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História O Herdeiro do Fogo - Sessenta e três


Escrita por: bleedingrainbow e grouwundzero

Notas do Autor


Olá herdeirinhos, como estão? Esperamos que estejam todos bem💕 Antes de mais nada, gostaríamos de relembrar e reiterar que agora temos o twitter oficial do livro "O herdeiro do fogo", e já começamos a soltar algumas coisinhas a respeito do segundo volume que está por vir. Vocês podem nos seguir no @Kali_Eiri ou clicar aqui no link: https://twitter.com/Kali_Eiri

Bem, com esse capítulo o primeiro dia deles chega ao fim, e damos entrada em um novo mini-arco que, diga-se de passagem, foi um dos mais divertidos de se escrever até agora ashaushsa temos certeza de que vão adorar o que está por vir, por favor confiem na gente asuha💕

Sem mais delongas, boa leitura 💕

Capítulo 63 - Sessenta e três


[Eijiro Kirishima]

A noite passou, o sol nasceu, e pela primeira vez desde que posso me lembrar, acordei sem ter ninguém me chamando e não fiquei ansioso por isso, não levaria nenhum tipo de bronca por estar atrasado para o café da manhã. Antes mesmo de abrir os olhos, já notei que não estava sendo abraçado e muito menos o estava abraçando, pelo menos não do jeito convencional. Não sei o que aconteceu durante a noite, mas se eu acordei todo torto, não sei nem por onde começar a descrever a situação de Katsuki. Ótimo, ele já me rendeu o primeiro sorriso do dia. Não satisfeito em descobrir nós dois só para abraçar a capa que nos servia de cobertor, também deu um jeito de puxar meu braço no meio disso tudo e o segurava como se fosse um bichinho de pelúcia. Por sorte, já não sentia mais nada além de um formigamento, um preço muitíssimo baixo a se pagar para vê-lo dormir… será que ele sabia que fazia um biquinho enquanto dorme? Ou será que não faz sempre? Pode ser só um sonho, mas se for, com o que está sonhando? Sua expressão pacífica me trazia tantos questionamentos que eu sequer queria uma resposta, nem tudo precisa de respostas, às vezes tudo o que se precisa é aproveitar. Aproveitar o calor do sol da manhã, que não só aquecia nossas peles como também beijava com carinho Katsuki e fazia seus longos cílios loiros reluzirem. Aproveitar os passarinhos cantando, a brisa fresca, o cheiro da natureza. Harmonia, tudo parece certo, e realmente está certo.

[Katsuki Bakugo]

Senti a consciência me chamar por apenas um instante de indecisão e confusão antes que eu recebesse meu costumeiro raio enérgico logo em seguida. É de costume para mim, acordo sobressaltado quando não sou capaz de conectar em uma mínima fração de segundo, antes de abrir os olhos, tudo o que aconteceu e onde estou. Não precisei dar um pulo como na noite passada, mas meu corpo se agitou em um pequeno susto em que absorvi tudo aos meus arredores antes de piscar novamente. Percebi que abracei algo contra mim, tanto rijo e macio quanto tecido simples. Meu corpo estava frio, sendo agradavelmente acalentado pelos primeiros raios da manhã, porque aparentemente eu tinha feito a imbecilidade de me descobrir - a mim e a Eijiro - só para abraçar a capa. A capa e o braço dele junto.

De olhos arregalados, a primeira coisa que vi foi o rosto calmo dele olhando para mim, talvez sobressaltado com meu próprio susto, mas ainda cheio da paz que eu queria sentir. Meu estado era de que eu tinha sido atacado por mosquitos, tinha dormido todo torto, estava com um pouco de frio e ainda assim não poderia estar melhor descansado. Tudo veio até mim, as memórias se derramando como um cascatear lento. Sorri para ele e era quase como espreguiçar, é bizarro sorrir logo pela primeira coisa da manhã.

— Hey. — Soltei o braço dele. Ainda estava um pouco entorpecido, então me estiquei e dei um beijo em sua testa, pensando que já tinha dado bom dia, mas acho que aquilo ficou na minha cabeça ecoando como um pleonasmo. E me dei conta do que tinha feito, de como simplesmente só me estiquei e o beijei e honestamente… queria fazê-lo de novo. Dei um beijo em sua bochecha e grunhi. Certo, certo. Agora já me rendi a todas as auto-indulgências possíveis ontem, está na hora de eu retornar ao meu posto. Sentei-me e me espreguicei bem, esfregando meus olhos.

