História O garoto das estrelas - Único.

-- Venha, segure minha mão. Juntos iremos conquistar as estrelas, não importando quem entrar em nosso caminho. -- O garoto misterioso estendia sua mão á Xingqiu.

Estava no pátio de seu colégio, mas ao mesmo tempo estava em céu aberto. As estrelas reluziam em azul claro no vento frio.

Estava usando o moletom do uniforme, se sentia quente, mas quando encostou na mão do garoto sentiu um arrepio subindo desde a ponta de seu dedo até sua nuca.

Agora ele sentia frio. O jovem com cabelos azuis claros também usava o uniforme do colégio, mas a regata e o shorts. Xingqiu se perguntava como não estava congelando.

Ele não conseguia falar nada. Sabia que era um sonho, mas nenhuma palavra saía de sua boca, não conseguia controlar.

Sem aviso nenhum, o jovem misterioso começou a andar. Devagarzinho, Xingqiu anda junto com ele. Suas mãos batalhando entre frio e calor.

"Eu nunca cheguei nessa parte antes."

O pátio estava vazio. A cada passo que davam subiam por algum tipo de rampa invisível, suas mãos aos poucos encontravam um equilíbrio térmico.

Quase na altura de onde seria o topo da escola, o jovem para repentinamente.

-- Amora? -- suas raízes escuras reluziam na luz da lua. As pequenas amoras tão escuras quanto suas raízes repousavam em sua mão.

Um pequeno arbusto com flores estreladas flutuava ali perto, provavelmente da onde o outro tirou as frutinhas.

Hesitante, Xingqiu pega as amoras. Em todo momento, os dois tinham as mãos entrelaçadas.

Quando mordeu a fruta, acordou.

-- NÃO! Eu tava tão perto! Eu acho pelo menos... -- ele estava em sua cama. A janela de seu quarto estava fechada, seu celular mostrava que era 05:30 da manhã.

-- Bom dia dorminhoco. Pai e mãe vão voltar de viagem hoje a noite. -- O irmão mais velho de Xingqiu fala, servindo café da manhã para os dois.

Sangqiu era um bom irmão, o único daquela casa que realmente ligava para o que Xingqiu pensava e queria.

Ele já tinha 23, apenas não havia comprado uma casa própria e saído daquele lugar tóxico por dois motivos:

-Era o herdeiro da empresa de seu pai e da enorme casa.

-Não poderia deixar Xingqiu sozinho com seus pais.

-- Que pena... -- Xingqiu, já arrumado, se senta e começa a comer as panquecas com desânimo. Essas férias sem seus pais foram as melhores de sua vida.

...

-- Ta bem frio lá fora, tem certeza que não vai colocar mais um casaco? -- Sangqiu pergunta colocando seu sobretudo bege por cima da camisa e da calça preta.

-- Cara, eu to com 3 camisetas de manga comprida por baixo do moletom da escola, acho que passar frio eu não passo. -- Xingqiu toma liberdade de falar do jeito que queria com seu irmão.

-- Hunf, essa sua moleza vai acabar assim que eles chegarem. -- O mais velho fala irônico, o caçula sente um arrepio de medo.

O carro passava pelas ruas. Era 2 de agosto, estava nublado e congelante. Tinham sorte que não chovia tanto naquela época porque se chovesse estaria definitivamente nevando.

-- Eu não quero ir, Saaang. A professora de português é terrível! Ela me odeia. Eu não vou. -- Xingqiu fazia drama, deitado no banco de trás do carro.

Xingqiu foi obrigado a entrar na escola.

Sua mochila preta simples se pendurava em seus ombros, seus fones de ouvido tocavam Mitski baixinho.

Eaí Xingqiu!

Oi Xingqiu!

Ta alto hein, Xingqiu?

Várias pessoas o cumprimentavam quando passava. Não tinha muitos amigos, mas todos o conheciam.

Era inteligente, amigável mas um pouco arrogante. A personalidade perfeita.

Junto de seu rosto bonito e trejeitos angelicais, raramente cometer erros e ser um homem branco cis hétero, sua personalidade encaixava perfeitamente.

Bem, talvez tivesse uma falha.

Além de ser ruim em qualquer esporte e não ser dos melhores em espanhol, estava começando a questionar se realmente era hétero.

"Claro que sou hétero, eu já namorei uma garota. Por obrigação de meus pais? Sim, mas namorei.

Mas eu nunca realmente gostei dela...

Bem, teve aquele crush no infantil 5.

Será que conta? Claro que conta. Pera, homens héteros não passam tanto tempo se convencendo que são héteros."

Ele estava sentado no chão do enorme pátio e encostado no portão que dava para o "drive" do colégio, onde os pais deixavam seus filhos sem passar pela recepção.

