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História O Herdeiro do Fogo - Oitenta e quatro


Escrita por: bleedingrainbow e grouwundzero

Notas do Autor


Olá herdeirinhos, como vocês estão? Esperamos que estejam todos bem 💕

Hoje em especial temos dois avisos para dar para vocês, o primeiro é que faltam aproximadamente três semanas para finalizarmos esse arco, a viagem/lua de mel está acabando e uma nova fase está para se iniciar; o segundo aviso é que na segunda-feira nós postamos uma atualização surpresa da fic "Um começo improvável" o spin off de "O herdeiro do fogo" que conta como Sir Yoarashi e Sir Todoroki se conheceram, vocês podem conferir o capítulo aqui neste link: https://www.spiritfanfiction.com/historia/um-comeco-improvavel-20273088/capitulo5

Sem mais delongas, boa leitura 💕

Capítulo 84 - Oitenta e quatro


[Katsuki Bakugo]

Em um momento, fui descobrindo de volta as memórias do dia anterior e o que estava acontecendo em nossos arredores. O barulho de chuva agora era fraquinho, se fazendo menos como uma torrente tal qual ontem e mais como um tamborilar em pedra e folhas. Suspirei, abraçando Eijiro mais forte, ao que me peguei sorrindo ao lembrar da tarde e de nossa noite, franzindo o cenho e dando uma risada fraca ao perceber que dormimos exatamente como eu caí ali sobre ele ao final, a mesma bagunça, e eu não poderia estar mais confortável. 

Será que Eijiro dormiu bem comigo sobre ele desse jeito a noite inteira, sem se mover? 

Soltei o abraço para me espreguiçar, esticando meus membros até grunhir. Assim, também me ergui nos braços dobrados para ver o rostinho - adormecido ou não - do meu dragãozinho. Se ele estiver confortável, não estou com pressa também para sair daqui se ainda estiver mergulhado em sono.

[Eijiro Kirishima] 

Horas, minutos, talvez segundos, podem ter se passado enquanto o observava dormir tranquilamente em meu peito, aconchegado e aninhado em meus braços. Tão pacífico, tranquilo, quase como um filhotinho, bem diferente do seu "eu" de quando está acordado, excessivamente adorável. Foi com essa doce visão, que peguei no sono sem perceber... um sono tão pesado e profundo, que sequer sonhei, apenas fechei os olhos, nunca estive mais confortável, tudo o que precisava era sentir Katsuki contra mim, nada mais, nem mesmo uma cama. 

A noite passou assim como a chuva que virou apenas uma garoa constante. Fui acordado por uma movimentação, um lincezinho se espreguiçando sobre mim, por isso sorria antes mesmo de abrir os olhos. 

— Ainda é cedo... — O puxei para mais perto de mim, me virando de leve para nos acomodar mais uma vez.

[Katsuki Bakugo]

Antes mesmo de ele abrir os olhos já estava sorrindo, e eu suspirei. Estava mesmo tudo bem, e eu poderia acreditar que com o mundo inteiro quando olhava ali para ele. Os grandes olhos se abriram para mim, os cílios longos farfalhando ao que ele piscou várias vezes e os olhos tinham aquela sua doçura típica quando encontravam os meus. Ele se virou para nos acomodar e disse que era muito cedo, uma clara vontade de não sair dali logo, o que era recíproco e me dava alegria de constatar. Não acordei o suficiente para decidir sobre o teor de autoindulgências.

— É cedo, sim. — Resmunguei enquanto esfregava meus olhos e dei risada sozinho. Nem sei que horas são, para ser honesto. Quando se mexeu, percebi o quanto nossas peles estavam grudentas, mas isso não me impediria de me aconchegar ainda mais perto.— Dormiu bem mesmo comigo em cima de você a noite toda?

[Eijiro Kirishima]

É difícil explicar direito a sensação de acordar pela manhã, abrir os olhos, e a primeira coisa que vejo é ele, seu rostinho ainda amassado, cabelos bagunçados depois de uma noite inteira recebendo carinho, olhinhos inchados pelo sono, e um doce sorrisinho de quem estava bem descansado. Pisquei algumas vezes para me ajustar a claridade, e também ao raio de sol que tinha em meu peito, se antes já estava sorrindo, agora era praticamente impossível parar de sorrir… há apenas uma certa quantidade de amor que um coração pode aguentar antes de parar, e o meu estava perigosamente perto desse limite. A voz rouca, as mãozinhas fechadas para coçar os olhos, a risadinha, todos golpes baixos demais para o meu pobre ser apaixonado. Ainda sentia os efeitos do dia anterior, as declarações de amor ainda rondavam minha cabeça, e meu corpo ainda estava mole pelo nosso esforço, por assim dizer. Tudo muito perfeito, ainda que estivéssemos deitados na pedra, e nossa única tocha tivesse se apagado, definitivamente ainda é muito cedo para sair daqui. 

