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História O Furacão de Fogo e O Lobo Lendário (Hiatos) - The One That Got Away


Escrita por: loveisakarma

Notas do Autor


É um pássaro? É um avião? Não!
É uma atualização!!
Consegui trazer um capítulo fresquinho (acabei de escrever) e tem 4000 palavras! Obrigada por esperarem. Amo vocês!

Capítulo 14 - The One That Got Away


–Ei! Por que fez isso? –Fubuki caiu de bunda no chão com o arremesso de Goenji.

–Desculpa, desculpa! Você tava em cima do meu pé e tava doendo. –Disse doce e se levantou para ajudar Fubuki.

–Não precisa me ajudar... –Negou a ajuda, orgulhoso. Ele podia se levantar sozinho.

Ambos ficaram encarando partes distintas da escola onde estavam. Acanhados de terem passado por essa situação constrangedora, optaram por ficarem parados.

Um barulho na barriga de Shirou chamou a atenção de ambos. Shuya quis rir, mas escolheu agarrar a oportunidade que vida lhe deu de bandeja.

–Vejo que está com fome... –Mordeu os lábios, coçando a nuca. –Eu estava indo para a cozinha, quer que eu faça alguma coisa pra você?

Fubuki cruzou os braços e olhou o loiro de cima a baixo. Suspirou, pensando se iria ou não dar uma chance para o outro se redimir do que fez, afinal, aqueles olhos castanhos pidões não pareciam querer deixar essa chance passar.

–Pode ser... –Ouviu um suspiro de alívio vindo de Goenji. –Mas a cozinha é pra lá.

O pequeno disse humorado apontando para a direção em que estava indo. Seu objetivo era quebrar um pouco do gelo, não queria fazer daquele momento algo desnecessário. Gostaria de brincar um pouco com o coração Shuya, mas não o faria, essa atitude não levaria a lugar algum.

Silenciosamente, seguiram para o grande refeitório da escola. Era complicado andar no escuro, mas a iluminação dos postes que haviam lá fora ajudavam os dois a não esbarrarem em nada. Estava fresco, mas não frio. Lá fora, o céu estava escuro, a lua não havia dado o ar da graça, como se estivesse de mal com o mundo.

Acenderam as luzes da cozinha, piscando para se acostumar com a iluminação intensa. Era uma cozinha padrão, como a de quase todos os colégios. Causava até uma nostalgia em ambos, dado que a primeira conversa deles havia ocorrido em um local igual a esse.

–Eu me sinto um ninja fazendo isso na escola dos outros. –O mais alto comentou para quebrar o gelo, embora estivesse nervoso. –Primeiro no seu colégio, agora aqui.

–Pois é. –Fubuki ainda estava um pouco ressentido. Apenas aguardava o tão esperado assunto.

–Ei, eu... –Os dois falaram ao mesmo tempo e depois se encararam, envergonhados. Goenji pigarreou e começou, percebendo que Shirou deixou uma abertura para ele falar.

–Acho que te devo explicações, certo? –Goenji abria as portas dos armários à procura de algo para fazer para o menor. –Eu venho pensado e conversado com Kidou e... Não.

Balançou a cabeça, negando. Estava começando errado e sabia que precisava ir com calma, não apenas vomitar informações em cima do outro. Shirou franziu as sobrancelhas, confuso.

–Desculpa, comecei errado. –Achou uma panela e a 'analisou' para evitar contato visual. –Acontece que, parte das coisas que te disse na roda gigante eram verdade.

Ambos evitavam se encarar. Quando Shuya voltou para mais perto, algo queimava nos dois. Não era ruim, apenas estranho, pois depois de tanto tempo separados, ansiavam pelas cartas sendo jogadas na mesa.

–Não é só pelo elogio que você me fez quando estávamos no parque, de um tempo pra cá eu tenho sentido algo diferente quando envolve estarmos juntos. –Acabou achando macarrão e alguns legumes já cozidos, havia sobrado do jantar. Faria um yakissoba, talvez? –E parece que, naquele dia em específico, eu estava pensando demais nisso. Eu gosto muito do Endo e do Kidou, por exemplo, mas com você não é a mesma coisa. Por algum motivo, comparar você com eles não é válido, é... diferente uma coisa da outra.

