História O Guarda-Mor do Imperador - Você Não Vai e a Mesa Bagunçada.

Gaara permaneceu no salão pela próxima hora, respondendo questões dos nobres e dando ordens de como proceder em sua ausência, mas a mente dele havia seguido Sasuke para qualquer outro lugar que não ali, queria apenas terminar aquilo logo e ir atrás do Guarda-mor, acalmá-lo e também se acalmar ao lado dele. 

— Tem certeza de que essa é a melhor opção Majestade? — Um dos nobres perguntou. 

— Não acha muita petulância da sua parte questionar minha autoridade? — O tal homem congelou com a resposta ácida do Imperador. Gaara voltou os olhos a Princesa pálida e desconfortável parada ao seu lado. — Sakura foi criada para reinar, tenho certeza de que minha futura esposa tem competência o suficiente para manter a ordem por aqui em minha curta ausência, caso ela precise de auxilio Sir. Sasuke estará à disposição e tem total autoridade para intervir.  

— Jamais o questionaria Imperador. — O homem tentou arrumar o que havia dito, talvez tenha piorado. — Tenho certeza de que a Futura Imperatriz se tornará uma excelente governante, mas ainda está a pouco tempo no palácio e, com todo o respeito, ela vem de um reino sem conflitos ou guerras, onde não há ameaças ou tentativas de traição a coroa, também penso que o senhor Uchiha me pareceu uma pessoa que não é habilidosa em manter a calma, um tanto excêntrico eu diria, acredito que não esteja capacitado a assumir assuntos mais burocráticos em sua ausência, por isso Alteza ofereço humildemente que meu primogênito fique a cargo dessas situações chatas, assim a Princesa ficaria livre para aproveitar o dia e organizar seus jantares com as outras madames da corte. 

Gaara cerrou os olhos enquanto observava o homem da cabeça aos pés, ele escorou o rosto sobre o punho e o rubi enorme no dedo indicador brilhou enquanto ele o analisava, a voz soou irônica ao perguntar. 

— Itachi, quem é o filho dele? 

— Akasuna no Sasori, Majestade. Vossa Alteza o conheceu há alguns anos atrás na festa que o Imperador antecessor deu em sua homenagem pela vitória no Norte. 

— Ah sim, a vitória contra o Norte, lembro-me bem daquela recepção, Sasuke fez um nobre chorar como um bebê diante de todo o salão, não foi? 

— Sim Imperador, ele mesmo. 

— F-foi um mal entendido Majestade. — O nobre tentou remediar, mas gaguejando daquela forma se tornou patético. 

— Diga-me Itachi, acha que Sasori se sairia bem no cargo junto a Sasuke? 

— Honestamente Imperador... — Itachi finalmente saiu daquela pose impecável em que se encontrava, caminhou a passos pesados até o nobre que ousava questionar Gaara, o som das duas espadas que ele carregava na cintura tilintando no ar fez o homem se encolher imediatamente, o Uchiha era mais alto que ele e chegou próximo o suficiente para o nobre ter que levantar os olhos para encará-lo, a garganta secou quando viu os dois orbes assassinas e negros o encarando, a voz rouca de Itachi soava como uma ameaça. — Acho que Sasuke o faria cagar nas calças desta vez. 

O nobre gaguejou alguma coisa inaudível e Gaara decidiu que já era o suficiente. 

— Bem, se seu filho for chorar e cagar nas calças toda vez que Sasuke se fizer presente ele não será de grande utilidade para a Princesa, por isso declino sua oferta.  

Itachi ainda demorou um minuto encarando o homem de perto, o infeliz havia acabado de tentar diminuir seu irmão na frente de todos, e se tinha algo que irritava Itachi era que tocassem levianamente no nome de seu irmão mais novo, o Uchiha se virou novamente em direção ao Imperador apenas quando pensou que o nobre a sua frente iria urinar nas próprias calças ali mesmo se não se afastasse, e como não queria dar trabalho as moças da limpeza se virou novamente em direção ao Imperador. 

