio do grande piso de porcelanato italiano, preso no rosto enigmático do filho de Atena, este que sentiu a garganta ficar seca como se não tivesse bebido absolutamente nada naquele dia. 

"De novo não...", pensou Jungkook, virando-se rapidamente para frente. O garoto apertava as coxas com as mãos, tentando desfazer o nervosismo que sentia e irritava-se aos poucos consigo mesmo por se sentir como um maldito adolescente. 

- Taehyung, sente-se ao lado de Jeon - pediu Taemin. O filho de Hades andou até o mais novo, mas continuou em pé. Seria mais fácil para não olhá-lo, afinal. 

- Qual o problema? - perguntou com sua voz grave. Direto e apressado, assim como estava pela manhã. 

- Baek Eunji disse-me que os dois usaram poderes mágicos durante o período acadêmico - suspirou o segundo diretor. - Eu lembro claramente de ter feito as novas regras e eu lembro claramente de mandar você - apontou para Jeon - explicar todas elas à Taehyung. Vocês sabem que devem arcar com as consequências de quebrarem as regras.

- Baek é um nojento! - Jungkook se exaltou. Tanto quanto lembrava-se de Taehyung aventurando-se no banheiro, lembrava-se de ter socado o filho de Hefesto por assédio. - Se foi usado poder contra ele, deve ser porque mereceu. 

- Foi contra um aluno! - Taemin espalmou a mesa, fazendo alguns lápis rolarem pela madeira. 

- Por que está se importando com isso, senhor? - Jeon elevou a voz. - Esqueceu que Hades está prestes a acabar com o mundo? 

- Regras são regras.

- Qualquer que seja o castigo, eu assumo... - Taehyung disse indiferente, virando as costas para se retirar. 

Jungkook sentiu raiva. Não de Baek e muito menos de Taemin, mas sim do filho de Hades, que era o indivíduo que nascera no mundo com o intuito de perturba-lo, como um demônio em estado tédio ou Sócrates com seu ócio. Ele já havia mentalizado que não iria perder para Taehyung e deixá-lo levar a culpa sozinho era exatamente a síntese de uma perda. Ele recordava-se de não usar poderes em Baek, já que Taehyung que havia invocado seu cão infernal, mas lá estava ele naquele momento, sendo um cúmplice a altura, além de terem transado na cabine do banheiro um pouco antes, o que ele jurava ser bem pior. 

Ele não podia deixar o ego de Kim inflar enquanto ele não fazia nada. 

- Espera aí! - gritou, levantando-se e pegando no bravo do tatuado, impedindo-o de dar o próximo passo. Mais uma vez sentiu o típico formigamento no corpo pelo contato e pode se recordar de como a pele do mais velho era quente. - Isso não é certo! 

O tatuado assentiu e os dois permaneceram se olhando por alguns segundos, perto demais, saudosos como nunca e em um mundo que haviam construído somente para eles. Taehyung quis beija-lo para sanar as saudades ao mesmo tempo que queria puxar sua mão para um local privado a fim de conversarem sobre o mal entendido que tiveram. Faltava pouco para ele ceder.

Jungkook pode observar quando uma faísca brilhou no olhar do loiro, saindo assim de seu transe e tirando sua mão do corpo alheio quase como se sentisse nojo. Pois bem, nojo era a última coisa que sentia, talvez raiva, mas nojo não. Nunca.

- Qual o castigo? 

- Não é um castigo tão ruim. São duas coisas e uma delas é uma missão que vai ajudar vocês à talvez conseguirem a segunda flecha de Moros. Então não, filho de Atena, eu não me esqueci dos planos de Hades.

Taehyung pareceu subitamente interessado com a segunda parte. 

- Como alguns filhos de Apolo irão atrás de Bogum - continuou Taemin, olhando de relance para Jeon -, não teremos gente suficiente no festival de Setembro, daqui a três dias. Vocês precisam trabalhar juntos para montar uma quitanda no festival, já que eles foram inúteis demais para começar.

Taehyung revirou os olhos, pensando a que nível aquilo havia chegado. Ele não era atendente de barraca, não sabia lidar com pessoas, muito menos tinha uma imaginação fértil para decidir um tema. Por um momento, o loiro se esquecia que estava estudando em uma universidade e que esses eventos eram um tanto normais. E assim como a ideia era desconfortável para Taehyung, também era para Jeon, ja que teria que trocar palavras com o loiro para decidir temas e elaborar como aquilo tudo funcionaria. Não aguentava quase nem olhar seu rosto, quanto mais ficar num mesmo mesmo local para trabalharem juntos. 

- E sobre a missão de Moros? - perguntou Taehyung, apressado. 

