História O Garoto Da Casa Ao Lado - A decisão

– Zelo, preste atenção, eu quero que me responda uma coisa. Você me ama?

– Mas que pergunta é essa? É claro que amo, amo mais do que você imagina. Bang, você é a coisa mais importante que aconteceu em toda minha vida.

– Então, você foge comigo?

X

Os olhos de Zelo arregalaram-se parecendo que iam saltar de suas órbitas. Parecia não acreditar no que estava ouvindo e jogou-se sentado em minha cama. Olhou para o chão desolado.

– Fugir? Mas como? Por quê?

– Eu pensei que minha mãe fosse nos aceitar, mas não foi bem assim, então quero evitar mais sofrimento.

– Mas ela é sua mãe, você não pode deixá-la por minha causa - as lágrimas percorriam o rosto do loiro, indo de encontro ao chão.

– Não me importa, eu sou capaz de deixar tudo e todos, mas não sou mais capaz de viver sem você, Zelo. Estou pedindo, por favor, fuja comigo.

– E para onde iríamos? Como vamos nos sustentar?

– Temos a casa da minha falecida avó. Ela a deixou para mim e Nammie, então podemos ficar lá, eu arrumarei um emprego também. Juro que não deixarei te faltar nada.

– Vai ser duro para mim ficar longe da minha mãe, não sei se vou conseguir.

– Então você está dizendo que não irá embora comigo?

– Bang, eu amo minha mãe - virei de costas para Zelo, deixando as primeiras lágrimas irem caindo - Mas eu sou dependente demais do seu amor, não posso deixar você partir sem mim.

– Isso quer dizer que você vem comigo? - virei novamente para meu pequeno, sorrindo com lágrimas nos olhos.

– Sim, meu amor, eu vou com você aonde quer que vá.

A emoção tomou conta de mim naquele momento, abracei Zelo e logo em seguida o beijei calorosamente enquanto lágrimas caíam por nossos rostos. Agora ele era tudo o que eu tinha, naquele abraço eu podia sentir como se segurasse meu mundo inteiro nos braços. Isso mesmo, meu mundo. Era isso que meu pequeno significava para mim.

– Amor, arrume suas coisas, partiremos de madrugada para que ninguém tente nos impedir.

– Está bem, prometo não demorar.

Pulou a janela e começou a recolher as coisas de seu quarto. Eu fiz o mesmo, coloquei tudo que podia nas duas malas que estavam em meu quarto. Mal podia conter meu coração, parecia que o mesmo saltaria pela minha garganta.

Zelo terminou de recolher suas coisas, sentou-se um pouco e ficou observando seu quarto por alguns minutos. O garoto sentia-se triste por ter que abandonar sua mãe assim, sem mais nem menos. Pegou uma caneta e uma folha de papel e escreveu uma carta de despedida.

"Mamãe, primeiramente quero me desculpar por partir sem dizer nada. Sinto-me horrível por não me despedir direito de você, mas foi necessário. Juro que não sumirei, um dia eu voltarei para te ver.

Sei que deve estar se perguntando o motivo dessa minha ida, pois bem, eu contarei. Eu e Bang YongGuk nos apaixonamos e estamos juntos, mas a mãe dele não aceitou e também não sabíamos como você reagiria. Então era melhor que partíssemos para evitar que mais alguém, no caso você, se magoasse.

Não se preocupe comigo, mãezinha, Bang cuidará de mim. Sempre cuidou. Você, melhor do que ninguém, sabe muito bem disso. Eu o amo mais do que minha própria vida, não conseguiria me ver distante dele.

Só te peço para que não venha atrás de mim, não me procure. Prometo que quando as coisas esfriarem, Bang e eu faremos uma visita. Não guarde rancor, não o odeie, afinal, ele me faz feliz de um modo que você sabe que eu nunca fui.

Te amo muito, de verdade mamãe. Um abraço já com saudade de seu filho Choi JunHong."

Deixou a carta na escrivaninha e lançou suas malas para dentro de meu quarto, pulando a janela logo em seguida. O "pequeno" chorava descontrolado, era muito difícil para ele tomar aquela atitude sendo tão jovem. Tomei-o em meus braços e acariciei seus fios loiros e ondulados a fim de consolá-lo.

Deitamos em minha cama para esperar a hora de sair. O abracei apoiando sua cabeça em meu peito. Aos poucos, o silêncio tomou conta do local, apenas ouviam-se os soluços de meu pequeno, que ainda chorava.

Quando o relógio marcou duas e meia da manhã, eu telefonei para um táxi pedindo que parasse na esquina da minha casa. Meu amor e eu pegamos nossas malas e descemos silenciosamente para que ninguém nos flagrasse. Saindo de casa, segurei forte em sua mão e sorri como se dissesse "Você está pronto?". Ele sorriu como sinal de aprovação, então nos dirigimos até o táxi que já nos aguardava.

Minha mãe nos observava pela janela sem que percebêssemos, mas nada fez para nos impedir de partir. Estava sendo doloroso demais ver seu filho partir, mas ela era uma mulher de fibra e sabia que seria melhor assim. No fundo, ela esperava que eu me arrependesse e ficasse, mas sabia que eu era cabeça dura e não desistiria tão fácil assim da minha felicidade.

Entramos no táxi e eu dei o endereço da casa de minha falecia avó. Sentamos juntos no banco de trás e a motorista deu a partida no táxi. Abracei meu bebê para que ele pudesse ficar calmo e para que eu pudesse me confortar com o calor de seu corpo próximo ao meu.

Estávamos indo em direção à uma vida nova, um novo começo. Eramos apenas nós dois naquele momento, mas eu sentia que já tinha tudo o que precisava. Deste momento em diante, eu viveria apenas para Zelo, apenas para fazê-lo feliz.