— Se me permite Majestade, irei até a guarda preparar os homens para nossa partida. — Itachi curvou-se, virou-se e saiu do salão. 

Gaara aproveitou a oportunidade e se levantou. — Minha futura esposa ficará em posse de uma homologação em caso de uma fatalidade acontecer comigo no campo de batalha, portanto não precisam se preocupar em relação ao comando do Império. Dou então por encerrada esta reunião. Todos serão levados a seus respectivos aposentos para que descansem antes de voltarem para seus lares.  

Gaara ofereceu o braço em direção a Sakura ainda parada ao seu lado, a Princesa segurou-o graciosamente, entrelaçando o seu no dele e repousando a mão em seu antebraço e então saíram juntos do cômodo cheio de gente. Ele disse a Sakura que voltaria mais tarde para conversar em particular sobre aquilo com ela, mas que naquele momento ele tinha algo importante a fazer, Sakura soube bem do que se tratava: Sasuke, então não o questionou quando o Imperador apressou o passo e sumiu entre os muitos corredores do palácio deixando-a para trás.  

Gaara subiu as escadas quase correndo quando enfim as alcançou, cruzou todo o silencioso andar e ao ver que estava vazio sabia que tinha o encontrado, afinal ninguém além dele ousava permanecer por perto quando o Uchiha era tomado pela cólera, ele abriu a porta do próprio quarto e quase suspirou aliviado quando viu o Uchiha lá dentro, fechou a porta devagar e observou-o em silêncio, Sasuke havia tirado a capa negra e a malha de couro, a camisa negra de linho pesado estava solta sobre a calça, ele estava sentado na cama com os cotovelos escorados sobre os joelhos, em uma das mãos havia um copo baixo com o liquido âmbar escuro e dois cubos de gelo mergulhados, whisky com certeza, mas assim que viu o ruivo entrar se levantou, atravessou o quarto furioso enquanto falava em um tom realmente revoltado. 

— Eu não vou te deixar sair dessa merda desse palácio sem mim. 

— Sasuke, eu não quero discutir sobre isso. 

— Não é uma discussão. — O moreno balançou os braços em negativa. — Isso não é uma discussão Gaara, eu estou te dizendo que eu não vou te deixar ir, nem que eu tenha que te amarrar e te joga numa cela. 

— Eu sou o Imperador aqui. 

— Não me interessa! — Sasuke gritou, as veias saltaram no pescoço e o copo se estilhaçou contra a parede. — Que se dane que você é o maldito Imperador agora, eu não vou te deixar ir se matar em um campo de batalha por nada. 

— Por nada? Ele matou meu povo, ameaçou Sakura, você acha que isso é nada? 

— Então me manda. Deixa que eu vou no teu lugar nesse plano estúpido de ir com trezentos homens iniciar uma guerra. 

— Acha que é fácil assim mandar você para a morte? 

— Que seja. — Sasuke desenhou de qualquer outra coisa que sairia da boca do Imperador. — Vamos os dois então, mas sozinho você não vai. 

— Você tem que ficar ao lado da Sakura agora, eu não confio em ninguém além de você para protegê-la. 

— Levamos ela com a gente então, problema resolvido. 

— Não seja ridículo, ainda que eu levasse todos os cavaleiros do palácio protegê-la fora dos muros seria impossível em um percurso longo, uma única flecha poderia acabar com tudo. 

— Eu não me importo com as tuas desculpas esfarrapadas, você não vai. 

— A vida dela é pouco pra você? Não se importa se Sakura morrer?  

Sasuke ficou calado por alguns segundos antes de responder. — Claro que me importo, mas também me importo com a tua morte. 

Qualquer um que passasse perto daquele andar conseguia escutar os gritos dos dois dentro daquele quarto, as paredes grossas de pedra e as portas de madeira maciça não eram o suficiente para contê-los, mas a verdade é que apesar de todos estarem extremamente curiosos, ninguém se atreveria a chegar perto o suficiente para ouvir.  

