Três meses haviam se passado desde o encontro entre as familias Park e Min e os encontros entre Jimin e Suga haviam se tornado frequentes, o garoto de cabelos rosados havia se apegado muito ao filho único da família Min. O jovem Park sempre chegava em casa animado, feliz e muito agitado após seus encontros com o garoto de cabelos acinzentados.
As coisas que aconteciam nos passeios eram confiados aos ouvidos de Tae, que sempre ouvia o primo com um olhar triste nos olhos. Jimin sabia que o primo sentia algo especial pelo Min, algo muito mais forte do que Jimin sentia. O rosado sentia uma espécie de afeto, de carinho por Yoongi, mas não chegava à metade do que Tae sentia pelo acinzentado. Jimin ainda sentia o peso de estar com alguém, por escolha dos pais, sem qualquer intervenção sua, e que aquilo, ainda por cima, estava ferindo os sentimentos de seu primo querido.
Era um lindo domingo ensolarado, Yoongi e Jimin haviam ido ao shopping e como sempre o rosado chegou aos pulos na imensa casa dos Park, encontrando o primo na cozinha, comendo um lanche da tarde. Jimin pega Tae pela mão e o puxa escada acima levando-o até o quarto do rosado, para contar ao moreno como foi o passeio.
- Tae! Por favor, não fique assim! - Jimin fala, olhando aflito para o primo que parece estar mais triste e distante que o normal, após contar suas aventuras da tarde.
- O que? - o garoto volta o olhar para Jimin, dando-lhe seu rotineiro sorriso quadrado - Desculpa, não te escutei, ChimChim!
- TaeTae! Sabe como fico quando você está assim... Também fico triste! Sinto como se estivesse cometendo o maior dos crimes do mundo.
- Do que está falando, ChimChim?
- Taehyung! Sei que você gosta do Suga... Você já confessou isso, meu primo... E, a cada dia que passa, sinto como se estivesse te traindo! Odeio sentir isso!
- O que? Me traindo? Para, ChimChim! Eu já te falei que sou forte, que vou aguentar!
- Não está parecendo... - o garoto rosado senta na cama, com uma expressão triste estrampado no rosto fofo.
- Desculpa eu estar te preocupando, meu primo! Não sei... Sou forte... Mas doí! Sei que vou superar isso... Apenas me dê tempo... - diz Tae, sentando ao lado do primo.
- Se dependesse de mim, você não precisaria suportar nada! Cancelaria esse casamento facilmente... - o menino de bochechas grandes vira-se para encarar o outro, olhando-o no fundo dos olhos, seguirando as mãos imensas do primo com suas pequenas mãozinhas.
- Diz isso apenas para me dar esperanças... Jimin, sei que você faria qualquer coisa que seu pai falasse para você, qualquer coisa que ele julgasse ser certo. - Tae diz, fazendo o mais baixo abaixar a cabeça.
Tae estava certo, por mais que Jimin quisesse negar. O rosado era sempre o cachorrinho obediente de seu querido pai, fazendo suas vontades, nunca demonstrando um pingo de vontade própria... Claro que o fato de Jimin ser um ômega e seu pai um alfa, ainda mais Lupus, seria um motivo plausivel, visto que ômegas, de acordo com a ordem natural, são submissos aos alfas. Seria plausível, mas não naquela casa, isso por causa de uma ômega chamada Park Sun Lee, mãe de Jimin. Ela, mesmo sendo gentil e um ótima esposa para o Sr. Yang, ela também podia ser muito teimosa, confrontando Yang com seu tom calmo.
Então não poderia afirmar que o fato de seguir o que seu pai falava seria devido à sua condição de ômega. Jimin sabia que na realidade, fazia o que fazia pois queria que seu pai sentisse orgulho do filho que tinha mesmo ele sendo um ômega. Claro que não era como se Yang o odiasse por ser um ômega, mas, para o rosado, o velho Alpha Lupus sentiria mais orgulho do filho que tinha se este fosse um Alfa, então o jovem menino sempre fazia de tudo para agradar o pai, para tentar recompensar o fato de ter nascido ômega.
- Jimin! - o rosado acorda de seus pensamentos e olha para o primo. - Desculpa! Não deveria ter falado assim com você.
- Mas é verdade, Tae! Eu, você, todos que me conhecem, sabem que tudo o que você falou é verdade. - diz Jimin, dando seu comum eyesmile, mas a tristeza era visivel em sua fisionomia.
- ChimChim...
- Não, Tae! Sei que sou um cachorrinho do meu pai... Mas tenho medo! - mesmo Tae sendo seu melhor amigo e seu primo direto, Jimin nunca teve coragem de falar daquilo com ninguém nem com ele.
- Medo? Medo de que?
- Medo de ser odiado... De não chegar as expectativas de meu pai...
- Jimin, você sabe que o tio Yang te ama...
- Tae... Aposto que ele me amaria mais se eu fosse um alfa. Sinto isso...