— Foi a melhor noite de sono da minha vida. — Respondi com sinceridade, aproveitando que ele se aconchegou mais para me acomodar melhor. — Dormiu bem? Estou sempre à disposição para servir de cama. — Brinquei. Sem notar, voltei a fazer carinho em suas costas.

[Katsuki Bakugo]

— Você é uma ótima cama. — Pisquei devagar e dei um beijo em seu peito. — Vai se arrepender de propor, porque por alguma razão eu durmo feito um urso hibernando com você.

Grunhi mais uma vez ao sentir o carinho em minhas costas e só resisti à vontade de continuar olhando para ele porque fui tomado de uma vontade súbita de enterrar meu rosto de volta na curva de seu pescoço. Enfiei minha cara em seus cabelos, minha boca pressionando em seu pescoço por um momento. Então outro beijinho, e outro. 

— Tem alguma coisa a ver com esse seu ronronadinho. Estou ficando alerta com ele, acho que você usa como arma para me fazer cair no sono assim nos seus braços mesmo quando eu não quero. Não pense que não percebi quantas vezes tentou usar de seus talentos secretos para me prender em seus encantos desse jeitinho aqui. — Eu mesmo estava rindo do que dizia ao final, meus olhos fechados me fazendo questionar se eu ia acabar caindo no sono de novo, mas, ao mesmo tempo, meu coração batendo forte parecia me deixar animado demais para isso.

[Eijiro Kirishima] 

A paz que nos envolve é simplesmente inexplicável. Tem algo na ternura dos seus olhos, que me faz acreditar, e ter certeza absoluta, de que estamos no nosso lugar no mundo, e o beijinho em meu peito é a chave que nos prende aqui, que nos impede de voltar, de ir para uma realidade onde não tenho Katsuki todo manhoso, com a cara enfiada em meus cabelos me enchendo de mais beijinhos. Sua risadinha travessa sempre me encanta, principalmente quando tenta parecer indignado com algo que claramente adora, sequer se esforça para disfarçar o quanto está aconchegado.

— Não acredito que meu plano maligno foi descoberto! Preciso do meu ursinho bem descansado depois de hibernar, só assim você pode me ajudar a conquistar o mundo.

[Katsuki Bakugo]

Ele me chamou de "ursinho" e eu acho que devia ter visto essa vindo, porque eu mesmo entreguei na mão dele, mas me pegou de surpresa e eu me vi dando umas risadinhas absolutamente patéticas. Apertei-o mais um pouco, dedos na sua pele macia e imaculada que parecia ceder como uma cerâmica perfeita quando eu o tocava. Como pode ser tão incrível ao toque dessa forma?

— Você não me quer descansado, dragãozinho. — Mordi sua orelha em vingança e a risada que ele me deu de volta só me fazia acelerar ainda mais meu coração. Meus dedos que tinham apertado sua pele agora a dedilhavam como se para fazer cócegas — Eu estou descansado agora, e, quando fico descansado, logo me vejo muito disposto a não te dar nem um minuto de paz, e, portanto, eu vou prosseguir em minha missão agora mesmo. 

Subi no corpo dele em um movimento, sorrindo de lado, e prossegui com cócegas com meus dedos e, quando conseguia, mais mordidinhas em seu pescoço e em seu peito. Afastei as mãos dele para que ele não impedisse minhas cócegas, mas me vi pressionando suas mãos contra o chão de pedra e na proximidade de nossos rostos que percebi a posição em que estávamos, as coisas que isso insinuaria. 

Que seja, estou perfeitamente disposto a isso. Ainda tem algo que não consegui fazer ontem. 

— Seu ursinho quer te devorar todinho agora. — Inclinei-me e falei ao pé do ouvido dele e dei risada do que disse, aguardando que ele risse também porque deve ter sido francamente ridículo.