— Você é o Imperador, aja como um e fique sentado no trono enquanto os outros morrem, não você. 

— Você mesmo fala que odeia qualquer monarca que faz isso. 

— Não você. Eu quero você vivo. 

— Que tipo de Imperador eu seria se me escondesse atrás de você toda vez que um problema surgisse?  

— O tipo que sobrevive Gaara. 

— De que adiantaria sobreviver se você estivesse em perigo? 

O Uchiha bateu no próprio peito e bradou. — Mesmo que eu tivesse que morrer por você todo santo dia, ainda assim eu o faria só pra te manter seguro. 

Os ombros de Gaara desarmaram, a impulsividade de levar aquela briga até onde fosse necessário para convencer o assassino sumiu, aquelas palavras ecoaram dentro dele, reverberaram em uma onda forte que o fez oscilar, Gaara baixou o rosto e os cabelos vermelhos esconderam os olhos verdes, Sasuke deu o último passo e pôs fim a distância entre eles, embrulhando o Imperador em seus braços fortes e sentindo o outro retribuir o abraço lentamente, os corações acelerados se ritmaram como dois velhos conhecidos que já havia se habituado ao ritmo um do outro, as mãos grandes escorregaram pelo corpo um do outro em busca de afago. O beijo foi quase casto, cândido, beirando o dolorido, as duas mãos de Sasuke seguraram o rosto de Gaara firmemente, os dedos apertavam sua nuca e o puxavam para o mais perto possível, podia sentir a mão grande do Imperador espalmada em suas costas enquanto a outra lhe moldava o pescoço, o gosto do whisky da boca do Uchiha deixava tudo ainda mais amargo, o medo quase palpável, finalmente o silêncio se instalou no quarto, e quando o beijo lento teve fim nenhum dos dois teve coragem de voltar a gritar. Gaara escorou o queixo sobre o ombro do Uchiha e se mantiveram abraçados por algum tempo antes da voz do Guarda-mor soar baixa como um sussurro... 

— Você sempre se mete em problemas sem mim... É meu dever te proteger, se eu não estiver lá, quem fará isso? 

— A coisa que mais me apavora nessa vida é saber que um dia eu vou ser a causa da sua morte Sasuke. — O Uchiha o apertou um pouco mais. — E cada vez eu tenho mais certeza de que não poderei impedir isso. Então, cada vez mais, eu tenho que me tornar digno do seu sacrifício, por isso decidi ir sozinho. Eu não pretendo morrer Sasuke, eu pretendo voltar e fazer você e todos se orgulharem e se sentirem seguros por eu ser o Imperador. 

— Valerá a pena se pôr em risco por isso? 

— Se não por isso, pelo que valerá? Você sempre diz que eu sou bom com as palavras Sasuke, mas sabe porque todos me ouvem? Sabe porque prestam atenção no que digo? Porque eu sou seu exemplo, porque minhas ações fazem com que prestem atenção em minhas palavras quando as digo, então como eu poderia mandar meus homens morrerem para defender minha honra e minha futura esposa? Como eu poderia mandar você fazer isso por mim? Que tipo de exemplo eu daria ao meu povo? Eu sou o líder deles Sasuke. Você está certo, eu sou o Imperador, tenho que agir como tal. 

Sasuke não conseguiu dizer nada, ele também sabia que sua morte seria resultado de querer desesperadamente que nada alcançasse Gaara, e não tinha medo nenhum de quando esse dia chegasse. Os rostos se afastaram lentamente, até que finalmente conseguissem colocar os olhos um no outro mais uma vez, os ânimos mais calmos não diminuíram o peso entre os dois, e a voz do Imperador continuou serena. 

— Eu vou voltar Sasuke, eu vou conseguir, sou bom no que faço, você sabe disso. 

— Não duvido de você, mas... — Haviam acabado os argumentos de Sasuke. 