Xingqiu re-lia um livro de poesia que tinha achado em sua estante mais cedo.

Tentava se concentrar, mas não conseguia.

A aula começava as 7:30, faltava apenas meia hora, ele tentava distrair a cabeça mas a única coisa que passava em sua cabeça era o garoto de seus sonhos.

Aquele garoto...

Ele tinha olhos tão brilhantes como as estrelas em seu cabelo, usava roupa de calor mesmo que Xingqiu estivesse congelando e parecia extremamente gentil.

-- Eaí Xico! Nem me avisou que tu chegou. -- Hu Tao se senta ao seu lado. Sua amiga geralmente estava conversando com seus amigos do oitavo ano ou as garotas da sala, era raro ela vir conversar com Xingqiu.

-- Ah, oi Hu Tao, desculpa, estava lendo aqui. Como que foram suas férias? -- Xingqiu pergunta sendo o mais normal o possível.

-- Cara, foi legal... Enfim, lê aí, a gente conversa na sala, tenho uma coisa pra fazer. Até depois best! -- Hu Tao se despede e vai conversar com suas amigas.

"Cara, como eu queria ser aberto que nem ela..." Xingqiu pensa, tomando cuidado pra não falar nada em voz alta.

Logo depois disso, cometeu um possível erro.

Não virou diretamente seu rosto para o livro, mas resolveu olhar em volta antes.

Assustadoramente, vê de longe o garoto estrelado.

Seus olhos caramelizados se fixam no garoto. Ele nunca tinha o visto na escola e parecia ter acabado de chegar, provavelmente era um aluno novo.

Rukkhadevata, a coordenadora, conversava com ele que parecia tímido.

Direto, ele mexia em seu cabelo penteando o com os dedos; seus ulhos azuis olhavam para baixo escutando atentamente o que a diretora dizia.

Ele era um aluno novo que havia entrado naquele dia. Xingqiu sabia como viraria amigo do garoto do seu sonho.

-- Com licença Rukkhadevata, eu vi que você está com um aluno novo aqui. Ele parece um pouco nervoso, como um aluno experiente, gostaria de saber se poderia mostrar a escola para ele? Claro, se meu colega aqui também aceitar. -- Xingqiu chegou calmamente perto deles quando parecia que haviam acabado o assunto, não queria interromper uma conversa.

-- Ah, Qiu, claro! Estava mesmo procurando um aluno do nono pra mostrar o colégio para ele. Querido, o Xingqiu é da sua sala, ele vai te mostrar o lugar, tudo bem? Não precisa ficar assustado. -- a diretora fala calmamente, olhando para o novato.

-- Ta bom, claro. -- O aluno novo fala e olha para Xingqiu. -- Meu nome é Chongyun, é um prazer te conhecer.

...

-- Esse aqui é o ginásio, onde tem as aulas de educação física, campeonatos e et cétera. -- Haviam chegado no topo da escola. O lugar estava vazio, aparentemente naquele dia nenhuma primeira aula era de educação física.

-- Obrigado por me mostrar a escola Xingqiu, e desculpa por te fazer perder a primeira aula. -- Ele parecia envergonhado quando desciam a rampa que daria de volta a sua sala.

-- Ah, que nada. Eu que agradeço, a aula de português é meio chata e graças a Deus eu não vou receber falta já que eu estava aqui com você. -- Xingqiu admite. A aula de português era sua menos favorita. Depois de espanhol.

-- Aí, pode parecer estranho, mas eu acho que já te vi em algum lugar. -- Chongyun fala para Xingqiu.

-- Que loucura, eu sinto o mesmo. -- Xingqiu ri um pouco da situação.

Não falaria sobre seus sonhos recentes.

...

Na sala de aula, Chongyun fica quieto nos 3 períodos. Ele está sentado atrás de Xingqiu, aparentemente o mapa da sala mudou e ele não estava sabendo.

-- Chongyun, sei que a gente se conheceu hoje cedo, mas quer passar o intervalo comigo? Você é novo na escola... Eu não tenho ninguém pra lanchar... -- Xingqiu pergunta quando eles saem da sala.

-- Claro, pode ser... -- Chongyun dá um sorrisinho quando responde. Sentia seu coração quentinho por dentro.

Xingqiu havia acabado de comprar seu lanche na cantina e voltava ao lugar que tinah combinado de comer com Chongyun.

Chegando perto, ouviu alguns sussurros de Mahise sobre Chongyun para suas amigas.

-- O novato ta sozinho, que horror. Ele deve ser muito chato pra ninguém querer ficar perto dele. -- Mahise falava de forma depreciativa.

