1. Spirit Fanfics >
  2. O Garoto do Terraço >
  3. Capítulo 10 - Instinto

História O Garoto do Terraço - Capítulo 10 - Instinto


Escrita por: YusukeChiro

Notas do Autor


Primeiramente peço desculpas pela demora, a vida corrida e a falta de motivação me fizeram dar um tempo, mas acho que agora me sinto finalmente pronto para terminar a história.
Faltam apenas cinco capítulos para o fim.
Tentarei postar toda semana.

Capítulo 13 - Capítulo 10 - Instinto


Saudade. Uma palavra que aprendi na aula de línguas estrangeiras, que tem um significado tão específico, mas não uma tradução literal. Saudade é aquele sentimento de falta e de vazio que você tem quando algo que comumente ocorria na sua vida para de acontecer. No meu caso, esse sentimento se voltava única e inteiramente para Yoongi, em todos os sentidos, depois de uma semana, sete dias, cento e sessenta e oito horas, dez mil e oitenta minutos sem vê-lo com sua habitual expressão de nada, sem ouvir aquela sua voz rouca de fumante, sem sentir o cheiro de nicotina que só se tornava bom quando na sua pele.

Eu já sabia, e talvez por isso que tenha doído tanto, que no momento em que me deu às costas naquele corredor maltratado de universidade pública ele não voltaria mais, não por conta própria. O que eu não sabia é que eu não correria atrás dele daquela vez, não por um simples capricho meu. Ainda assim, eu passei cada segundo naquela faculdade procurando pelos fios loiros bagunçados e os olhos escuros cheios de melancolia, mas tudo o que encontrei foi aquele vácuo que parecia abrir um buraco cada vez maior em meu peito, até que não sobrasse nada em mim além de dor. Foram dias que demoraram como meses comigo olhando por cada mínima fresta no concreto frio e cinza dos prédios.

Hoje, após ter convivido com essa sensação por anos eu reconheço-a facilmente, o precipício que se abria em mim era nada mais nada menos do que culpa, por não o ter ouvido, por não ter segurado a minha mágoa por um minuto apenas para saber o que ele tinha a dizer. Sendo boas ou más suas palavras, ele tendo ou não feito algo errado, eu deveria ter escutado seu lado da história, só então eu poderia amá-lo ou odiá-lo de consciência limpa. Porém, o homem que sou atualmente tem esse discernimento porque passou por essa situação, não uma, mas duas vezes (eu não sou do tipo que aprende com o primeiro erro).

Aquela segunda-feira gelada não havia sido diferente das outras “feiras” anteriores. O dia amanhecera calmo, com cheiro de café com leite e canela, típico do inverno, assim como o sol dourado que reinava no céu sem transmitir calor. Observava a tela azul que se desenhava acima de mim enquanto esperava um Jungkook sempre bem arrumado no saguão do edifício onde morávamos para irmos juntos à faculdade. Ele deixou o elevador ainda arrumando a mochila, provavelmente após sair atrasado de casa mais uma vez, sorrindo ao me ver e cumprimentando-me antes fazer a primeira perícia do dia.

- Tá tudo bem? – a pergunta que saiu casual como qualquer outra na verdade significava “Você já chorou pelo Yoongi hoje? Se quiser fazer isso durante o caminho me avisa que aí paramos em algum lugar antes de ir”.

- Tá sim – era a resposta padrão para “Fica tranquilo que já lamentei madrugada adentro, estou calejado para enfrentar essa manhã”.

O suspiro que o mais novo deu demonstrava um alívio que eu não via em seus olhos, ele continuava preocupado comigo, mas nenhum de nós queria tocar no assunto, eu porque gostava de fingir que havia superado o loiro, e ele porque essa conversa estraçalhava seu coração já ferido o suficiente por não ter seus sentimentos correspondidos. Nenhum de nós queria fazer o outro sofrer mais, apenas desconhecíamos o fato de estarmos os dois machucando uma terceira pessoa, ou até mesmo uma quarta.

Chegamos ao portão da universidade adiantados o suficiente para entramos por ele caminhando sem pressa, com uma parada rápida na lanchonete para um chocolate antes de seguir para a aula. Eu costumava comparar mentalmente a sensação de uma bebida quente à de uma tragada de cigarro, o calor entrando pelo seu corpo, te esquentando de dentro para fora. Não podia estar mais errado, a experiência do tabaco era muito melhor. Foi com esse pensamento na cabeça que, ao entrar calmamente pela recepção do meu departamento, dei de cara com a pessoa que até então era minha maior referência de “usuário de entorpecentes”.