[Eijiro Kirishima] 

Ah, eu o queria descansado, sim! Talvez nunca tenha dito em voz alta, até porque acho que não preciso, minhas ações e reações falam bem mais alto do que palavras, mas eu simplesmente amo ser “atazanado”. Tem algo no jeito dele, em como vira um moleque, um menino, que me fascina. Não fugi para ter paz, pelo menos não nesse sentido, o que seria de mim sem essas cócegas? Sem as mordidas? Pior, sem as risadinhas? Não acho que seria capaz de sobreviver a um cenário em que Katsuki me deixa quieto. Só diversão, agora sobre meu corpo, seus ataques ficaram ainda mais intensos, meu pescoço e peito foram tomados por inúmeras mordidinhas, presas pontudas me causando arrepios, e por impulso, tentava afastá-lo… um erro, pois foi bem aí que as coisas começaram a mudar.  

As cócegas cessaram, agora Katsuki estava debruçado sobre mim, suas mãos ocupadas prendendo as minhas contra o chão. A proximidade dos nossos rostos me fez arregalar os olhos, o clima estava mesmo diferente, ou sou só eu? Não, não é coisa da minha cabeça, tenho certeza… ele não falaria esse tipo de coisa, desse jeito, se não estivéssemos na mesma página. Sua risada foi de travessa a maliciosa, e me fez prender a respiração, ao que mordia meu lábio inferior.  

— M-me devorar todinho? — Perguntei baixo, não mais do que um longo suspiro. Me remexi sob ele, involuntariamente ajeitando melhor nossa posição

[Katsuki Bakugo]

Eijiro não riu como eu esperava; ao invés, seu corpo todo se moveu como se para me acolher ainda melhor. Seus braços pressionaram a favor da pressão de minhas mãos, ou seja, para me deixar prendê-lo. Seus joelhos se afastaram um pouco mais, acomodando-me melhor, e eu não consegui evitar dar mais uma risada. Não de escárnio dessa vez, mas de satisfação. Deslizei minhas mãos dos pulsos dele para os ombros e então para sua cintura.

Todinho. — Reiterei, mordendo sua orelha e então seu pescoço. Se eu disse todinho, eu não estava para brincadeira, e quando ergui meu rosto, olhei bem em seus olhos com o cenho franzido para que soubesse disso mesmo sem eu precisar dizer. Sorri de lado com sua expressão, que sempre me dizia tanto de volta, especialmente no jeito com que até parece sentir um pouquinho de medo, uma expectativa de algo que não conhece, mas que apenas não consegue resistir e, se conseguisse resistir, ainda assim não o faria. Deixei um beijo longo em seus lábios sentindo como se ele derretesse contra meu toque, seu desejo fluindo de cada um de seus gestos. Ele se entregava mesmo com o frio na barriga que eu sei que sentia, e se entregava justamente porque eu lhe causava o frio na barriga, ou as borboletas, eu não sei se a essa altura sei bem a diferença, já que com ele é o tempo todo essa bagunça. Não sabia que era possível sentir tantos tipos de excitação diferente, mas cá estou eu, o tempo todo, e em especial com os lábios dele nos meus.

Eu não me resguardaria ali aos seus lábios, contudo. Não, tenho um corpo todinho a devorar, então iria começar a trabalhar. Quando estava com a língua no pescoço dele, já percebia que pele dele ainda estava mais salgada onde quer que eu provasse, e para mim era só uma prova de como o tinha feito ficar à flor da pele ontem, suando contra meu corpo desse jeito. Nada nele me enojava, só me deixava mais faminto.

Gastei um bom tempo em todo seu peitoral, porque eu só pararia quando o deixasse com os mamilos inchados, vermelhinhos - e, é óbvio, quando o sentisse já duro contra meu abdome, ao que eu estava tão perfeitamente encaixado entre as coxas dele. A pele macia e as curvas suaves em seu tórax me tentavam muito a seguir ali. Eu não conseguia parar de sorrir e de olhar para cima, para assistir sua expressão ao que ele se contorcia, suas mãos querendo me acariciar e agarrar, mas sem ousar me atrapalhar. Já com a boca à altura de seu umbigo, aquela ereção agora estava contra o meu peito, algo tão bizarramente incrível de senti-la contra meu esterno onde meu coração batia às explosões. Era tentador demais me mover para cima um pouco mais, só para senti-lo deslizar contra mim ali, e até o fiz uma vez, incapaz de resistir à tentação. Mas à resposta dele, o gemido profundo que arranquei, sei que não poderia continuar. Não era ali que eu queria que ele se derramasse de uma vez, apesar de que sei que eu estaria muito satisfeito que ele o fizesse ali quase contra meu queixo.