- Jimin, para de ser bobo. Ele te ama! Ele te ama como você é! Ômega ou alfa, tem que se lembrar que primeiro você é filho dele... Ele te ama pelo Jimin que conhecemos e não pela sua classe! Coloca isso nessa sua cabecinha cor de rosa! Escutou?!
O rosado abaixa a cabeça e encara o chão do quarto. O silêncio se instala no lugar e Tae sente que novamente havia falado besteira, mas antes que pudesse falar agora, Jimin logo solta:
- Tae! O que você sente?
- Ahn? - disse o moreno confuso.
- Sobre o Suga? Como você se sente?! Tipo quando ele aparece aqui em casa, quando passa do seu lado?!
- Não sei... Quando o vejo, meu coração se enche, sinto o ar me faltar, como se eu estivesse sufocada. Meu corpo estremece quando ouço sua voz. O fato dele estar no mesmo ambiente que eu me deixa calmo, mas me agita ao mesmo tempo.
- Nossa, que confuso!
- Nem me fale... Sorte sua não tem sentido isso até hoje!
- As vezes sinto que nunca vou me apaixonar na minha vida!
- Nunca fale nunca, priminho! Vai que você se apaixona pelo Yoongi!
- Pelas brincadeira que a vida faz comigo... É capaz que eu me apaixone por outra pessoa e deixar essa situação mais confusa...
- O que você faria? - a voz de Tae sai curiosa.
- Ahn?! - agora é a vez de Jimin questionar.
- O que faria caso se apaixone por outra pessoa? Iria contra as vontades do seu pai?!
- Não sei, TaeTae... Mas dizem que quando você está apaixonado seu mundo muda....
- Isso é verdade... Mas, ChimChim, sempre lembre que seu coração é mais poderoso que seu cérebro! Principalmente quando reconhece seu alfa destinado!
- Você acredita nessa baboseira de Alfa e Ômega destinados?
- Depois do Yoongi comecei a acreditar... Mesmo que eu não seja o Ômega destinado dele... eu sei e eu sinto que ele é meu Alfa destinado. Não me pergunte como, apenas sei!
- É possível a pessoa ser sua destinada e você não ser a destinada dela? - Jimin pergunta confuso, nunca havia acreditado nisso, nunca havia discutido isso com seus pais.
- Diz minha mãe que sim... Porém isso é raro e pode levar a pessoa à depressão, a infelicidade e até mesmo ao suicídio.
- Tae... - A voz de Jimin sai triste ao olhar para o primo, pensando sobre aquela situação estar acontecendo com seu primo.
- Não se preocupe... Já te disse mil vezes que sou forte, não disse?!
- Disse, mas mesmo assim, Tae... Não quero te ver infeliz, meu primo! Vou pedir aos meus pais que escolham outra pessoa para esse casamento, não quero ser a causa do seu sofrimento...
- Jimin... Caso eu não seja o Ômega destinado de Yoongi, pouco importa você estar em um relacionamento com ele ou não, ainda assim, meu amor nunca será correspondido.
- Tem razão...
A conversa entre Jimin e Taehyung continuou a tarde inteira, eles falavam sobre qualquer tema, desde garotos e garotas que lhes interessavam, chegando até a faculdade que Taehyung começaria na semana seguinte, no curso de Administração. De repente, alguém toca na porta do quarto, o rosto de Sun Lee aparece chamando os garotos, com uma bandeja que continha sanduíches e sucos.
- Meninos... Fiz um lanchinho para vocês!
- Obrigado, tia! - diz Tae com o sorriso quadrado tipíco dele.
- Obrigado, mãe!
- Não foi nada, queridos! - A gentil mulher sai do quarto após deixar a bandeja sobre a mesa central.
-ChimChim... Sei que isso vai apenas piorar minha desilusão, mas... Preciso saber... O Yoongi beija bem? - diz Tae, ainda olhando para a porta, onde a mãe de Jimin já havia desaparecido. O rosado vira-se espantado para o primo, que o olha subindo as sobrancelhas - O que? Vai falar que nunca o beijou?
Jimin balança a cabeça envergonhado, negando a situação. Ele nunca havia beijado Yoongi nestes três meses que eles estavam saindo. Quer dizer, não era que não quisesse e que Yoongi não houvesse tentado, mas Jimin sentia que não era certo, com Tae, com Yoongi e com ele mesmo.
- Nossa... Nem para pelo menos dizer que ele tem uma boa pegada... Se o beijar, me conta, ok? - Jimin enrubresse novamente.
Quebra de tempo--------------
Um semana depois daquele dia, Yoongi e Jimin não havia se encotrado mais depois daquele domingo, mas sempre conversavam por mensagens. Tae havia iniciado suas aulas, então não ficava muito com o rosado, porém as conversas por telefone e mensagem não paravam nunca.
Jimin havia saído de casa, andava pelas pacatas ruas do vilarejo dominado por seu pai. Toda a alcateia morava na pequena cidadela, e todos conheciam e respeitavam Jimin, mesmo ele sendo um ômega.
