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História O Homem que Mora na Colina (Reylo AU) - Cinco


Escrita por: VanVet

Notas do Autor


Olá, pessoal!!! Tudo bem com vocês?

Depois de uma semana muito incrível, com vários comentários e especulações, adoro isso, me empolguei e trouxe um capítulo super dinâmico para agradecê-los. Aqui, os primeiros desdobramentos da história começarão a ser traçados e Rey se verá diante de uma situação complicada em sua vida. Aguardo ansiosa por suas especulações, porque este capítulo cinco é bem passível delas.

Não posso esquecer de agradecer os leitores que comentaram no capítulo passado (Obrigadíssima, gente fofa!) e torcer para que todos tenham uma ótima leitura! Super beijo o/

Capítulo 5 - Cinco


Como era de se esperar, o clima não era nada promissor na casa dos Westerming, mesmo assim os pais Rey insistiam com aquilo de organizar um jantar para o forasteiro Sr. Ren. O conteúdo da carta da noite anterior não chegou aos ouvidos dela, mas os sinais de que não haveria de ser algo bom eram claros. O pai evitava seu olhar como se estivesse envergonhado demais para encará-la e sua mãe desconversava ao ser pressionada sobre o assunto, contando como era importante que elas arrumassem os detalhes do jantar com capricho para aquele rude desconhecido visitá-los.

Rey sentia-se apreensiva, impotente e irritada. Poe povoava seus pensamentos, mas a situação familiar de repente pareceu preocupante o suficiente para que ela ficasse acordada a noite por mais este motivo. Não poder ajudar, não saber como, e querer de todo o seu coração, também era uma perturbação sem igual ao seu espírito inquieto. E ter de pensar em que tipo de prato o Sr. Ren gostava ou deixava de gostar, qual cômodo da casa acharia mais confortável para relaxar, ou que tipo de vinho aguçava mais o seu paladar esnobe, era de fazer o sangue dela entrar em ebulição.

Como a boa filha que era, ainda que tivesse pressionado a mãe mais algumas vezes, e sem sucesso, Rey acabou por entrar no clima do jantar e dedicou-se para transformá-lo em um pequeno evento digno dos Westerming. Se isso distraísse a matriarca e trouxesse alguma dignidade ao pai, o antigo amigo dele parecia ter sido alguém muito importante em sua vida, ela se esforçaria.

Sem a empregada Stephanie para compor o quadro de funcionários algum serviço doméstico acabou sobrando para as madames da casa. Frans ajudou a cozinheira no preparo de um delicioso guisado de peixe acompanhado de batatas assadas e couve de Bruxelas. Quanto à Rey, ela conferiu se a sala de visita, o cômodo mais amplo e iluminado no interior da propriedade, também com os sofás mais vistosos, ficasse impecável para o exigente convidado. Enquanto arrumava as almofadas para que parassem numa disposição pomposa sobre o estofado, pôde imaginar a figura negra e alta adentrando pelo arco da porta, inspecionando as paredes e os móveis em busca de algum defeito ou sujidade para que pudesse torcer seu nariz grande e rir deles depois. Continuava acreditando que aquele tipo era incapaz de rir, mas um esgar impróprio de deboche deveria escapar dos seus lábios vez ou outra.

Pelo meio da tarde, o cheiro peixe e batatas assadas começou a preencher todo o andar inferior da casa. O cocheiro já havia retornado com a resposta do convite do Sr. Westerming uma hora antes e, aparentemente, o convidado aceitara participar do desjejum noturno com um sorriso surpreso nos lábios – palavra do cocheiro. Um bilhete retornava junto da resposta oral e afirmava numa caligrafia espantosamente bonita e requintada para o punho de quem a confeccionava que “Ficaria excepcionamente honrado. Aceito.”

O sol fez seu percurso esperado horizonte adentro. Rey observou pela janela do seu quarto ao passo que arrumava-se – não muito porque a pessoa que jantaria com eles não era nada especial para tal esforço de sua parte –, o astro estelar despedir-se das planícies para mais uma noite. Ao longe, refletidas pelos últimos raios solares, um punhado de nuvens cinzentas se aglomeravam de forma misteriosa.

Rey terminou de prender os cabelos em um coque frouxo diante do espelho e seus pensamentos estavam distantes, em duas tardes à frente, onde ela teria outro encontro com Poe para dar sua resposta.

