História O irmão postiço - Para lembrar

Naruto não sabia o que pensar.

No fim de semana, tinha conseguido de volta seu videogame, para seu total alívio. Passou todo o dia de domingo jogando junto com Sasuke, antes e depois de terem transado de novo o mais silenciosamente que conseguiram.

Acontece que dormir, acordar e passar o dia todo ao lado de Sasuke parecia estar cobrando um preço ao seu coração. Naruto nunca foi o mais esperto em relação a sentimentos, muito menos gostava de complicar as coisas que sentia.

Quando ficou com Hinata, estava curioso. A experiência foi agradável embora os dois soubessem que não passaria daquilo. Quando ficou com algumas outras meninas, era tesão, puro e simples. Quando ficou com Gaara, ficou surpreso – e foi provavelmente a única vez em que se deixou pensar demais numa situação como aquela. Mas isso também passou sem nenhuma rachadura em sua amizade.

Estar com Sasuke, inicialmente, não era tão difícil também.

Os dois tinham receios em se envolver por questões familiares, mas o que sentiam era pura atração. Naruto perdido em suas dúvidas e curiosidades e Sasuke desejando alguém pra transar. Uniram o útil ao agradável porque não era sério. Era sexo.

Em algum momento, Sasuke voltaria pra casa, retomaria sua própria vida e seus próprios casos e Naruto faria o mesmo, agora com novas as possibilidades que conseguiu graças ao Uchiha. Os dois se veriam muito dificilmente, talvez em alguma reunião de família e se tratariam daquele mesmo modo implicante e confidente. Talvez. A vida adulta também poderia tirar isso deles.

Sasuke estava em seu último ano escolar. Para Naruto ainda faltava um ano. O moreno logo entraria na faculdade, conheceria novas pessoas e essas pessoas babariam nele, assim como todo mundo fazia. Assim como Yahiko e o tal Suigetsu, Sakura, Deidera… E Naruto não estaria lá, não poderia dar uma das suas crises de ciúmes, nem aparecer de surpresa pra empatar uma nova foda, nem estaria na sua cama pra dizer que ele poderia satisfazê-lo muito mais.

E cada vez que pensava em todas essas coisas, ficava ainda mais confuso e temeroso. Todas as vezes que sentia o peito se aquecer quando Sasuke o abraçava, ou quando sentia sua pulsação acelerar ao ver o sorriso contido no canto dos lábios, ou mesmo as risadas mais espontâneas, os cabelos sendo jogados pra trás, a pele branca suada sob ou sobre seu corpo e as expressões de prazer, sentia como se estivesse perdendo algo ao mesmo tempo em que estava ganhando. Cada coisa que Sasuke fazia parecia estar levando-o a um ponto desconhecido de seus sentimentos e Naruto não fazia a menor ideia de como deveria lidar com isso.

Não podia estar se apaixonando, certo? Não devia.

Depois de mais uma segunda-feira de trabalho, cansados de brincar com as crianças, devidamente alimentados pelo jantar que Kushina deixara pronto antes de sair, os dois estavam novamente trancados no quarto. O rádio estava ligado, a música não estava muito alta. O controle do videogame estava sobre a barriga bronzeada de Naruto e os pés brancos de Sasuke estavam entre suas mãos, assim como um de seus próprios pés estava entre os dedos do Uchiha.

Estavam só de roupas íntimas, sem dizer uma palavra. Olhavam-se nos olhos, enquanto as mãos massageavam os pés alheios sem técnica alguma. Só queriam se tocar sem, necessariamente, fazerem sexo. Os dedos serpenteavam entre os ossos até a panturrilha. O sorriso pequeno no rosto dizia mais do que eles eram capazes de expressar com qualquer palavra.

Estava tudo ali, em seus olhos, em seus gestos… Mas não havia nenhuma coragem em dizer, porque a dúvida era um martírio mais atraente do que a certeza dolorosa.

Naruto sentou-se, em seguida buscando os lábios de Sasuke, pairando sobre seu corpo. As mãos logo percorreram seus lados, alisando sua cintura enquanto mantinham um beijo num ritmo tranquilo. Logo Sasuke iria embora e ele não poderia fazer nada em relação a isso senão deixar o tempo levar embora toda a confusão de sentimentos que nutria e deixar as lembranças daquele verão. Mas já que era daquele modo, então aproveitaria o quanto pudesse.