[Eijiro Kirishima]

Se eu soubesse que todas as minhas manhãs pelos últimos meses poderiam ter sido assim, eu teria proposto nossa fuga logo após o nosso primeiro dia de treino juntos. Katsuki dormia como um filhotinho, e claro que também acordaria como um. Sobressaltado com um pequeno sustinho, ele me pegou de surpresa, mas nem isso foi capaz de me tirar do estado de encanto no qual me encontrava, até porque foi adorável de se ver. Meio perdido, ele parecia me procurar e não demorou a me encontrar. Já sabia que o dia seria maravilhoso só pelo sorriso preguiçoso que ele me deu como um presente. Sua voz rouca chamava minha atenção como se ela já não estivesse completamente voltada para ele, como se existisse algo mais em minha mente que não fosse a sensação do seu beijinho em minha testa. Eu estava a ponto de chorar, sem exagero, quando o segundo beijinho veio, em minha bochecha, seguido de um grunhido, me senti a pessoa mais sortuda do mundo e isso parece apenas um eufemismo perto da realidade. Sentia algo que não sabia nomear, mas que era tão bom, tão puro, tão… tão… tão singular e imenso, que uma hora ou outra, não hoje, com certeza acabaria transbordando entre sorrisos. 

Agora entendia a importância de acordar nessa manhã. Significava que conseguimos, se passamos do nosso primeiro dia, não seríamos pegos nunca. Olhando para as costas dele, que já havia se sentado, as palavras “para sempre” começavam a fazer sentido. Enrolei mais alguns segundinhos olhando para o céu e agradecendo Nana ou o regente dessa região se já estivermos em seu território.

— Bom dia… — Suspirei e me sentei também, abraçando sua cintura por trás. Beijei seu ombro e logo em seguida apoiei meu queixo nele — Dormiu bem? — Não resisti a dar outro beijinho, dessa vez em seu maxilar, e perguntei preguiçoso, ainda em processo de acordar de verdade. — O que vamos fazer hoje?

[Katsuki Bakugo]

Nem consegui passar tempo demais contemplando a visão divina de seu rostinho lindo pela manhã para não me deixar desviar e ele já vem com outro golpe baixo, encaixado às minhas costas, me dando beijinhos fatais. Maldito Eijiro, ele vai me tentar com essa paz toda que ele me dá, eu devia saber disso. Enervante. Pois sim, então eu suspirarei, eu vou me permitir absorver tudo o que havia de lindo naquela manhã que ainda estava um pouco rosada. A fogueira ao nosso lado era só uma porção de cinzas e um pouco de uma brasa resiliente. Pássaros trinavam e cantavam, voejando por um céu com nuvens, mas que ainda não compunha um dia nublado. Ele aqui comigo, quente contra meu corpo um pouco frio. Eu estava perfeitamente confortável, no meu lugar no mundo. Só que esse lugar no mundo tinha que ser mantido em segurança, por isso é imprescindível que eu faça tudo certo dessa vez.

— Nós tínhamos que ficar parados para deixar as poucas tropas passarem por nós, e agora vamos para um lugar onde podemos conseguir todos os mantimentos que precisamos. Também vamos encontrar Tokoyami com as notícias de Todoroki. Nós temos que estar lá até pôr-do-sol, mas levaremos cerca de quatro horas a cavalo para chegar. Poderemos fazer as paradas necessárias para descanso, resolver quaisquer contratempos. — Virei-me para ele, sorrindo de lado. — É uma cidade fora dos mapas chamada Oji Harima, que surgiu entre algumas ruínas das primeiras cidades. É um lugar perigoso, mas não o suficiente para quem está escoltado por Katsuki Bakugo.

[Eijiro Kirishima] 

— Uuuuh! O grande Katsuki Bakugo vai ser minha escolta particular? Um pouco de perigo parece legal, e também nunca vi nada das primeiras cidades do reino fora das gravuras… sem contar que estou com saudade do Tokoyami, vamos ter que levar alguma coisinha para eu dar a ele… — Não era exatamente de Tokoyami que queria falar, mas por ser o tópico mais agradável, foi o que saiu primeiro. Deitei um pouco mais minha cabeça, de modo que conseguisse acariciar o seu pescoço de leve com a pontinha do meu nariz, a pequena pausa que precisava antes de continuar — ...mas não sei se quero ver as notícias que Sir Todoroki tem…

[Katsuki Bakugo]

Suspirei, sentindo meu coração acelerar um pouco, uma angústia peculiar me tomando. Não por minhas próprias realizações, estou firme e tranquilo com relação às decisões que tomei, cada vez mais. O que me incomodava era justamente quando Eijiro percebesse de fato as consequências de seus atos e o que existia além da nossa realidade idílica que a tarde de ontem ajudou a sedimentar.

— As informações a serem dadas serão mais táticas do que um relatório, algumas mensagens já estão até escritas se ele não tiver tempo de parar para escrever. Acredito que ele esteja com um bocado em suas mãos agora, em especial quanto a conduzir as tropas nas direções que nós combinamos. Ele vai se preocupar mais em me informar se tudo deu certo e se podemos seguir no plano inicial, até porque terá que escrever tudo em código para que ninguém seja capaz de compreender. Ele não vai sequer ter chegado na cidadela, porque o tempo que é necessário até Tokoyami voar e nos encontrar não seria compatível com seu retorno. Não teremos notícias de sua família ou amigos… — Engoli em seco, olhando adiante. Não vou amaciar nenhuma merda de verdade para ele agora. — ...mas já deve imaginar a reação que eles terão depois do que viram.