Dois angustiantes dias para revelar a verdade para os pais.

As seis e meia da noite, as duas empregadas da casa iniciaram a arrumação final da sala de visitas. Toalhas branquíssimas sobre a mesinha oval de bebidas, o vinho selecionado pelo Sr. Westerming posto no aparador ao lado e taças de cristal importadas da Suíça, tinindo de tão limpas, sobre o mesmo tampo de madeira polido. Para finalizar a boa impressão visual, flores escolhidas do jardim foram arrancadas de suas raízes, lamentou a garota, para enfeitar as vistas do convidado em locais estratégicos posicionados pela sala. Do lado de fora, o amontoado de nuvens no pôr do sol havia alcançado o terreno e uma garoa fina dava as boas vindas de maneira mais do que adequada àquela visita.

August debruçou-se sobre a imensa janela do cômodo e ficou aguardando a carruagem do Sr. Ren surgir na estradinha principal. Frans caminhava de um lado para o outro da sala, ansiosa, toda arrumada em um vestido mais vistoso do que a ocasião realmente pediria. Quanto a Rey, ela estava sentada numa poltrona, um livro de contos em mãos, mas a atenção dividida entre o sentimento de expectativa por rever o homem que tão mal a tratara semanas atrás e a irritação de ver seus pais preocupados com este motivo bobo quando deveriam se concentrar no principal problema familiar e, para variar, a colocarem a par de tudo.

Ele chegou quando o sol havia se posto por completo e a chuva engrossado, o que, para ela, logo de início, significou descortesia.

Ele quer comer logo, ir embora logo!

A carruagem tratava-se de um belo coche, um modelo luxuoso e grande, que estacionou na frente da propriedade com suas rodas raspando alto contra o cascalho molhado. Os Westerming aglomeraram-se em frente a porta principal e esforçaram-se para enxergar a movimentação à luz dos lampiões enquanto o convidado se preparava para descer.

Jonathan foi prontamente convocado pelo Sr. Westerming para amparar o Sr. Ren. Com a escadinha específica, o rapaz correu para calçar a saída do passageiro. O condutor, entretanto, Rey reparou com dificuldade a pouca luz, permanecia impávido no seu assento, debaixo de uma grossa capa escura da qual era impossível enxergar seu rosto. A garota achou que ele poderia ser uma estátua, mas vez ou outra, dizia qualquer coisa aos cavalos inquietos pela chuva.

Certamente nem seus funcionários o suportam!

Jonathan abriu a porta do coche sobre os olhares agudos do senhor, da senhora Westerming e de uma contrariada Rey, aguardando toda a firula se desenvolver para saudar o intruso. Do espaço escuro de dentro do vagão, uma figura alta, de pernas tão longas que a escadinha praticamente se tornou desnecessária, saiu. Nada parecia suficiente para surpreendê-la nos modos dele, mas o queixo de Rey caiu ao ver que o homem estava novamente de preto. Para ela aquilo significava mais e mais desrespeito.

Ele não para nunca? Não pode ser normal?

August empertigou-se na porta, um sorriso magistral no rosto, a esposa atada ao seu braço direito, aguardando o convidado percorrer o curto espaço em passos apressados devido a chuva, para cumprimentá-lo.

— Sr. Ren! — Apertou a mão do homem, pelo menos uma cabeça a mais que o velho quando ele chegou perto o suficiente — É um prazer recebê-lo em minha morada.

— O prazer é todo meu, Sr. Westerming — respondeu, e quando disse, pela primeira vez, aquela voz profunda e grossa atingiu Rey. Na festa, com toda a barulheira da música e das pessoas conversando não fora possível atentar ao seu barítono penetrante.

— Esta é minha esposa, Frans Westerming — apontou para a mulher, todo sorriso.

— Senhora, meus cumprimentos — ele inclinou levemente o corpo para beijar a mão enluvada da Sra. Westerming.

— Encantada, querido. Encantada.

— E esta é minha filha, Rey — August os apresentou.