— Mas, se eu não voltar quero que faça algo. — Os olhos de Sasuke tremeram com a mera possibilidade de Gaara não sobreviver a batalha. — Se algo acontecer comigo e eu não conseguir voltar, case-se com Sakura e assuma o Império. 

O pomo de adão do Uchiha subiu e desceu enquanto ele esperava o outro continuar. 

— Eu ainda não tenho herdeiros, não tem mais ninguém com meu sangue além de minha mãe, por isso se algo me impedir de voltar quero que se case com ela e se torne o Imperador. 

— Eu não poderia... 

Gaara o cortou. — Poderia sim, você poderia fazer tudo que desejasse nessa vida, até mesmo se tornar o Imperador. Esteve ao meu lado a vida inteira, conhece esse império melhor que eu mesmo talvez, seu defeitos, suas qualidades, suas necessidades, seu povo, você e Sakura seriam plenamente capazes, juntos. 

— Pensar nessa possibilidade me assusta Gaara. 

— Me assusta também. É a primeira vez que vou para o campo de batalha sem você ao meu lado; estou apavorado. Mas esse não é o tipo de Imperador que eu quero ser,  um que se esconde, não é dessa forma que eu quero governar. Por isso preciso ir, preciso cuidar do meu povo com minhas próprias mãos, preciso defender a vida da minha Imperatriz com minha própria espada, preciso lutar por minha própria coroa, só assim eu serei honradamente o Imperador que meu povo espera e merece que eu seja. 

Gaara afastou o corpo dele, era o suficiente para convencê-lo, podia ver nos olhos do Uchiha que havia entendido seus motivos, não poderia deixar Sakura sozinha e queria fazer algo por si próprio, sabia que o Uchiha entenderia assim que explicasse, ainda assim aquilo era mais difícil do que ele imaginou que seria. Virou o corpo e passou a mão nos cabelos vermelhos, mas antes que pudesse se afastar um milímetro a mais sentiu a mão forte do homem segurando seu braço, quando voltou os olhos para o Guarda-mor pode ver algo inédito, mesmo que tivessem passado a vida inteira juntos até ali, aqueles olhos negros marejados eram inéditos para ele, e por mais incrível que pudesse parecer, Gaara achou-os ainda mais deslumbrantes do que nunca, o negro do olho brilhoso pela lágrima presa, a voz grossa vacilou quando pediu... 

— Por favor, não morra. 

Sakura colocou os dois pés para fora da cama e suspirou, ela segurou forte a cortina do dossel da cama e temeu se levantar, afinal, naquele dia era a partida do Imperador rumo ao desconhecido. Esperou-o até tarde da noite lembrando-se que ele queria conversar com ela em particular, esperou-o ansiosa por horas e no auge da madrugada percebeu que ele não iria, ousada como só ela era caminhou pelos corredores escuros do palácio carregando um candeeiro aceso, a camisola leve esvoaçava com o vento gelado que corria entre as paredes de pedra, o tecido era tão escuro que se não fossem os cabelos coloridos ela poderia facilmente se camuflar na escuridão, subiu as escadas para o andar do Imperador e parou diante da enorme porta do quarto dele, olhou a lua lá fora mais uma vez, tinha certeza de que já era muito tarde, nem mesmo os guardas estavam na parte interna do palácio àquela hora, provavelmente ele estava dormindo, se perguntou se o Imperador ficaria bravo se ela o acordasse? Levantou o punho e estava prestes a bater na madeira quando o corpo congelou, conhecia aquela voz, conhecia muito bem aquela voz rouca e grossa. “— Vou buscar mais.” A voz soou segundos antes de a porta de madeira se abrir, Sakura foi rápida o suficiente para apagar o candeeiro e correr para trás de uma enorme pilastra no corredor, cobrindo-se com a escuridão do lugar, espiou quieta quando Sasuke saiu pela porta do quarto usando apenas a calça negra, os pés descalços e as cicatrizes a mostra, os cabelos revoltos mais bagunçados que o normal, a postura relaxada enquanto se afastava do quarto, ele demorou apenas alguns minutos e voltou com duas garrafas em uma mão, uma delas de whisky a outra de um liquido muito mais escuro que Sakura imaginou ser vinho, a outra mão ele usou para arrumar os cabelos negros e fechar novamente a porta do quarto após passar por ela, Sakura não pode ouvir a voz de Gaara, mas sabia que ele estava lá dentro também. A Princesa suspirou lembrando-se da cena que havia presenciado na noite passada apenas por ser intrometida, balançou a cabeça e se forçou a não pensar naquilo naquele momento, afinal era um dia importante e, de certa forma, triste. 

