Movi-me sobre a cama e respirei fundo antes de finalmente abrir os olhos, logo os obrigando a voltar a se fechar por conta da luz solar invadindo o quarto. Estiquei-me e me espreguicei, sentando-me sobre a cama totalmente desarrumada. Estiquei o braço e alcancei meus óculos sobre o criado-mudo, colocando-os em meu rosto em seguida. Olhei ao redor e percebi que estava no quarto de Justin e ao descer ainda mais meu olhar até chegar ao meu corpo, notei que vestia uma camisa dele. Curiosamente, também reparei que aquela camisa era a mesma a qual eu abraçava e sentia o cheiro dele impregnado em seu tecido. Ri baixo e balancei a cabeça. Era bem o feitio de Justin querer me relembrar do que eu havia feito em seu quarto.
Bocejei e cocei um pouco meus olhos antes de ajeitar os óculos e me levantar da cama. Ainda descalça, caminhei até a porta fechada e a abri, saindo do quarto. Ao chegar ao corredor, ouvi vozes e estranhei, franzindo o cenho. Devia ser o quê? Nove horas da manhã? Ainda mais sendo sábado, quem mais estaria aqui? Atravessei o corredor e me assustei levemente ao ver Debbie, Logan e Ryan sentados no sofá enquanto Justin estava na cozinha, de costas para mim. Eles conversavam entre si e riam de alguma coisa que naquele momento estava sendo difícil de entender, já que meu cérebro ainda não parecia estar funcionando muito bem. Eu, definitivamente, não fui feita para acordar cedo. A conversa foi interrompida quando Debbie me olhou e sorriu abertamente.
- Lizzie! Finalmente você acordou! – sua voz animada me fez questionar mentalmente qual seria o motivo de tanta animação. Ela colocou o copo de suco sobre a mesinha de centro e se levantou do sofá, quase correndo em minha direção. Deborah me abraçou fortemente e me deu um beijo na bochecha antes de me puxar mais para dentro da sala.
- E a Bela Adormecida resolve acordar! – Logan riu de sua própria fala e se levantou, vindo me abraçar também. Por que todo mundo estava me abraçando e parecendo de bom humor, afinal? Eu havia perdido alguma coisa?
- E aí, Lizzie? – Ryan se contentou em apenas fazer um aceno com a mão e logo voltou sua atenção para a televisão. Sério mesmo que ele estava assistindo a um desenho animado?
Franzi a testa e andei lentamente até Justin ainda estranhando tudo que acontecia. – Justin... O que está acontecendo aqui? – perguntei ao parar ao seu lado. Ele me olhou com um sorriso enorme nos lábios e me abraçou também, quase me esmagando contra seu torço nu.
- Bom dia, Elizabeth. – ele disse e me deu um selinho antes de se afastar, voltando a preparar umas panquecas.
Cocei a cabeça e me aproximei da geladeira, pegando a jarra de suco.
- Bom dia, Bieber. – respondi, enchendo um copo com o suco de morango. – Você pode, por favor, me explicar o que está acontecendo? – perguntei mais uma vez.
Ele sorriu de canto e virou a panqueca com a espátula. – Bem, é que eu convidei os nossos amigos para passarem a manhã com a gente. Não achou isso algo bom? Eu imaginei que, bem, você talvez estivesse com saudade deles. – deu de ombros e eu estreitei meus olhos em sua direção, bebendo um gole do suco.
- Não sei por que, mas acho que tem algo por trás disso. – falei desconfiada.
- E o que teria? – ele riu fraco – Estou apenas reunindo nossos amigos para, você sabe, termos um bom momento.
- Mas... – fui interrompida pela voz de Ryan.
- Ah, pelo amor de Deus! Fale logo para ela que os seus pais estão vindo para Nova York e acabe logo com isso! Não precisa fazer um banquete e chamar os amigos. Isso não vai amenizar a tensão da situação!
Olhei para Ryan e arregalei os olhos. Minha boca se abriu sem meu próprio comando e eu continuei a olhá-lo fixamente até meu momento de surpresa ser interrompido de forma repentina pelo barulho de algo batendo contra o mármore da pia. Virei meu rosto rapidamente e percebi que o barulho havia sido provocado por Justin já que o mesmo jogou a espátula com toda a força sobre o mármore.