Shirou ouvia atentamente o que Goenji dizia. O orgulho lutava para tomar as rédeas da situação, querendo mandar o outro para a puta que pariu por tê-lo machucado. Mas sabia que aquilo não era certo, precisava respirar e ouvir pacientemente o que Goenji tinha a dizer. Você é tão bobinho, Shirou. Atsuya, novamente, se intrometendo nos pensamentos do irmão. Isso estava cada vez mais frequente, até fora do campo.

–Eu comecei errado a partir do momento que simplesmente comecei a me afastar. Falando em voz alta, é constrangedor te admitir isso mais uma vez porque foi idiota da minha parte. Me desculpa, eu não quero justificar, apenas explicar: Eu estava confuso com isso. Como disse, entre nós não é como se fosse uma amizade comum... –Goenji começou a cortar os legumes em pedaços, evitando sempre olhar nos olhos do outro. Se sentia exposto, como se estivesse pelado.–Não foi uma atitude pensada e quando tive a oportunidade de falar com você...

–Você estragou tudo. –Shirou completou, dando uma leve mordida nos lábios e balançando as pernas de cima do balcão. Goenji encarou ele com as bochechas rosadas e confuso.

–Okay, okay, eu mereço ouvir isso. –Acabou dando de ombros, sabia que merecia mesmo. –Você tem razão. Acabei ficando um pouco sob pressão e respondi no calor do momento. Só piorei as coisas.

–Piorou mesmo. –O pequeno não se segurou e respondeu ácido.

–Touché. –Fez um barulho como se tivesse sido nocauteado pela fala do outro. –De verdade, Shirou, eu sei que foi impensado e babaca. Falei coisas que não deveria ter falado, sem ao menos pensar nas consequências.

Goenji relutava sobre se abrir ou não com o menor, era como se um resquício de orgulho ainda estivesse segurando as rédeas da situação. Ao mesmo tempo que respirava entre uma frase e outra, ligou o fogão, colocando o necessário para começar o prato.

–Por que você foge das coisas? –Fubuki perguntou. –Não pergunto só por curiosidade, mas agora é o momento da gente começar a se entender. Eu ainda não te conheço, Goenji, sei apenas o básico pra gente começar a ter uma relação a mais que apenas conhecidos.

Em virtude das ações de Shuya, o cuidado com as palavras era necessário naquele momento tanto de um, quanto de outro. Como já dito, era um momento de começarem a se abrir um com outro se quisessem que aquilo desse certo.

–Eu vou tentar. –Respirou fundo, tentando organizar os pensamentos. –Eu fui criado por um pai extremamente rígido, frio, calculista e até mesmo um pouco autoritário. Ele sempre foi muito conservador e metódico: Não faça isso, não chore, não demonstre demais, faça isso, não aquilo e blá blá blá. No entanto, minha mãe era um anjo.

O coração pulava no peito quando lembrava-se dela. O sorriso nostálgico travava uma batalha com a dor dentro de si. Prosseguiu:

–Ela sempre me apoiava às escondidas. Quando ele gritava comigo por baixo desempenho na escola ou por eu gostar de brincar com os brinquedos de "menina" da minha irmã menor, ela sempre estava me dizendo palavras doces e sendo compreensiva. Melhor que isso! Ela sempre me ajudava a evoluir, me ensinava meios de resolver um problema. –Goenji se empolgou, o que era extremamente raro ver ele dando leves pulinhos enquanto falava sobre algo. Em suas mãos, quase deixou a comida queimar.

Shirou olhava para Goenji, não dando a mínima se exagerava no contato visual. Uma vez que vira o loiro com os olhos brilhando, a mão soltando o cabo da frigideira para articular levemente no ar e o sorriso no rosto, era como se seus órgãos virasse manteiga. O que sentia por aquele garoto era tão tão TÃO puro que ao menos se dava conta que segurava o cachecolzinho com uma certa paixão.