Coincidência ou não, J-Hope acenou assim que me viu, e juro que procurei a minha volta uma figura correspondente que fizesse mais sentido do que eu, aceitei o fato de que ali eu era o único que ele conhecia quando chamou pelo meu nome e veio em minha direção. Sua expressão não era boa, foi a primeira coisa que pensei, o rapaz não estava ali à passeio ou diversão, estava procurando especificamente por mim, o que só poderia significar uma coisa: Yoongi. A sensação ruim que o sonho de uma semana atrás me proporcionou estava de volta com toda força, e por um minuto eu senti meus pulmões esvaziarem e todo o ar do mundo faltar, obrigando-me a sufocar no próprio medo.

- Oi – respirou fundo antes de falar, depois olhando aflito para Jungkook, como se a presença do mais novo o incomodasse – Posso falar com você? – o tom de sua voz era sério o suficiente para que eu não recusasse, mas não queria que o moreno se afastasse.

- Pode – respondi, e ele olhou novamente para o garoto ao meu lado, e de volta para mim, como se sussurrasse “assunto privado”- Tá tudo bem, ele sabe de tudo.

O mais velho de nós soltou um grunhido em sinal de compreensão, seguido de uma mordida no próprio lábio inferior, não de um jeito sensual e sim numa clara expressão de desconforto, agonia. Ele indicou com a cabeça um canto do saguão em que pudéssemos conversar tranquilamente e nós o seguimos, vendo-o passar as mãos pelo cabelo, bagunçando-o. Por mais que da sua boca só tivessem saído poucas palavras até agora, seu corpo falava tudo, meu instinto estava certo, havia algo de muito errado com Yoongi, e não tinha certeza se eu queria saber tudo de uma vez, ou protelar aquele momento o máximo possível. Paramos, de frente um para o outro, J-Hope parecia procurar uma forma de me dizer algo muito importante, algo que dependia de tempo, pois não parava de olhar para o horário no relógio de seu celular.

- Eu sei... – falou, mas não pareciam as palavras certas, então tentou diferente – Suga fez merda, uma merda bem grande – suas mãos faziam gestos doloridos que demonstravam parte de seu desespero – E eu te tendo, sabe? Se eu fosse você, também não ia falar com ele... Nem ia querer falar comigo – aquilo não era um pedido de desculpas pelo erro do seu amigo, eu sabia, só queria acreditar nisso porque era mais fácil – Eu não queria... Te procurar, sabe? É que eu não sei mais o que fazer – seus fios foram puxados pelos dedos mais uma vez, e um alto suspiro se fez presente – Você é o único que pode me ajudar.

Àquela altura eu já estava pronto para  ir a qualquer lugar que Hoseok pedisse. Se ELE estava em perigo, se ELE precisasse de mim, eu iria onde quer que fosse, era o que eu queria gritar pros presentes ali, ao invés disso eu só consegui perguntá-lo o que havia acontecido, num volume tão baixo que nem eu mesmo pude ouvir-me.

- Suga sumiu... Quer dizer, não exatamente – Me senti aliviado por um instante. O loiro sempre sumia. Vendo-me relaxar, continuou: - Eu também achei que não era nada demais, ele vive dando role de dias fora... – sua cabeça se movia de um lado para outro, negando a tentativa do nosso cérebro nos enganar dizendo que estava tudo bem – Os caras falaram que ele chegou na sexta e não saiu mais. Passei lá pra chamar ele, ninguém respondeu – seus olhos encontraram os meus, passando através de raios invisíveis a certeza que toda sua preocupação não era desnecessária - E a porta ‘tava trancada por dentro.

- O cara deve ‘tá com alguém – Jungkook resumiu seus pensamentos com simplicidade, dando de ombros, enquanto os nossos sentiam o peso do verdadeiro sentido daquela sequência de situações. O mais novo não conhecia Yoongi, sua alma melancólica e deprimida, seu olhar coberto de mágoa e dor, sua existência envolta em em nuvem negra. 

- Ele não ‘tava legal... – foi tudo o que J-Hope precisou dizer para que eu o arrastasse para fora daqui, dizendo-lhe que iríamos até o homem que poderia deixar de ser o dos meus sonhos para existir apenas neles caso chegássemos tarde demais.