- Mas que porra, Butler! Eu ia contar para ela na hora certa! Não precisava ter aberto essa sua boca! – ele se virou com raiva na direção do amigo que continuava sentado no sofá como se nada estivesse acontecendo. Debbie e Log estavam em silêncio no canto da sala, sem saber o que fazer, aparentemente.
- Ia contar quando? Semana que vem? Qual é, JB? A menina precisava saber o mais rápido possível já que eles estão chegando hoje à tarde! – Ryan finalmente se ergueu do sofá e olhou sério para Justin.
- Hoje à tarde? O quê? – finalmente me manifestei.
Encarei Justin com a confusão estampada em minhas expressões e ele respirou fundo, olhando diretamente para meus olhos.
- Sim, meus pais me ligaram ontem e avisaram que estão chegando hoje em Nova York e vêm nos fazer uma visita. Jazzy também está vindo.
- Espera, espera... Eles te ligaram ontem e você não me falou nada?! Por que não me avisou, Justin? Por Deus! – com a ansiedade correndo minhas veias, eu comecei a andar de um lado a outro pela sala. – Você sabe muito bem que o seu pai não foi com a minha cara na primeira vez em que nos encontramos e você foi incapaz de me avisar que eles estariam aqui? E hoje ainda por cima! Se fosse na semana que vem ou mês que vem, tudo bem, mas é hoje, Justin! Hoje! – minha respiração ficou descompassada e eu já me sentia nervosa. – Quando ele chegar aqui e vir o lugar onde o filho dele mora, ele vai me odiar ainda mais! Eu já posso ouvir a voz dele ecoando em minha cabeça gritando que eu não sou mulher para você e que não aceita o fato do filho dele dividir um apartamento comigo!
- Lizzie, se acalma, vai ficar tudo bem. – ouvi a voz de Debbie ecoar baixa.
- E você esperava o que com esse café da manhã e meus amigos aqui? Esperava que o choque da notícia seria menor? Realmente acreditou nisso?! – continuei a encará-lo, ignorando a voz de Deborah.
- Bem, eu tinha esperança de que você não fosse surtar. Nós íamos tomar café da manhã com paz e tranquilidade, conversaríamos e aí sim eu contaria tudo para você. Porém, o idiota do Butler que às vezes eu me arrependo de chamar de melhor amigo, tinha que me apunhalar e jogar tudo por água abaixo! – ele fuzilou o amigo que deu de ombros.
- O problema aqui não é o que Ryan falou ou deixou de falar. O problema é você não ter me contado isso desde ontem. Eu podia ter me preparado melhor, psicologicamente falando.
- Não há motivo para nervosismo. Pelo que entendi, eles só vêm nos visitar e ver como estamos. Minha mãe disse que está com saudades de mim e meu pai quer ver como andam as coisas na empresa. – ele voltou a preparar as panquecas, colocando-as em um prato.
Já começando a controlar minha respiração, eu me aproximei de Justin e o olhei duvidosa. – Será que... existe uma possibilidade de eu não aparecer enquanto eles estiverem aqui? Eu posso ir até o apartamento da Debbie e do Logan e ficar por lá, não tem problema! É bom que vocês ficam mais à vontade para conversar e... – ele me interrompeu, erguendo a sobrancelha.
- Acha mesmo que isso é uma possibilidade? Nem vem, Elizabeth, você vai ficar aqui comigo. Nós vamos encarar o meu pai juntos.
- Eu tenho medo dele, Justin. – confessei – Ele tem aquele olhar sério e aquela expressão de desgosto quando me olha. Meus pelos da nuca chegam a arrepiar quando ele me olha.
- Os seus pelos da nuca se arrepiam quando você me vê também? – lançou-me um sorriso e olhar maliciosos.
- Para! – dei-lhe um tapa no braço – Eu estou falando sério, não tenta mudar de assunto.
- Não estou tentando, mas enfim... – deu de ombros, colocando o prato de panquecas sobre o balcão. – Relaxa. Eu te protejo do meu pai. – sorriu abertamente. Aquele sorriso lindo e as pequenas covinhas me fizeram relaxar minimamente e eu assenti, suspirando. Ele me abraçou de lado e me deu um beijo na testa.