Só que não é meu objetivo. Meu objetivo é que seja acima de meu queixo, na minha boca. Dentro dela. E então, vou continuar traçando em beijos o caminho até sua virilha.

[Eijiro Kirishima]

Cada músculo meu sabe exatamente como reagir sem que eu tenha que pensar a respeito. Abrir mais minhas pernas foi apenas o natural a se fazer, um convite cordial, uma sugestão não tão casta, que sua risada fez questão de deixar bem claro que foi aceita. Suas mãos desciam pelo meu corpo, praticamente esculpindo minha pele, por fim repousando em minha cintura. Meus pulsos permaneceram unidos sobre minha cabeça, me questionava quanto tempo conseguiria ficar assim, aposto que não muito, visto que já começava a fraquejar. Agora as mordidinhas tinham outra conotação, assim como o seu tom ao reafirmar o que nós dois já sabíamos. Última coisa pela noite, primeira pela manhã… vou acabar mal acostumado desse jeito. 

Seus olhos se fixaram nos meus por longos segundos, ou talvez apenas um piscar, porém no tempo que for, pude ver tudo. Suas pupilas dilatadas não me escondiam nada, sei exatamente o que se passa em seus pensamentos, mas nem isso é garantia absoluta de que não serei surpreendido, Katsuki nunca é totalmente previsível quando sorri assim. Já estava com frio na barriga, uma ansiedade gostosa de sentir, e que apenas Katsuki sabia como me proporcionar, um ansiar que seria doloroso caso não fosse suprido no segundo seguinte, a melhor analogia para isso é andar numa corda bamba, já sabendo que vai chegar são e salvo no final, mas sem ter ideia de quanto tempo vai demorar, ou de quão difícil e exigente o percurso vai ser.

Me aguentei sem tocá-lo até o momento em que me beijou. A cada movimento sincronizado, e ao mesmo tempo caótico, dos nossos lábios, eu derretia e me entregava mais e mais, rendido ao ritmo lento que contrariava meu coração. Segurava seu rosto com cuidado, um pedido para que não se afastasse, e também uma mensagem de que poderia fazê-lo se quisesse, só precisava senti-lo. Em certo ponto, sua língua deixou a minha, e foi direto para o meu pescoço, arrancando de minha garganta, quase à força, um gemido. O primeiro de muitos que vieram em seguida. Seguindo em direção ao meu peitoral, Katsuki foi capaz de me deixar à beira da insanidade apenas com sua boca, um prelúdio do que aconteceria mais para frente. Até então, não sabia que meus mamilos poderiam ser tão sensíveis, mas enquanto estou me contorcendo, não sou sequer capaz de me surpreender. Uma de minhas mãos estava em seus cabelos, entremeada nos fios ralos na altura da sua nuca, e a outra, se agarrava ao seu ombro em busca de apoio. Me sentia duro contra o seu abdome, e me conheço o bastante para saber que caso isso continuasse, não suportaria muito mais antes de começar a buscar qualquer alívio por conta própria.

Acho que sabendo disso, Katsuki parou e seguiu com sua trilha, me torturando a cada centímetro de pele que beijava. Quando chegou a altura do meu umbigo, a realização me atingiu, ele vai mesmo fazer isso, pensei. Até aqui, só pude vislumbrar flashes da sua expressão, do seu sorriso satisfeito, apenas porque não conseguia manter meus olhos abertos por tempo suficiente para admirar de verdade. Sobrecarregado por tantas sensações, quando não os fechava, os revirava. Porém, nessa pequena pausa que recebi, consegui vê-lo com atenção, observá-lo com cuidado, e nisso fui preso em um feitiço que me impedia de sequer olhar para o lado. A cena parecia um delírio febril de tão surreal, minha ereção perfeitamente encaixada entre seus peitorais, e como se não bastasse, ele se moveu… me vi deslizar em seu esterno, me afastando e depois me aproximando do seu queixo… perigoso demais, apenas um vai e vem já me deixou à beira do orgasmo, não posso garantir que aguentaria mais uma repetição, quem dirá duas ou mais. Mal conseguia respirar, os beijos seguindo em direção a minha virilha, a antecipação de imaginar o destino final de seus lábios. Minhas mãos já repousavam em seus cabelos mais uma vez, resistindo muito à tentação de tentar guiá-lo e, sem querer, cometer o crime de apressá-lo. Devagar… tome seu tempo… por favor.