–Eu não entendo até hoje porque eles estavam juntos, era pequeno demais para ver os problemas que rondavam aquele relacionamento. Uma vez ouvi uma conversa deles falando sobre como a reputação deles no hospital importava, algo assim. –A carinha alegre se transformou em um sorriso cabisbaixo. –Depois eu entendi. Eles estavam juntos por status; interesse. O relacionamento havia sido bom até anos antes, mas caiu na rotina. Eu e minha irmã, o trabalho, até a mídia em cima do casal 'estrela' do hospital de Inazuma estava deixando os dois muito estressados. Assim, depois de sustentar um relacionamento de merda e ver que não daria certo, decidiram se separar.

O fato de Shuya ter soltado aquilo depois de tanto tempo era como retirar um peso gigante das costas, da garganta e do coração. Em suma, sabia que aquilo abriria grandes portas para começar a lidar consigo mesmo e com seu relacionamento com Fubuki.

–Uma semana depois, me contaram de sua decisão. Eu tinha 11 anos, mas não era bobo. Inclusive, sempre fui muito observador, então sabia que isso aconteceria uma hora ou outra. –O fogão foi desligado, a comida estava pronta. Goenji foi mais perto do outro, ficando de costas para a bancada e cruzando os braços.

–Hey, se não quiser continuar... –Fubuki apoiou a mão esquerda no ombro de Shuya ao perceber o quão ele estava nervoso. Aparentemente, ele tentava manter o controle e isso estava deixando-o um pouco trêmulo.

–Tudo bem. –Os olhos lacrimejavam.–Depois de 1 mês, ela se mudou. Ficou mais bela, radiante e feliz, era lindo de ver. Eu e Yuuka passávamos uma semana com ele e uma com ela e tudo corria bem, até mesmo meu pai estava mais frouxo, fez bem pra ele a separação. –O ápice da história se aproximava. –Então, um dia mamãe resolveu pegar o metrô para voltar do trabalho. Não era horário de pico, não haviam carros, motos e muitos meios de transporte na rua.

Shirou sentia um aperto no peito horrível, estava prestes a chorar junto a Goenji. Não aguentaria olhar ele sem tentar confortá-lo, abraçá-lo, dizer pra ele que não merecia passar por isso e que queira muito fazer algo pra ajudá-lo.

Shuya evitava contato visual, as lágrimas já começavam a rolar pela pele bronzeada das bochechas. Depois de tanto tempo, aquilo o afetava da mesma maneira que anos atrás, quando houve o acidente.

–Ela estava atrasada para pegar o último metrô, acabou perdendo a linha. Como não havia ido de carro, resolveu ligar para meu pai, era o único contato próximo para pedir uma carona, já que a família de mamãe mora em outra cidade e suas amigas ainda estavam no plantão. –Um suspiro e outro saíam da boca de Goenji. Ele limpava as lágrimas rapidamente, totalmente exposto e abatido.

Fubuki chegou mais perto, pulando da bancada da cozinha. Mordeu os lábios e sem pensar muito, puxou a cabeça do mais alto para um abraço. A diferença de altura dificultava um pouco, mas nenhum deles ligava. Assim, as mãos de Goenji rodeavam a cintura do outro, como quem pede colo.

–Mas meu pai estava bêbado. Ela tentou se esquivar, arrumar outra desculpa, mas ele não permitiu. Apenas a empurrou para dentro do carro e começou a dirigir. –Os soluços e a voz entrecortada dele eram como facadas no coração de Shirou. –Minha mãe ficou assustada com medo dele machucar ela, então ela me enviou uma mensagem dizendo que estava indo pra casa e que estava tudo bem. Naquele dia, eu 'tava na casa dela com uma babá.

Goenji soltou um soluço alto, engasgando com suas lágrimas doloridas. Sentia a mão macia do pequeno afagando seus cabelos e se agarrava cada vez mais na blusa de Shirou, como se nunca fosse deixá-lo ir embora. Por outro lado, o menor sentia seus olhos marejarem, mas se segurava para não chorar também.

–Ela nunca chegou, Buki. –Os olhos castanhos, vermelhos e inchados encontraram os olhos cinza-esverdeado. O apelido carinhoso deslizou com certa inocência e dor pela garganta de Shuya. –Meu pai entrou numa contra-mão e foi de encontro com outro carro. Ele acabou com a vida dela, por mais que todos os meus parentes neguem, ele foi o errado, é tudo culpa dele.