O pequeno ômega havia saído com a intenção principal de comprar algumas coisas e buscar supressores na farmácia, visto que seu cio se aproximava. Os cios de Jimin costumavam durar de 5 a 7 dias... Dias de tormento para o rosado. Eram intensos e dolorosos, por nunca ter passado o cio com um alfa, Jimin sempre teve que tentar saciar seu desejo com consolos, o que nunca de fato satisfez o garoto por completo.
O rosado pensava que agora que estava com Yoongi, talvez conseguisse finalmente passar o cio com um alfa.
Andando pela cidadela, Jimin chegou ao extremo do território de seu pai. A pequena cidade terminava, juntamente com as posses de seu pai e da alcateia, em uma floresta escura e fria. Histórias sobre o que vivia entre aquelas árvores sempre eram contadas as crianças travessas do vilarejo, para assusta-las e impedi-las de ir aquele território sem lei. Jimin, por ser ômega, com uma fragrância muito forte, e por ser filho do líder, era proibido de sequer aproximar-se daquela região.
Durante sua caminhada, após comprar o que era necessário, Jimin começou a observar a escura floresta, limite da cidadela, quando avistou dois lindos olhos azuis claros, brilhantes e extremamente grandes. Olhos de lobo, observando a cidade por entre as árvores.
Era comum a existência de forasteiros que se perdiam naquela floresta e buscavam refúgio no pequeno vilarejo, sempre sobre autorização de Park Yang.
Um calafrio percorreu a espinha do ômega, porém uma fixação incomum ocorreu quando os olhares se encontraram. Algo dentro se Jimin se remexia, como se borboletas estivessem habitando seu estômago e tentassem sair do local... Era estranho. O rosado nunca havia sentido isso antes.
De repente, após um momento de distração do rosado, os olhos somem do campo de visão de Jimin. Por impulso, o ômega anda até o limite, próximo as árvores onde havia visto o par de olhos.
"Jimin, você está proibido de andar naquela floresta, escutou, meu filho?!" A voz de Yang surge na cabeça do rosado, fazendo-o interromper sua trajetória até a floresta. Mas as palavras de Tae surgem em sua cabeça logo em seguida: "cachorrinho de seu pai", fazendo-o dar o próximo passo em direção a floresta.
A curiosidade de saber quem era e a adrenalina de estar desobedecendo seu pai dominam o corpo do jovem quando ele se dirige a floresta.
Assim que Jimin entra pelas árvores tortas e sombrias do local, um medo começa a se instalar em seu âmago. A cada que dava, pensava "Por que foi fazer isso, Jimin? POR QUÊ?!". Mas a curiosidade de encontrar o dono daqueles olhos ainda estava instaurado em seu corpo.
- O que um Ômega pequenino e lindo faz aqui sozinho? - Jimin ouve uma voz grossa e estranha vindo de algum lugar da floresta, não sabendo ao certo localizar onde o dono da voz estava. Seu instinto falava que este não era o dono dos olhos lindos. Ainda, seu corpo começa a sentir um tremor incomum.
De repente, uma grande e bruta mão tapa-lhe a boca, impedindo o de gritar. O desespero começa a tomar conta de Jimin.
- Que cheirinho maravilhoso que você tem! Morango, meu favorito! - disse o homem lambendo lhe o rosto. Jimin se sentia enojado, seus olhos lacrimejavam ao pensar o porque fora desobedecer seu pai... o estômago de Jimin embrulha de nojo e repulsa daquele homem quando sente o membro rijo deste pressionar-lhe em suas nádegas. Iria ser estuprado e morto... Sentia isso! Estava com medo de morrer. Queria seu pai, queria a proteção do dono dos olhos azuis, mesmo não o conhecendo. Queria apenas ajuda!
O garoto começa a se mover tentando se desvencilhar do aperto de seu agressor, mas vê que é inútil, o homem é um alfa. O respiração de Jimin está acelerada demais... Ele está hiper-ventilando... Sua visão começa a escurecer e Jimin sabe que iria perder a consciência.
Ainda estava com um pequeno lastro de consciência quando sente um som esganiçado sair da garganta de seu agressor e o aperto afrouxar, e o corpo imenso despenca. O corpo de Jimin, já sem forças para se manter em pé, cai junto com seu agressor. De repente, com o resquício de visão que ainda tinha, Jimin vê um vulto se aproximar dele, pensou ser outro alfa pronto para abusar-lhe, mas assim que o vulto falou, o coração de Jimin se acalmou. Ele não sabia o porque, apenas sentiu segurança e paz ao escutar aquela voz forte e firme.
- Vou te levar para casa... Pequenino! - Jimin ouviu um risada, enquanto sentia seu corpo ser suspenso no ar. O cheiro forte de menta invadiu a mente já fraca de Jimin, mas ficou marcado em seu ser. Aquele maravilhoso cheiro. Cheiro de alfa.
Com aquela sensação de proteção e segurança, Jimin se deixou ser levado pela escuridão e perdeu a consciência.
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