I
Milhas verdejantes
Todoroki- então eles bloquearam a estrada e eu preciso fazer um desvio gigante pra entregar um tratado de paz das duas maiores aldeias do grande Reino de Ferro.-falava para o cavalo que algumas vezes relinchava em meio ao trotar constante.
Como pegou uma estrada bem afastada da original não sabia ao certo para onde ir apenas que devia andar pela trilha de terra batida e de grama desgastada mas conforme andava e andava notava que ela ia se desfazendo até chegar em um grande campo verde que ao primeiro olhar parecia ser algo infinito, mas logo se notava alguns rios e motanhas que cortavam sua imensidão.
- talvez eu tenha que parar pra pedir informação na próxima vila.- falava usando a mão pra cobrir o sol das onze horas que começava a esquentar mais sua pele, mais alguns metros andando encontrou alguém sentado na beira da estrada que já não existia, aparentava ser um pouco mais novo e mesmo sentado na inclinação de grama dava para ver que era também um pouco mais baixo.
Ao chegar mais perto assoviou chamando a atenção daquele jovem o qual lembrou de nunca ter visto por aquelas planícies.
- com licença, você sabe pra que direção fica a estrada para a aldeia do leste.
- aldeia do leste.- o mesmo parecia pensativo ao ouvir aquela pergunta, como se fosse uma informação nova o que explicava o tom interrogativo que ele usou.- eu não sei se é a aldeia do leste, mais tem uma seguindo aquela direção.- apontou para uma direção, alguns metros a direta de onde eu estava.- ou era para lá.- apontou para um local bem diferente.
- você está perdido também?.
- não, mais meu senso de direção é péssimo.- falou coçando os cabelos.- mas é quase certeza que é para ali.- novamente indicou a primeira direção.
- não lembro de ver seu rosto por essas terras.
- eu cheguei aqui a umas três luas.
- e para onde você está indo?.- disse ao descer do cavalo.
- não sei.- falou olhando pro céu novamente. - não sei pra onde eu vou, eu só vou.
- então você é um peregrino?.- tirou uma cenoura de uma bolsa presa ao lado da cela e deu pro cavalo que comeu em uma bocada.
- mais ou menos, eu não tenho nenhuma missão envolvendo uma jornada eu apenas ando por aí.
- então você é um nômade.- falou se aproximando do lugar onde ele estava sentado.
- quase.
- então você tem um lar?.
- sim, tudo isso é meu lar.- falou contemplando todas aquelas milhas verdes.
- mas quem é você?.
- eu não sou nada.- se deitou na grama.- mas eu sou tudo isso.
- então você é um bardo ou um druida ou um espiritualista?.- sentou ao lado dele.
- um pouco de tudo.- falou rindo.
- mas você tem um nome né.- queria essa resposta na pergunta antepassada.
O jovem se levantou como se tivesse assutado e se virou pro bicolor que também se assustou com tal reação.
- me desculpe, meu nome é Izuku, Izuku Midoriya.- falou estendendo a mão.
- não precisa se desculpar. - falou rindo da preocupação desnecessária dele.- Shoto, Shoto Todoroki.
- vou usar o primeiro nome.- disse ao encarar a grama distante novamente.- e o que você é?.
- um carteiro, e de vez em quando faço outros trabalhos.
- estava indo entregar uma carta.
- um tipo de carta.
- então você não devia se apressar? E entregar o mais rápido possível.
- não, eu tenho bastante tempo e eu quase nunca descanso.
- você se perdeu? Um bom carteiro não faria isso.
- pra sua informação eu sou um dos melhores mocinho.
- desculpa se eu te ofendi. - falou se desculpando desesperadamente.
- calma.- falou rindo.- você não ia conseguir me ofender.
- então... qual o nome dele.- falou ao olhar o belo cavalo branco do bicolor.
- Apolo, rápido como a carruagem do deus do sol.
- é um lindo nome, ele também é.- falou sorrindo com um pouco de vergonha.
- se incomoda de eu ficar aqui um pouco.
- você não tem trabalho a fazer?.
- sim, no momento é descansar. - se deitou na grama.- você anda por aí a quanto tempo?.
- desde que meus pais me deixaram.
- desculpa.- se sentiu mal pela gafe que cometeu.
- não precisa se desculpar, de alguma forma eles ainda estão comigo... Eu prefiro acreditar nisso.- falou em um tom triste.
- então você está só.
- sim, mas não totalmente as vezes eu paro em algumas cidades pra ganhar algumas moedas e acabo por conhecer pessoas mas fora isso.- o bicolor apenas encarou as nuvens vendo que o tom triste tinha levemente sumido.- mais tem suas vantagens também.
- imagino, eu gostaria de sair por aí e conhecer o mundo mas eu não sei nem por onde começar, então eu nem me esforço em começar.
- talvez não seja uma vida pra você, não agora.
- você pode estar certo... mas se você quiser posso te mostrar minha aldeia não tem ninguém lá igual você.
- isso é bom.
- porque?.
- nada.- cortou o assunto. - hora de prosseguir.