[Eijiro Kirishima] 

— Sinceramente, fico mais tranquilo de saber que vai ser desse jeito. Não quero noticias deles de todo modo, pelo menos não por agora, exatamente porque sei como vão reagir, e eu não teria como consolá-los já que não tenho qualquer intenção de voltar… só me preocupo com meu irmão, que provavelmente vai ter um desmaio ou pior quando souber, mas os médicos do castelo já estão acostumados a tratar disso. — Realmente quis dizer tudo o que disse, não queria notícias na mesma intensidade que não queria voltar. Não preciso saber o que se passa em um lugar ao qual não pertenço mais. Tenho certeza que uma hora ou outra esses sentimentos vão mudar, sei que uma hora a saudade e a curiosidade vão me alcançar e vou ficar pensando se Katsuki não pode enviar ao menos um bilhetinho ou um sinal de fumaça. Contudo, agora, sinto que preciso cortar tudo de uma vez, me afastar física e emocionalmente o máximo possível. Esses podem ser os melhores dias da nossa viagem, onde tudo é novidade, mas não sou inocente a ponto de não reconhecer que também são os mais delicados. Sir Todoroki e Katsuki têm tudo sob controle, mas imprevistos podem acontecer e não posso me permitir fraquejar, não posso ser seduzido por palavras bonitas que seriam direcionadas a mim na intenção de me fazer duvidar do que, ou melhor, de quem está literalmente em minhas mãos. 

Tomei uma decisão da qual não pretendo voltar atrás. Um dia em liberdade ao lado dele já foi mais real do que os dezoito anos que vivi dentro das muralhas. É aqui que meu coração está, e não porque foi manipulado com histórias bonitas ou cristais, ele veio por vontade própria e é onde deve permanecer. Dei um sorrisinho e deixei escapar uma “risadinha” que nada mais era do que ar escapando das minhas narinas, ambos sem qualquer tipo de humor. Suspirei, e com um beijinho em seu pescoço, voltei a me afastar. Chega de pensar nisso. 

— Não acredito que envolveu Sir Todoroki nisso tudo. Quer dizer, eu sabia que ele estava nos ajudando, mas não que era tanto assim… deixaram até mensagens prontas! Katsuki, não me diga que ameaçou ele para fazer isso… — O provoquei por costume e apertei ainda mais meus braços em torno de sua cintura

[Katsuki Bakugo]

A forma com que ele falava era sempre bastante segura, e eu confiava nela. Diabo, quando é que eu não confiei, afinal? Ele sempre tinha a mim para o que fosse. E sei que ele pode provar que irá exatamente de encontro a elas. É a melhor decisão, não importa nada disso agora, é a escolha que cada um resolveu fazer. É o significado de liberdade, de não se fazer sacrifícios com a cabeça alheia. Eijiro só aprenderia a viver por conta própria se deixasse tudo para trás de verdade. Eles todos teriam que aprender, e estava certo. 

E se não estivesse certo… bem, nunca fui exatamente a porra do herói de histórias para criança. Somos reais e queremos isso. 

Virei-me para ele, ainda que ele estivesse ainda mais firme preso em minha cintura.

Não tinha nada a acrescentar sobre aquele trecho que ele disse antes; talvez fizesse algum comentário, mas me entretive com o final de sua fala, sobre Todoroki. Dei-lhe uma mordidinha no maxilar e ri também só soltando ar.

— Ele não me deixou escolha, e boa parte disso foi até ideia dele. Tenho uma merda de uma dívida com Todoroki e Yoarashi que acho que não vou conseguir pagar nessa vida e tenho todas as razões para confiar neles. É por eles que estamos aqui e que nenhum desastre aconteceu. Você não sabe como eu quis literalmente arrancar você do palácio, abrindo espaço com espada em quem estivesse à minha frente. Eu o teria feito. E falando em palácio, esqueça essa merda toda e traga aqui a bolsa de moedas da Riot e suas joias, vamos contar nossa fortuna.

Levantei-me, e se isso fosse levar Eijiro comigo como ele me levou ontem, melhor ainda. Temos que nos aprontar para a próxima aventura.

[Eijiro Kirishima] 

A mordidinha e a risada eram as únicas respostas que precisava receber. Vamos seguir em frente, sem olhar para trás, deixar de lado tudo o que antecede o dia de ontem e focar no que é importante no dia de hoje e no de amanhã, como por exemplo, que agora, de certa forma, eu também tinha uma dívida com Sir Todoroki e Sir Yoarashi. Katsuki me contou sobre sobre o relacionamento dos dois, e também que sabiam sobre nós, mas mesmo com a questão da empatia e tudo mais, ainda é espantoso descobrir que, não só eles aceitaram fazer parte dessa traição, como também tiveram um papel ativo no planejamento. Ele tem mesmo amigos muito leais, e não tenho ideia de como os agradeceria o suficiente por isso.

