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História O Herdeiro do Fogo - Sessenta e oito


Escrita por: bleedingrainbow e grouwundzero

Notas do Autor


⚠️ATENÇÃO ATENÇÃO HERDEIRINHOS! UM MINUTINHO DA ATENÇÃO DE VOCÊS AQUI QUE É IMPORTANTE!

Ontem, no nosso twitter oficial (Kali_Eiri) nós finalmente revelamos a capa do segundo livro da saga e também a data de lançamento! Mas não só isso, também teremos um surpresinha que será divulgada lá no dia do lançamento! Podem conferir tudo aqui: https://twitter.com/Kali_Eiri/status/1379539414465048582 (seria ótimo se pudessem dar uma forcinha com rts e likes) 💕

MAAAASSS AINDA FALANDO DE SURPRESINHAS, nós teremos uma surpresa exclusiva para vocês, nossos amores, leitores da fic, e ela será divulgada na semana que vem no capítulo 69! 💕

Sem mais delongas, queremos agradecer do fundo do coração todos os comentários que sempre nos incentivam tanto, definitivamente ler as reviews é a melhor parte de atualizar sempre 💕 Boa leitura!

Capítulo 68 - Sessenta e oito


[Eijiro Kirishima]

Um segundo de silêncio, todos os olhos voltados para as pedras e metais preciosos, ninguém se moveu, até que a voz de Katsuki irrompeu como um sinal de largada e todos começaram a se digladiar, uma confusão generalizada em que parceiros trocavam socos por conta de uma ametista. 

Muita informação, muita coisa acontecendo ao mesmo tempo, muitos gritos, xingamentos, um verdadeiro caos para o qual nunca fui preparado. Não duvido que Katsuki consiga mesmo lidar com todas essas pessoas, porém, não me parece certo me esconder atrás da bancada e deixá-lo sozinho nessa confusão. Decida-se Eijiro, faça alguma coisa! Via alguns homens vindo para cima de mim, mas minha primeira reação não foi a de me defender… um pouco mais a frente, enrolado com cinco ou seis pessoas, Katsuki enfrentava um perigo maior. 

— CUIDADO! — O alertei mas já corria em sua direção, minhas pernas agiram sozinhas e, sem pensar duas vezes, me coloquei entre ele e um dos clientes do lugar que tentava acertá-lo com uma cadeira de madeira. Braços cruzados a frente do meu rosto, só ouvi a peça de mobília quebrar e senti as farpas nas escamas… sim, meu braço, pelo menos a parte que usei para me defender, estava coberto com escamas de proteção… o mesmo para o meu punho, vi as escamas surgindo em minhas juntas quando me armei para revidar a cadeirada com um soco certeiro bem no rosto do homem. Ele cambaleou para trás e então caiu — KAT- KALIVAN VOCÊ VIU O QUE EU FIZ!?

[Katsuki Bakugo] 

Eu estava vendo tudo perfeitamente, desde que identifiquei uma sombra às minhas costas e vi que era ele. Pensei em me virar, mas ainda tive que terminar com um brutamontes que estava bem à minha frente. Ouvi o clamor por cuidado na voz de Eijiro e estava com o fôlego pronto para gritar para ele, enfurecido e assustado por ele não ter me obedecido e se exposto daquele modo. Senti meu coração na garganta, não era aquilo que eu estava esperando e era um tipo de imprevisto que eu tinha problemas para lidar.

Quando me virei para ele, foi ainda na fração de segundo do ínterim entre meu olhar ricochetear para o canto e eu conseguir virar minha cabeça, ligeiramente mais lenta, que senti tudo enregelar. Sabia que não iria ter tempo de entrar na frente, até porque foi ele quem se enfiou à minha. Iria tomar uma cadeirada por mim e eu não conseguiria fazer nada. E não precisei. Ele cruzou os braços à frente de seu rosto e tomou de frente, contra os braços, que brilharam em vermelho contra o reluzir das tochas. A cadeira se despedaçou e ele foi uma muralha imparável diante de mim. 

Cometi mais um erro brutal, mas acho que inevitável, de me deixar estarrecer. Com isso levei um soco no estômago de alguém, que nem sei de onde veio, quando eu já estava sem fôlego e sorrindo, mas não foi nada, quanto mais de armadura leve, então já peguei a cabeça do imbecil que me atrapalhou e meti contra a bancada. 

— Isso foi do caralho, Ei-! — Quando virei de novo para olhá-lo, contudo, já vi mais um cara que eu tinha que tirar de perto de nós — Se você não se proteger eu não vou conseguir defender todas! Olha pra frente, erga sua guarda, costas na minha!

[Eijiro Kirishima] 

Por Nana, não acredito que está mesmo acontecendo! Estou numa briga! Brigando de verdade! Costas coladas as de Katsuki, não tive muito tempo para admirar seu sorriso agora exposto já que sua máscara caiu um pouco. Por mais que estivesse perdido, meu corpo parecia saber exatamente o que fazer… claro que ainda não chego aos pés da maestria com que Katsuki luta, mas dá para o gasto, consigo me defender de ataques mais sérios, me esquivar dos que estão armados, e me aproveito da minha resistência natural para aceitar alguns golpes “mais leves”. Meu objetivo principal não era só me defender, mas sim evitar que os homens que me atacavam chegassem até o Katsuki, que mesmo agora, seguia sendo o alvo principal… o que não me surpreende. 

Uma de minhas mãos estava ocupada segurando o pente que me foi entregue, o que de certa forma é uma vantagem, pois assim, sabia exatamente onde iriam atacar. Queriam arrancar a joia de mim. Consegui derrotar a grande maioria dos que vinham para cima de mim, o que não significa que foi fácil… nem sempre consegui derrotá-los com apenas um golpe, e nem sempre estavam sozinhos, então precisava usar a cabeça e me manter calmo para pensar em estratégias para escapar dessas situações. 

Brigar é bem mais divertido do que imaginei, toda a adrenalina envolvida e a sensação de poder são realmente viciantes, e quase me esqueço de que pessoas estão sendo feridas.