- Eu adoraria ouvir o que você tem pra contar.
- seria um prazer te contar.
- você vem comigo?.
- não sei, eu só vou por aí.
- mas eu vou te ver de novo?.
- talvez.- disse ao pegar a mochila jogada na grama ao lado.
A resposta incerta do esverdeado tirou toda a leveza da conversa que tinha sido tão agradável conforme começava a se distanciar notou que ficava preocupado ao se afastar cada vez mais do menino que acabou de conhecer, imaginou o tanto de histórias que ele poderia contar e o tanto de histórias que iria perder se os dois nunca mais se cruzassem pelas linhas do destino, o esverdeado era alguém tão diferente dele mas isso não parecia ser algo ruim.
II
A alcateia
Ainda andando pela trilha que voltou a aperecer depois de algumas curvas o bicolor se lembrou subitamente da hostilidade de sua tribo e como eles costumavam tratar os estrangeiros, lembrou após rever o tratado que estava levando totalmente relacionado a antipatia e hostilidade do seu povo.
- droga.- disse ao passar a mão pela crina do cavalo que logo parou.- creio que temos que voltar companheiro. - puxou a guia do cavalo fazendo ele recuar e voltar pela mesma estrada de terra.
Andou agora debaixo do sol de verão que agora já estava mais hostil porém a corrida do cavalo proporcionava os ventos que equilibravam os danos dos raios ultravioletas até chegar no local onde encontrou o esverdeado, com um assovio o cavalo rapidamente diminuiu a velocidade para que o bicolor tivesse uma visão mais clara sobre onde estava passando, após cavalgar por mais alguns metros não conseguiu enxergar o menino pela distância de um ponto que claramente daria pra vê-lo, desceu do alazão para beber um pouco de água do cantil e pegar uma sombra, definitivamente era a entrega mais longa que estava fazendo, se rescostou em uma árvore notando uma trilha sutil indicada por galhos quebrados e folhas amassadas que não lembrava de ter lá, ordenou ao cavalo pra ficar parado enquanto pegou sua espada em cima do mesmo, amarrou a bainha no cinto de couro e foi pela trilha alerta de quem poderia encontrar seja um invasor de outro reino ou um ladrão comum de estrada.
Não demorou muitos passos para que ouvisse o som harmonioso que parecia sair de uma flauta doce ou uma flauta de pã, após cruzar uma árvore viu mais uma vez o esverdeado sentado com a costas encostadas em uma árvore tocando graciosamente aquele instrumento de sopro, olhando por mais tempo viu que tinha um pássaro repousando em seus cabelos e outro dois o observando curiosamente de galhos próximos, parecia ser um som hipnótico para os animais afinal tinha um esquilo proximo em um arbusto e um coelho castanho deitado perto em um dos pés dele.
Já que estava escondido atrás de uma árvore tentei me inclinar pra ter uma visão melhor daquela cena ao fazer isso pisei em um galho seco que emitiu um alto ruído ativando o estado de alerta dos animais fazendo eles correrem e voarem para se esconder bem longe dali ao mesmo tempo que a melodia silenciou bruscamente.
- droga.- sussurrou ao voltar pra trás da árvore, dois segundos depois olhou novamente vendo que o menino já não estava mais lá.
- ufa.- suspirou após sair detrás de uma árvore a dois metros do bicolor que se assustou com a habilidade furtiva e os reflexos rápidos do menino.- é você.
- foi mal por isso.- disse levando a mão a nuca por estar desconcertado.
- fale isso quando tirar a mão da espada.
- força do hábito.- encaixou novamente a espada na bainha que tinha tirado o suficiente pra ver o início da lâmina.
- terminou a entrega bem rápido até.
- sobre isso.- coçava a nuca ainda envergonhado.- eu ainda não terminei.
- então porque voltou.- disse sorrindo enquanto ia em direção a mochila.
- eu precisa te alertar pra ficar longe da aldeia do oeste, meu povo não é nada receptivo com estrangeiros.
- bem, eu não ia pra lá de qualquer forma, desculpa fazer você perder tempo.- pegou uma cumbuca logo ao lado da mochila.- amoras?.
- aonde achou isso?.
- em algum arbusto por ali, ou por ali.- mais uma vez aquela adorável confusão.
- tenha cuidado, algumas frutas por aqui são usadas pra extração de veneno.
- eu sei quais são as venenosas eu já teria morrido a muito tempo se não soubesse.- riu.- bem acho que já pode continuar com o seu trabalho.
- minha companhia é tão detestável assim?.
- você espantou todo mundo.
- você ainda está aqui.
- eu não são tão medroso.
- você correu pra se esconder.
- e você se assustou ao me ver.
- justo.- disse sorrindo.- mas como você fez isso, tomar a atenção deles.
- animais são puros, se suas intenções também forem eles nao vão temer você.
- sério?.