Estava comovido, preparando um belíssimo discurso e pronto para sugerir que enviássemos algo para eles como um pequeno gesto de gratidão… mas é claro que Katsuki não me deu tempo para isso, mal terminou de falar e já se levantou. Sem qualquer aviso, nem mesmo um toque leve em meu braço, por isso ainda me segurava firme em sua cintura o que praticamente me obrigou a me levantar junto já me dando a primeira ordem do buscar os os bens que temos para que pudéssemos contá-los. Poxa, ele podia pelo menos fingir que teve que fazer um grande esforço para me erguer. Minhas reclamações resultaram em risadas dele, que resultaram em risadas minhas, logo estávamos brincando e trocamos um último beijo antes dele “gentilmente” me mandar ir vestir roupas e me arrumar também. 

Nossas roupas estavam bem próximas à capa, assim como a bolsa dele, separei o que era meu, e entreguei a ele o que o pertencia. Dessa vez acho que mereço pontinhos extras pois consegui me vestir sozinho e, acima de tudo, da maneira correta logo de primeira. A calça do lado certo, a camisa abotoada direitinho, e até amarrei minhas botas com um laço perfeito! Não é muito, é o mínimo que alguém deve saber, mas como foi um aprendizado novo para mim, posso ficar pelo menos um pouquinho orgulhoso. Quanto ao resto das minhas coisas, estavam com a Riot um pouquinho mais a frente, ela se afastou para se dar privacidade acho, e parecia emburrada quando fui buscar as jóias e moedas que tinha trazido. Sentia falta do broche em meu peito, então aproveitei para pegá-lo também. Usei a sela da Riot como apoio e antes de voltar para o nosso acampamento, tirei de entre as joias os bilhetinhos que havia guardado junto a elas, em especial o último que recebi de Katsuki. Entendo que por mais que a maioria nos traga boas memórias, alguns podem abrir feridas que sequer tiveram tempo de cicatrizar, então, com cuidado, guardei os papeizinhos junto aos meus itens pessoais e de higiene, em outra sacola que também estava com Riot. Voltei para perto de Katsuki e, depois de sacudir nossas capas para livrá-las de folhas, grama e coisas do tipo, as vestimos e estávamos prontos para contar nossos bens, juro que me esforçarei bastante para não me distrair com as coisinhas brilhantes.

Katsuki parecia abismado com o que  eu havia pego no castelo. Expliquei a ele que eram as menores coisas que recebi em meu aniversário, nada saído do tesouro real, e enquanto ele estimava valores, apontava algumas peças que, se possível, gostaria de manter, a maioria presentes do meu irmão que estavam em meu porta jóias pessoal. A única que não estava disposto a abrir mão por absolutamente nada, era o pente que recebi em meu aniversário alguns dias atrás, o último presente que Tamaki me deu. Katsuki foi compreensivo e como fez questão de enfatizar, tínhamos mais que o suficiente para trocar e usar em nossa próxima parada, sem ter que arriscar os bens com valor sentimental. 

Nós conversámos grande parte da manhã, Katsuki me deu mais algumas informações importantes a respeito do caminho que seguiremos, e do nosso destino. Vez ou outra eu o interrompia com alguma dúvida, ou pedia para que repetisse algo que não consegui prestar muita atenção pois estava distraído fazendo alguma outra coisa, como por exemplo, verificar se não estamos esquecendo nada. Ele estava levando essa parte bem a sério, então também não tentei nenhuma gracinha, o que não significa que foi uma conversa densa e pesada, foi apenas normal e eu me sentia preparado para enfrentar o que viesse. Fez questão de reiterar várias vezes que ficaria tudo bem se eu agisse de acordo, e que não precisava me preocupar pois o tinha do meu lado. 

Acho que estava sendo útil, mas de todo modo não tinha muito a ser feito mesmo. Quer dizer, ao menos eu não tinha. Katsuki seguia em atividade: me disse que também tínhamos que nos livrar da manta real de Riot e de qualquer traço de item da corte que estivesse nela, porque não podíamos ser vistos com isso por lá. Que pena, é uma bela manta, a minha favorita na verdade, mas Katsuki sabe o que faz e entendo seus motivos. Assisti com as sobrancelhas franzidas enquanto ele arrancava com a adaga os brasões e símbolos reais da manta e da sela, que agressividade, chega a dar pena ver o couro e o tecido sendo despedaçados quando são tão bons. Pelo menos ele não jogou fora tudo, só dobrou o que sobrou e guardou debaixo da sela da Riot. Deve estar mais confortável para ela, 

[Katsuki Bakugo]

Não levou muito tempo até que nós estivéssemos prontos de verdade, considerando tudo o que tínhamos que fazer. É sempre rápido me vestir, estou acostumado a fazer isso com o menor tempo possível. Eijiro iria demorar um pouco mais, mas não me importei, enquanto ele fazia o que tinha que fazer com Riot, segui para o que eu precisava fazer. Joguei os restos de nossa fogueira no rio e fui buscar folhas secas para cobri-la. Não seria infalível em discrição, mas fazia seu serviço por ora, já que em um ou dois dias nossos rastros sumiriam e não estavam nos esperando por aqui.