- Agora que se resolveram, vamos comer? Estou morrendo de fome. – Ryan se aproximou, esfregando as mãos.
Todos olharam para ele e o mesmo ergueu os ombros em questionamento. – O que foi?
Balançamos a cabeça e nos sentamos de frente para a bancada, começando a tomar nosso café da manhã.
(...)
- Pega o extrato de tomate para mim, Justin. – falei enquanto andava pelo corredor do supermercado.
- Certo. – ele assentiu e saiu da minha visão, entrando em outro corredor.
Peguei o pacote de espaguete na prateleira e coloquei no carrinho. Olhei dentro do mesmo e conferi para ver se não havia esquecido nada no momento em que Justin voltara com a latinha de extrato de tomate. Ele a colocou no carrinho e me olhou curioso.
- E o que pretende fazer, afinal? Espaguete? – voltamos a andar pelo corredor.
- Exatamente. Acha que é uma boa escolha? – olhei-o receosa.
- Acho que sim. Minha mãe e Jazzy amam macarrão e meu pai já viajou muito para a Itália. Ele comia bastante massa por lá, então, isso é um bom sinal, huh? – seu tom descontraído me fez sorrir. Justin era o responsável por acalmar meus nervos. Durante todo aquele dia, ele me acalmou. Quando eu ficava nervosa ou ansiosa por um segundo, ele vinha, me abraçava e dizia que tudo ia ficar bem e que íamos tirar aquilo de letra. No fundo, eu acreditava que sim. Eu acreditava em suas palavras. Ele sempre me transmitia confiança, não é à toa que se tornara um dos meus melhores amigos.
Continuamos a andar pelo supermercado à procura de mais ingredientes. Eu queria agradar os seus pais. Queria ser bem vista por eles, principalmente por seu pai. Não queria mais ter medo dos seus olhares ou dos seus pensamentos e ideias precipitadas a meu respeito. Eu provaria para ele que sou mais do que ele pensa; que sou uma pessoa de bem e não uma interesseira.
(...)
- Você acha que esse vestido está bom? Não está muito chamativo? – adentrei o quarto de Justin e ele me olhou de cima a baixo, sorrindo.
- Está ótimo, Elizabeth. Você está linda. – se aproximou de mim e envolveu seus braços em minha cintura. Seu nariz se encostou ao meu e fechei os olhos, sentindo sua respiração contra a minha.
Quando eu estava me deixando levar pelo momento, um relâmpago atravessou os céus e causou um estrondo que me fez estremecer. A previsão do tempo de hoje declarou que ia chover à noite. O dia todo esteve nublado. Seria isso um sinal? Estou começando a me arrepender de ter decidido ficar aqui e não ter ido para a casa de Debbie.
Separei-me de Justin e sorri fraco, saindo do quarto. Fui ao banheiro e olhando-me no espelho, prendi meus cabelos em um rabo de cavalo. Tirei meus óculos e coloquei as lentes de contato, dando uma última olhada no vestido em meu corpo, passando as mãos sobre o tecido do mesmo. Segurei o pingente do colar que havia pertencido a minha mãe e o apertei firme entre meus dedos, respirando fundo. Tentei buscar coragem no fundo do meu ser enquanto encarava o pingente em forma de T preso entre meus dedos. Uma famosa frase veio em minha mente.
‘’Coragem não é a ausência do medo, e sim, o julgamento de que algo é mais importante do que o medo. ‘’
Lembro-me de ter lido em algum livro e naquele momento, aquela simples frase me ajudou grandemente. Meus pensamentos foram interrompidos quando a campainha tocou. Eu estava saindo do banheiro quando Justin apareceu no corredor, lançando-me um olhar sério e encorajador. Assenti para ele e o mesmo estendeu a sua mão, segurando a minha com firmeza. Andamos juntos até a porta e antes de abri-la, trocamos um olhar de que tudo estava bem. Abrimos a porta e a visão de seus pais junto a sua irmã fez meu estômago embrulhar. Pattie e Jazmyn sorriram em minha direção e a menor não se controlou, logo vindo em minha direção, dando-me um abraço apertado.