[Katsuki Bakugo]

Estava mesmo me deleitando com todas as reações dele, como quem está com um banquete à sua frente. Estava à minha disposição, eu não precisava caçar: Minha presa estava satisfeita em sê-lo, ele queria que eu o devorasse. E tudo naquela metáfora imbecil realmente faz sentido quando também já estou duro e quando cravo meus dentes na pele de sua barriga - o último lugar que vou morder antes de só prová-lo com minha língua, sentindo-me com água na boca, e quando eu chupava sua pele com força era uma antecipação para o que eu faria logo em seguida quando o tivesse em meus lábios. 

A expectativa por certo - por óbvio - era mútua, porque senti que os dedos de Eijiro crisparam em meus cabelos e ele teve um pequeno espasmo para me empurrar para onde me queria. Logo soltou a pressão, como se não quisesse me forçar, e vi que não deve sequer ter sido intencional. O que fazia isso ser ainda melhor. 

Ao erguer os olhos para assisti-lo perder o controle, também ergui a cabeça um pouco mais dessa vez, porque não me aguento sem torturá-lo. Só que foi quando algo chamou a minha atenção no canto dos meus olhos. E quando eu estou com Eijiro daquele jeito diante de mim, só mesmo algo brilhante e voador para ser capaz de me fazer desviar o olhar por um segundo, e só porque poderia ter potencial de ameaça. Ergui mais a cabeça para observar direito que merda era o brilhinho específico que não estava ali antes, pairando adiante de Eijiro, perto da parede da caverna. 

— Mas que merda...? — Ergui-me em minhas mãos e me levantei de sobre o corpo dele, confirmando o que eu estava vendo. Deparei-me com uma figurinha humanoide do tamanho talvez da minha mão, com asinhas batendo rápido até não se poder ver, como um beija-flor. O corpinho todo verde, dando a entender um pouco mais de um formato feminino, cabelos em um tom mais clarinho e uma coisinha pontuda na cabeça que pareceria um chapeuzinho. Sem dúvida, um tipo específico de fada: Uma pixie.

Nada explicava o que aquela desgraçadinha estava fazendo ali enfiada em uma caverna nos assistindo em um momento íntimo, por mais curiosas que elas sejam conhecidas por ser, e não estou nem aí para a explicação. Só sei que essa porra tem que sair daqui agora porque estou no meio de algo imprescindível. Franzi o cenho e vociferei.

 — Quando você entrou aqui? Sai daqui, pervertidinha do caralho, volta para o oco de uma árvore de uma vez!

Gesticulei para que ela saísse, mas ela não se moveu. Os grandes olhos (grandes para aquele rostinho, ao menos) de pupilas também esverdeadas continuavam fixos em mim, nenhuma expressão específica naquela face diminuta além de um biquinho nos lábios. Quando Eijiro também ia olhar para ela, já me adiantei para explicar. 

— É a porra de uma pixie enxerida, é tipo uma fadinha inofensiva, uma curiosa do caralho. Vou tirar essa bostinha daqui. — Falei antes de me erguer.

[Eijiro Kirishima] 

Como um gato que gosta de ficar brincando com sua presa, a jogando de um lado para o outro com suas patinhas, Katsuki estava me testando. Já estava tão próximo, quase podia sentir o calor úmido de sua boca, e mesmo assim, tudo o que recebi foi uma bela mordida na parte baixa do meu abdome. Gosto dessa tortura que me deixa impaciente, faz a recompensa no final parecer ainda mais prazerosa, isso é, quando consigo receber essa recompensa. Quando achei que, finalmente, o próximo passo seria dado, ele se ergueu em suas mãos, ou seja, se afastou bem mais do que deveria, e com um olhar que, no momento, me encontro incapaz de interpretar com exatidão, mas me parece confuso, proferiu as palavras que ninguém quer ouvir em um momento íntimo… “mas que merda…?”