[Katsuki Bakugo]

Não tenho tempo para discutir e Eijiro é, afinal, um homem adulto. E muito cabeçudo, diga-se de passagem. Larguei mão de tentar evitar que ele lutasse, ainda que soubesse que eu poderia me dar bem mal tendo meu instinto de protegê-lo automático daquela forma, mas eu também não consigo ignorar quem está com vontade de brigar. E aos poucos eu vi que ele estava e, melhor ainda, ele estava se saindo muito bem. Sua resistência sempre foi memorável, mas agora ele apenas parecia inquebrável, mesmo realmente levando vários golpes e aceitando-os de pronto. Ao lado de algo poderoso desse jeito, como posso me sentir menos do que invencível? Eu não tinha nenhuma dúvida àquele momento e a sensação era nova mesmo com um espectro semelhante; eu lutava com ele, não apenas por ele. O meu pupilo, que já é dotado de algo mágico de poder inexplicável dentro de si, mas que escolheu lutar mesmo que não soubesse disso, desde o começo e aqui também. Tudo o que ele não tinha de técnica ele aceitava de golpe e não sei se doía ou não, mas ele nem se mexia. Os braços dele estavam tomados por escamas vermelhas brilhantes e o que me restava de preocupação desvaneceu. Se ele virasse a porra de um dragão inteiro aqui eu não ia me importar da exposição, iria achar o máximo. E de repente, a cauda dele também apareceu, e veio bem a calhar, tirando um grupo todo de perto de mim para longe quando acho que parecia que iriam me subjugar ao mesmo tempo, combinados enfim. Não iriam, mas não ter tomado aquela maior parte de socos e tentativas de facadas traiçoeiras me deixou especialmente injetado de satisfação.

Eu vi alguém berrar que era um demônio e quem tinha sobrado de pé estava começando a recuar, fazendo-me gargalhar da forma mais maquiavélica possível. Tanto melhor se achem isso. Gritei que eu era um demônio e que iria arrastá-los todos para as chamas, já só me divertindo, e tornei a partir para cima para dessa vez mandar que se rendessem e entregassem o que tinham roubado ou ficassem amaldiçoados. Dois fugiram, talvez já tivessem levado embora alguma coisa de nosso tesouro, mas por mais que aquilo me enfurecesse ainda mais, não era com o que eu mais me importava. Outros tentaram, mas a cauda de Eijiro tampou a saída ao que ele pediu de um jeito muito educado que eles por favor mostrassem os bolsos e poderiam ir embora com a proteção de seus regentes. Foi realmente adorável, fazendo-me rir, aquele jeitinho de Eijiro me enchia de vontade de mordê-lo, ainda mais agora que sei que posso. Veio bem a calhar, porque lá estavam mais alguns anéis de ouro.

[Eijiro Kirishima

Por meses e meses, falei incansavelmente que treinaria até que pudéssemos lutar lado a lado, e cá estamos nós. Por mais que acredite que ele não tenha pontos cegos, Katsuki confiava em mim para proteger suas costas e sequer olhava para trás se não fosse para trocarmos olhares e sorrisos cúmplices. É a minha primeira chance de mostrar de verdade, na prática, que não desperdicei as suas madrugadas no carvalho, que treinei para valer, prestei atenção em tudo, e me esforcei ao máximo durante esse período em que não éramos nada além de professor e aluno. Desejo me tornar alguém que não precisa ser protegido, e que quando necessário, também é capaz de proteger… agora que somos só nós dois, tenho que mostrar que Katsuki tem consigo alguém com quem pode dividir um pouco do fardo… ele continua sendo o meu herói mesmo que eu passe a ser capaz de lutar também. 

Confusão não é algo que busco ativamente, mas que parece me encontrar. É bom poder libertar e explorar outros lados até então esquecidos e rejeitados. No castelo, nós nem brincávamos de lutinha, quem dirá brigar de verdade para além de palavras. É divertido, ainda mais pensando que nós somos os mocinhos e estamos lutando contra vilões, contudo, mesmo com toda a adrenalina, um soco ainda dói e uma faca ainda assusta. Não sinto quase nada nas partes protegidas por escamas, como meus punhos e antebraço, mas quando acertam meu rosto ou estômago, não é nada engraçado. 

Quando minha cauda apareceu, como sempre, veio bem na hora certa, um mistério que ainda não desvendamos. Para efeito de comparação, o que senti foi como se tivesse empurrado alguém muito forte com o ombro, ou com as duas mãos espalmadas no peito do sujeito em questão. Porém, quando me virei para ver o que se passava, a vi arremessar um grupo de pessoas para longe do Katsuki… eu não sabia que ela era capaz disso, e foi uma ótima surpresa. Sem perceber, já estava rindo sem saber ao certo o motivo. No que Katsuki me transformou? 

Alguém gritou algo sobre um demônio, e Katsuki berrou de volta, entre gargalhadas, que era mesmo um demônio e os arrastaria pessoalmente para as chamas. Me virei para assistí-lo e acho que posso adicionar mais um na lista dos momentos nos quais tive certeza de que estava perdidamente apaixonado. É essa intensidade e pitada de loucura que amo, vê-lo movido e perdido, ensandecido e vibrando. Poucos conseguiram se manter em pé, e entre eles, todos pareciam ter perdido a coragem de lutar, ainda mais enquanto Katsuki exigia que se rendessem. Dois conseguiram correr, e o mais rápido que pude me posicionei próximo a saída, obstruindo e fechando a passagem com a cauda. Tentei uma abordagem oposta a de Katsuki, ao invés de prometer a eles maldições caso desobedecessem, pedi por favor e ofereci a benção dos regentes caso nos ouvissem… os relembrei de que não há necessidade para mais feridos, e que tudo acabaria quando nos devolvessem o que é nosso e nada mais. Provavelmente movidos e assustados, acabaram virando seus bolsos do avesso e num passe de mágica, anéis surgiram ali dentro. 

[Katsuki Bakugo]

Eu nem me importava com o fato de que eu e Eijiro tínhamos um tapete de corpos diante de nós e de novo eu nem tirei a minha espada da bainha; senão minha adaga para fincar em uns braços por aí. Eu prendi alguns (dos que ainda estavam conscientes) pelas roupas nas mesas com suas próprias armas de fio, mandando que eles esvaziassem os bolsos. Não estava raciocinando exatamente sobre nada, onde queria chegar, o que mais deveria fazer, só sabia que não havia ninguém que me parasse. E me virei para Eijiro, nós dois arfando. 

Que nos parasse.

No final, conseguiria ganhar até mais do que me roubaram, mas não sou um ladrão nem mesmo para roubar outros ladrões, então peguei nosso equivalente em moedas e resgatei a maior parte das nossas joias, dos rendidos e tirando dos bolsos dos bandidos caídos, o que pedi que Eijiro fizesse também. Eu estava começando a cansar, mas a sensação que eu tinha agora era de poder mais absoluto e completo. Era uma liberdade brutal e intensa, um encanto indescritível, sentia-me completo de um jeito que não cabia explicação. Meus punhos combinavam com os dele, vermelhos, mas no meu caso era de sangue, e quando terminamos, quando os conscientes fugiram e os que sobraram estavam no chão, abri meus braços para que ele viesse até mim.