A garoa caía fina molhando os cavalos e cavaleiros do lado de fora como um mau pressagio para o futuro próximo, Sakura flutuava dentro do grande vestido cor de creme muito claro com uma delicada renda enquanto desfilava pelo corredor, os cabelos cor de rosa presos em um rabo de cavalo alto e as pérolas penduradas no pescoço traziam luz a ela, a Princesa aproximou-se nervosa do escritório do Imperador, em todo o tempo que estava no palácio nunca havia entrado ali, deu duas batidinhas na porta entreaberta e passou por esta vendo o Uchiha mais velho parado diante da mesa, Itachi reverenciou-a e avisou que iria checar os últimos preparativos da comitiva, saindo logo em seguida e fechando a porta atrás de si. Sakura sentiu seu coração acelerar quando percebeu que estava a sós com o Imperador, a sala não era tão grande, haviam algumas estantes com livros, uma enorme janela por onde entrava luz natural, e uma grade grossa e antiga, Sakura sabia que os documentos mais importantes do Império estavam atrás dela, Gaara apoiou-se contra a mesa quando a viu entrar, cruzou os braços e sorriu elegante, Sakura trazia consigo os olhos verdes preocupados, os seios fartos apertados pelo espartilho e o perfume doce inebriante, era sempre uma bela imagem para iniciar o dia, ainda mais um tão difícil quanto aquele, mas apesar da aparência doce e ingênua dela, os olhos verdes astutos não deixavam que ele se enganasse. 

— Peço perdão por não ter ido procurá-la ontem, acabei ficando ocupado. 

Sakura sorriu sem graça imaginando o tipo de situação que havia o ocupado até alto da madrugada. — Compreendo perfeitamente, deve estar sendo difícil manter todos sobre controle com sua partida repentina. 

— Venho organizando há algum tempo isso, em segredo é claro, não queria criar confusões desnecessárias antes do tempo. 

— Como a discussão de ontem? 

— Você está falando do Sasuke ou dos nobres? 

— Dos dois na verdade. — Ela segurou as mãos atrás do corpo e começou a se aproximar devagar. — Vamos começar com Sasuke. 

— Bem, eu sabia que ele odiaria a ideia, mas ele até que reagiu bem. 

— Ele poderia estar na forca agora, colocou uma faca contra o pescoço do Imperador. 

— Primeiramente; mesmo se quisessem levá-lo à forca ninguém conseguiria, mas independente disso todos sabem que Sasuke e eu temos uma... — Ele parou por um segundo, coçou a garganta e continuou. — Uma amizade de infância. Não é a primeira vez que brigamos em público aliás. Não é algo com que eu tenha que me preocupar, além do mais você me prometeu que cuidará dele. 

— Sim, eu prometi. — Sakura já estava parada diante do homem agora. — Então, chegamos aos nobres. 

— Não tem que se preocupar com eles também Sakura, apenas mantê-los sob controle, tenho certeza de que não será difícil para você. 

— A maioria sequer me conhece, não irão confiar em mim. Sem mencionar que não estou acostumada a lidar com tanta responsabilidade, como bem sabe o reino de meu pai é pequeno. Deveria ter debatido o assunto comigo antes de anunciar isso a todos Imperador. 

— Está me dizendo que não consegue? 

— Não foi isso que quis dizer, mas... — Sakura desviou o olhar procurando uma forma sutil de chegar ao assunto. — Veja, nós ainda não somos casados e... 