E só piorava. Ainda estava deitado, imóvel, enquanto Katsuki gesticulava e esbravejava para expulsar alguma coisa, ou alguém, que estava atrás de mim. O que mais me chamou atenção, por assim dizer, foi tê-lo ouvido falar “pervertidinha”, pois isso indica que estamos na presença de uma mulher, tem uma dama nos vendo nessa situação! Não consigo me lembrar da última vez que fiquei nu na presença de uma senhorita, mas posso afirmar com toda certeza que quando aconteceu, a situação não se assemelhava em nada com o presente momento. Definitivamente não conhecia Katsuki ainda, logo, não o tinha com a cabeça entre minhas pernas; e também, como posso dizer, não me encontrava no atual estado de excitação. Meu rosto queimava só com a ideia de ter alguém nos assistindo por sabe-se lá quanto tempo, mas como eu disse, piora.

Me apoiei em meus cotovelos, e antes que eu pudesse de fato me levantar e olhar para trás, Katsuki se adiantou com a explicação. Posso estar sendo exagerado, dramático, o que quer que seja, todavia, ouvir que era uma fada, não adiantou de nada. Claro, é um alívio saber que não estamos em perigo iminente, porém, até onde sei, fadas são criaturinhas bem pequeninas, doces serzinhos com asas que cuidam de flores, protegem florestas e bosques… adoraria conhecer uma fada, a realização de um sonho de infância, e exatamente por isso, me parecia ofensivo estar assim na frente dela. Era uma vez as minhas chances de fazer amizade, até porque, tenho que admitir, uma parte de mim, uma não tão pequena, de certa forma, estava bem brava com ela, principalmente pela inconveniência. Dei uma breve olhada por cima do meu ombro, a pixie era tão adorável quanto imaginei, seus olhos imensos, feições delicadas, parecia ser bem frágil, com cabelos longos e um chapeuzinho fofo… oh, não, não acredito que uma coisinha tão amável, de aparência tão inocente, quase nos assistiu fazendo aquilo. 

— Seja gentil com ela. — Voltei a me deitar no chão, não conseguiria olhar mais para aquelas irises enormes, preferia olhar para o teto da caverna.

[Katsuki Bakugo]

Eijiro me pediu para que eu fosse "gentil" com a intrusa, mas não sei se é um pedido que consigo atender. Se estávamos na caverna dela, podia muito bem ter aparecido antes para dar as caras, não para esbugalhar aqueles olhinhos depravados. Aliás, até onde eu sei, pixies não gostam nada de cavernas, porque são comumente moradas de outras criaturas com as quais elas não convivem bem. Então o que aquela merdinha estava sequer fazendo lá além de nos espreitar em um momento íntimo? Só consigo imaginar que, primeiro, ela está sendo ainda mais enxerida do que uma pixie já geralmente é, e segundo, é mais uma criatura mágica que se encanta pela magia que Eijiro tem dentro dele, mas essas já estão começando a me encher o saco. Pro inferno com vocês, porcariazinhas brilhantes, é meu Eijiro e eu não quero nenhum trequinho místico atordoado por ele me atrapalhando. Vão achar o seu próprio dragão pra babar porque esse já tem dono.

Ergui-me e abanei a mão para afastá-la, como faria a um pássaro ou a um inseto. Sim, porque não vou ser gentil, mas também não vou machucar essa bostinha por ser curiosa e inconveniente para caralho. Ela pairava no ar e me olhava de volta, certamente sem entender do que eu a estava xingando, mas eu estava. Por certo meu tom de voz indicaria o suficiente. 

Deparei-me com mais uma cena curiosa na saída da caverna: Riot e Lorde deitados dormindo encostados. Com isso e com a fadinha de merda voando para adiante nas árvores, até poderia dizer que estava satisfeito, ou tão satisfeito quanto pudesse ficar ainda enraivecido e pisando duro. Vou ter que começar tudo de novo nesse inferno, porque isso acabou com todo o nosso clima. Se eu estou brochado (felizmente nesse caso, não iria querer andar enxotando a porra de uma fada caverna afora com meu pau em riste), não iria esperar de Eijiro que estivesse diferente. Ele estava deitado meio encolhido, com uma expressão completamente desacorçoada no rosto, o que só me deixou mais bravo. Que seja, não vou perder isso agora. Não é sacrifício nenhum fazer tudo de novo, pelo contrário, é um prazer. Faço mais mil vezes se precisar e depois mais uma.

— Estou de volta e ela foi embora. É só a merda de uma fada, isso não é nada para ela. — Ajoelhei-me de novo à frente dele. — Sei que estragou o momento, mas vamos de novo devagarzinho do começo.