Nem sequer pensamos em transporte público, sabíamos que da estação até seu apartamento no subúrbio teríamos que andar um bom pedaço e com isso estaríamos perdendo tempo. No meio do caminho entre onde estávamos e a avenida principal, o mais velho já havia pedido um carro por aplicativo, e graças aquela região ser bem movimentada, o automóvel não demorou a chegar. Em poucos minutos estávamos nele, com Hoseok falando sem parar de como tinha sido estúpido ao não pensar nessa hipótese antes, comigo perdido em pensamentos sobre como eu queria que ele só tivesse dormindo um sono muito pesado esta manhã, e com um Jungkook ainda confuso, arrastado por nós dois para dentro dessa montanha russa de emoções que era ter Yoongi em sua vida.

No trajeto de poucos minutos, vi nuvens se formarem no céu que a pouco era ciano e limpo, carregando e lamentando-se com trovões, anunciando a tempestade que estava por vir. Lutei para que minha mente não relacionasse as gotas de chuva às gotas de lágrimas que teimavam em escorrer vez ou outra por minhas bochechas. O que eu mais queria era sentir aquela vergonha chata de quando a gente se desespera sem motivos, queria mais que tudo que Suga fosse um babaca, que estivesse brincando comigo esse tempo todo, e essa fosse sua piada final, queria qualquer coisa que significasse que ele não estava machucado.

Fiz questão de lembrar a mim mesmo cada momento especial com ele, a primeira vez que o vi largado naquele terraço, as primeiras palavras trocadas, os primeiros encontros casuais, o primeiro beijo que eu não lembrava, o segundo, o terceiro, os almoços juntos, as provocações, a tão esperada noite, tudo. Tirei de cada cena as coisas ruins, as caras feias, as brigas, o ciúme, editei-as como um filme de romance tão bobo e meloso que ninguém, a não ser eu mesmo, conseguiria assistir até o final, então juntei tudo e guardei no fundo do meu coração, para que se, naquele momento Yoongi tivesse parado de existir no mundo real, ele pudesse viver dentro de mim.

Praticamente saltei para fora do carro assim que parou na frente do prédio velho de tijolos laranja, levei um tempo para digerir que algumas semanas antes eu havia imaginado como seria sentir a excitação de pisar nesse lugar novamente, após tudo o que havia acontecido ali. Não tinha felicidade alguma, só medo, uma queimação na boca do estômago, os pingos da tão rara chuva de inverno escorrendo, o som abafado dos nossos passos no chão empoçado, da sola do sapato molhado tocando cada degrau maltratado das escadas que pareciam infinitas.

J-Hope foi o primeiro a chegar na frente do quarto, e suas batidas me lembraram de quando eram minhas costas ali, sendo pressionadas pelo abraço apertado de Yoongi em meu corpo, dos seus beijos e meus pedidos por mais. As lembranças me atingiam como socos, tão fortes que me fizeram cair, no último degrau que me separava de correr até o meu homem e salvá-lo de qualquer que fosse o pesadelo que ele estivesse tendo. As mãos de Jungkook me seguraram para que eu não me espatifasse no chão, e eu me senti sujo de ter o mais novo ali, num lugar que era só meu e dele, me tocando, me olhando, me amando. Esgueirei-me para longe de seus braços, voltando a correr para o onde eu julgava pertencer, naquele momento não me importei com nada, só queria o loiro, só precisava dele.

Encostado no friso embolorado, Hoseok falava com porta trancada, como se de alguma forma um discurso pudesse arrombá-la magicamente.

-... e ele veio – continuou, trazendo-me para perto também, colei meu ouvido na madeira desgastada, procurando um sinal de vida, mas não havia nada – Ele tá aqui... Quer te ver...

Silêncio. Eu não sabia o que fazer, se é que ainda poderia fazer alguma coisa.

- Yoongi... – foi a única coisa que consegui dizer, a palavra mais forte para mim, a mais significativa, aquela que me fazia dormir e acordar com o peito em chamas, que me fazia alucinar sobre um futuro que eu não tinha ideia se poderia existir. O nome dele era tudo.