Ele a olhou atentamente por um instante, uma incógnita dançando nos olhos, e Rey passou um segundo interminável tentando deduzir qual seria a reação dele: repulsa ou respeito. Ela estava mais do que pronta para repulsa, pressurosa na verdade, mas não esperava a gentileza que recebeu:

— Kylo Ren, senhorita Westerming — ele inclinou-se para beijá-la na mão e manteve o olhar nela em meio ao gesto. Como Rey estava sem luvas, os lábios grossos encostaram, minimamente, mas encostaram, em sua pele quente — Prazer revê-la.

— E… olá, senhor… — ela respondeu, deslocada, recolhendo a mão e o raciocínio rapidamente.

— Rey, pegue o casaco do Sr. Ren, está todo molhado — a Sra. Westerming ordenou — Que chuva inconveniente!

Fuzilando a mãe com o olhar, a jovem ergueu os braços para que ele pudesse lhe passar a vestimenta. Dois movimentos ligeiros e ele já estava depositando a peça úmida nas mãos dela, um quase imperceptível sorriso presunçoso? vitorioso? gentil? era impossível saber! nos lábios.

Os quatro atravessaram a soleira da porta e entraram na casa de uma vez. Imediatamente, o Sr. Westerming começou sua epopeia pelos cômodos, apresentando todos os detalhes relevantes do lugar para o seu convidado. O Sr. Ren anuía levemente, mas quem falava a maior parte do tempo era August.

Rey e a mãe encaminharam-se para o corredor onde ela colocou de qualquer jeito o casaco sobre o gancho, escutando as especulações de Frans:

— Você reparou como este homem é alto? Seu pai ficou quase um anão perto dele e isto porque August foi um dos meus pretendentes mais avantajado na época em que me cortejava — riu-se — E os cabelos negros? São tão escuros que reluzem a luz dos lampiões. E a forma educada como ele nos cumprimentou? É tímido, como seu pai disse, mas achei bastante charmoso os seus trejeitos. E você viu aquele coche? Meu Deus, Rey, quem tem coche neste condado no meio do nada? Para ser herdeiro daquela mansão gigantesca na colina ele deve ter muito, muito dinheiro mesmo. E sabe do que mais? Seu pai disse que ele nem casado é. Solitário, o pobrezinho… Sem nenhuma dama para lhe tirar um pouco daquela timidez. Imagine a sortuda que se unir a este jovem? Imagine só!

Suspirando alto, Rey deixou a mãe tagarelando sozinha e anunciou:

— Vou na cozinha avisar para as criadas esquentarem a comida pela segunda vez.

— Pois vá e volte logo! — a outra exclamou — E veja se coloque um pouco de cor nessas bochechas, você está pálida.

Revirando os olhos, a jovem caminhou para ficar o mais longe possível de toda aquela falação. E quem se importava se ele era alto, tinha cabelos negros, a voz profunda e marcante e um… coche? Ora essa, no fim era somente a porcaria de um veículo transportado por cavalos com um condutor para lá de esquisito. Quem se importava com tudo isso? Rey que não. Ela tinha coisas melhores para pensar, por exemplo, como sobreviveria aquela noite tendo de ofertar gentilezas a alguém que tivera uma péssima primeira impressão.

Tentando ser positiva, se o universo conspirasse ao seu favor, a sorte resolvesse lhe sorrir, ela teria os pais em ótimo humor depois deste jantar estúpido e poderia falar sobre Poe. Agarrando-se a esta esperança, foi avisar as empregadas da chegada atrasada do convidado e partiu para a sala principal com os ombros caídos feito uma condenada.

Seu pai e o Sr. Ren já estavam confortavelmente sentados em poltronas e Frans servia à visita uma taça razoável de vinho.

— Muito obrigada, senhora. Eu não bebo muito — ele pediu, aos ouvidos de Rey de um jeito sutilmente áspero.

— E então, Sr. Ren, conseguiu dar alguma ordem a propriedade de seu tio? — August perguntou.

— É um lugar muito grande, vou precisar de tempo, mas estou otimista com isso — respondeu olhando descaradamente na direção de Rey, que se sentiu indignada com aquele olhar. Procurando ficar longe de seu foco de visão, ela posicionou-se estrategicamente ao lado da janela.

— Tenho certeza de que irá se encantar com cada pequeno pedacinho dali.

— Já estou. Por algum motivo, me faz me sentir em casa.

— Era como meu amigo gostava de viver, seu espírito alegre deve estar por lá, mandando boas vibrações ao sobrinho. Creio, e digo com a fidedignidade de quem o conheceu, que ele está feliz por ver o casarão habitado novamente após tanto tempo.