O desabafo continuava, os murmúrios de Goenji sobre seu pai ser o culpado continuavam saindo baixinho de sua boca, enquanto se enfiava mais no peito do outro garoto. Seus pulmões clamavam por ar, seus olhos ardiam e sua cabeça estava começando a doer.

Shirou tentava associar o que acontecia, eram tantas informações (e informações pesadas ainda) que ao menos se deu conta que sua respiração estava ofegante. Não imaginava o que Goenji havia passado, afinal, ele aparentava ter uma estrutura familiar tão boa.

Mas depois daquilo... Aprendeu que foi um erro julgar sem ao menos conhecer.

Por fim, nada mais que passou importava naquela hora. A compaixão de Fubuki e a iniciativa de Goenji de ter exibido seus sentimentos que estavam guardados a tanto tempo faziam o momento ser único. A confiança que que começaram a construir um tempo atrás voltava a emergir inevitavelmente.

Ficaram durante 5 minutos naquela posição. As mãos do maior haviam afrouxado e, mais calmo, o choro estava cessando e se tornando uma série de lamentações. Já o toque do pequeno não cessava, ele continuou e continuou afagando os cabelos e ombros do menino frágil a sua frente.

–O que acha de comermos? –Shirou sugeriu, levantando a cabeça de Goenji delicadamente e olhando afetuoso. –Aí, se quiser, continuamos a conversa no refeitório ou em outro lugar...

Goenji piscou repetidamente e tentou um sorriso de agradecimento, afinal, mesmo depois de toda a situação ruim, Fubuki continuava ali com ele sem se importar com o orgulho que foi construído de dentro para fora.

–Obrigado e me desculpa. –O abraço apertou. –Nada disso justifica o que fiz, mas você precisa ao menos compreender o motivo de eu ser tão cabeça dura.

–De nada, mon coeur. –Shirou disse em um tom humorado, recebendo uma expressão confusa em resposta.

–Mon o quê? 'Quior'? –Tentou imitar o sotaque francês, mas não rolou.

–Mon coeur, idiota! –Repetiu, dando ênfase na pronúncia correta. –C-O-E-U-R

–E o quê significa isso? –Disse confuso e viu Fubuki apenas desviar o olhar.

–Nada demais. Vem, vamos comer. –Se desvencilhou do abraço e foi até a frigideira. –Se importa de comer aqui mesmo? Não vai precisar lavar nenhum prato.

–Eu ainda não acredito que fizemos isso em uma escola totalmente avulsa. Mas agora já foi, né?

Shirou concordou, soltando um gemido de satisfação ao engolir o delicioso macarrão feito por Shuya.

–Isso aqui. –Disse, mastigando apontando com o hashi para a panela. –Tá muito bom, cara.

–Obrigado... –Sorriu com o elogio.

–Vamos sentar lá. –Puxou Goenji para uma pequena mesa no canto da cozinha com uma mão e com a outra levou a frigideira. –Assim, não precisamos acender a luz do refeitório.

Sentaram-se e acomodaram-se, um de frente para o outro. Comiam em silêncio, respeitando o espaço um do outro, mergulhando em pensamentos.

–Então, huh... –Shuya quebrou a atmosfera, preparando-se para continuar. –Posso prosseguir?

–Claro. Quando quiser. –Respondeu, atencioso.

–Após o... falecimento de minha mãe, me fechei completamente. –Falava calmamente. –Fui a um psicólogo, mas ainda era difícil lidar com o luto. Felizmente, acabei não desenvolvendo um transtorno maior, entretanto ainda era um assunto delicado na família. Nossas relações esfriaram, a parte materna cortou relações com meu pai, que se afundou pra caramba.

Continuavam comendo, mas agora a deliciosa comida perdia um pouco da satisfação, como se o apetite dos meninos estivesse se adaptando a situação.

–Ele ficou tão ruim, porém nunca demonstrou. Eu sabia que ele saía pra beber, então acabei ficando com minha irmã muitas vezes. –Quando citou Yuuka, os olhos brilharam. –Eu sempre me mantive firme por ela. Cozinhava, brincava, assistíamos filmes, eu ajudava ela com a lição de casa... Yuuka é tudo pra mim e, sempre que eu me sentia angustiado, ela estava lá me ajudando sem nem perceber. Meu psicólogo disse que ela realmente estava ajudando eu a superar o luto.