- Vai ser uma missão bem complicada - sorriu Taemin, um tanto entusiasmado. - Na verdade, muito  complicada. O professor Seokjin e Yoongi, disseram-me que vocês precisam de um filho de Hermes de confiança para encontrar cartas que o Destino provavelmente mandou para Eros. No entanto, acredito eu, que precisem de passagens secretas que os levem até a casa de Moros, sem que despertem desconfiança.

- Como assim, passagens secretas? - perguntou Jeon.

- Passagens, portas dimensionais, buracos de minhoca - explicou Taemin -, assim como aquela que Taehyung usava para entrar no submundo. 

Jungkook lembrou levemente de uma vez Taehyung o mencionar sobre um quadro no museu do Louvre que o levava direto para o mundo dos mortos, lembrou também em como se pegaram em cima de sua cama depois disso. "Malditas lembranças", pensou. 

- Existe um filho de Hermes chamado Lee Taeyong que tem um hábito estranho de roubar informações, melhor dizendo, ele possui a informação de quase todas as passagens do mundo divino e não compartilha com ninguém - Taemin cruzou os braços. - Então devem resgata-lo. 

- Resgata-lo de onde? - perguntou Taehyung. 

- Resgata-lo do Presídio de Segurança Máxima, em Okinawa, no Japão - Yoongi apareceu das sombras, entrando na sala como se já tivesse ensaiado varias vezes. 

- Está atrasado! - Taemin disse para o filho de Ares, que apenas deu de ombros.

- O que?! - Jungkook surpreendeu-se, virando seu rosto para encarar Yoongi, o filho de Ares que parecia dizer coisas sem sentido. Por que eles libertariam um presidiário? - O que ele fez? 

- Apesar de ser um filho de Hermes, o deus dos ladrões, ele não se encaixa exatamente nessa categoria. Mas, ele tentou explodir o Vaticano* a cinco anos atrás, durante a cerimônia do Papa - Yoongi disse calmo. - Vamos dizer que ele odeia o catolicismo e é muito devoto aos deuses.

"Um terrorista fanático, não podia ficar melhor", Jungkook pensou. 

- Ele não me parece são. Devemos o deixar preso - Taehyung disse. 

- Ele é... Diferente - Yoongi respondeu, tirando uma maçã do bolso e dando uma mordida. 

- Ele é a nossa única opção, filho de Hades - Taemin se pronunciou. - Aluguei dois quartos na ilha e vocês partirão daqui uma semana com Yoongi e Jimin. Estão dispensados. 

[Notas da autora: Escutem 

Fool for you - Zayn]

Dito isso, Yoongi colocou os braços ao redor dos dois semideuses e os puxou para fora da sala do segundo diretor, nem um pouco impactado com o fato de que teriam que ir contra a lei para resgatar um terrorista fanático religioso. Se Jungkook pudesse usar uma palavra para descrever a situação, seria bizarro, no entanto lembrou-se que eles não eram humanos, então a normalidade não seria um padrão. Suspirou ao passar as mãos pelo rosto e quando se seu por conta, Yoongi já caminhava para longe, deixando ele sozinho com Taehyung em um corredor vazio e cheio de eco. 

O vento parecia fluir bem pelos corredores, mas Jeon sentia o calor lhe invadindo aos poucos, ainda mais quando nenhum dos dois sabia o que fazer ou como agir. Talvez ele deveria ir embora, então, resolveu dar o primeiro passo e o segundo, mas foi impedido no terceiro, quando uma mão grande e cheia de desenhos o segurou pelo pulso, como ele mesmo havia feito minutos antes. Na verdade, como eles sempre faziam, seguindo seus velhos hábitos.

- Espera... - disse o tatuado, com a cabeça baixa. A franja longa e bagunçada cobria seus belos olhos amendoados.

- Por que? - perguntou Jungkook.

- Nós precisamos... - Taehyung estava pronto para ir contra tudo que havia planejado. Para ele estava sendo sufocante todos os olhos julgadores e tristes que recebia de Jeon, assim como era torturante não sentir seu cheiro de noite em um abraço carinhoso. Desejou não pensar mais no garoto, para que logo fosse mandado ao Tártaro sem fazê-lo derramar lágrimas, mas o filho de Atena havia se tornado seu remédio. Ele precisava ao menos se desculpar propriamente. - Nós realmente precisamos conversar, Jungkook. 

O mais novo sentiu suas bochechas ficando rubras ao passo que seu estômago embrulhou. Ele tentava reconciliar todos os sentimentos que sentia no momento e odiou isso. Ele sentiu tudo ao mesmo tempo e o responsável era Kim Taehyung. Horas mais cedo parecia desesperado para que conversassem e para que o tatuado desse o primeiro passo em relação a isso, assim eles teriam um ponto final ou uma vírgula. Mas o medo o inundou e ele percebeu que não queria saber da resposta, porque se recebesse um ponto final de presente, não aguentaria a dor.