Gaara a interrompeu. — Vai se fingir de tímida mais uma vez Sakura? 

Os olhos verdes de Sakura se voltaram para ele novamente, agora muito mais ladinos e profundos, Gaara sorriu com a visão a sua frente, a Princesa parecia realmente impetuosa agora, ele se afastou da mesa e fez a volta nela, sentando-se na cadeira e escorando as costas, suspirou fundo e então continuou.  

— Há muito tempo eu sei que você não é a pessoa inocente e indefesa que tenta parecer ser para todos Sakura. Vou colocar meu Império em suas mãos, ao menos seja honesta comigo. 

— Serei cristalina então.  

Sakura fez a volta na enorme mesa cheia de papeis e outras coisas e entrou no pequeno vão entre ela e a cadeira onde o Imperador estava sentado, ela cruzou os braços da mesma forma que ele fez antes e se escorou sobre a madeira da mesa, ficando diante dos olhos do ruivo, a visão provocante dela o cativou.  

— Sasuke tem razão, é burrice sua ir com tão poucos homens até Darui, mas acredito que você deve ter suas razões para fazer tal coisa. — Ela balançou a mão no ar em desdém. — Provavelmente uma dessas coisas sobre a honra masculina ou algo do gênero. A questão é que você não me conhece, não faz ideia de minha índole ou caráter, eu poderia simplesmente roubar tudo que posso e deixar o resto ruir. Imaginei que talvez fosse por isso que você deixaria Sasuke ao meu lado, para impedir que isso acontecesse já que aparentemente ele é a única pessoa em quem você realmente confia, mas acredito que não deve ser esse o motivo de deixá-lo para trás graças ao pedido que me fez “cuide de Sasuke por mim”, ao que tudo indica alguma confiança você nutre por mim, já que duvido que pediria algo assim a qualquer um. Obviamente eu li sua intenção inicialmente com muita inocência, mas agora, depois de muito pensar em tudo que aconteceu nos últimos tempos, tenho medo de que o seu pedido não seja tão inocente assim. 

— Depende do que você considera “inocente”. 

— Você não está colocando o Império aos meus cuidados, está colocando aos cuidados de Sasuke. Você está indo para uma batalha incerta e deixando a mim, sua noiva, responsável pelo Império, poderia ter deixado isso a cargo de sua mãe, mas não, escolheu a mim, fiquei me perguntando o motivo até que percebi que se uma fatalidade acontecer com você o movimento mais inteligente que eu poderia fazer é me casar com Sasuke e deixá-lo a cargo dos conflitos do Império, afinal ele é o assassino real, o Guarda-mor, todos já o temem, seria fácil para ele colocar ordem em tudo por aqui em sua ausência, algo que a viúva do antigo Imperador jamais poderia fazer, casar-se com um homem da idade do seu filho. É esse o seu plano Gaara? Morrer e fazer de Sasuke o Imperador? 

Gaara sorriu quase malicioso, ele a encarou por vários minutos em silêncio enquanto decidia que tipo de resposta ela merecia depois do monólogo, decidiu que ela merecia uma resposta honesta por chegar a tal conclusão sozinha.  

— Você é realmente surpreendente Princesa Sakura. Sua inteligência e astúcia me excitam, mas está enganada em dois detalhes, primeiro; não pretendo morrer, isso é apenas uma precaução, caso algo venha a acontecer comigo. 

— Bem, então não devo me preocupar em perder meu noivo, não é mesmo? Afinal, baseada nos contos e cantigas sobre você, sempre que foi para o campo de batalha voltou com a vitória. 

— E não será diferente desta vez, Princesa. Voltarei o mais breve possível e me casarei com você imediatamente, mas como um bom futuro marido não partiria sem deixar você em boas mãos... — Gaara devagar foi se inclinando na cadeira, com rosto tão próximo aos seios da monarca ele podia sentir o perfume dela com muito mais vivacidade. — Segundo; conto com a filha do Rei Kizashi para manter a ordem por aqui, acredito que tenha aprendido com seu pai como deve agir com seus súditos. Ouvi dizer que a doce e honrada Princesa era muito decisiva no reino do Sul, muito efeito, pouca bagunça, algo que Sasuke não seria capaz.  