O olhar de Shirou era atencioso; preocupado. Quanto mais Goenji se abria, mais ele se encantava pelo outro.

–Quantos anos ela tinha? –O de cabelos cinzas perguntou, demonstrando interesse e dando uma deixa para o outro falar o quanto quisesse da pequena.

–Na época? 8 apenas. Temos 4 anos de diferença, o que eu acho pouco. –Deu de ombros. –Enfim, essa garotinha é tudo pra mim. Ela é incrível e foi ela que me incitou a entrar na escolinha de futebol que comentei com você um tempo atrás.

–Ah, eu me lembro. Continue. –Fubuki retirava um pedaço de carne dos dentes, sem vergonha alguma. Seria uma cena engraçada se não fosse tão séria.

–Nossa babá sempre levava a gente nos treinos. Eu jogava, ela ficava no banco gritando por mim. –Os olhos lacrimejaram novamente, ardendo. –Ela sempre me dizia que eu a inspirava, mas é bem pelo contrário. Se eu continuo vivo, é por ela. Eu aguentava cada coisa do nosso pai pois sempre soube que ela precisaria de mim.

–Porém... –Depois de uma pausa, Goenji prosseguiu. –Depois de uns 2 anos, meu pai começou a piorar. Ele não fazia mais os plantões no hospital, saía tarde e voltava mais tarde ainda. Estava se isolando, ficando agressivo e isso refletiu muito em seus filhos: Eu e Yuuka. Nós nunca tivemos apoio paternal, era sempre 'calem a boca', 'vão dormir', 'me deixem quieto', 'vão embora', entre outras coisas muito piores que ele dizia, mas prefiro não relembrar. Ele nos ameaçava quando estava alterado e eu morria de medo de ele fazer algo.

O ambiente escuro e sério se instalava durante a fala de Shuya. E, como anteriormente, falar sobre isso deixava-o exposto; sensível.

–Assim, eu cresci, sabe? Com medo. Eu sempre fui repreendido, tentava ao máximo não chamar atenção dele e tentava explicar para Yuuka que ele não estava bem e não podíamos fazer nada de errado. –Suspirou. –Mas era difícil. Eu estava com 14 anos e estava me descobrindo como ser humano. Nessa época, foi quando percebi que eu sempre senti as coisas como ninguém.

–Espera, se você tinha 14 anos isso foi há...? –Fubuki começou a pergunta, mas foi interrompido.

–3 anos atrás, isso mesmo. –Riu irônico, com lágrimas nos olhos. –Que bela bosta, né? Enfim... Foi uma época bem difícil porque eu tinha dilemas internos e na família. Meu pai era um alcoólatra de merda e eu descobria que era tão sensível quanto um copo de vidro. O que foi horrível porque eu fui ensinado a ser uma rocha dura e 'máscula', não uma 'menininha'.

–E tem mais, Buki. Quando comecei a me fechar, me isolar, ignorar Yuuka e meus colegas e achei que as coisas fossem melhorar se eu apenas jogasse futebol pra me distrair... –Riu novamente, mas a vontade mesmo era de chorar mais ainda. –Piorou.

–Shuya... –O olhar de pena de Shirou sobre o outro era melancólico.

–Meu pai deixou minha irmã sozinha um dia, pois Hinata, nossa babá, estava doente. –As já conhecidas lágrimas rolavam pela face do maior. –A pequena, querendo me fazer uma surpresa, estava indo até o ginásio onde eu treino, mas...

Um soluço cortou a garganta de Goenji. Sua cabeça doía como se fosse desmaiar, os músculos se contraíam, o coração bombeava sangue tão rápido quanto o bater de asas de um beija-flor.

–Um caminhão estava vindo em alta velocidade e...–Outro soluço. As mãos de Goenji estavam limpando o rosto e, antes que ele pudesse dizer qualquer coisa, Fubuki levantou-se para oferecer outro abraço.

–Não precisa contar mais nada se não quiser, de verdade. Eu já entendi o que quis me dizer...

–Não. –O loiro disse sério. –Eu confio em você e preciso contar isso pra alguém. Fubuki se você soubesse o quão querido você é...