A língua correu pela boca, saboreando cada parte antes beijar seu queixo e pescoço. Os lábios e os dentes deslizavam pela pele do colo, peito e barriga, marcando e gravando cada relevo do corpo pálido. Os olhos mantinham-se abertos, atentos as expressões do Uchiha. Tirou de uma vez a boxer, mordendo as coxas antes de encontrar o membro já animado, e colocá-lo em sua boca. Queria memorizar o gosto de Sasuke, queria sentir sua essência ser derramada entre seus lábios e prová-lo profundamente. Enquanto chupava, apertava as pernas e os quadris brancos, olhando para o rosto alvo do mais velho que estava ruborizado, a boca entreaberta e os olhos semicerrados. Lutava para manter os olhos abertos e apreciar Naruto engolindo-o em desespero.

Gozou, forte e quente e, para sua surpresa, Naruto não se afastou. Parecia ansioso em receber seu prazer, deixando Sasuke totalmente fora de si. Logo mudou as posições, terminando de despir o Uzumaki e pegando o lubrificante, preparando o loiro enquanto o chupava de volta. Um dedo, dois dedos, três dedos e a raposa se contorcia sob si.

— Vem logo – pediu, puxando seus cabelos de leve.

Sasuke obedeceu. Enquanto o penetrava, seus lábios se encontraram outra vez, mordendo lambendo e as unhas de Naruto arranhando suas costas, mantendo-o num abraço. Os movimentos começaram suaves e lentos até que o loiro se acostumasse a invasão. As pernas morenas se prenderam ao redor dos quadris alheios e Sasuke passou a investir com mais rapidez. Os lábios cheios roçaram a orelha do moreno, deixando que os gemidos fossem ouvidos com ainda mais clareza.

Sasuke estava perto de enlouquecer. Cada parte sua gritava, desejando ter o Uzumaki de todas as formas muito mais do que ter alívio. Se atrapalhou um pouco enquanto melava os dedos no lubrificante e levava até a própria entrada. Diminuiu o ritmo, sincronizando as estocadas com a invasão que fazia em si mesmo. A cada novo movimento, seus lábios deslizavam pelos de Naruto, ansioso para prová-lo outra vez.

Quando sentiu-se pronto, saiu devagar de dentro do loiro, sentando-se sobre ele com cuidado. Apenas naquele momento, Naruto fechou os olhos, sentindo-se ser engolido pelo Uchiha. Não demorou até se movimentar, subindo e descendo com vivacidade, tocando o próprio membro enquanto induzia Naruto a tocar seu corpo. Os dedos morenos apertavam suas pernas e quadris, ajudando no vai e vem, cada vez mais perdidos em prazer, sem conseguir desviar o olhar.

Sasuke arqueou as costas quando chegou ao ápice, derramando-se sobre Naruto que continuava a movê-lo mais algumas vezes até alcançar o próprio orgasmo. Não se importaram com o líquido pegajoso quando o moreno deitou-se sobre o loiro, abraçando-se outra vez. O rosto se escondia no pescoço ou nos cabelos, aspirando o perfume enquanto acalmavam as respirações.

Por mais que estivesse totalmente perdido, Naruto ainda preferia ter a memória de como era ter Sasuke em sua cama e em seus braços. Encontraria maneiras de criar novas lembranças enquanto ele estivesse ali.

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Sasuke estava na sala com Naruto, os dois dividiam o fone de ouvido enquanto Kushina fazia o jantar. Brincavam com os dedos um do outro por baixo da almofada, fingindo prestar atenção na TV enquanto escutavam a melodia.

— Essa música é bem hippie, né? - Sasuke disse.

— Um-hum – sorriu – Tem uma que é mais ainda. Espera.

Mexeu no celular, trocando a canção e Sasuke balançou a cabeça.

— Te visualizo na praia vendendo miçanga e ouvindo essa música, acabando de sair do curso de filosofia.

Naruto riu mais.

— Eu curto reggae, mas eu sou bastante eclético, então pode parar – brincou – Você tem cara de que só escuta banda emo.

— Calúnia – soltou um muxoxo em meio a risada – Quer dizer, só de vez em quando. Mas prefiro rock alternativo.

— Que rebelde – o loiro debochou – Isso combina com o que? Engenharia?

— Como assim?

— Sei lá. Você falou de filosofia pra mim.