- Eu estava com tantas saudades, cunhadinha. – ela sussurrou para que somente eu escutasse e eu segurei uma risada. Ela e suas ideias de que seu irmão e eu estávamos juntos.
Abracei-a de volta e logo olhei para Pattie que ainda sorria para mim. Ela abraçou Justin com força e sussurrou algo em seu ouvido antes de se aproximar de mim e me envolver com seus braços.
- Lizzie, minha querida. – ela disse enquanto me abraçava e eu retribuía.
Vi que Jazmyn abraçava o irmão e quase sumia em seus braços. Os dois riram de alguma coisa e Justin bagunçou o cabelo da irmã, que fez careta. Afastei-me de Pattie e olhei para o lado com o receio me dominando. Parado ao lado da esposa, estava Jeremy Bieber com um casaco grande e pesado parecido com um sobretudo. Suas mãos estavam dentro dos bolsos do mesmo e ele nos olhava com a típica seriedade estampada no rosto.
- Olá, senhor Bieber. – o cumprimentei, tentando ao máximo controlar minha voz para que não soasse trêmula demais.
- Olá, senhorita Wright. – ele respondeu com a voz dura e grave. Seu olhar me analisou por alguns segundos, mas depois se voltou para Justin ao meu lado. – Meu filho. – disse simplesmente.
- Pai. – Justin pronunciou com a mesma dureza na voz.
O mais velho se aproximou e fez algo que ninguém esperava: abraçou o filho. Vi a confusão estampada no rosto de Justin, mas o mesmo retribuiu o abraço. Imagino que todos nós acreditávamos que o reencontro deles seria estranho por conta da última visita no Canadá. Digamos que a forma com a qual eles se despediram não fora muito agradável. Ou melhor, a ausência dessa despedida.
Os dois se separaram e todos nós ficamos nos olhando por alguns segundos antes que a compreensão viesse como um estalo sobre mim e eu pigarreasse.
- Entrem, por favor. – pedi, dando-lhes passagem.
Os três entraram e Jazzy olhou tudo em volta com curiosidade enquanto desfazia o nó de seu cachecol. Fechei a porta e me aproximei de todos, ficando parada perto de Justin.
- Aqui é tudo tão bonitinho. Parece até uma casinha de bonecas. – ela comentou de um jeito estranhamente animado e eu sorri de canto.
- Sim, é pequeno... – comecei.
- Mas é bem aconchegante. – Justin completou rapidamente.
Olhamo-nos nos olhos e sorrimos.
- Estou sentindo. Aqui é totalmente diferente da nossa casa no Canadá. – Jazzy se sentou no sofá, ainda olhando em volta. – Eu sinto o aconchego e o conforto aqui, ao contrário daquela mansão enorme e gelada.
O comentário de Jazmyn pareceu incomodar a mãe, que pigarreou. – Concordo com a minha filha. O apartamento é bonito, mas não viemos aqui para olhar a casa dos outros, não é, Jazmyn? – eu entendi o motivo que levou Pattie a falar aquilo. Obviamente ela conhecia o marido o suficiente para perceber que ele não gostaria nada de ouvir comparações a respeito de sua mansão e aquele minúsculo apartamento em que seu filho atualmente morava. Pattie queria mudar de assunto de forma mais rápida possível, e para falar a verdade, eu também queria.
- Bom, queiram se sentar, por favor. – referi-me à Pattie e Jeremy. Os dois se sentaram no sofá, ficando ao lado de Jazmyn. Pattie tirou suas luvas e cruzou as pernas, ajeitando sua postura.
Justin se sentou na poltrona e com um aceno me chamou para me sentar no seu colo, mas eu recusei puxando uma cadeira. Jazzy observava aquilo tudo atentamente com um olhar desconfiado e um sorriso mínimo no canto dos lábios, mas felizmente, ela não ousou dizer nada.
- Então, meu filho, como estão as coisas em Nova York? Você está gostando de viver aqui? – Pattie começou a puxar o assunto, quebrando o silêncio ensurdecedor.
- Na verdade, sim. Aqui é um bom lugar para se viver, apesar da agitação, do trânsito e da barulheira. – ele riu fraco, arrancando risos de sua mãe e irmã. Jeremy foi o único que não riu e passou a olhar em volta, como se analisasse o ambiente em que estava. – Eu gosto daqui. É só questão de costume.