- me deixa te mostrar. - falou puxando o bicolor pelo pulso para algumas flores próximas dali.- está vendo.- falava das borboletas azuis que voavam delicadamente pelas flores.- tente ser silencioso.- começou a andar pra perto delas enquanto guiava o bicolor, ao chegar próximo o esverdeado estendeu uma mão devagar e em alguns segundos uma borboleta pousou sobre ela.- Silêncio. - indicou para mim apenas mexendo os lábios, logo soltou meu pulso pra pegar a minha mão me deixando sentir o calor agradável da palma de sua mão e colocou ela ao lado da dele, a borboleta vendo aquilo pulou pra minha mão e após alguns segundos bateu as asas voltando a voar.- simples.- falou com um lindo sorriso, o mais lindo que já vi na vida.- hora de voltar.
- mas já.- disse ao voltar a andar e falar normalmente.
- sim, esqueceu que tem um trabalho a fazer.
- sim.- respondeu em tonalidade neutra quase desanimada.
Voltou a seguir o esverdeado pelo caminho que vieram em busca de sua mochila.
- obrigado pelo aviso, vou me manter longe do oeste.
- me acompanha de volta pra estrada.
- droga.
- como?.- ao se virar notou um coral de rosnados que agora era aparente, e quando teve a mesma visão do esverdeado entendeu a resposta, eram quatro lobos do outro lado do pequeno rio, ao ver eles começarem a andar, com um movimento rápido tirou a espada de prata do cinto.- fique atrás de mim.
- vamos fugir.
- não temos chance.
- se você contestar não mesmo, anda me segue.
- não adianta correr.- ouviu os passos do esverdeado indicando que era hora de começar a correr.- droga.- falou quando começou a acompanhar o menino.
- se a gente se manter entre as árvores a gente consegue atrasa-los.
- Apolo está me esperando na estrada.
- ótimo ele pode ser uma distração.
- que!.- enquanto corria era possível ouvir as patas dos lobos amassando a grama, e ganidos da matilha ao pisar em galhos e pedras logo atrás.
- ali.- apontou para a saida da floresta.
Quando o bicolor olhou para a direção indicada sentiu um peso sobre os ombros que o jogou na árvore em que em bateu antes de cair no chão, quando se levantou pra ver qual dos lobos atacou ele viu a magnífica criatura branca com alguns pelos marrons sujos de lama abrir a boca exibindo dentes afiados os quais escorriam a saliva proveniente da sede de sangue e carne, ele ia avançar mais foi impedido por uma mão que segurava uma pedra que atingiu precisamente o rosto do animal que recuou por algum tempo.
- vamos.- falou desesperado enquanto me ajudou a levantar e voltar a correr.
Vendo o cavalo lá longe os dois correram pra ele, quando o esverdeado o viu assoviou e jogo a pedra próxima a uma árvore que assustou o cavalo e fez ele correr, após alguns segundos viram a alcateia seguir ele.
- que merda você fez.- falou com raiva.
- agora não. - disse ainda puxando o bicolor.
- me solta.- empurrou o esverdeado que acabou tropeçando e rolando grama abaixo.- você sacrificou ele.- disse ao chegar onde o menino parou.
- calma aí.- passou a mão no cabelo pra tirar a grama grudada.- você elogiou tanto ele.- falou ao se levantar.
- eles vão destroçar ele.
- os lobos não vão alcançar ele, agora continua correndo.
- que!.
- não vai demorar pra eles voltarem atrás da gente.- e saiu correndo novamente.
- volta aqui.- começou a seguir ele.
- droga eles já estão voltando.- o bicolor se virou pra ver os quatro pontos brancos vindo na direção deles.- é melhor deixar essas coisas para trás. - falou jogando a mochila.- se livrar do peso.
Sem saber o porque o bicolor largou a espada e uma saca que tinha nas costas e correu atrás do menino.
III
A igreja em ruínas
Após continuarem correndo mais rápido por não carregarem mais tanto peso Todoroki foi impedido de continuar correndo quando em meio a alguns arbustos foi puxado para uma abertura na parede que podia ser considerada uma pequena caverna.
- eles vão....- falava ofegante mais rapidamente foi calado quando o esverdeado colocou a palma da mão na boca dele.
- silêncio. - sussurrou pra ouvir minimamente os lobos andando por cima do teto da caverna, quando o bicolor obedeceu ele mexeu nos bolsos tirando um punhado de folhas, separou em quantidade iguais e amassou passando uma metade em seu rosto e suas roupas e ao terminar começou a fazer o mesmo no bicolor.
- eu consigo fazer isso sozinho.- sussurrou sorrindo.
- me desculpa. - entregou as folhas sem olhar pra ele, tentando não mostrar o rosto envergonhado, que após alguns segundos foi pra entrada da caverna.
- e o que é isso?.
- folhas de menta, disfarçar o nosso cheiro.
- anda com isso nos bolsos?.
- peguei antes de começar a correr.
- e onde eles estão?.
- revirando nossas coisas.- apontou para os quatro animais que usavam os focinho e dentes para analisar a mochila e a espada.
- perdemos tudo.
- só o que é feito de carne.
- então não. - suspirou.- vamos esperar.