— Você quer cursar filosofia?

— Não – deu de ombros – Sei lá. Não pensei muito nisso.

— É, ainda tem um ano pela frente, né? - Sasuke apertou mais os dedos alheios entre os seus – Eu ‘to bem na dúvida.

— Entre o que?

— Há um tempo atrás eu pensava em arquitetura, direito e engenharia civil. Acho que seria mais fácil pra ajudar meu pai.

— Mas o Itachi é professor, né? - perguntou, curioso – Seu pai não deve ligar muito pra isso.

— Ah, não – Sasuke deu um sorriso leve – Na verdade, acho que ele ficou um pouco triste, sim. Mas ele queria apoiar a escolha do meu irmão. Itachi sempre foi muito dono dele mesmo e meu pai nunca conseguiu controlá-lo, mas isso nunca foi um problema porque ele é muito maduro e sempre foi um bom filho. Não sei se eu teria essa liberdade.

— Fugaku sempre foi muito preocupado com vocês dois - Naruto devaneou – Criou vocês sozinho e tudo mais.

— Sim – suspirou, apoiando a cabeça pra trás – Ele é bem na dele, mas não é como se eu pudesse julgar. Mas eu sei que ele se preocupa.

— Ele sabe sobre suas opções de faculdade?

— Ainda não.

Naruto lembrava-se que Sasuke tinha dado uma resposta parecida quando o questionou se Fugaku sabia sobre sua sexualidade. Parecia que Sasuke sempre ficava esperando a hora certa e nunca contava o que precisava ao pai.

— Devia dizer. Talvez ele mesmo te ajude a escolher um caminho melhor pra você.

— Hum – os olhos negros se voltaram aos azuis – Você também devia pensar melhor sobre isso. Pensa em cursar aqui mesmo, em Konoha?

Naruto deu de ombros.

— Talvez.

Sasuke sorriu.

— Seria legal ter você na cidade grande comigo.

O moreno estava de olhos fechados no fim da frase, com um sorriso pequeno, como se a ideia lhe soasse muito agradável. Naruto engoliu, encarando o rosto ao seu lado sem saber o que responder. Pedia a tudo que era sagrado para não deixar seus sentimentos transbordarem ao ponto de não conseguir contê-los.

Mas ter Sasuke assim, perdido numa ilusão de futuro onde os dois não precisariam se separar, era demais pra ele.

A música mudou. Era lenta e mais sensual. Os olhos negros abriram-se novamente enquanto encaravam o loiro.

— Isso me lembrou uma coisa.

— O que?

Sasuke chegou mais perto, olhando de soslaio para a cozinha antes de cochichar no ouvido de Naruto.

— Lembra quando te disse que tive um sonho erótico contigo?

Naruto já tinha um sorriso formado nos lábios ao fim da frase.

— Lembro.

— Sabe como você estava?

— Como?

A risada baixa de Sasuke em sua orelha e pescoço não era um bom sinal na posição em que estavam. Sasuke roçou a mão escondida pela sua coxa e o loiro mordeu o lábio.

— Estava completamente nu, usando apenas aquelas malditas orelhas de raposa.

O Uzumaki segurou uma risada mais alta, sentindo os dentes do moreno puxando o lóbulo de sua orelha.

— Depois de me zoar tanto…

— Pois é. Que mundo esse em que a gente vive.

A mão escorregou até o membro escondido pela bermuda e Naruto suspirou.

— Sasuke – chamou em tom de aviso.

— O que?

— Minha mãe está na cozinha.

— Eu sei – apertou um pouco o falo.

Sorriu, mas viu que Kushina surgia na porta e se afastou com tranquilidade, passando a mão por baixo dos olhos do outro como se limpasse alguma coisa.

— Saiu – disse, antes de se virar pra mãe – Está pronto?

A pergunta veio naturalmente enquanto Sasuke se virava com a maior cara lavada.

— Está – a ruiva beijou a ponta dos dedos teatralmente – Venham logo, antes que esfrie.

Naruto ajeitou a bermuda, checando se estava tudo no lugar antes de ir até a cozinha. O clima quente e a comida fumegante assim como os sorrisos calorosos aqueciam aquela noite de terça. Naruto só queria poder manter as coisas assim.

Mas já que, para tudo havia um prazo de validade, ele faria questão de fazer aquele tempo ser o mais memorável possível.