- Eu não sei se quero conversar sobre isso... 

Taehyung sentiu seu coração parar por um segundo e seus olhos arderem. O cara que era um raro filho do deus da morte, cheio de tatuagens e arrogância, agora queria chorar, como a criança que era antes de tomarem sua mãe de si. Aos poucos sua mão ia se desenlaçando gentilmente dos pulsos do outro garoto até se voltarem totalmente e caírem para os lados. Sem vontade e trêmula.

Taehyung percebia que havia estragado tudo, desde o começo. 

- Tudo bem... - ele tentou sorrir, mas falhou, o que foi bem percebido por Jeon. Os corações dos dois jovens estavam sendo esmagados por eles mesmos. - Se um dia você quiser conversar comigo, eu não vou fugir. 

"Só não espero que seja tarde demais", pensou frustrado, temendo o seu próprio futuro. 

- O-obrigado... Por respeitar isso... - Jeon disse com o peito sufocado. Estava surpreso com o fato de ainda estar respirando.

Taehyung sentiu quando sua primeira lágrima escorreu do seu olho esquerdo, molhando sua bochecha. O filho de Atena pode observar a surpresa do loiro com seu funcionamento biológico quando ele levou sua mão para limpar a gota ao mesmo tempo que tentava sorrir sem graça, como se pedisse desculpas por estar sendo patético. Muito pelo contrário, naquele momento o filho de Atena não o achou nem um pouco bobo ou patético, na verdade achou ele estava agindo com sinceridade, mesmo quando já o vira chorar antes, mas aquela situação era diferente de todas as outras. Lágrimas são sinceras, não são? Mesmo aquelas disfarçadas pela chuva. 

- Taehyung... - Jungkook chamou e o filho de Hades o encarou surpreso por ouvir seu nome no tom de voz doce do rapaz. 

- Sim? 

- Você me fez cair direitinho na sua armadilha - disse o filho de Atena, sincero e com os olhos marejados por vê-lo chorar. - Pergunto-me se faria novamente.

Taehyung levantou um pouco mais a cabeça, tentando encontrar os olhos do mais novo para lhe contar a única verdade que ele sabia naquele mundo louco, cheio de mistérios e deuses tentando acabar com o mundo. 

- Isso é impossível Jungkook-ah - sorriu quadrado pela primeira vez, depois de muito tempo, como se nem ao menos tivesse chorado segundos atrás. 

- E por quê? 

Quando finalmente teve os olhos de Jeon presos ao seu, ele disse convicto aquilo que lhe veio no coração. Sincero e gentil, como o vento de outono que chegava com setembro.

- Pessoas que caem em armadilhas são tolas. E, na verdade, o único tolo por você aqui, sou eu.

 

 

_________

(Se a música estiver tocando ainda, apreciem, ela é muito boa pra vocês darem pausa)

• LEIAM AS TERMINOLOGIAS •

* Perseu: Semideus filho de Zeus que matou Medusa.

* Micenas: No segundo milênio a.C., Micenas foi um dos maiores centros da civilização grega e uma potência militar que dominou a maior parte do sul da Grécia.

* Hércules: Hércules ou Héracles foi o herói mais célebre da cultura greco-romana, era filho bastardo de Zeus com Alcmena.

* Atlas: Um dos titãs condenado por Zeus a sustentar os céus para sempre.

* Vaticano: Ou Cidade do Vaticano, oficialmente Estado da Cidade do Vaticano, é a sede da Igreja Católica e uma cidade-Estado soberana


Notas Finais


Voltei meus amorecos 💗💗

Scrr, chorei fazendo esse capítulo porque eu senti tudo que o Taehyung e o Jungkook sentiram. Poxa, podemos ver uma evolução e tanto aqui, certo? Sinto muito pelas pessoas que abandonaram a obra no cap 15, pois a história não tá nem perto de acabar, mas entendo, eu tbm dicaria brava com o Taehyung.

Aposto também que vocês não esperavam que isso tivesse acontecido com Taehyung. Por que será que os mortos querem voltar a falar com Taehyung? E quem será esse filho de Hermes todo louco (poxa eu amo esse personagem, AMO DEMAIS e acho q vcs vão gostar tbm, mas pfvr pensem q ele ainda é um terrorista meio pirado kkkk não é influenciável)

O que vocês esperam de Taekook a partir de agora?

Obrigada a todas as pessoas que vem me apoiando e me dando feedback, mesmo negativo, pq eu sempre posso melhorar a fic de um jeito que não me prejudique 🥺💜

Gente o Lee Taeyong é do NCT, pegam fotos dele com cabelo vermelho, bjs.

OBRIGADA ATÉ A PRÓXIMA ATT


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