Escutamos um som leve, um arrastar no chão. “Ele está vindo” meu coração dizia, “Tá tudo bem, tá tudo bem” eu respondia para mim mesmo. Um baque, gritos meu e de Hoseok, mais um arrastar. Eu podia ouvir sua respiração, ofegante, pesada. “Não está tudo bem”. Seu esforço era palpável, de forma que a imagem dele rastejando era nítida mesmo que o material opaco não me deixasse presenciar a cena. Senti seus dígitos me tocarem quando alcançou a barreira que existia entre nós, faltava pouco para que finalmente pudesse olhá-lo nos olhos, cuidá-lo, afagá-lo, beijá-lo, tudo o que jurei nunca mais fazer e que não pude cumprir porque a obsessão que tinha por aquele homem era maior que meu orgulho, que minha autoestima, que meu amor próprio.

O barulho da trava, tão inesperadamente alto, fez com que nossos corações parassem por um segundo. A porta estava finalmente destrancada. Ainda que afobados, empurramos a porta levemente, pois sabíamos que Yoongi estava atrás dela e como não tínhamos muita ideia de seu estado físico, não quisemos tomar atitudes que provocassem mais estragos. O rangido da dobradiça me fez arrepiar, junto com um cheiro ruim que vinha de dentro do quarto, cheiro de vômito.

Eu fui o último a vê-lo, estava sentado no piso gelado, com as pernas e os braços jogados ao lado do corpo, suado, semiacordado, coberto de um líquido nojento e espesso que deveria ter sido seu jantar na noite anterior. Tremia tão intensamente que pensamos que estava tendo algum tipo de convulsão, mas entendemos do que realmente se tratava assim que JungKook agachou-se ao nosso lado, mostrando a quantidade de cartelas de comprimidos vazias que ele encontrara em cima da cama. Overdose. Entrei em pânico e o mais velho teve que me segurar para que soltasse o loiro, estava-o chacoalhando tanto que o mesmo chegou a bater uma ou duas vezes com a cabeça na parede. J-Hope afastou-me gentilmente assim que mais calmo, passando um dos braços entre mim e Suga, pedindo para que o mais novo o amparasse a carregar o corpo até o banheiro, depois dando-o algumas instruções que foram atendidas de pronto. Estava em estado de choque, num transe que congelara completamente todos os meus músculos e nada poderia fazer, apenas observar enquanto o desespero corria pelas minhas veias.

Os dois rapazes de cabelos claros estavam a minha frente, pouquíssimos passos, com um deles praticamente desacordado, a lateral do rosto encostada no mármore frio da bacia bege, enquanto o outro ajudava-o a colocar para fora de seu organismo parte das drogas consumidas. Uma tosse molhada iluminou o ambiente, um sinal de vida que trouxe minhas forças de volta, fazendo-me engatinhar até ali para testemunhar de perto a respiração difícil e os olhos anuviados, ligeiramente abertos. Retirei alguns fios empapados de sua têmpora, vendo aquelas gotas de mar negro se desviarem para mim, seguido do relaxar de uma tensão que o envolvia por completo.

Auxiliei Hoseok a arrastá-lo para mais perto do chuveiro, ele parecia conhecer a situação muito melhor que eu, por isso, mesmo que quisesse ficar ali ao seu lado e não o soltar nunca mais, servi melhor sendo apoio do mais velho entre nós, retirando delicadamente a roupa imunda. Deixei-os rapidamente para buscar uma toalha, lutando contra a sensação de está-lo abandonando, e dando de cara com um JungKook apressado, carregando um amontado de coisas. Durante esses minutos em que minha atenção estava focada em Yoongi acabei por esquecer completamente do moreno, que pôde ler isto em minha expressão, desviando o olhar e me entregando o pedaço de pano felpudo.

Retornei ao cubículo onde, já com o aparelho ligado, observei aquele ser que estava mais pálido que o normal de joelhos no chão, com a testa apoiada na parede de azulejos antigos. Ele estava de costas para mim, arqueado, custando a puxar ar para dentro dos pulmões, as veias roxas dos pulsos tão destacadas na pele alva que era possível vê-las pulsar. Aproximei-me, tomando o sabonete das mãos de seu melhor amigo, passando-o com delicadeza sobre o corpo que um dia forte me segurou, mas que ali era tão frágil quanto uma folha de papel. Houve mais tosses e tremores, por vezes pensei que fosse desmoronar, eu e ele, juntos, um por fraqueza e o outro por culpa.

Meus ombros se curvavam mais do que os dele pelo peso de conhecer a causa daquele momento horrível, ninguém mais, ninguém menos, que eu mesmo. O único responsável por não ter lhe dado a chance de se explicar, por ignorá-lo durante esse tempo, por não o ter acudido de prontidão, por não ter verificado antes se ele estava respirando, por não estar consigo quando precisou. Culpado por ter tanta convicção de que estava certo e ele errado que acabei por obliterar da minha mente que quem erra também sofre, também se machuca, e principalmente: quem erra também se arrepende.