— Penso igual ao senhor — o Sr. Ren concordou — As paredes transpiram a energia de um bom homem.

No lado de fora, a chuva ia amainando como se um vulto agourento já tivesse percorrido a estrada e não houvesse mais motivos para os céus protestarem contra ele. Rey semicerrou os olhos e observou que o coche empolado do convidado estava devidamente seguro no coberto para veículos. Entretanto, nada do condutor encapuzado.

— E está gostando do condado, querido? Já esteve aqui antes? — Frans perguntou amavelmente.

— Estou sim — ele concordou rodeando a taça nas mãos. Aquelas mãos imensas, a garota se pegou notando por cima dos ombros dele — Nunca tive a oportunidade de visitar Dantemir em outra ocasião. É bom respirar o ar interiorano.

— Nosso condado tem uma história interessante. Passe no museu do centro dia desses que um dos funcionários contará sobre a evolução desta comunidade — o Sr Westerming acrescentou.

— Morar aqui é maravilhoso — o Sra. Westerming informou — Pode parecer tranquilo demais, mas quando nos acostumamos com a vista e a pureza destas planícies, uma semana em Londres parece uma eternidade. Mas os mais jovens gostam de experimentar vários lugares — continuou tagarelante — Rey ama visitar Londres — por favor, tenha piedade e não me enfie nesta conversa — Já foi três vezes este ano com sua amiga de infância e traz ótimas histórias de lá — claro, mamãe, eu fui me encontrar com Poe Dameron, o seu futuro genro — Não é, minha filha? O que está fazendo aí atrás da visão do Sr. Ren? Venha se sentar do meu lado e pare com isto!

— Estava apenas tomando um ar na janela — ela respondeu calmamente, por dentro irritadíssima, indo sentar-se no sofá com a matriarca.

Ele voltou a encará-la. Aquele olhar perturbador, que deixava justamente a ela, Rey Westerming, que se intimidava com muito pouco, paralisada. Parecia que a qualquer momento ele soltaria uma frase rude na sua direção:

— A senhorita também gosta do cheiro de chuva? — ele perguntou subitamente.

August e Frans trocaram olhares suspeitos, mas a filha do casal estava confusa demais para perceber. De repente, a Sra. Westerming levantou-se e pediu ao esposo:

— August, me acompanhe até a adega para escolhermos um vinho mais suave para o nosso convidado.

— Ah… — o homem mais velho ficou perdido, contudo se reencontrou logo. Se reencontrou no olhar inquisitivo e nos lábios crispados da esposa — Claro, claro. Nos deem licença. Apenas um segundo.

Rey teve o desejo avassalador de levantar-se do sofá e deixar o homem a sua frente sozinho. Uma pergunta, entretanto, ele lhe fizera e parecia querer saber a resposta.

— Não, não ligo — ela deu de ombros. Foi mais fria do que normalmente seria, e achava agradável o cheiro da chuva sim, mas não estava na janela por conta disto, estava porque queria evitá-lo.

Postando-se ereta sobre o sofá, sentiu-se muito sufocada de estar ali. Ela precisava manter a pose altiva, mostrar para ele que tinha uma memória boa, mas, por outro lado, queria estar em qualquer lugar do mundo, exceto sendo fitava por aquelas íris escuras.

— Eu lhe devo um pedido de desculpas, senhorita — ele quebrou o silêncio.

— Ah é? — o coração dela começou a bater forte. O Sr. Ren era um duplo estranho. Por um lado sua tez destilava antipatia sem esforço, por outro, suas sobrancelhas formavam um arco solidário que destruía as feições rudes em um segundo — E por que? Posso saber?

— Claro — concordou e o pomo de adão deslizou graciosamente pela sua garganta enquanto engolia a saliva para preparar-se para responder. Então ela se deu conta… era difícil para ele fazer isto, mas ele estava, de fato, estava! — Tratei-a com grosseria em nosso encontro na ocasião do noivado da senhorita Helmer e do senhor Avern. Não tenho uma desculpa para o meu comportamento, apenas que estava em um dia ruim.

— Entendo — ela respondeu gélida.

— Se possível, gostaria do perdão da senhorita.