[Eijiro Kirishima]

O clima foi arruinado em um piscar de imensos olhos, e ainda assim foi triste permitir que Katsuki se afastasse para guiar nossa intrusa até a saída. Estiquei minhas pernas, e levantei um pouco meu pescoço para, primeiro de tudo confirmar que, de fato, meu corpo não demonstrava mais nenhum sinal de excitação… nada… o que é deprimente, pois no instante em que levantei meus olhos mais um pouquinho, lá estava ele, Katsuki se banhando no sol da manhã. Seu contorno esculpido na luz, ombros largos e fortes, que seriam capazes de me puxar do chão e me erguer aos céus; a cinturinha que era do tamanho exato para minhas mãos, e acima de tudo, o seu bumbum… como eu poderia estar tão “relaxado” com essa visão? Nem conseguia me incomodar com o tom que ele usava para expulsá-la, só queria que voltasse logo, e de preferência sozinho. Levemente envergonhado, acabei me virando de lado, e puxando um pouco minhas pernas em direção ao meu peito. Encolhido apenas para me cobrir. 

Ao que ele voltou a andar em minha direção, me ajeitei novamente para recebê-lo. O via caminhar sozinho, e isso já era o bastante para me deixar um pouco mais animado… porém, assim que ele se ajoelhou entre minhas pernas mais uma vez, falando sobre recomeçar e tentar de novo, lá estava ela, a fadinha o seguiu, e me olhava bem nos olhos, quase como se me julgasse.

— Katsuki, eu não consigo… — Choraminguei, trazendo minhas mãos para o rosto na intenção de me esconder da pixie — Não com ela me olhando… tá atrás de você.

[Katsuki Bakugo]

Eu me virei já fazendo um arco com a minha mão para afastá-la de onde quer que essa maldita estivesse de volta. Ela me seguiu de volta, essa desgraçadinha.

— INFERNO DE MOSQUITO MÁGICO! — Urrei, me botando de pé de novo, virando para ver que ela apenas escapou de meu alcance com facilidade. Não acredito que vou ter que ficar lutando pelado contra o diabo de uma fadinha que eu não posso nem matar de uma vez. Se eu pego minha espada, eu divido essa porcaria em dois pedaços em dois tempos, inferno, só de pegar um pedaço de pau eu consigo arremessar esse bicho numa parede, mas alguma moral que reside em lugares clandestinos em minha mente não vai me permitir assassinar uma criatura mítica da floresta só porque ela não está me deixando chupar um pau em paz. O que não me impediria de xingá-la mais um tanto. Que situação absolutamente inacreditável.

Virei-me para Eijiro, respirando pesado, punhos cerrados e dentes trincados.

— Vamos seguir viagem de uma vez. Não vou ficar aqui brincando de prender fadinha feito um idiota tentando não machucar ou matar essa maldita. Ela não vai muito longe de onde mora então deve nos deixar em paz assim que sairmos do seu território. Aí podemos parar de novo e fazer o que quisermos.

[Eijiro Kirishima]

Deixei Katsuki xingar tranquilamente, sem demonstrar qualquer sinal de desaprovação, porque no fundo, eu também queria fazer o mesmo, mas nunca teria sua coragem. Outro motivo para ter feito vista grossa, é que tenho quase certeza, de que ele romperia uma veia caso se segurasse. A pixie não parecia nem perto de nos deixar em paz, de nos dar um pouquinho de privacidade, por dez minutinhos que seja, só para que pudéssemos terminar o que começamos. Bem, por mais triste que seja admitir isso agora, ele tem razão, vamos seguir com nossos afazeres e, quem sabe, em algumas horinhas corrigir a nossa manhã.

— Tudo bem… espero que ao menos nossas coisas estejam secas. — De frustração já me basta essa visita fora de hora, não preciso de roupas molhadas, pensei comigo mesmo. Apoiei minhas mãos no chão, e por fim me levantei. Aproveitei para me espreguiçar bem, a sensação de cada ossinho voltando para o lugar sempre me deixa pronto para enfrentar o dia. — Da onde será que ela veio? — Apontei para a fadinha — De onde você veio? — Dessa vez perguntei diretamente para ela, e sabe o que recebi como resposta? Por mais que tenha sido gentil em meu tom ela, que ainda voava atrás do Katsuki, usou o corpo dele para se esconder e me deixar conversando com as paredes. Por quê?

 



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