Senti os dígitos molhados alcançarem minha face e só então tive consciência de que chorava, tão doloridamente que a criatura mais débil daquele recinto veio tranquilizar-me. Encaramo-nos, nadando nos olhos um do outro, tão profundamente que minha alma branca tingia-se com o negro da sua, e após poucos segundos eram impossível dizer onde começava uma e terminava outra. Abstratamente, agora que penso sobre esse acontecimento, enxergo que eu e Suga não nos tornamos um na noite em que dormimos juntos, mas quando dividimos nosso primeiro trauma, quando compartilhamos do medo de perder quem amávamos para sempre.

Seu rosto descolou-se da porcelana para repousar-se na curva de meu pescoço, ensopando-me, abraçando-me, padecendo comigo, chorando comigo. Permanecemos assim pelo período que nos julgamos com os corações suficientemente fortes para que pudéssemos encarar a realidade sem que o remorso nos dilacerasse mais uma vez. Apoiei-o em mim para levantar-nos, tendo a ajuda de Hoseok que tomou nos braços, enrolando-o numa toalha, ao que jogava a outra em minha direção. Não importei em secar-me, Yoongi era a prioridade, e só me dei por satisfeito quando ele já estava vestido, escorado no mais velho, sendo levado para a cama de onde não o deixaríamos sair por um bom tempo.

Não demorou muito para que minha presença fizesse companhia as deles, porém ainda assim não havia sido rápido o suficiente para que encontrasse o loiro acordado. Precisei da confirmação de J-Hope de que a pior parte realmente havia acabado para que finalmente relaxasse um pouco, sentando ao lado do corpo agora morno daquele que, desde o primeiro suspiro pesado desta manhã tão turbulenta, jurei nunca mais abandonar. O maior problema nisso é que eu nunca fui bom em manter promessas.

Mantive meus olhos sobre ele durante o que juguei ser horas, mas sem muita certeza pois em algum momento da minha vigilância eu acabei por pegar no sono também. Acordei com o sol de fim de tarde em minha face, sem a presença dos meninos, exceto o anjo negro que dormia tranquilamente com a ponta do nariz roçando em minha pele, a expiração quente arrepiando-me. Verifiquei a hora no celular, tendo cuidado para não mexer-me demasiadamente e acordar o loiro, tendo a surpresa de uma mensagem de Jungkook avisando que haviam saído para comprar comida. Ao retornar para posição original encontrei no lugar dos cílios colados um par de orbes escuras numa expressão um tanto confusa. Suga tocou minha bochecha esquerda com um dos dedos indicadores, passando por minhas pálpebras, meu nariz e minha boca, demorando-se na última como se perdido em pensamentos. Cutucou-me algumas vezes mirando-me desconfiado.

- Você... – sua voz saiu rouca e entrecortada pela garganta ferida, apertou as sobrancelhas, lambendo os lábios e engolindo um pouco de saliva antes de continuar - ...é de verdade? – continuou, um tanto grogue, apontando para mim de forma cômica. Eu ri e ele me acompanhou – Queria que fosse... – passei a mão sobre sua franja, pronto para respondê-lo, mas ele não deixou – Quando eu acordar... – arregalou os olhos como se parar mostrar-me que ainda estava sob efeito do sono, porém ainda assim eles eram pequeninos – Me lembra... de pedir desculpas... pro você de verdade – suas frases saiam em pedaços curtos e um tanto emboladas, nada que eu não pudesse compreender tendo toda minha atenção voltada para ele – e dizer que...

A mão clara e delgada escorregou de meu rosto para meu peito, a cabeça baixou, e por um instante pensei que tivesse desmaiado, estendi meu braço em sua direção, pronto para chacoalhá-lo, porém ele segurou-me, colocando minha palma em cima do próprio coração. Yoongi voltou a me encarar, capturando-me para si e respirando fundo antes de dizer:

- Eu te amo.


Notas Finais


Espero que tenham gostado.
Mais uma vez desculpe a demora.
O próximo capítulo está previsto para semana que vem, sem dia específico.
Até o próximo.


Gostou da Fanfic? Compartilhe!

Gostou? Deixe seu Comentário!

Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.

Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.


Carregando...