— Quem é o melhor casal de guerreiros dessa porra desse reino?

[Eijiro Kirishima]

Deixei que todos os que ainda estavam conscientes fugissem, e então me virei para Katsuki, arfando, puxei a máscara do meu rosto e a deixei em torno do meu pescoço. As mãos dele estavam ensanguentadas, mas ele sorria. Nossa vitória foi, em maior parte, graças a ele e já fico além de feliz só por ter contribuído no que pude. Nós vencemos, somos mais poderosos juntos. Com a ameaça neutralizada, era finalmente a hora de recuperar nossas coisas… me ative a procurar pelos pertences que podia reconhecer e que me eram mais importantes, mesmo que eles fossem ladrões, eu não sou, então só peguei o que é nosso. Parecia uma caça ao tesouro, gosto de caças ao tesouro, então não me importei de ficar abaixado no chão olhando os bolsos dos que caíram e me atentando a qualquer coisa que brilhasse. 

Com tudo de volta em nossas mãos, nosso trabalho por aqui está feito. Estiquei minhas costas e as alonguei… agora, só me restava uma coisa a fazer, e é voltar para o lugar de onde não deveria ter saído. Katsuki me esperava de braços abertos e eu simplesmente fui de encontro a ele sem nem pensar. Sorrindo o tempo todo, o abracei apertado e acabei rindo do que disse… sim, nós somos o melhor casal de guerreiros desse reino. 

— Somos nós… — deslizei o pente que ainda segurava para dentro de um dos seus bolsos — Cuida disso pra mim eu preciso- — Não consegui terminar a minha própria frase diante daqueles lábios que desejei a noite toda. Com as duas mãos, segurei em sua armadura de couro e o puxei para que finalmente pudesse beijá-lo.

[Katsuki Bakugo]

Em seu abraço, Passei a mão por seu torso em busca de algum ferimento ou osso quebrado e a animação que aquilo me trazia era dupla: um corpo intacto, e um corpo delicioso ao alcance de minhas mãos. Eijiro encontrou meus lábios com os dele e era impossivelmente quente, demais, fervilhando. Despejou com sucesso e de imediato toda minha excitação onde aquilo significava desejo, e a conexão que o abraço dele estabeleceu foi incendiada por seu beijo. 

Agarrei-lhe pela bunda e confirmei que nada da cauda, mais uma vez, mas nem pensar que minhas mãos iriam sair daqui agora. Ergui seu corpo para meu colo, pernas para o entorno de minha cintura. O que fiz quebrou o beijo por um instante e respirei pesado entre nossos rostos. 

— Você é um guerreiro, mas ainda é meu prêmio. — Eu sorria, olhos semicerrados naquela proximidade toda porque só o que eu queria ver era ele. 

Só porque eu não sou um ladrão que ainda peguei algum anel indistinguível em meu bolso e arremessei para trás da bancada da taverna. Que o taverneiro de bosta encontre e isso pague a carroça com a qual vamos fugir agora dessa merda de lugar. Já a taverna em pedaços... aí é problema dele e só dele. 

Carreguei Eijiro de uma vez até a porta e chutei-a aberta. Não estávamos inteiramente à sós na parte da frente, na noite fresca que enchia e revigorava nossos pulmões, mas ninguém parecia disposto a se meter, então só saí de suas vistas e dei a volta pelo caminho até o estábulo. Acabei deixando Eijiro no chão e segurando sua mão quando atravessamos a primeira ruela vazia, e foi exatamente quando tanto me arrependi, porque queria tê-lo em meus braços o tempo inteiro. Ele ria adoravelmente quando atravessamos por mais um beco vazio, eu ria de volta completamente contagiado, mas era como se o espaço vazio entre meus braços latejasse. 

[Eijiro Kirishima] 

Suas mãos passeavam pelo meu corpo, e como acendedores de brasa traziam de volta a vida chamas que foram apagadas repentinamente. Me entregava naquele beijo como quis fazer a noite toda, o correspondia em toda a sua intensidade pois meu peito também ardia com desejo. Mais uma vez estamos sozinhos no mundo, a melhor solidão que posso pensar, os poucos sortudos, que apenas estão fincados em seus lugares com suas próprias armas, não poderiam importar menos. Meus pensamentos, sentidos, atenção e coração voltados exclusivamente para uma única pessoa. Só queria ir embora desse lugar o mais rápido possível para que pudesse cumprir a minha promessa de satisfazê-lo e servi-lo como desejasse.

Com as mãos posicionadas em minha bunda, me puxou para o seu colo e de imediato envolvi minhas pernas em sua cintura, tão natural quanto piscar os olhos e respirar. O beijo foi quebrado, e nossas respirações pesadas se misturavam ao que apoiei minha testa na dele, por sorte ainda olhava para sua boca e pude vê-lo sorrir ao proferir as palavras que mexeram com o meu lado mais primitivo. Guerreiro e prêmio, sou os dois, sou dele. Incapaz de me manter distante por mais um segundo sequer, voltei a beijar seu rosto, seu maxilar, seu pescoço, qualquer centímetro de pele que pudesse alcançar enquanto ele nos levava para fora. Um chute na porta para que ela se abrisse, e um ganido meu que não estava preparado para isso… toda demonstração de força é um golpe baixo muito bem vindo. 

Não sei que caminho estamos seguindo, apenas deixei que me levasse e só me esforcei para me situar quando meus pés voltaram a tocar o chão. Provavelmente em um dos becos, na parte de trás da taverna, que nos trouxeram até aqui, e agora nos levariam até nossa carroça. Segurando a sua mão, ignorava totalmente a atmosfera do lugar e só conseguia rir, tomando por uma imensidão de emoções que é difícil colocar em palavras. Me sentia vivo de verdade.

[Katsuki Bakugo]

Os passos que dávamos pelos becos escuros quase ecoavam em pedra clara, e também o faziam nossas risadas. Estávamos sozinhos, envoltos por uma noite fresca, sob um orbe de estrelas abundantes, fazendo nosso caminho na penumbra enquanto eu me sentia inebriado, embriagado de tudo o que Eijiro me causava. O rosto dele agora descoberto, as risadas dele brilhando na meia-luz, o lugar dele era em minhas mãos e o meu nas dele. Esse lugar maldito era só mais um no qual eu venceria ao lado dele, por ele. Mais um que mostrava como nós estávamos destinados a sermos incríveis. Que porra, a sermos lendários.