Eijiro voltou com um saco de pano em mãos, e só de olhar já podia perceber que estava pesado, não a ponto de ser impossível ou difícil de carregar, mas com um peso considerável levando em conta o seu conteúdo. Eijiro entregou em minhas mãos, e mal pude acreditar nos meus olhos, o merdinha tinha trazido uma fortuna! Não é de se espantar na verdade, me lembro da vestimenta que usava quando deixou o castelo, só ali já teríamos o bastante para uma vida de luxo, mas isso… sem palavras. Em nossa próxima parada faríamos compras, em minha cabeça tinha uma lista dos itens e uma ideia dos valores, que agora sequer fariam diferença… poderíamos comprar tudo e ainda sobraria, sem ter que comprometer o que era importante de verdade para ele.. 

O próximo passo foi explicar a Eijiro que tinha que me livrar das marcas que indicavam que Riot era da cidadela. Arranquei o que havia de mais visível em sua montaria, fosse na sela e especialmente na manta, terminando de despedaçar tudo até ficar incompreensível. Deixei os retalhos e pedacinhos de lado e botei a manta dobrada sob a sela de novo de modo a ajudar a forrá-la.

[Eijiro Kirishima]

Quando acho que ele parou de destroçar as coisas da coroa, só o chamei.

— Vou com a Riot até o rio rapidinho, vem comigo? — Ele viria com ou sem convite, o chamei pois queria que ele soubesse que o quero ao meu lado, não sei, uma reafirmação bobinha de que sua companhia é sempre bem vinda. Fomos juntos até a Riot e ela veio ao nosso encontro assim que nos viu. Seu  cumprimento foi uma cabeçada leve em mim, acho que alguém estava com ciúmes… um carinho na crina depois e nós finalmente fomos os três até o rio. 

Lavamos o rosto, bebemos água, Katsuki jogou os retalhos na água, e Riot me traiu e foi ficar ao lado do dele, uma manhã qualquer na qual sou apunhalado pelas costas pelo meu próprio namorado e pela minha égua. 

— Temos tempo, será que podemos caçar alguma fruta nessa floresta… tem tantas árvores, não é possível que não tenha nada além de limões.

[Katsuki Bakugo]

Eijiro me chamou até o rio e fui com ele. Precisava ir, mas iria com ele até se não precisasse. Pelo canto de olho, estava sempre observando Eijiro, o jeito com que ele me seguia ou imitava o que eu fazia, como me ouvia atento com os olhos bem fixos em mim enquanto eu jogava os pedaços de couro e retalhos na correnteza. Desde que começamos as funções da manhã eu o fazia, e também observava as suas incursões com Riot; que, por sinal, decidiu ficar do meu lado depois que eu e Eijiro fizemos nossa higiene e bebemos água suficiente. 

Eu a acariciava e encostei minha testa nela para que estabelecêssemos de volta a conexão que me deixaria montar nela de novo por mais várias horas. Ouso dizer que Eijiro ficou com ciúme, de quem não sei. No mais, virei-me para ele de novo só quando ele disse sobre procurar frutas.

— Esse tipo de árvore desse bosque não dão frutas comestíveis. — Abaixei-me e peguei uma semente que era envolvida por uma membrana clara que a fazia voar mais fácil, então mostrei para ele. — Está vendo esse tipo de semente? Pinhas, essas que parecem uns bichinhos com uma asa, todas são de árvores que não têm fruto, porque a semente está seca aqui. Não digo que seja impossível, mas ia ser tempo gasto com pouca chance de sucesso. Se quisermos procurar com mais chance, teria que ser ao longo da margem, o que seria bem trabalhoso. Coma todo o restante das frutas secas, vamos encontrar lugares melhores para parar e procurar por frutos. — Joguei de volta a semente no chão. — Você deveria gastar um tempo para cag- oh, perdão por ser rude, Vossa Alteza, — Fiz uma reverência, rindo — aliviar-se em suas necessidades fisiológicas antes de começarmos viagem. Vou fazer isso também. Tente não ir até o próximo reino e encontrar um gnomo e mais criaturas míticas no caminho, é algo natural então já vá se acostumando.

[Eijiro Kirishima] 

Prestava atenção no que ele falava, pois além de útil era interessante, no mínimo curioso como dá para saber se uma árvore dá frutos ou não apenas pela semente. Podia muito bem esperar mais algumas horas, comia pelas manhãs mais por costume do que por fome mesmo, e as frutas secas que temos podem ser úteis em um aperto futuro. Por mim a conversa poderia ter acabado aí, eu falaria isso para ele e nós seguiríamos viagem tranquilamente… como fui tolo de achar que seria fácil assim.

Katsuki seguiu falando, e meus olhos se arregalavam conforme ele continuava, boquiaberto eu não acreditava no que estava ouvindo. Como ele pode falar essas coisas com essa cara? Pior, por que ele acha graça nisso? Tudo bem, sei como o corpo humano funciona, sei que todos temos essas necessidades, e talvez até concorde que seria bom irmos para cantos bem distantes para isso e assim evitar algum desespero na estrada. Meu ponto é que ele não precisava ter falado, pelo menos não desse jeito! Seria menos pior se ele tivesse seguido com a sua frase inicial e usado aquela palavra que não ouso repetir, mas a sua reverência e o jeito rebuscado de falar só pioraram tudo! 