Xingqiu se sentou ao lado de Chongyun no banco e começou a conversar com ele, dando algumas olhadas á garota que fazia piadinhas sem graça.

Os olhos de Mahise demostravam pura surpresa.

-- Aí. Não deixa as garotas, os garotos ou qualquer um falar nada pra você, ta bom? -- Xingqiu fala, mostrando com os olhos de quem ele falava.

-- Hm? Tudo bem... Eu estou acostumado, não era tão diferente na minha antiga escola. -- Ele acaba de comer seu sanduíche.

Xingqiu se sentia incomodado. Como alguém poderia fazer bullying com seu garoto das estrelas?

Se pudesse, iria na antiga escola de Chongyun e bateria em todos que já fizeram mal para ele.

"Pera, isso não é muito hétero da minha parte."

...

Alguns meses se passam, era dia 28 de Novembro.

Meu garoto das estrelas ⭐

Aí, Qiu (15:45)

Já acabou o

dever de casa?(15:45)

Queria saber se (15:45)

Tipo (15:45)

Você quer sair(15:46)

Comigo(15:46)

*essa mensagem foi apagada* (15:46)

Tem um lugar

legal que eu queria

te mostrar(15:47)

:) (15:47)

Oi Yun (17:00)

Só vi agora... (17:00)

Claro, vamos lá,

onde fica? (17:01)

"Meu garoto das estrelas ⭐  mandou uma localização*

Xingqiu convence seu irmão a leva-lo no local.

-- Valeu Sang, te devo uma. -- Xingqiu fala saindo do carro.

-- Me deve mesmo. Dá oi pro seu namorado por mim, beleza? -- Sangqiu fala abaixando o vidro, seus óculos escuros na ponta do nariz.

-- Ele não é meu namorado, mas eu dou oi pra ele sim. -- Xingqiu fecha a porta do carro.

Sem falar nada, Sangqiu vai embora.

-- Oi Qiu. -- Chongyun fala, se levantando do banco que estava. -- Vem, eu vou te mostrar o lugar.

Estavam em uma praça florida. Era 17:20, o sol estava se pondo.

-- estamos quase chegando. -- Chongyun o guiava pelo lugar. A praça era extremanente enorme, enquanto andavam Xingqiu viu crianças rolando nas flores, idosos sentados em banquinhos e amigos encostados em árvores. -- Chegamos!

Uma grande toalha de piquenique estava no chão de terra, uma cesta também de piquenique estava vazia, já que vários pratinhos de comidas estavam espalhados pela toalha estampada de estrelas.

-- Awwn, que lindo. Não tem nada com cenoura não, né? -- Xingqiu fala com tom de brincadeira. Ele se senta apoiado na árvore que estava do lado da toalha.

-- Hahaha! Não, eu sei que você não curte, assim como você sabe que eu não curto calor, então não tem nada com cenouras. -- Chongyun reponde sentando ao seu lado.

Os dois comem doces, salgados e tomam refrigerantes.

Por um momento, esqueceram de tudo.

De problemas, de preoconceitos, de medos, de absolutamente tudo.

Era apenas Chongyun e Xingqiu sentados observando o sol se pôr e conversando besteiras.

-- Posso te contar um segredo? -- Xingqiu pergunta limpando sua boca com um guardanapo de papel.

-- Claro, sou todo ouvidos. -- Chongyun responde.

A noite havia caído. A lua não estava na visão dos garotos já que ainda estava nascendo.

Por sorte, as estrelas compensavam isso.

-- Antes de você chegar na escola, eu tive uns sonhos. Com você, mas eu não sabia quem você era. -- Xingqiu se encosta na árvore e Chongyun faz o mesmo. -- Nesses sonhos, estavamos no pátio do colégio, mas não tinha teto. Estava frio, mas você estava de shorts e regata. -- Xingqiu começa a contar, o olhando as estrelas. -- Você virava para mim e falava:

"-- Venha, segure minha mão. Juntos iremos conquistar as estrelas, não importando quem entrar em nosso caminho."

--Então, eu pegava na sua mão. Aos poucos nós andavamos e a cada passo subiamos mais. Nos primeiros sonhos, eu só chegava até esse ponto, mas na noite anterior da que você chegou no colégio o sonho durou um pouco mais.

Chegavamos até mais ou menos a altura do ginásio, e aí você parou. Pegou algumas amoras de um arbusto estrelado e as ofereceu para mim.

Quando eu mordi elas, eu acordei.

-- Que maluquice. Mas bonitinho. Talvez tenha sido o destino. -- Chongyun fala, colocando suas considerações finais.

-- Sim, talvez tenha sido o destino. -- Xingqiu concorda.