- exato.- se sentou no mesmo lugar que estava.
- eu ainda acho que eu dava conta deles.
- melhor guerreiro do seu povo?.- perguntou em um sorriso.
- eu particularmente acho que sim.
- é claro que acha.- concluiu rindo.- mas você daria conta de no máximo dois, os outros teriam o banquete só pra eles.
- que bom que você mandou em tudo então, a propósito belos instintos tenho que elogiar.
- quando se está muito tempo sozinho você se vira, mas admito que você atrapalhou. - falou rindo.
- sozinho, sério? Totalmente?.
- não, como eu disse as vezes eu paro em algumas vilas pra trabalhar e conseguir os suprimentos que preciso, as vezes eu conheço alguns e se tenho sorte algum dia eu revejo eles.
- e você consegue? Isso não é... triste?.
O esverdeado olhava a distância talvez procurando por uma resposta, era iluminado pelos poucos raios de sol que passava pelos arbustos que escondia a entrada caverna, demorou bastante gerando um silêncio constrangedor fazendo o bicolor questionar se tocou em uma ferida de esverdeado sem perceber.
- eles se foram, hora de buscar nossas coisas. - saiu da caverna.
- não vai esperar?. - saiu logo atrás mais não viu o esverdeado logo de cara.- ei...- protestou ao ser empurrado pelo menino.
- vingança. - gritou quando o bicolor rolava morro abaixo.
- você vai ver.- falou quando deu uma cambalhota pra se colocar de pé, mais desistiu de dar a bronca quando viu o menino também rolando pela grama rindo enquanto sujava as roupas de terra e grama.
- nunca mais me derrube assim.- falou quando se deitou na grama a alguns centímetros do esverdeado.
- você ia adorar se acontecesse de novo. - o bicolor não respondeu mais formou um sorriso espontâneo.- só não faça isso quando a gente estiver fugindo de mais uma matilha, ou caso o terreno seja de pedra.
- vou tentar me lembrar.- focou o olhar logo acima. - quantas nuvens.- admirou.
- vem chuva por ai.
- as nuvens significam isso?
- não sei, mas acho que sim.- disse fazendo os dois rirem.- olha aquela, parece um cisne e aquela outra parece... uma casa?.
- não tem nada a ver.- riu.- aquela parecem asas.
- aquela parece um balão.
- aquela ali parece uma maçã. - ao colocar a mão de volta no chão, acidentalmente repousou ela sobre a do esverdeado, ficou corado na mesma hora e sem pensar muito recolheu a mão ao sentar na grama- hora de ir.
- sim você tem um trabalho a terminar. - parecia desanimado mas rapidamente retomou um sorriso. - ei, eu conheço esse lugar.- falou e saiu correndo para uma colina próxima.
- EI!!!, Suas coisa ainda estão aqui.- colocou a mochila nas costas e segurou a espada na mão direita antes de ir na mesma direção do esverdeado.
Não andou muito até conseguir ver uma estrutura e o esverdeado subindo a escadaria frontal dela, fez o mesmo dando de cara com ele dançando no meio do grande pátio do que parecia ser um igreja em pedaços, ele parecia completamente realizado enquanto girava no corredor que separava os bancos de madeira degradada e pilares de mármore verdes por musgo e folhas que podiam ser heras, lá no centro de onde deveria ser o altar tinha a estátua de um anjo de braços abertos que deveria ser lindo quando estava inteiro mas agora estava na mesma situação dos pilares e tinha um braço quebrado no chão.
- você já esteve aqui.- falou quando colocou a mochila e a espada no banco mais próximo.
- meus pais se casaram aqui, eu tinha dois aninhos. - se virou sendo iluminado por raios de sol amarelos e verdes que passavam pelo vidro que resistia na janela provavelmente poderia ter sido um vitral da igreja.
- então você já morou por aqui.
- não, eles só se casaram antes de ir pro próximo lugar, eles só voltaram quando.- parou de falar, ficando subitamente quieto antes de sair correndo pra grande estátua é virar saindo da igreja.
"Você precisa terminar de contar".- pensou antes de segui-lo.
Após fazer o mesmo caminho, o bicolor passou por um portão de ferro totalmente enferrujado que levava para uma área externa da igreja, que ficou claro a serventia quando ele viu as lápides e o esverdeado sentado em frente uma delas, se aproximou lentamente vendo o nome Inko Midoriya gravado na pedra e na frente dela o olhar opaco do esverdeado, que lentamente começavam a ficar marejado.
- eu esqueci de te devolver algo mamãe. - falou tirando o colar com um aliança de latão. - o papai me pediu pra te entregar isso.- falou após colocar envolta de cruz de pedra acima do túmulo.- espero que vocês estejam descansando em paz.- Todoroki sentiu algo muito ruim em seu coração, não queria sentir aquilo, colocou uma mão sobre o ombro do esverdeado que secou os olhos com o antebraço antes de se levantar.
- por favor esqueça isso.- sentiu o bicolor o envolver em um abraço.
- acho que nunca vou conseguir.