Sua mãe assentiu sorrindo e em seguida, me encarou com seus olhos claros.
- E você, querida? Como estão as coisas? Está tudo bem na faculdade? – por um momento, eu ouvi como se minha mãe estivesse ali falando comigo. Minha mãe perguntaria a mesma coisa, gostaria de saber sobre como estão os meus estudos e se estou feliz. E usaria o mesmo tom doce o qual Pattie havia usado. Apertei o pingente entre meus dedos e sorri fraco.
- Está tudo bem. Eu não me lembro se já te falei, mas eu estou fazendo um estágio num hospital, e bem, eu gosto bastante. É muito bom estar finalmente tendo contato com as pessoas e poder ajudá-las.
Patricia sorriu e assentiu, parecendo orgulhosa. E meu coração se aqueceu por mais uma vez imaginar a minha mãe ali.
- E você, Justin? Como está a empresa? Espero que tudo esteja seguindo o curso que deve ser. – a voz grave de Jeremy tomou a sala e vi Jazmyn revirar os olhos. Ele não era capaz nem de perguntar se o filho estava bem para o início da conversa. Parecia somente se importar com os negócios, se tudo estava conforme o seu planejamento, se ele estava obtendo o dinheiro que ele queria obter.
Justin estreitou os olhos e encarou o pai, antes de dar um suspiro decepcionado. Ele se inclinou e apoiou os antebraços nos joelhos. A chuva começou a cair torrencialmente e a voz de Justin saiu um pouco baixa em meio aos sons dos relâmpagos que brilhavam do lado de fora da grande janela da sala.
- Sim, está tudo seguindo o caminho que deve seguir. Ontem a Olivia fechou mais um contrato e eu tenho uma reunião com os novos sócios na semana que vem. Não precisa se preocupar com isso. Eu sei administrar uma empresa.
- Muito bom. – Jeremy assentiu com a seriedade transbordando na voz.
- Eu... Eu vou pegar umas bebidas. Gostariam de um chocolate quente? – perguntei ao me levantar. Todos assentiram e eu fui até a cozinha com Jazmyn em meu encalço.
- Meu pai pode ser bem babaca quando quer. – ela comentou baixinho, oferecendo-se através de suas ações a me ajudar com os chocolates. Apontei o armário e ela começou a pegar as canecas, colocando-as sobre o mármore da pia.
- Eu acho que já percebi isso. – declarei com decepção na voz. Decepção por me colocar no lugar de Justin. Eu não gostaria de ter um pai como aquele.
- Ele ainda está chateado e um tanto com raiva por conta daquele acontecimento no Canadá. Ele é do tipo que guarda rancor, e isso é realmente deprimente. Jeremy pode ser meu pai, mas não concordo com a maioria das atitudes que ele toma. – ela levantou a tampa da panela em puro ato de curiosidade e sorriu ao ver o que tinha dentro. – Epa, vamos ter macarrão? Eu simplesmente amo! – sua animação me fez sorrir.
Quando íamos começar a encher as canecas com o chocolate quente, a campainha tocou. Franzi a testa e olhei para a porta.
- Ahn, você está esperando alguém? – Jazzy perguntou.
Neguei com a cabeça e me direcionei até a porta. Justin se levantou da poltrona assim que ouviu a campainha também. Ele se aproximou e nos olhamos como se questionássemos quem poderia ser. Fomos até a porta e eu a abri. Franzi o cenho ao ver uma mulher parada com a cabeça baixa. Ela batia em seu sobretudo que estava encharcado por conta da chuva. Sua cabeça estava coberta por um capuz e em uma de suas mãos havia um guarda-chuva. Quando ela ergueu sua cabeça e seus olhos verdes semelhantes a uma esmeralda me encararam, eu engoli em seco. Ela tirou o capuz e sorriu abertamente, mostrando seus dentes brancos e alinhados. Seus cabelos negros caíram sobre seus ombros e chegaram até a cintura no momento em que ela disse:
- Desculpem o atraso. A chuva me impediu de chegar mais cedo.
Senti Justin se mexer incomodado ao meu lado e sua voz saiu de forma interrogativa e baixa:
- Janette?
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