Os olhos verdes do Imperador estavam cravados nela, a sensação de tê-los sobre si deixava Sakura ansiosa, o peito subia e descia enquanto a respiração começava a acelerar, ela agradeceu por estar escorada na mesa, pois aquele olhar cobiçoso a deixou fraca, já não era a menina ingênua de semanas atrás, conhecia agora as sensações que um homem poderia causar em seu corpo, culpou-se mentalmente por um momento, mas não pode deixar de sentir o corpo inteiro queimar ao imaginar que tipo de sensações aquele homem poderia causar-lhe, desejou sentir a boca sempre mansa do Imperador contra a pele de suas coxas, a voz imponente chamando por seu nome, o gosto que ele teria. Seu rosto já estava vermelho, ela sabia, mas não foi capaz de bloquear a imaginação que fervilhava em sua mente agora, ela deixou o corpo ceder para trás na mesa alguns centímetros e observou o ruivo acompanhar o movimento mantendo a distância dos seios apertados dela, observou os olhos verdes jade dele correram pelo colo exposto e voltaram ao rosto delicado. 

Sakura suspirou sem querer enquanto sua mente voava, e como se ele conseguisse ler seus pensamentos obscenos se aproximou um pouco mais do decote do vestido rendado, a ponta do nariz fino deslizou lentamente pela pele rosada da Princesa enquanto ele se dava ao luxo de inalar o perfume doce que exalava dela, Gaara colocou as duas mãos sobre a mesa e levantou-se devagar, e acompanhando o movimento viu o corpo delicado deitar um pouco mais sobre a mesa, a respiração ofegante de Sakura era convidativa demais para ele conseguir ignorar, deslizou o toque singelo pelo busto e quando alcançou o pescoço longo e fino não resistiu em abocanha-lo, ouvindo um gemido sôfrego e surpreso escapar pela boca dela, beijando a pele clara sentiu quando ela se arrepiou inteira, ele finalmente tocou ela, deslizou uma das mãos grandes pelas costas da mulher e enfim deitou-a sobre a mesa, os papeis se espalharam pelo chão ao redor, ele sequer se importou, afinal não era ele que iria juntar depois, lambuzou-se no pescoço da Princesa o quanto pode antes de focar todo o seu desejo nos lábios carnudos e avermelhados da mulher, colocou o joelho sobre a mesa e pressionou o quadril sobre ela, a mão correu em direção as muitas camadas do vestido e começou a puxá-las para cima até alcançar a pele macia das pernas, Sakura subiu as delicadas mãos pelos bíceps até alcançarem o pescoço do ruivo e suspirou quando sentiu a mão forte apertar sua coxa, os olhos verdes se encontraram e ela sussurrou o nome dele... 

— Gaara... 

Aquele tom de voz irresistível era um convite, ele deslizou a mão grande mais para cima e apertou a carne firme de sua coxa enquanto as línguas se entrelaçavam famintas uma da outra. O Imperador puxou os cabelos da nuca dela com força o suficiente para arrancar um suspiro da mulher, muito mais irascível do que ela imaginou que ele jamais seria, uma grata surpresa, mordiscou o queixo da Princesa e com sua boca contra a dela, num tom de voz quase venenoso de tão devasso confessou. 

— Seria capaz de deixar a comitiva ir sem mim se me mandasse ficar agora Sakura. 

— Estou tentada a fazê-lo Imperador. 

— Não seja perversa e alimente meus desejos se não for saciá-los Princesa. 

— Que tipo de futura esposa eu seria se o deixasse partir sem um bom motivo para voltar? 