E nisso que uma lembrança me cruzou a cabeça, junto com todos os impulsos que eu não iria refrear nem se quisesse ou pudesse. O que me cruzasse a cabeça fazer, eu faria. Cruzávamos para o estábulo sozinhos em todas as ruas, e depois de virar mais uma esquina solitária que parecia pertencer a nós dois, parei de andar e segurei-o para que também parasse. Segurei-o pela cintura antes mesmo que ele reagisse e virei-o para que encarasse uma das paredes. Minhas mãos se assentaram na curva bem-marcada pelo cós estreito da saia e dedilhei contra seu abdômen ao que dobrei minha perna para cima, erguendo-a e sentindo a parte interna da minha coxa roçar na perna dele até erguer um pouco sua saia. 

Nisso alcancei a adaga em minha bota novamente. Peguei a mão dele com minha outra, onde entregaria a empunhadura da arma. Ainda havia lindas marcas de escamas reluzentes em escarlate nos nós de seus dedos, era ultrajante como tudo nele tirava meu fôlego agora. Poderoso, lindo, meu.

— Marque nossas iniciais aqui também. Marque que passamos por aqui e fizemos história como vamos fazer por onde passarmos. — Minha boca encaixou ao lado de seu rosto, lábios tocando a concha de sua orelha, e a frase saiu de muito profundo em mim, gutural, algum lugar de perdição realmente, porque foi onde me encontrei quando o coloquei daquele jeito contra mim. Marquei o fim da linha, ateei fogo a mim mesmo, pisei em minha própria armadilha e só o que eu conseguia agora era sorrir porque nada iria me parar agora. Respirei pesado pela boca algumas vezes, em busca de ar, mas só me sufoquei ainda mais no quão delicioso seu cheiro estava, mais forte, quente, mais uma dose fatal para me preencher. Eu sentia meu coração marretar em meu peito contra as costas dele e não controlava minhas mãos, que agora agarravam-lhe o peitoral ainda por cima da fina camisa frouxa.

[Eijiro Kirishima] 

Ruas desertas, privacidade concedida pela escuridão da noite que já tomava a cidade, uma brisa fresca que só deixava meu corpo ainda mais quente, uma calmaria que em nada condizia com o que se passava em meu interior. A risada dele é como uma sinfonia para meus ouvidos, e eu agradecia a lua por me permitir vislumbrar seu rosto iluminado pela adrenalina, seus olhos uma contradição a tudo, ali brilhava uma penumbra que eu sabia exatamente o que significava, pois entre os meus sorrisos eu a sentia crescer. A única conexão entre nós se dava por nossas mãos unidas, e isso não seria o suficiente por muito mais tempo, o queria perto, contra mim, em mim, arrancando do meu ser o poder de raciocinar qualquer coisa que não seja o som da sua voz, o gosto do seu beijo, o ritmo do seu coração e a sensação do seu toque. Só precisava aguentar mais alguns metros, mais algumas ruas vazias, e então… e então… e então- 

Como se lesse meus pensamentos, ou pensasse exatamente a mesma coisa, Katsuki parou de andar e me segurou para que eu fizesse o mesmo. Curiosidade, o que está acontecendo? Tem alguém vindo? Estamos em perigo? Não, não é nada disso. Antecipação, ele segurou firme em minha cintura, seus dedos apertando minha pele com vontade. Nervosismo, me virou contra a parede e precisei me escorar na mesma em busca de apoio, mãos espalmadas na pedra fria e torso levemente inclinado para frente. Excitação, sentia sua perna se dobrar entre as minhas, o tecido de sua calça raspando em minha pele e levantando minha saia, a mesma pressão que senti no beco mas mais sutil, mais desesperador… dedilhava meu abdome e acordava todas as terminações nervosas da região. Confusão, me entregou sua adaga, e eu a segurei com afinco pois precisava de algo em que me agarrar. Por fim, realização… seus lábios estavam perfeitamente encaixados em minha orelha, de modo que seu tom de voz reverberava em meu peito, baixo, rouco, rosnado, animal. Sua respiração pesada me acertava em cheio, recalcitrante, como se estivesse fazendo um esforço tremendo para conter algo que luta com todas as suas forças para escapar. 

O que precisava fazer mesmo? Qual foi a ordem do meu senho- quer dizer… o que foi que ele disse? Ah, sim! Marcar, tenho que marcar, iniciais, nomes, nossos nomes. Nós marcamos nossas iniciais por onde passamos, como no carvalho, isso. Me afastei um pouco para fincar a adaga na parede, e meu objetivo era fazer igual a marca que deixamos no carvalho, e em nosso primeiro acampamento, um simples “EK”, mas minha mão tremia e o que desejei já começava a se tornar real, minha mente estava em branco. O resultado final foi apenas um K, Katsuki, tudo o que consigo pensar… Katsuki.

[Katsuki Bakugo]

As mãos dele hesitavam quando seguravam a adaga, eu o ouvia arfar, mas ele, arruinado, me obedecia. Seu corpo roçava contra o meu, meu toque o fazia tremer, sentia seu coração disparar contra minha palma, e ele me obedecia mesmo assim.

Tirei das mãos dele e escrevi o "E" à frente, como se tentasse lacerar pedra ao invés de cinzelá-la. Quatro golpes consecutivos que quase entravam no caminho do "K" que ele tinha feito, me parecia ideal, quase ilegível; nós sabíamos que estava lá. Caótico ou romântico, perfeito ou abstrato, quer saber, foda-se a essa altura, foda-se absolutamente tudo isso, somos nós. Quando ergui de novo minha perna e enfiei a adaga na bota de novo, a fricção de nossos corpos me fez gemer baixo e não havia a menor condição de eu soltá-lo agora. Nem pensar. Ele só sai dos meus braços agora se ele quiser que eu o solte, e todas suas ações mostram o oposto disso o tempo inteiro. Terminei de livrar seus cabelos daquele capuz maldito e acabei por derrubar a peça de roupa no chão, enfiando meu rosto em seu pescoço como um abstinente em busca da droga que iria matá-lo se usasse e iria matá-lo se não o fizesse. Minha respiração era pouco além de um rosnado de uma besta e eu mordi seu pescoço como se quisesse devorá-lo. É ele, sempre, quero tê-lo mais do que a qualquer coisa, tocá-lo é mais do que um desejo, mais mesmo do que uma necessidade, é imperativo, obrigatório, se ele quer que aconteça é o que irá acontecer, quer eu queira ou não, e em nenhum momento eu consigo me imaginar sem querer.