–Tem certeza? –O pequeno olhava para baixo, encontrando os olhos castanhos mais lindos que já vira. Enquanto estava em pé, o outro continuava sentado, apoiando a cabeça na barriga do pequeno. Acenou com a cabeça.

–Coma. –Pigarreou para limpar as cordas vocais. –Yuuka entrou em um coma. Foi outro choque gigante, a única pessoa q-que mantinha vivo, me mantinha são e salvo... Ela não se foi, mas também não ficou, sabe? O tanto que isso doeu, Buki... O TANTO que dói... Eu espero por ela até hoje e ATÉ hoje, nada.

–Eu achei que fosse morrer, perdi o chão naquele momento. –Continuou, entre soluços. –Mas então, meu pai levou um choque de realidade. Percebeu que estava perdendo os filhos, sanidade mental, o emprego, tudo aquilo que lutou pra conquistar. Eu me lembro até hoje dele entrando no hospital onde eu estava com Yuuka e me pedindo perdão.

–O que você fez?

–Eu chorei. –Limpou o rosto novamente. –Eu estava cansado, desgastado e não aguentava mais aquilo. Só queria que tudo acabasse, que Yuuka voltasse, que nós dois fôssemos comer pipoca com marshmallow e ver um filme da Barbie, que mamãe voltasse pra me dizer que tudo ficaria bem, que meu pai parasse de ser um desgraçado que não liga pra ninguém além dele...

–Hey, levante... –Shirou teve uma ideia. Com um pouco de dificuldade e ainda chorando, Shuya apenas confiou.

O pequeno pegou as mangas de sua própria blusa de frio e passou lentamente pelas bochechas e olhos do outro. Olhava cada detalhe, cada poro, cada mancha ou marcas ditas como imperfeições. Suspirou como sempre fazia ao observar Goenji.

Shuya se acalmava. Encarava o pequeno a sua frente, sentia suas mãos, o leve toque. Seus olhos não desviaram daquelas esferas azuis-acizentadas que o olhavam com algo diferente. Shirou tinha um brilho no olhar que era só dele, ninguém nunca chegaria aos seus pés.

Sendo assim, os rostos se aproximavam lentamente. A brisa noturna das 2 horas da manhã os acompanhavam e, lá fora, as estrelas (ou o reflexo delas) observava os meninos num momento diferente dos outros.

Era uma troca de confiança entre eles. O mais retraído, abria-se como uma linda rosa, esperando ser compreendido, esperando que houvesse compaixão e reciprocidade. Esse era o momento de começar a quebrar barreiras e estabelecer laços.

Por outro lado, era o momento de Fubuki apenas ouvir. Abrir sua mente e seu coração para entender e compreender o que acontecia com os sentimentos que rondavam tanto a cabeça de Goenji. Ele estava ali, exposto e isso com certeza não passaria em branco.

–Você é corajoso e forte. –Transmitiu seus pensamentos em palavras, parabenizando o loiro. Estavam tão próximos, conseguiam sentir o perfume um do outro, o calor emanando dos corpos e a conexão dos olhares.

Assim, Fubuki tomou a cabeça do outro entre as mãos e o puxou para dar-lhe um beijo.


Notas Finais


OLÁ, abelhinhas!

Olha... O que foi isso? De verdade, eu tô chocada. Eu admito que chorei escrevendo algumas partes desse capítulo, ele realmente foi carregado.

Ok, eu odeio o pai do Goenji, que cara ruim! Eu não consigo acreditar em tudo que aconteceu, parece que não caiu a ficha

Várias revelações sobre o passado do loirinho e Shirou tentando confortar ele da melhor maneira possível. Sério, apreciem muito a intimidade deles nesse capítulo que é uma coisa LINDA

Cara, olha como eles estão se apaixonando, não é lindo? O goenji errou, mas ambos estão aprendendo a lidar consigo e a ter confiança um no outro

Já tô chorando de novo!

E, como sempre, eu parando num momento crucial da fic hihihihi mas não se iludam hein <( ̄︶ ̄)>

Obrigada por me acompanharem, até a próxima atualização! Beijos, abelhinhas ❤️

PS: Me sigam no twitter (@loveisakarma)
PS2:Vejam a playlist da fic no YouTube (FFLB)
PS3:Leiam minha oneshot!!1


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