- porque está fazendo isso?.
- não sei... eu só fiz.
O esverdeado sorriu e finalmente completou o abraço.
- já está começando a entardecer.
- droga eu vou levar uma bronca na certa, a propósito pra onde você mandou meu cavalo.
- ele deve ter ido pro destino final, se ele é tão esperto como você diz ele deve estar te esperando onde você devia entregar a carta.
- droga, tenho que voltar pra estrada.
- se a gente andar reto por ali, a gente chega.
O bicolor estranhou o "a gente" mais gostou de ouvir isso.- pra quem tinha um péssimo senso de direção.
- eu consigo me lembrar de mais coisas agora.
- desculpa.
- não tem com o que se desculpar.- falou sorrindo.- eu demorei tempo demais pra vir aqui.
- não te julgo.- cambaleou.- nossa, que tontura.
- você está bem?.
O bicolor sentiu a perna direita fraquejar.- sim, só preciso me sentar um pouco.- sentou ao lado da mochila.- nossa acho que eu preciso dormir mais, ou eu só tive um dia cansativo, afinal.- não precisou concluir.
- Shoto.- falou assutado apontando pra cabeça dele.
- o que foi.- levou dois dedos a testa sentindo algo grudento, ao ver novamente os dedos viu algo vermelho que era óbvio ser sangue.- não é nada demais, é só dormir que passa.- falou sorrindo. - mas eu estou...
- não, mantenha os olhos abertos por favor Shoto.
- eu posso tentar.- sentia as pálpebras terem um peso enorme.
- não, não, não, não. - a cada reprodução da palavra ela parecia estar cada vez mais e mais baixa até que o olhar de preocupação do esverdeado felizmente tinha sumido, não gostei de ver ele assim, derrepente tudo ficou preto e em silêncio.
IV
A primeira noite
De repente voltei a sentir tudo, não dá forma que deveria mas era bom se sentir normal, ainda sentindo dificuldade em abrir os olhos consegui ouvir o crepitar das chamas de uma fogueira, o calor ao lado ajudou a concluir isso, tentou mais uma vez abrir os olhos e falhou mais uma vez, ouviu agora o barulho de folhas sendo amassadas e água sendo mexida em algum recipiente, tentou abrir os olhos e falhou mais uma vez, ouviu passos se aproximando e a testa ficando subitamente leve e gelada mas rapidamente sentiu algum peso sobre ela que voltou a aquecer, tentou abrir os olhos mais uma vez e falhou, ouviu a grama ser amassada ao seu lado e após esse barulho acabar ouviu uma respiração aflita de quem sentou ao seu lado, tentou abrir seus olhos mais uma vez e falhou, ouviu a sonoridade de uma flauta começar a preencher o silêncio momentâneo mais não por muito tempo, após uma desafinada conseguiu ouvir a voz de alguém prestes a desabar, que não demorou pra chorar, tentou abrir os seus olhos mais uma vez e conseguiu.
- onde....- não soube se realmente falou ou apenas pensou nisso, tentou se levantar com dificuldade mas conseguiu ver o menino limpar o rosto e avançar contar ele.
- você acordou.- disse abraçando ele, o que agilizou o processo de se por sentado. - você me assutou.- era notável a voz trêmula dele.
- desculpa... não vou fazer mais isso.- disse usando o braço que tinha total controle pra abraçar ele, só agora notou que estava de noite e que estava com a cabeça enfaixada.
- você está bem?.
- eu vou ficar, o que aconteceu?.
O esverdeado foi em direção a fogueira pegar uma cumbuca enquanto explicou.- você machucou a cabeça provavelmente quando o lobo te atacou, você se esforçar sem perceber deve ter piorado.- se sentou na frente dele. - aqui, você precisa se alimentar.
- obrigado.- aceitou a cumbuca e deu um gole na saborosa sopa de cenoura.
- quando você desmaiou eu achei esse lugar, acho que nada alcança a gente aqui, e então eu trouxe tudo pra cá.
- deve ter sido cansativo. - deu mais um gole.
- você é mais leve do que parece.- disse sorrindo.- a única desvantagem é que tem muito vento.
- isso não é problema.- deu um último gole.- toma você precisa comer também.
- você precisa mais.
- eu seria egoísta se aceitasse, anda.
- se você insiste.- terminou a sopa.
- você rasgou sua roupa pra fazer isso.- observou o braço exposto dele.
- eu não pensei direito, tinha muito sangue e eu estávamos tão desesperado.
- mais uma vez obrigado.
- não precisa agradecer, eu sei que você faria o mesmo por mim.
O bicolor processou por um momento a fala do esverdeado. - eu com certeza faria.- disse com um sorriso, fazendo o esverdeado finalmente sorrir também despreocupado, tudo voltou a ficar bem.
- a propósito, eu ainda tenho comida.- disse ao tirar dois pêssegos e um cristal doce da mochila.- esses eu uso pra refeições em ocasiões especiais.
- então acho que devia poupar pra uma próxima.
- não se desvalorize assim.- entregou o pêssego rindo.- estou feliz que esteja aqui.