Devagar, minhas costas se arquearam, empurrei meus quadris para frente e me esfreguei por inteiro contra suas costas. Meu peito pressionou contra suas costas, meus quadris se esfregaram em seu traseiro e, céus, o que- caralho, o quanto já fantasiei com ele e tudo era tão intenso que eu sabia que no momento em que ficasse nítido era meu fim. Agora estava, de novo, e não tinha volta. O tecido de nossas roupas indo e vindo em nossas peles suadas e só consegui envolver meus braços em torno de sua cintura. Sentia-me duro ainda roçando contra o couro da armadura, o que era para ser minha proteção, agora me enlouquecia. Contra minha virilha, me impedia de sentir o volume delicioso daquela bunda que eu sabia que me ofereceria um encaixe como um vão que me sugeria mais. Não precisei mais do que um movimento rápido para tirar aquela parte do caminho, dobrá-la seguindo a própria linha da peça. Em um instante eu estava de volta ao ponto em que paramos várias vezes nesse dia antes de pular do precipício, com ainda mais violência, todas as vezes em que brincamos com fogo desde de manhã caindo por mim exponencial como uma erupção vulcânica. Queda livre. Eu me perdia irreparavelmente em seu toque, em seu calor, em seu cheiro, e, mãos enganchadas em seus quadris, não tinha nada em mim além de um desejo que tem todas as formas do desespero, menos a angústia. Aquilo me fazia cravar meus dentes nele, meus dedos nele, fazia com que eu o puxasse de novo e de novo contra mim a cada vaivém de meus quadris que a essa altura já não eram mais minha escolha, eu só grunhia baixinho. Era mais como o pêndulo de um relógio contabilizando o tempo curto para que eu me desfizesse, e seria de um jeito ou de outro; a essa altura a última coisa que faço é me importar.

[Eijiro Kirishima] 

A adaga saiu de minha mão com tanta facilidade, que, mesmo no estado em que me encontro, percebi que a força que jurei ter em meu aperto não passou de uma ilusão. Impaciente, Katsuki tirou a adaga da minha mão e finalizou nossa assinatura, o que era para ser um erro da minha parte, pareceu o melhor dos acertos ao vê-lo gravar aquele “E” bem ao lado, quase sobrepondo o meu “K”. Uma marca tão caótica quanto a que deixamos na memória dos que cruzaram nosso caminho essa noite, e que representava com perfeição nosso atual estado… sorria com cada golpe que ele desferia, poder desmedido que obriga até mesmo pedra a aceitar talhos tão profundos que nem mesmo o tempo poderia apagar. Poderoso, esse é o máximo que consigo elaborar a respeito, e qualquer coisa que fosse além da sensação da sua perna mais uma vez subindo por entre as minhas, é demais para que eu possa lidar no momento. O encaixe ideal dos nossos corpos, a fricção que não nos aliviava em nada, e se servia de algo, é para nos deixar ainda mais necessitados. O gemido baixo que me deu o prazer de ouvir, arrancou de mim outro igual mas mais agudo, surpreso, satisfeito… preciso ouvi-lo mais uma vez. 

Sua presença às minhas costas me desnorteava, não conseguia vê-lo com clareza, muito menos agora que meu capuz foi arrancado e uma cortina vermelha caiu entre nós. Meu cabelo agora solto se espalhava pelas minhas costas, recaia em meus ombros, e alguns fios teimosos insistiam em grudar na pele quente do meu rosto. A princípio, uma de minhas mãos deixou o apoio da parede para poder prender pelo menos algumas mechas atrás da orelha, mas mudou completamente de rumo quando Katsuki enfiou seu rosto no meu pescoço… nisso, alcancei os cabelos dele e deixei que meus dedos se emaranhassem em seus fios de ouro e os puxassem como resposta à sua mordida. Não queria afastá-lo, esse é o tipo de dor que não só estou disposto a sentir, como gosto… passamos o dia em um teatrinho de servidão e nobreza, seria estranho se saísse ileso sem ao menos uma marca do meu dono, meu proprietário. Meus olhos reviraram com a dor aguda e pontual da qual minhas escamas sabiam que não precisavam se defender, minha boca estava aberta pois ao mesmo tempo que sentia algo estrangulado em minha garganta, engasgado, tentava recuperar o ar que perdi. Katsuki é mestre em me arruinar, me deixar sem chão, desesperado por algo tão simples quanto respirar. 

A mão dele em meu peito me puxava para mais perto, eu quase podia sentir as batidas do seu coração e o desespero do braço que envolvia minha cintura. Ele forçava seu quadril, deixando para minha mente imaginar o quão duro estava contra o minha bunda… se bem que, nada do que eu pensasse chegaria aos pés da realidade, quando finalmente deu um jeito naquela parte de couro irritante que nos separava. Eu gemi alto, agora nem mesmo o tecido fino da saia e o um pouco mais grosso de sua calça me impediam de sentir sua ereção acomodada em mim em cada movimento de vai e vem, e isso estava me enlouquecendo. A promessa de algo a mais, queria sentir sua pele na minha. Seus grunhidos já denotavam que havia se perdido além do que é possível remediar, e dessa vez nada seria capaz de afastá-lo de mim, só esse pensamento já me fez gemer abafado e morder meu lábio com mais força do que é necessário. Preciso de mais, para nós dois, mais, pele contra pele. 

Quando se afastou um pouco, aproveitei para tirar suas mãos do meu corpo… disse a ele lá na taverna que seria muito bom, que iria satisfazê-lo, e não vou dar para trás com a minha palavra. Sem olhar para trás, ou perderia a coragem e seria consumido pela vergonha, segurei minha saia e a puxei para que sua barra ficasse na mesma altura do cordão que a prendia em minha cintura. Me empinei um pouco mais para dar a ele uma boa visão do que poderia ter agora. 

— Seu prêmio.  — falei quase em um sussurro, minhas bochechas ardendo com a minha ousadia de olhá-lo por cima do ombro. Não sei aonde isso vai nos levar, mas parecia a coisa certa a se fazer, o que meus instintos pediam para que eu fizesse.