Não briguei com ele porque não sabia o que falar, como se responde a isso? Já estive em muitas situações delicadas e constrangedoras com nobres, e consegui me sair muito bem delas, então por que agora não sabia o que fazer? Por que sentia os cantos da minha boca se curvando? Acho que estava começando a achar as respostas para minhas perguntas e, céus, elas estavam bem na minha cara… Katsuki é o total oposto dos membros da corte, não sei como responder ou agir pois nada me treinou para ele. Fico constrangido pois ele está jogando na minha cara tabus bobos criados por algum velho e escritos em livros de etiqueta. Não estamos em um salão formal, não era uma reunião estratégica ou um banquete, então não faz o menor sentido repreendê-lo.

Minhas bochechas ainda ardiam de vergonha, mas eu estava rindo. Acho que até eu posso falar algumas bobagens de vez em quando. 

— Eu vou para bem longe sim e você não pode me impedir… e se eu encontrar alguma criatura, espere alguns minutos antes de me socorrer.

[Katsuki Bakugo]

— Ah, mas eu posso te impedir, sim! Se você sumir de vista eu posso achar que tenho que te salvar e você não vai querer que eu me depare com essa sua cena tão cedo, vai que seu serviço também é digno de um dragão inteiro!

Quanto mais eu o constrangia com aquela conversa escatológica, mais eu me deliciava com as suas reações. Ele se contorcia de vergonha, mas estava sem conseguir parar de rir; sei que de nervoso em especial, mas não duvido que esteja se divertindo também. Eu vi alguma coisa em seu olhar, aquilo que há naquele seu semblante de quem gosta da liberdade mas ainda há amarras sociais demais para se desvencilhar - eu só queria destruir todas elas, era minha meta pessoal. Então ele me deu as costas corando e eu não via a hora de ele mandar eu me foder e me mostrar o dedo do meio, quando é que vou conseguir fazer o principezinho xingar? Sei que tenho que dar tempo ao tempo, mas não sou muito paciente, vou acabar tendo que falar para que o faça.

E lá foi Eijiro, em sua própria aventura particular até quase algum reino vizinho para não cometer esse ato hediondo nem perto de onde eu possa sonhar em estar. Agradeço sempre por ele não ser um animal sujo como a maior parte dos homens que já conheci, mas nós estávamos na floresta agora, só nós dois. Vamos nos ver cansados, sujos, sem poder tomar banho, isso tudo faz parte agora... ele logo vai ver essa parte toda e eu quero que ele saiba que eu não me importo. Vou lembrá-lo de todas as formas que puder.

Por ora, esperei. Eu ainda tinha que me livrar da minha malha de aço que ficou despedaçada depois dos incidentes da noite anterior a ontem. Tive tempo de cavar um buraco para enterrá-la entre as árvores, pensando em quantas formas eu perturbaria Eijiro quando ele voltasse.

Então claro que eu o incomodei de novo quando voltou para o rio depois de mim, provocando-o também com o quanto demorou e com o que eu conseguisse. Atropelava em coisas como "e aí, é de dragão mesmo ou continua humano? É feito de lava ou algo do tipo?" ou "cuidou qual folha usou? Não vai querer ter alergia no bumbunzinho. Ou foi um tecido e você já se livrou?" e mais qualquer infinidade de coisas que o ouvisse reclamar e rir nervosamente. 

[Eijiro Kirishima] 

Katsuki simplesmente não parava, e eu não conseguia parar de rir nem para recuperar o fôlego. Não sei se estava rindo por achar engraçado, por nervoso, ambos ou nenhum, só sei que entre as risadas tentei responder a sua insinuação e negar que as minhas particularidades feitas no toalete não são como as de um dragão. O que estamos fazendo? que conversa é essa? Como chegamos nesse assunto? É demais para mim, já cumpri minha cota de exposição para o dia e daqui pra frente só começaria a ficar enojado. Ainda sorrindo, apenas dei as costas para ele, e… como posso dizer? Fui pôr as coisas em prática? Céus, quanta deselegância!

Em resumo foi uma experiência horrível, tentei me preparar emocionalmente nas milhas que caminhei para me afastar mas de nada adiantou. Levei muito mais tempo criando coragem do que de fato nos atos em si. Eu me sentia sujo e a cada passo que dava para voltar até onde estávamos, eu cogitava a ideia de desviar um pouquinho e pular de roupa e tudo no rio. Quando escolhi fugir, já sabia que deixaria todos os meus privilégios para trás e dois banhos por dia definitivamente é um que foi deixado. Entendo a atual realidade, entendo que vamos passar dias na estrada, que nossa situação vai se deteriorar com o tempo e só posso torcer para me acostumar logo. Brincadeiras são divertidas e tudo mais, mas ainda fico apreensivo de que Katsuki pode ficar com nojo de mim em algum ponto da viagem, pode não me olhar mais com os mesmos olhos de agora… será que continuaria me chamando de dragãozinho e ainda se deitaria ao meu lado quando eu já não estivesse mais arrumado e limpinho? Durante muito tempo vivi em função da minha imagem e foi bom me esquecer disso por um tempo mesmo que fosse com ele zombando de mim, enfrentando, certas coisas não são tão fáceis de se livrar assim. 