— Certo, você o tem — Rey concordou somente para ver se ele parava de encará-la tanto. Seu coração continuava a galopar ensandecido e precisava de um sossego caso ela quisesse viver mais alguns anos.

Ela sabia porque seu corpo se comportava daquele modo. Ninguém nunca a destratara tanto e em seguida visitara sua casa, fora paparicado por seus pais e, por fim, resolvera pedir desculpas. No meio social da garota, as pessoas eram educadas e ponderadas, falsas na extensa maioria das vezes, contudo tinham o mínimo de senso de civilidade em público. E o Sr. Ren dizia que se comportara mal porque passava por um dia ruim… Sério que esta era a desculpazinha dele? E quantos dias ruins Rey passou? Se na teoria daquele homem robusto e taciturno, dias ruins justificavam comportamentos grotescos, logo ela poderia muito bem devolver na mesma moeda com o argumento de atravessar momentos ruins. Era a pura verdade, aliás.

— Então… e o seu cocheiro? Não quer oferecer alguma coisa para ele? Que nossos empregados levem uma bebida para aquecê-lo ou algo do tipo? — perguntou para manter certo diálogo e evitar a bolha silenciosa entre eles.

— Ele não precisa de nada.

— Como sabe? Pode estar com frio, afinal foi ele quem tomou toda a chuva enquanto lhe trazia.

— Ele não sente frio — o rapaz respondeu, definitivo.

— Você tem controle sobre as sensações dele, por um acaso? — ela rebateu, irritada.

— Ele é só o cocheiro e está bem — cortou-a com aquele semblante arrogante outra vez.

Rey agarrou o tecido do saiote e cerrou os punhos sobre ele. Agora sim seu peito explodia nas batidas cardíacas, a raiva era a responsável por isto, concluiu mentalmente. Eles voltaram a se fitar e desta vez as faíscas eram mais genuínas do que todas as gentilezas e desculpas de antes.

— Logo se vê que o senhor tem muitos dias ruins.

Ele não respondeu, embora a olhasse. Analisava-a. Certamente ponderava se deveria retornar ao seu ‘eu’ real, o do noivado de Rose e Finn, ou se curvava-se absurdamente no próprio ego para causar alguma impressão positiva aos Westerming. Para Rey era definitivo, ele era detestável.

Seus pais chegaram pouco depois do clima tenso entre eles, e as conversas voltaram a fluir entre seu pai e o convidado. O Sr. Ren sempre optando por ser o mais monossilábico possível e August comportando-se amigavelmente, seu costume, e tornando a noite suportável. A Sra. Westerming apossou-se do piano para causar boa impressão também e Rey aproveitou que a mãe estava ocupada para poder se apoderar do livro e poder ter uma desculpa para não dialogar com o sombrio rapaz.

Em determinado ponto do jantar, teve, inclusive, a ousadia de chamar as criadas e pedir para que levassem alimento e uma taça de vinho ao cocheiro do lado de fora. As mulheres retornaram minutos depois dizendo que o homem não estava em lugar algum e nem o cocheiro da casa e seu filho sabiam responder onde este indivíduo se enfiara.

Fora necessário ainda aguentar mais meia dúzia de gracejos de sua mãe, principalmente a mesa do jantar, onde previsivelmente o convidado comeu frugalmente, sobre como ele era um bom moço e Rey deveria tirar um tempo para levá-lo para conhecer o centro. Ela acenou algumas vezes para que a mãe terminasse sua propaganda gratuita e a refeição acabasse de uma vez por todas.

Na hora da despedida, o Sr. Ren pareceu se recompor um pouco da dignidade quase inexistente que possuía e não fez a cena da entrada. O beijo na mão foi limado da saudação final e ela ficou muito agradecida que mal teve de olhá-lo no rosto para aquele adeus. Como uma aparição fantasmagórica, o cocheiro sumido ressurgiu sobre o coche e, mais uma vez, não ajudou seu senhor a subir no vagão. O pobre Jonathan foi lá novamente abrir e fechar a porta para o patife.

Finalmente tudo estava acabado e para Rey aquilo seria eterno. Se seu pai inventasse outra festinha particular com o Sr. Ren, ela cavalgaria para a casa dos Helmer sobre qualquer desculpa, convincente ou não.