[Katsuki Bakugo]

Eu não poderia imaginar a reação dele, até porque não podia prever ou supor mais nada. Mas se pudesse, não conseguiria conceber o que ele fez ainda assim, porque até mesmo vendo eu não acreditava, de longe o golpe mais forte que tomei hoje. Foi do instante em que ele se contorcia em meus braços sem que eu entendesse exatamente o que estava fazendo e vi ainda de entre nós o tecido da saia pender e segurar aqui e ali antes de simplesmente a barra ser subida até sua cintura. Era como se eu estivesse morrendo de sede e fosse jogado debaixo de uma imensa cachoeira que nem me deixa respirar. Minhas mãos se encheram em meu prêmio e eu apertei até marcar meus dedos em vermelho naquela pele branca, até escapar de meu aperto e eu imediatamente golpear minhas mãos de volta. Assistir aquilo ali era me assistir enlouquecer. Eijiro exposto por completo da forma que já me sugeriu tantas coisas e agora parou de sugerir; marcava-me à brasa. Gritava para mim que o que eu queria era estar dentro dele, gozar dentro dele, era isso que eu tanto tentava esconder na névoa e agora me tomou de súbito.

Como se hipnotizado, patético, acéfalo e arfando, eu soltei a minha calça e uma fivela de minha armadura porque precisava dele contra mim a todo custo. E foi quando me vi duro daquele jeito diante dele, um lampejo de sanidade passou por minha cabeça de que não, isso eu não poderia fazer com ele, eu não sou um maldito troll, ele não é uma fêmea. Não tem nenhuma possibilidade de isso não doer e ser horrendo para ele por mais que- inferno, olhe para isso, parece que esse corpo me convida, eu estou- eu-... não. Pare de olhar, pare, Katsuki-... 

Agarrei-o contra mim, abraçando-o de novo com tudo o que tenho, a testa contra suas costas e fechando os olhos com força, dentes trincados por entre os quais eu respirava pesado e alto. Ele também gemia, eu não o forcei a nada, ele se entregou para mim, agora minha pele estava contra a sua pele... seu cheiro era ainda mais forte ali em sua nuca, eu rosnava em cada respiração, me rendia a beijar seu pescoço, estou perdido, completamente, e ele continuava a me encontrar no meio do caminho em cada movimento que faço... maldito, o que pensa que está fazendo comigo...?

Então empurrei-o de volta, para que espalmasse as mãos ou os antebraços na parede e tornasse a ficar todo empinado para mim. Segurei bem sua saia junto quando agarrei seus quadris. Em um dos lados, pendi só o suficiente para empurrar uma das pernas dele para o sentido oposto. Não as queria abertas, e sim cruzadas. 

— Fique com as pernas cruzadas, que eu te seguro. —  Dobrei-me sobre ele e agarrei-o pelo cabelo para poder dar aquela ordem, bem contra seu ouvido. Ele não iria perder o equilíbrio, eu o seguraria, inferno, eu não o largaria nem se virasse ferro em brasa em minhas mãos, ele poderia se desfazer, derreter, ele não precisava fazer nada além de manter aquelas coxas bem juntas, porque era onde eu meteria ao invés. Então foi o que terminei de arfar, já rouco e no fim de meu fôlego quando senti deslizar minha ereção já molhada entre suas coxas, sentindo a pressão perfeita entre suas pernas, sentindo-me deslizando em seu suor, quente e firme. — Deixe bem apertadinho para mim...

[Eijiro Kirishima]

Turvo demais, muitas incertezas me rondavam. Não sei porque fiz o que fiz, não sei qual reação esperar do Katsuki, não sei nem mesmo o que quero que ele faça… só sei que preciso senti-lo com urgência, seu toque já me foi negado por muito tempo, seu calor… por mais que já esteja queimando, preciso do seu calor. Estou à sua disposição, literalmente, exposto sem qualquer barreira entre nós. O observava, acompanhava seus movimentos, me perdia em seus olhos que não viam nada além do seu prêmio bem a sua frente, ansiando pelo momento em que finalmente iria reclamá-lo. Segundos que se estenderam por eras até que suas mãos me alcançassem e me pegasse em cheio, com vontade, seus dedos cravados em minha pele e me trazendo mais daquela dor deliciosa, marcando seu território. Minha cabeça pendia para frente, não tinha mais força para além da que usava para manter o equilíbrio, por um instante perdi o contato visual e com isso veio a surpresa… seus dedos escaparam da minha carne, mas não tive espaço para sentir saudade… primeiro o som alto do impacto, então senti o formigamento do tapa e por fim a estranha onda de prazer que me acometeu. Eu gemi, alto, e não foi de dor, não sei do que foi, fiquei um tempo fora de mim e sentia apenas um filetinho de saliva escorrer pelo canto da minha boca… o que foi isso? e por que foi tão bom? Eu não deveria estar bravo porque ele me bateu? Então por que quero que faça de novo? Arfando, olhos arregalados, coração martelando contra o peito, estava confuso mas não posso elaborar nada por agora.

Calmaria, não se ouvia nada além de respirações pesadas. Tentava me recompor, ainda me agarrava ao tecido pois prometi que seria bonzinho e não queria obstruir sua visão… todavia, não sou de ferro e precisei de um apoio extra quando o senti se posicionar bem… como posso dizer? Dando todos os indícios de que iria entrar em mim. Engoli em seco e voltei a me apoiar na parede, meu corpo tenso, tenho quase certeza de que não estou pronto, mas confio nele o bastante para estar disposto a tentar se essa for sua vontade. Contudo, por sorte ou azar, não foi o que aconteceu. Voltou a me segurar como nunca deveria ter me soltado, e a se mover como nunca deveria ter parado, o mesmo vai e vem que fazia enquanto ainda estava vestido, mas dessa vez eu o sentia, toda a sua extensão em minha pele, duro, pulsando, me fazendo delirar sem sequer tocar minha própria ereção… não precisava disso, eu poderia atingir o orgasmo só com os beijos que dava em meu pescoço, com sua respiração rosnada, com o seu cheiro, só de imaginar sua expressão com seus dentes trincados. Extasiado, tentava levar ao máximo todas as sensações, forçava meu quadril contra ele para que o encontrasse no meio do caminho e pudesse ouvir mais da sua pele se chocando contra a minha. 