Ainda estava pensativo quando voltei e me agachei para lavar as mãos. Devo ter ficado ali por bem mais tempo do que o necessário, o suficiente para que mais uma vez Katsuki conseguisse me arrancar das minhas próprias paranoias. Eu ria das perguntas indiscretas, não respondi nenhuma, e por mais que reclamasse e pedisse para ele parar, estava feliz por ser ignorado… se tem uma coisa que ele não faz, é brincar com coisas verdadeiramente sérias, então se brincava comigo é porque não vê nenhum problema, ou ao menos não se incomoda. 

[Katsuki Bakugo]

Ele corado até o pescoço é a coisa mais adorável do mundo. Para algumas frases ele me ignorou para lavar as mãos por um tempo eterno, outras só me mandou parar e brigou comigo, e quando só levantou perguntando quando é que nós íamos embora que eu o segurei pelo braço e dei-lhe um beijo no canto da boca, ainda rindo. 

Segurei-o para que não andasse mais para longe. Eu não me importo se faz parte disso tudo.

— Estou pronto para ir pra nossa aventura, e você? 

[Eijiro Kirishima]

Levantei já questionando sobre a nossa partida e sem pensar mantinha uma pequena distância, que ele fez questão de extinguir. Ainda ria quando me puxou e beijou o canto da minha boca, estava em paz e ansioso, perfeitamente confortável e incomodado, feliz e preocupado. 

— Eu preciso de um banho antes… — Segurei a mão dele que estava em meu braço e a soltei — Vou ser rápido, dez minutinhos e já estou de volta.

[Katsuki Bakugo]

Quando Eijiro tirou a minha mão dele, cheguei a sentir minhas sobrancelhas pesarem formando uma carranca. Mas a audácia. 

— Nem pensar. Meia hora só pra você decidir entrar na água fria e mais meia pra se vestir, além do tempo do banho. Tenho certeza que você já fez questão de ficar bem limpinho. — De súbito então abaixei-me o suficiente para conseguir agarrar sua cintura e jogá-lo por cima de meu ombro, para rumar até onde Riot nos esperava, já observando nossa cena caótica. Não sei se estou ficando louco, mas sempre parecia estar nos julgando. Eu adoro essa égua.

[Eijiro Kirishima] 

— Katsuki espe- — Ele não esperou. Se abaixou e me jogou em seu ombro como se estivesse pegando um saco de batatas, e essa fosse a sua rotina todos os dias. Esperneei para que ele me colocasse no chão e de nada adiantou, sequer afetou sua caminhada ou comprometeu o seu equilíbrio. Não me ouvia, fingia que não. Me segurava em sua cintura e pedia para que me colocasse no chão. Pedido esse que só foi atendido quando estávamos bem à frente da Riot, que nos olhava como se nos repreendesse por cansar sua beleza e desperdiçar o seu tempo. — Humpf. Não pode sair me carregando assim! — Cruzei os braços e bati o pé. Minha pose teria se mantido se não fosse esse ronronar involuntário que insistia em me trair. O tempo todo em que estava fora do chão, o sentia “fraquinho” e por isso nem considerei que ele pudesse senti-lo ou ouvi-lo também, porém, agora que dizia meias verdades, ele parece ter ficado mais alto só para provar um ponto. 

Bem, ele pode me carregar assim, por mais de uma vez já provou ter físico e capacidade para isso. Também não é como se eu não gostasse, essas demonstrações de força tem um lugar no meu coração, e é sempre interessante por assim dizer, a forma com que meu corpo é incapaz de resistir. Eu poderia ter me enrijecido, dificultado seu trabalho, mas não o fiz, por quê? Não sei dizer. Minhas reclamações e objeções eram bem mais pelo contexto todo do que pelo ato em si, eu definitivamente preferia que ele me tocasse apenas depois que conseguisse me banhar. Olhando pelo lado bom, ao menos ele confiava que estou limpinho, e posso dizer com segurança que sim, eu fiz muita questão.

[Katsuki Bakugo]

Ele se debatia e reclamava e pra variar alguma coisa nele o traía de que ele não estava achando tão ruim assim. Toda vez que ele ronronava ou o que fosse - eu vou chamar de ronronar, não me importo - eu percebia como se algo formigasse em mim, uma sensação gostosa borbulhando dentro de mim e me trazendo algo que sempre soava inédito: calma. Eu dei risada de como ele se entregava mesmo que pudesse quase enxergar o bico que ele estava fazendo mesmo que estivesse às minhas costas. 