- também estou feliz de estar aqui.- os dois comeram as frutas envergonhados com o que disseram, quando terminaram jogaram as sementes no morro pra quem sabe um dia virarem lindos pessegueiros, depois o esverdeado quebrou o doce em vários pedaços e dividiu entre eles o doce regional do distante reino da Nevasca Eterna.
Após terminarem a refeição o esverdeado tocou algumas músicas em sua flauta e tentou ensinar pro bicolor que falhou miseravelmente descobrindo que apenas vontade não era o suficiente, nada que outras aulas não ajudassem. Como estava em um campo alto o vento logo veio impedindo a fogueira de se manter acesa, o esverdeado já se tremia tendo apenas uma camisa rasgada e de tecido fino.
- espera aí.- sacou a espada da bainha e cravou ela no chão, a lâmina de prata brilhava graciosamente ao refletir a luz da lua, pegou a bainha e desfez o nó de linha vermelha desenrolando ela totalmente revelando que na verdade a bainha era uma capa, se levantou jogando o tecido vermelho e felpudo sobre o ombro do esverdeado e se sentou ao lado dele se cobrindo, e agora tendo como luz apenas o brilho da lâmina e a lua tão distante.- sabe alguma coisa sobre astronomia?.
- eu sei que a lua dessa forma se chama lua minguante.
- tem certeza, eu achava que desse lado era crescente.
- eu não tenho certeza de nada.- respondeu rindo e se deitou no ombro do meio ruivo que apesar de ficar com vergonha sabia que gostou daquilo.
- nem uma constelação.- se deitou nos cachos macios do esverdeado, sentindo seu coração pular tanto quase saindo do peito que acabava ajudando ele a ficar quente, imaginou se o esverdeado sentia o mesmo.
- a ursa maior é aquela?.- apontou para um grupo de estrelas quase invisível.
- não faço a menor ideia.- riu com o esverdeado.
- porque não me conta uma história desse reino.
- a maioria são de carnificinas desnecessárias.
- deve ter alguma legal.
Todoroki pensou.- bem, existe uma lenda de que existia uma aldeia secreta de fadas que moravam em cogumelos fosforescente que só os mais puros podiam enxergar a existência, você iria conseguir.
- você acha?.
- eu tenho certeza.- o esverdeado sorriu ouvindo isso.- dizem que quem come um desses cogumelos se transforma em um fada e vive entre elas, mais eu acho que se você comer um você apenas morre por toxinas e alucinações.
- era uma história legal.- bocejou. - você tinha que estragar com o sua visão.
- foi mal.- disse rindo.- mas qualquer pessoa normal pensaria isso.
- você me acha normal?.
- não acho que você seja uma pessoa.
- acha que sou uma fada da sua lenda.- perguntou rindo.
- acho que você é um anjo, ou uma presença boa.
Izuku ficou em silêncio por um tempo.- você é adorável Shoto, vou sentir sua falta.
O bicolor sentiu que a raiva e a tristeza brigavam pra ver qual iria triunfar ouvindo isso.- porque você tinha que falar isso.
- não sei, não queria, eu só falei.
- aqui pode ser seu lar, você ia conseguir se adaptar.
- eu não tenho um lar, eu tenho tudo isso mas nunca me senti em um lar, eu não pertenço a lugar nenhum você não entenderia.
- não entendo....- permaneceu o silêncio por alguns minutos.
- me desculpe, não vou falar mais disso.
- não devia ter falado.- falava com o cenho franzido.
- desculpa ter estragado tudo.
- só não repita isso, por favor. - falou ao abraçar o esverdeado lateralmente com um braço.- por favor. - repetiu dando um beijo entre os cabelos dele.- por favor.- susurrou o último e por fim assistiu o esverdeado cair no sono, pra fazer o mesmo logo em seguida.
V
O início de uma jornada
Quando acordou o bicolor se levantou esfregando os olhos, após recuperar bem todos os sentidos depois do acidente do dia passado abriu os olhos cegados pela claridade, e após se adaptar olhou em volta procurando por alguém que não estava mais ali, se pôs de pé desesperado viu que tinha um papel preso no chão pela espada dizendo " desculpe, também sou péssimo com despedidas." Lendo isso só conseguiu sentir o desespero se intensificar pegou a carta amassou ela e jogou pra qualquer lugar vendo ela sendo carregada pelo vento, correu até a beira do monte tentando enxergar o esverdeado, mais seria difícil enxergar ele em meio a todo um horizonte verde.
Acordou novamente assutado, se apressou em sentar acordando bruscamente o menino que dormia em seu peito.
- o que aconteceu?.- perguntou bocejando.
- nada, só um sonho ruim.- falou esfregando os olhos, nem percebeu quando os dois no meio da noite caíram dormindo um sobre o outro, o bicolor voltou a deitar na grama que ainda estava quente por causa deles.