Com a percepção alterada, achava que não poderia ficar melhor, isso até que Katsuki me empurrou, e fez com que eu precisasse voltar a me apoiar na parede. Tentei deitar minha cabeça em meu antebraço, agora apoiado na pedra, mas o puxão em meu cabelo me impediu, assim como arrancou do fundo do meu ser um gemido arrastado, quase abafando sua ordem. Estava empinado do jeito que sua mão em meu quadril me obrigava a ficar, me moldando conforme era manuseado para que ficasse na posição perfeita para servi-lo do melhor jeito possível. O aperto em meus fios se desfez e minha cabeça caiu, cabelo por toda a parte e eu não poderia me importar com algo tão trivial. Tinha uma vaga ideia do que ele iria fazer, mas nem meus pensamentos mais selvagens me prepararam para a realidade… o deslizar vagaroso de sua ereção por entre o aperto das minhas coxas, molhada, tocando a minha quando sua virilha alcançou minha bunda… eu choramingava algo, acho que tentava chamar seu nome, e pedir para que começasse a se mover, não tenho certeza, mal consigo me entender. Achava que estava bem sem me tocar, mas ao sentir o arrepio que percorreu minha espinha ao que o senti, a fricção familiar.

[Katsuki Bakugo]

Na primeira vez em que movimentei meus quadris para frente, fui capaz de realmente aproveitar a sensação apertando em torno de mim, escorregando tão quente, apertado, delicioso. Só que eu não tinha em mim o mínimo de controle necessário para apreciar isso de novo. Meus quadris já repetiam como se imediatamente já estivessem em abstinência e tudo o que eu tinha era pouco e tudo no mundo inteiro ao mesmo tempo. Eu teria que me mover de novo, o prazer implacável irradiando por minhas pernas e demandando que eu enfiasse de novo, implacável, rude como eu sou quando não preciso me controlar, mas que contra Eijiro jamais seria violento. Preocupava-me mais em trazê-lo para mim de novo e de novo, ondas infinitas e hipnóticas, do que em realmente só me empurrar contra seu corpo até explodir. Se alguma coisa saiu do controle naquele próprio enlouquecer foi carência por mais pele nua, quando estou tão arrebatado por desejo e tudo o que tenho é seu pescoço que já beijei e suguei até minha própria boca inchar antes de sua pele. Meus dedos lutavam com tecido da saia desesperadamente para não perder por um segundo a firmeza em torno dos quadris dele, para não errar um único movimento ou perder uma única das vezes em que a pressão de seu corpo apertava aquela minha ereção tão maravilhosamente que eu poderia morrer. 

Ele gemia mais rápido e acho que suas mãos buscaram tocar a si mesmo pela sua saia; não tenho ideia de como percebi isso quando nem enxergar eu era capaz coerentemente, mas por alguma razão não queria. Nem ele poderia tocar em si mesmo, nem ele era dono de si agora, só eu. Agarrei-o pelos braços, enganchando minhas mãos antes de seus cotovelos e trazendo-os para trás. Agarrei-me como a rédeas, minha respiração ofegante rasgava alta por meu sorriso aberto e ensandecido, e no final de tudo o que foi aquela avalanche que me arrastou para longe. O corpo dele tensionava, ele gemia e choramingava e em seu tom acho que implorava por alívio; eu sorria por dar esse prazer, sorria por negá-lo, sorria porque eu era o único a prová-lo e o único responsável por seu tormento, e cada vez empurro com mais força, como se metesse mais fundo, sabendo que não irei machucá-lo e ainda assim que o estou estimulando e roçando contra várias partes sensíveis dele, uma diferente a cada centímetro que vou ou que volto. Ouvia o choque dos meus quadris contra o traseiro dele, um delírio meu em cada gemido completamente distorcido e ensandecido que eu arrancava dele. A certa altura eu só arfava, meus gemidos eram rasgados pela minha boca que apenas não conseguia mais fechar. 

Puxei-o mais, queria entregar esses gemidos em sua orelha, abracei-o para imobilizá-lo com as costas em meu peito e os braços ao longo do seu corpo, para ele estar literalmente preso dentro de meu abraço e eu seria tudo ao seu redor. Sei que fui o responsável por ele não conseguir manter as pernas mais cruzadas porque quase o tirava do chão agora, mas não havia nada que me refreasse de um ápice agora, de um orgasmo. Tentei recitar o que sentia para torturá-lo comigo mas não conseguia mais nada do que sofregamente chamar seu nome num tom arranhado e gutural. No fim talvez fosse exatamente o que eu sentia e essa porra não poderia ser mais poética. Eijiro era só o que eu sentia, o cheiro de seus cabelos me enchendo os pulmões no último fôlego que tomei antes de exalar com força, garganta rasgando, projetando meus quadris para frente como se quisesse cravá-lo em um golpe de misericórdia, por um, dois, três espasmos ou mais, de força convulsiva, gozei com tanta força que senti minha vista escurecer.

[Eijiro Kirishima]

Brutal, um nível de descuido e desrespeito que só pode se ter com o que é seu, com o que está em sua posse, e é de sua responsabilidade caso quebre… e eu estava a ponto de quebrar. A cada choque do seu quadril sentia meu lado racional se afastar mais e mais, sua ereção deslizava por entre minhas coxas, forçando e deslizando na medida certa, tocando em pontos que eu nem sabia que eram sensíveis, me reduzindo a uma bagunça sem sentido, me viciando no prazer, me deixando em um estado deplorável cada vez que seu quadril se chocava contra mim. Enloqueciamos juntos, de jeitos diferentes e complementares: eu cada vez mais apertado, rendido a sua presença implacável, implorando por alguma coisa que nem mesmo eu sou capaz de decifrar; e ele, cada vez mais feroz, impiedoso, selvagem, quase um tirano que tirava de mim todo e qualquer poder, bem do jeito que amo e que me deixa à beira de um abismo do qual pularia sem pensar duas vezes. Não estaria aqui se não fosse por essa intensidade, se não visse nele alguém que posso confiar cegamente até mesmo para me reduzir a nada… pois mesmo quando me mordia com força, e me segurava com violência, fazia com que eu me sentisse o ser mais precioso… Katsuki estava assim pelo meu corpo, por mim, porque eu o deixei assim,e a recíproca também é verdadeira, se agora me encontro incapaz de manter meus olhos abertos e minha boca fechada, se uso toda a minha força para apertar mais as minhas pernas e não para sustentar meu corpo, é porque ele me conquistou e eu aceitei sua vitória justa e incontestável. 

