História O Girassol Azul - Heeseung (ENHYPEN) - 00 - Prólogo: jardim

Prólogo: jardim

Antes de tudo eu preciso dizer que eu odeio comparações, geralmente elas são imprecisas e babacas mesmo. Comparar o sucesso ou o talento de uma pessoa com outra, por exemplo, é uma tremenda insensatez: que aritmética inexata é essa que não considera as variantes? Como exigir de um o mesmo resultado de outro se o outro é outro? Um outro com outros ideais e histórias de vida. Não dá para exigir o mesmo sorriso ou o mesmo desempenho no cronômetro, de quem tem poucos motivos pra gargalhar ou minutos a mais ou a menos nessa equação. Parece um conceito meio idiota, mas é simples: a guerra é a mesma, mas os guerreiros têm potencialidades e fraquezas bem distintas. Claro que a soma destas forças e dessas inabilidades é que tornam o todo satisfatório, mas não dá, é desumano querer, por exemplo, que os amantes de rock, obrigatoriamente, se sintam lépidos e faceiros num concerto de música clássica. Ele pode até vir a gostar, ok. Mas que seja escolha, não uma predestinação inexorável.

Pois bem, apesar desse meu descrédito por comparações, eu sou forçada a comparar a vida com um jardim. Tá, eu já sei o que você deve estar pensando: "Lá vem aquele lengalenga melodramático cheio de suspiros e pouca veracidade". Oxi, eu sei o que parece, mas vejo certo sentido. Na vida nos deparamos com gente de todo tipo. Têm as rosas, margaridas, violetas, cravos e outros tantos tipos de flores, contudo, encontramos também as ervas daninhas e alguns insetos. Eis, o cenário da vida: há os que brilham e são reverenciados naturalmente, há os que são especiais e têm seu lugar, apesar de não terem coroas ou faixas dependuradas no peito, também há aquelas flores que são rotuladas como flores de "segunda classe", que ficam escondidas atrás de algum arbusto até que alguém as veja, arranquem-nas sem nenhum cuidado e as coloquem em algum vaso barato. Mas, como nem tudo é um mar de rosas, existe as ervas daninhas, que só atrapalham e os insetos que, apesar de úteis algumas vezes, não deixam de ser pragas.

Então, a sociedade é um jardim. Entendeu? É complicado, mas é a verdade.

A minha vida, sei lá se isso é bom ou ruim, é um típico jardim. Sim, tem horas que o que eu mais desejo é um barril de inseticida para dar um fim nesse jardim, mas a ideia de ir presa e alguém mexer nos meus livros enquanto eu estiver fora, me faz recuar. Talvez uma pisadinha inofensiva numa rosa até esmagar não faria mal, opa. Acho que preciso comer alguma coisa. Para espantar esse diabinho que insiste em encher a minha cabeça de ideias perigosas, só inchando as minhas células adiposas com o velho e bom açúcar.