O sorrisinho sacana que brotou nos lábios de ambos foi mais que o suficiente para que entendessem um ao outro depois daquilo, ele beijou-a mais uma vez, tão faminto quanto da primeira vez que o fizera, talvez ainda mais, já que agora não havia constrangimento ou decência que os segurassem. Os dedos longos finalmente tocaram a intimidade já melada dela, Sakura gemeu baixo contra a boca de Gaara quando ele massageou sua intimidade, a Princesa pode sentir sobre sua coxa o volume grande entre as pernas dele se mover, ela correu uma das mãos até a calça de tecido grosso e acariciou-o atiçando ainda mais a vontade dele. Os movimentos dos dedos eram mais lentos do que o que ela estava acostumada, ele parecia querer explorar sua intimidade com esmero, circulando delicadamente a parte sensível e inchada que fazia um calafrio correr o corpo dela inteiro, as coxas lambuzadas da Princesa se contraíram depois de alguns minutos com ele a tocando, ela podia sentir ele arfando de prazer imaginando-se dentro dela, e desejou ardentemente que não fosse apenas imaginação, agarrou-se nas roupas muito bem alinhadas dele e se dedicou a abrir botão dourado por botão dourado enquanto sentia-o tocá-la, pouco depois do terceiro botão, quando o futuro marido enfiou dois dedos para dentro de sua intimidade ela perdeu totalmente a paciência e apenas puxou a roupa cor de vinho fazendo mais dois botões saltarem sobre a mesa já bagunçada. Gaara movia os dedos pela intimidade dela de forma ritmada conforme ela circulava o quadril, estava tão melada e quente que ele teve certeza de que os papeis embaixo dela já estava encharcados, imaginou-se lambendo-a e chupando-a com muito empenho até ouvi-la gemendo seu nome enquanto gozava, só depois disso ele queria se enfiar nela por horas seguidas, ela gemeu contra a boca do homem enquanto escorregava uma das mãos por debaixo do braço dele, já dentro da roupa do monarca, sentia o membro dele pulsando em sua perna e estava prestes a implorar para que ele se enfiasse nela quando a porta se abriu. 

Itachi congelou por dois segundos enquanto olhava a cena a sua frente, a futura Imperatriz estava deitada sobre a mesa de madeira, os cabelos cor de rosa presos na cola alta estavam espalhados pelos livros e papeis enquanto uma grade quantidade corria até quase alcançar o chão, ela envolvia um braço ao redor do pescoço do Imperador e estava dependurada no homem, de cabeça para baixo ela o olhava, totalmente vermelha, parado na porta, Gaara também o observava, o rosto sujo com o batom dela, o cotovelo escorado entre os papeis amassados, a outra mão se perdia entre o volume do vestido, mas era possível ver que se encontrava entre as coxas expostas da Princesa. Gaara foi rápido em enlaçar a cintura dela e girá-la no ar, levantando-se e largando-a em pé no chão, cobrindo a visão da mulher com o próprio corpo e arrumando rapidamente vestido da futura Imperatriz, Sakura não sabia onde enfiar o rosto, a melhor opção foi escondê-lo no peito do noivo que amavelmente acariciou seus cabelos cor de rosa, e só então a voz do Uchiha soou. 

— Lamento em interrompe-los Altezas, mas se não partirmos imediatamente a noite será perigosa. — Falou de olhos fechados e curvando levemente o corpo. 

Gaara coçou a garganta. — Estou a caminho Itachi. — Ele finalmente se virou, contornando a mesa e tentando inutilmente desamassar alguns dos poucos papéis que ainda estavam sobre esta. — Irei apenas trocar de casaco e o encontro nos portões, por favor acompanhe a Princesa. 

Sakura queria morrer naquele momento, mas não se deixou abalar, estufou o peito e levantou a cabeça, sabia que o rosto ainda estava muito vermelho, ela agradeceu mentalmente pelo Imperador ter arrumado o vestido, pois assim ela pode passar a passos rápidos pelo Uchiha parado na porta ainda curvado sem precisar encará-lo.