O esverdeado analisou o sol- já está tarde.- se levantou indo para mochila e pegando outra blusa não muito diferente da outra, tirou a rasgada mostrando aquele corpo estonteante que tinha algumas cicatrizes e sardas na parte superior que o deixava ainda mais lindo, mas não tive aquela visão por muito tempo, em segundos ele já estava com a outra blusa perfeitamente branca.
- eu vou procurar alguma coisa pra gente comer.
- não. - falou mais preocupado do que queria falar.
- eu não vou muito longe.- entrou entre as árvores que tinha ali perto.
Quando o esverdeado sumiu do campo de visão, o bicolor temia pelo inevitável enquanto enrolava a capa para ter onde colocar a espada, ficou feliz de a lâmina não estar prendendo um bilhete de despedida mais sabia que ia enfrentar isso de qualquer forma mais tarde.
- cheguei aqui em uma ótima estação.- voltou com duas maçãs e um punhado de amoras em uma das mãos.- toma.
- não, estou sem fome é melhor você guardar.- falava cabisbaixo.
- ainda está se sentindo mal?.
- não, acho que está tudo bem.- tirou o curativo improvisado da cabeça. - você ainda vai usar isso.
- não, pode ficar.- respondeu sorrindo.- bem se quisermos chegar na cidade temos que ir por aqui.- o bicolor não respondeu e nem não se mexeu.
- anda seu cavalo deve estar te esperando.
Após alguns segundos o bicolor voltou a andar ainda com o olhar baixo, queria evitar terminar o trabalho pois sabia que poderia ser o fim de tudo, pensando nisso nem percebeu que estavam tão rápidos ainda olhando pra baixo notou que não estava mais em uma terra de barro, havia um caminho de tijolos de cor ocre e alguns laranjas perdidos entre eles.
- olha quem está ali.- apontou animado, para quem esperava.- eu disse que ele ia conseguir.- Todoroki exergou ao longe o cavalo sendo bem tratado por um soldado porteiro.
- olha eu preciso falar sobre isso.- o tom da voz dele nunca esteve tão desanimado.- eu não quero que você vá embora, só o pensamento de acordar e você não estar lá quase me impediu de acordar essa manhã, eu senti que seria aterrorizante acordar e você não estivesse lá.- não sabia ao certo discernir o que a expressão do esverdeado transmitia. - eu sempre tive uma vida indiferente, apenas um dia com você foi melhor do que em todos esses anos.
- eu não sei o que falar.
- fala que você vai ficar, é tudo que eu preciso ouvir.
- eu estaria mentido se eu falasse isso Shoto.
- mas eu não quero que você vá. - a voz já começava a ficar trêmula, e os olhos começavam a ficar margeados de lágrimas.
- por favor não chore, eu não me perdoaria se soubesse que sou o responsável por isso.
- então na vá, aí eu não choro.- falou tentando sorrir.
- é complicado, eu sempre vivi dessa forma, minha família sempre foi assim esse é meu legado se eu abandonasse isso eu não me sentiria feliz.- disse ao limpar do rosto do bicolor as lágrimas que caíram.
- eu nunca me senti tão bem com alguém Izuku.
- eu também, Shoto.- acariciou uma das bochechas coradas dele.- mas minha liberdade é tudo que eu tenho, por favor entenda.
- eu posso tentar. - não passou muita confiança ao falar.
- por favor, partiria meu coração saber que eu te deixei com o coração partido.
- não sei se consigo, mas também não quero que você se sinta infeliz.- disse ao pegar a mão do menino.- pelo menos eu vou te ver de novo algum dia.- tentava animar a conversa.
- espero que sim.
- eu acho que preciso de uma garantia.
- bem.- se virou para pegar algo na mochila. - toma.
- você vai me dar sua flauta.
- não, estou emprestando você vai ter que me devolver algum dia, aproveita pra tentar aprender.- disse com aquele lindo sorriso.
- mas aonde eu vou te achar?.
- por aí.- riu.
- então pode ficar com isso.- estendeu a espada.
- que ótimo, eu já carrego pouco peso.- disse fazendo os dois finalmente rirem descontraídos.
- quanto mais eu te atrasar mais você fica por aqui.- sorriu.
- sabe uma vez minha mãe me disse que... esquece não é nada demais.
- agora termina.- falou irritado, mas não estava irritado.
- quem sabe da próxima vez. - sorriu de forma provocativa.- agora você tem um trabalho a terminar.
- mas eu não quero.
- mas você tem que terminar.- se aproximou dando um beijo na bochecha dele.
- você sabe que fazer isso só dificultou ainda mais a despedida né.
- podia ser pior.
- como?.
- assim.- se aproximou novamente dessa vez beijando os lindos e doces lábios do bicolor.- tchau Shoto... quer dizer até a próxima.
O bicolor simplesmente não tinha palavras para aquilo, mantia os dedos pressionados nos lábios como se quisesse manter o beijo ali e aquilo ajudasse, segurando a flauta na outra mão continuou por um tempo olhando aquele menino incrível se distanciado sem estar triste dessa vez, olhou para a flauta mais uma vez sabendo que ia encontra-lo de novo.