— Posso, sim. Inclusive estou carregando. — Ao que estávamos ao lado da Riot, ergui-o pelas pernas juntas e empurrei-o para frente, para que ele ficasse com as costas retas de novo. Meu rosto à altura de seu baixo ventre, abraçando suas coxas, lembrei-me por um momento de quando estávamos no festival, dançando feito loucos. Àquela época eu já achava que não poderia me encantar mais por ele, mas cá estou eu, um filho da puta ainda mais desgraçado de encantos por ele. Agora que não o peguei emprestado, mas  sim o roubei; agora que eu não apenas acredito que poderia beijá-lo, mas tenho certeza. Claro que eu já estava sorrindo feito um bobalhão e ele iria sorrir de volta para mim, sem sobrar mais caminho para o bico que ele estava fazendo ou para o cenho franzido de suas desculpas esfarrapadas disfarçadas de protesto. Mais lindo toda vez que olho.

Riot deu uma resfolegada ao que estávamos ao lado dela e eu ri interpretando como um "andem logo com essa porra" e foi no mesmo ânimo que prossegui; afinal, eu o ergui assim para que ele subisse logo na montaria e não me ousasse atrasar mais. E eu subiria logo em seguida, puxando as mãos dele para minha cintura e perguntando uma última vez se não esquecemos nada. E vamos logo, temos muito chão a cobrir; a liberdade não é nada fácil e não vejo a hora de pagar por cada moeda que ela custa.

[Eijiro Kirishima] 

O tempo parou quando ele me ergueu mais uma vez. Mente em branco, me esqueci do que e por que resmungava. Me segurava com firmeza, e me olhava com o que só pode ser devoção, a mais pura, genuína e bela devoção. É por isso que estamos aqui, certo? É por esse motivo que nos enfiamos nesse caminho sem volta, é por isso que vale a pena. Talvez as dificuldades que vamos passar não importem, temos uma vida juntos pela frente, vamos mudar, aprender, crescer, e tudo bem desde que uma coisa nunca se altere… mesmo que décadas se passem, quero continuar sentindo essa coisa gostosa em meu peito, que me faz sorrir só de vê-lo sorrir, que deixa o mundo mais bonito do que já é pois consigo visualizá-lo em seus olhos. Agora, qualquer pensamento para o futuro, que não seja otimista, é inútil, todas as dúvidas que surgem vindas da insegurança e das amarras de uma vida toda preso, não servem para nada. Que as únicas dúvidas em minha cabeça sejam fruto da curiosidade e da descoberta. 

Queria beijá-lo mais uma vez, sem afastar suas mãos, mesmo que isso arriscasse desequilibrar nós dois, pois como me mostrou ontem a noite, até mesmo cair pode ser divertido se for ao seu lado. Eu teria feito, o beijaria, se não fosse pela senhorita estressadinha que nos acompanha na viagem. Seria bom se Lorde estivesse conosco, quem sabe sua personalidade amável não domasse Riot. Pelo menos ela não nos dava trabalho nenhum. 

Como o bom cavalheiro que é, e provavelmente temendo que eu saísse correndo se me colocasse no chão, Katsuki praticamente me montou nela. Sempre adorei cavalgar com a Riot, a tenho desde que era um potrinho e eu jurava que nunca iria crescer pois na minha cabeça de criança tinha ganhado um pônei. Gostava da sensação das rédeas dela em minhas mãos, de como ela me obedecia fácil apesar do seu temperamento, mas agora, estou preferindo segurar em outro lugar. Katsuki montado a minha frente a guiava sem esforço, e eu o abraçava com firmeza, sem qualquer risco de cair. Com meu peito colado às suas costas, apoiava meu queixo em seu ombro, e quanto mais nos afastávamos do nosso lugarzinho, mais real tudo parecia. Nós fugimos, e agora estamos explorando!

Não deixei que tivesse um segundo de silêncio, queria saber por que as coisas são como são, tem as cores, cheiros, e aparências que tem. Queria saber como as coisas mais simples funcionam. Via bichinhos e queria alcançá-los, coisas brilhantes e queria pegá-las. Estava encantado, mas acima de tudo estava feliz. Com paciência, Katsuki me situava entre tantas coisas interessantes, me explicava e me ensinava. Estava me divertindo comparando as coisas que aprendi no palácio com a vida real. Vez ou outra Katsuki misturava entre suas explicações, histórias de suas campanhas que pudessem me ilustrar melhor, e não conseguia conter minha empolgação, tão impressionado quanto fiquei no nosso primeiro jantar juntos logo que nos conhecemos.

[Katsuki Bakugo]

Logo deixamos aquele nosso refúgio rumo à aventura, e, como todos os lugares que deixei, mesmo com memórias boas, não olharia para trás uma segunda vez. O carvalho da cidadela, a margem do rio, lugares sem nome com apenas uma marca discreta de nossas iniciais porque somos orgulhosos demais para não fazê-lo, e partiríamos para a próxima, com tantas coisas a fazer. Agora, para a duvidosa e escondida cidade de Oji Harima.

 



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