 

A vida pregava peças de mal gosto, como a garota descobria dois dias depois. Era uma tarde nublada e regada a chuviscos esparsos e aquilo deveria servir de sinal para as coisas escabrosas que aconteceriam, mesmo assim ela estava concentrada demais em encontrar um meio de irromper no escritório de seu pai e contar sobre Poe, para ver os problemas se aproximando. Ela encontraria seu amante dali algumas horas e precisava da resposta, precisava do “Sim, papai quer conhecê-lo. Sim, ele aprova nosso casamento”.

Nesta expectativa, Rey, que escovava seu baio predileto e reformulava frases na cabeça, não prestou atenção ao coche que se aproximava pelo leste. Seu subconsciente até escutou o som das rodas chispando pela estrada enlameada, mas não processou a chegada do seu convidado. Demorou dez minutos do surgimento daquele veículo para a empregada da casa vir chamá-la no estábulo a pedido do pai.

Curiosa e, tinha de confessar, esperançosa – Será que Poe se lançara a ousadia e viera pedir sua mãe a qualquer custo? – Rey acompanhou a empregada até o local preterido, a sala de descanso da casa. Chegando ao cômodo, as esperanças evaporaram e um nó fechou-se sobre sua garganta ao mirar ninguém mais, ninguém menos, que Kylo Ren parado diante da lareira. Ao lado daquele desprezível, de preto como sempre, o pai fitava-a apreensivamente e a mãe acompanhava os movimentos da sala mal escondida atrás de uma parede que dividia cômodos.

— Olá, senhor — a jovem cavucou fundo em sua educação para cumprimentá-lo.

— Olá, senhorita — ele respondeu-lhe utilizando-se da sua máscara de simpatia.

— Filha, o Sr. Ren está aqui por um motivo muito importante — August Westerming iniciou e as palavras saíam com dificuldade da boca de seu velho pai, como se uma parte dele estivesse resistindo a falar — Ele ficou muito encantando com sua beleza, sua delicadeza e sua companhia durante o noivado da senhorita Helmer e do jantar promovido por nós. Além do laço que nos une através da amizade que cultivava com o seu glorioso tio, há outro motivo para ele fazer questão de conhecer-nos melhor…

Não. Não. Não.

Rey sentia. Não. Rey sabia. Ela tinha certeza do motivo antes que ele fosse dito e isto recaiu sobre ela como um bloco de neve de mil toneladas. O frio que passou por sua barriga não se comparou a moleza que abateu-se sobre seus joelhos. Ela percebeu que se desse algum passo para qualquer lado cairia no chão, sem forças. Não estava emocionada. Não estava honrada. Era terrível e devastador, na verdade. Pelo tempo de alguns segundos, Rey absorveu o que viria e todas as implicações pela qual passaria e remoeria nos próximos dias, mas por hora ela ficara chocada em sua constatação.

O Sr. Ren interrompeu o patriarca Westerming para que ele mesmo pudesse se expressar:

— Senhorita — aproximou-se dela em gestos humildes. Dois passos e já estava perto demais para o gosto dela. Rey recuou involuntariamente — Eu estou apaixonado por sua pessoa desde que lhe vi pela primeira vez. Pedi um encontro com o Sr. Westerming para confessar meus sentimentos e um jantar para conhecê-la melhor. Fiz o pedido a ele também, mas acho muito importante dizer isto olhando-a nos olhos. Quer se cas-

— Não! — ela o cortou enfática. Frans saiu de trás da parede e mirou a filha, indignada. Quanto a August, ele estava para lá de pálido. Rey entendeu que este era seu momento. Não havia nenhum outro, a espera acabou, para dizer o que vinha ensaiando há meses — Eu não quero me casar com você — respondeu prontamente ao pretendente. Virando-se para o pai, a cabeça rodopiando, disse num fôlego só: — Papai, estou apaixonada por outro homem e quero sua permissão para me casar com ele!


Notas Finais


Chegamos ao fim de mais um capítulo e algumas perguntas paíram:

Será que os sentimentos de Kylo Ren são genuínos? Ele está mesmo apaixonado?
E Rey? Ela continuará resignada sobre ele ou acabará aceitando seu pedido?
E os pais dela? Como reagirão a essa revelação bombástica? Alguém vai precisar chamar o SAMU para amparar a Sra. Westerming, isto é certeza!

Aguardo seus pitacos e nos vemos na próxima atualização :*


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