Acaricou o cavalo que estava bem, encerrando a aflição do dia anterior deu mais uma cenoura pra ele antes de pegar a correspondência e andar diretamente pra sala do trono pra entregar o tratado para o rei, passou um bom tempo ouvindo ele gritar e reclamar pelo grande atraso na entrega do documento mas o bicolor não se deu ao trabalho de se justificar, cumprindo seu trabalho pegou o cavalo na portaria e voltou pela estrada que já não estava bloqueada e em minutos já estava em sua aldeia, em sua casa, jogado na sua cama encarando a flauta que deixou em cima de escrivaninha, andou até ela e pegou para tentar tocar algo que hipnotizasse os pássaros como viu alguém fazendo, ainda não era bom naquilo, ao colocar no mesmo lugar percebeu o quanto sua aldeia parecia cinza, não se sentia mais em casa talvez nunca tivesse sentido, apenas se acomodou ali por ser a alternativa mais fácil.
Abriu o guarda-roupa pra pegar uma mochila velha que tinha, pegou algumas roupas pra encher ela e uma pequena carteira com moedas de ouro, desceu para o andar de baixo pra pegar uma sacola de vegetais e saiu da sua casa de madeira, subiu no cavalo indo pro correio da cidade, tirou todas as cartas do bolsa do cavalo e substituiu pelo vegetais que tinha em mão, colocou todas as cartas no balcão antes de anunciar sua demissão e por fim subiu no cavalo saindo dali com o que precisava.
Já estava tarde enquanto trotava pelos campos, saiu da aldeia imaginando em que lugar ele ia estar, não sabia ao certo mais imaginou que seria em um dos lugares pelo qual passaram quando chegou desceu do cavalo pra subir a escadaria e se sentiu muito feliz quando viu aqueles lindos cachos verdes la longe no primeiro banco.
- acho que isso é seu.- estendeu a flauta.
- você desistiu muito fácil. - falou rindo.- o porque da bagagem?.
- não é, óbvio? Eu quero ir com você pra onde você for, se você quiser é claro.
- sabe, quando eu era criança eu sempre quis ter uma casa e sempre que eu pedia isso pra minha mãe ela contava a mesma história.
- você vai terminará a história dessa vez.
O esverdeado riu antes de continuar.- ela me dizia que eu era o lar que ela tinha, meus pais nunca foram ricos talvez por isso adotaram esse estilo de vida, mas quando minha mãe disse que eu era o lar dela eu me senti a joia mais preciosa do mundo.- sorria enquanto lembrava disso.- desde que eles partiram eu me senti como eles, como se a liberdade fosse o meu lar e tudo isso fosse meu.- o bicolor prestava atenção em cada palavra.- até que você apareceu.- o bicolor sorriu de imediato ouvindo isso.- eu esperava que você viesse, a muito tempo eu não me sinto a assim mas eu acho que você é meu lar agora Shoto.- sorriu todo bobo.- eu não queria ir sem você e ia esperar por um bom tempo aqui, estou muito feliz que você veio.- olhou pro bicolor com os olhos brilhando mais do que nunca.- muito feliz mesmo.
Todoroki não tinha palavras para o que acabou de ouvir, abraçou o esverdeado cuidando da pessoa mais preciosa da sua vida até finalmente ter algo pra falar.- eu sempre vou estar aqui pra você. - beijou a testa dele.- você também é meu lar.- sorriu pro menino.
Ficaram em silêncio por um bom tempo apoiado um no outro apenas aproveitando a existência do que tinham agora.
- mas agora.- disse o esverdeado ao tirar o mapa da mochila.- pra onde vamos?.
- você quem diz.
- vamos ter que revisitar todos os lugares marcados pra você conhecer.
- são muito lugares.
- a gente tem muito tempo.- sorriu. - que tal ir pro Reino de Vidro acho que você ia adorar lá.
- então vamos, mas vamos ter que andar muito né.- falou com um tom cansado.
- você aceitou isso quando pediu pra vir comigo.
- eu pedi pensando em você apenas.
- com certeza as viagens serão melhores agora.- disse pegando a mão do bicolor.
- quanto mais cedo melhor.- disse se levantando.- vamos.- jogou um braço sobre o esverdeado.
- só pra lembrar, sou eu que mando.- falou quando ficou ainda mais perto do bicolor.
- até parece, você mandar em mim.- desafiou ele em tom de humor.
- claro que vou, você veio correndo pra mim.
- mas quem ia ficar esperando?.
- aí você me pegou.- desceram as escadarias rindo.
Só então notaram os céus de baunilha com um tom majestoso de laranja, prontos para o início de uma nova jornada, com lindos sorrisos de satisfação tendo uma companhia maravilhosa logo ao lado, descendo a escadaria parecendo dois amantes bobos dançando uma valsa desengonçada sentindo a eterna sensação de juventude aflorada, deram mais um beijo quando acabaram os degraus e como um verdadeiro cavalheiro o bicolor ajudou o menor a subir no cavalo e então partiram mais felizes do que nunca para um novo horizonte.
Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.
Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.