Estava agonizando, essa crescente que parecia nunca chegar a lugar nenhum e nos prendia em um ciclo de “quases” sem nunca chegarmos realmente lá, meus dedos tremiam atrás de alívio e minha própria ereção suplicava por qualquer contato que não fosse com o tecido da saia. Em um movimento ousado, tirei uma das minhas mãos de apoio da parede na intenção de me tocar, mas fui interceptado antes… aparentemente não tenho permissão para isso, e não me vejo em posição de fazer algo além de suplicar por benevolência, nem mesmo lutar contra. Katsuki segurava meus braços e me puxava contra seu corpo, essa posição é demais para que eu consiga lidar por muito tempo, o couro do seu peito contra o tecido da minha camisa é um crime, eu queria sua pele, queria sentir seu coração frenético enquanto me segura com força e mete com vontade, enquanto geme selvagem ao pé do meu ouvido. Ele está me levando a outro patamar que nunca alcançamos antes em nossa plena sanidade, tampouco durante o incidente. A adrenalina de estar subjugado, imobilizado em seus braços, literalmente fora do chão, só ele ensandecido como está é capaz de me arruinar de maneira tão deliciosa. 

Mais forte! Isso! Por favor! Katsuki! Katsuki! Todas palavras ininteligíveis que insistiam em rasgar minha garganta entre choramingos. Estava tão perto, tão perto… minha respiração doía de tão pesada, minha cabeça girava, meus músculos desistiram, e duas lágrimas escorriam em minhas bochechas… quase! só mais uma vez para finalmente… Isso! O orgasmo me atingiu com força, de uma vez, um soco no estômago que me desnorteou e me fez cair em uma nuvem de prazer, um grito silencioso seguido do meu corpo se tensionando uma última vez antes de se tornar imprestável nos braços dele. Sentia minhas coxas meladas enquanto ele seguia se movendo e tirando de nós dois cada gota de nossa excitação.

[Katsuki Bakugo]

O que se seguiu foi uma imensidão em minha percepção, ao mesmo tempo que se resumia apenas ao escuro e ao que eu tinha entre meus braços. Senti-me latejando, na virilha e em cada uma de minhas veias, contra meu esterno e em cada respiração que eu dava, e sentia o coração dele também batendo muito forte em cada parte de meu abraço.

Ele tinha gozado também, estava desfeito em meus braços e com meu rosto assim ainda em seu pescoço eu poderia escolher não voltar daquele caos jamais. Virei-o devagar porque queria beijá-lo, queria olhar em seus olhos; só que foi abrir os olhos e tornei à realidade de uma vez só. Um senso de urgência me tomou com o primeiro vislumbre de razão que me penetrou a mente e olhei ao nosso redor. Antes de qualquer coisa, tínhamos que ir embora. 

— Vamos, Ei. — Eu ainda estava rindo, atordoado, as sensações deliciosas pairando ainda em meu corpo, envolvendo e me encharcado. Deixei a saia dele cair de volta e coloquei-me para puxar minhas calças, mas mal o fiz antes que Eijiro cambaleasse para o lado e seu ombro apoiasse na parede à frente de nós. Só interjeitei um "oi, oi" para que prestasse atenção e grudei-me em seu braço. Eu não estou nem um pouco em meu mais firme e normal então consigo entender, consigo rir bem disso. 

— Tudo bem aí? — Perguntei ao me abaixar para pegar a camisa que ele usava de máscara, sem soltar seu braço, recebendo um grunhido, uma risadinha fraca, acho. Quando me pus de pé, já aproveitei para pegá-lo nos braços. Dei-lhe um beijo na bochecha quente. A névoa do pós-orgasmo me envolvia com tudo de entorpecente e uma vontade brutal de dormir, mas ainda consegui bem canalizar o que me restava de energia naquele dia para correr com Eijiro até nossa carroça.

Os braços dele em torno do meu pescoço, aquele dia impossível chegando ao fim da forma mais inesquecível. Toda a catarse do nosso poder, do nosso prazer, do quanto combinávamos e nos desejávamos. Eu carregava meu prêmio... bem, acho que reiterei isso demais, ele era mais do que isso, era meu maior tesouro. 

Tokoyami grasnou de longe e vi que lá estavam também nossos cavalos, nossos bens e nossa carruagem. Tudo nosso no lugar, acho que só nossa cabeça que não. Nossa loucura não nos causou qualquer prejuízo, só pudemos nos regozijar em mais indulgência, pude mergulhar em mais uma irresponsabilidade... por que estou pensando nisso agora? Está tudo espetacular, olhe para nós! 

[Eijiro Kirishima] 

Katsuki ainda me segurava firme e, se não fosse por isso, meu corpo teria cedido de uma vez por todas ao êxtase que corria em minhas veias. Sentia sua respiração em meu pescoço e a usava para tentar acalmar a minha própria, sentia seu cheiro cada vez que inspirava fundo, enchendo os meus pulmões com mais dele… sorria com o pensamento de que mesmo plenamente satisfeito, sua presença nunca era demais, eu nunca teria o bastante dele e isso é tudo o que posso pedir. Arrebatado, minhas pernas tremiam e eu precisaria de mais um pouco para voltar a realidade por completo, ao menos mais do que o tempo que me foi dado. Meus pés voltaram a tocar o chão, e fui virado para que ficássemos cara a cara, não estava preparado… as bochechas coradas, a pele brilhando com uma fina camada de suor e um beijo da luz da lua, os lábios inchados e rosados, os olhos ainda negros com as pupilas dilatadas… por todos os regentes, não quero esquecer essa imagem nunca. Pensei em beijá-lo, tinha que beijá-lo, cheguei a me inclinar para fazer isso mas a pior coisa que poderia me acontecer, aconteceu, ele parecia ter se agarrado a um fio de razão. Sim, nós precisamos ir… para onde?

Confuso, fiquei desnorteado quando me soltou. Sem confiança de que conseguiria me sustentar, acabei cambaleando e tive que apoiar meu ombro na parede para não cair… devo estar arruinado, com certeza. Por sorte, ainda o tinha ao meu lado para me dar o suporte que precisava, a firmeza com que segurava meu braço agora é diferente da que usou antes, e as sensações sobrepostas me confundiam conforme a névoa que tomava meus pensamentos se dissipava. O segui com os olhos quando se abaixou para pegar algo no chão, e foi aí que consegui me localizar, ainda estamos na cidade, em um beco a caminho das nossas coisas… na cidade… a céu aberto… okay. “Tudo bem ai?”, sem palavras, respondi com um grunhido e uma risadinha… sim, está tudo bem, é só que… não, não vou pensar nisso agora. 

 



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