História O Lado Escuro da Lua - Sterek - Esclarecendo a Verdade

Derek e Stiles passaram o restante daquela madrugada na floresta, apenas abraçados enquanto o castanho despejava toda sua dor para fora. Ele precisava daquilo. Precisava se livrar de toda dor acumulada em seu peito. Era a única maneira de voltar a pensar com clareza e não cometer mais um ato estúpido. E Derek… Bom, Derek estaria ali para o que Stiles precisasse.

Stiles tinha consciência que havia sido duro demais com John. O xerife não merecia ser tratado da forma a qual o garoto o tratou. Mesmo não sendo seu parente de sangue, John sempre seria seu pai, e isso nunca iria mudar. Stiles apenas agiu impulsivamente. Deixou que a dor falasse mais alto que a clareza, e ele não poderia mais fazer algo desse tipo. Stiles não iria.

Depois da longo conversa e explicação de Derek sobre a profecia e a verdadeira identidade de Stiles em uma, ou melhor, três criaturas sobrenaturais e a profecia, o castanho teria que estar preparado para os problemas que viriam a surgir. E ele tinha certeza que seriam muito, pois o universo nunca facilitava nada para Stiles.

Em determinado tempo, Stiles havia adormecido com a cabeça deitada no ombro de Derek e ali permaneceu. Era uma sensação incrível estar tão perto de Derek daquele jeito. Mesmo que seus sentidos químicos denunciassem seus reais sentimentos pelo Hale, não importava naquele momento. A única coisa em que Stiles se manteve focado, ancorado, foi ao cheiro de Derek e nos braços fortes que rodeavam sua cintura de modo protetor.

Assim que o primeiro raio de sol surgiu, iluminando o topo das grandes árvores e o restante da floresta com calma e graciosidade, Derek pegou Stiles no colo - estilo noiva - e o carregou para fora daquele lugar, indo direto para a casa dos McCall. Seria um longo dia de vários esclarecimentos.

* * *

— Scott, para de ficar andando de um lado para o outro a cada um segundo! – Isaac pediu exasperado, observando o Alpha.

— Derek não deu mais nenhuma notícia. – Scott o ignorou, preocupação transbordando de seu peito. – E se aconteceu alguma coisa?

— Não aconteceu nada, Scott. – revirou os olhos. – John já disse que Stiles está a salvo por enquanto.

— Mas, e se…

— "Mas, e se" nada, Scott! – Isaac o parou. – Stiles precisa de um tempo. Foram coisas demais para se lidar de uma vez só. Nada de ruim está acontecendo com ele.

— Wow, essa é uma das poucas vezes que o vejo defender Stiles. – sorriu fraco, suavizando um pouco o nervosismo.

— Não estou o defendendo, apenas estou dizendo a verdade. – se contradisse, fugindo do olhar do moreno. – Qualquer um precisaria de tempo para lidar com todas essas merdas acontecendo de uma vez só.

— É, acho que você tem razão. – Scott suspirou, passando as mãos pelo rosto em seguida. – É só que eu não gosto de me sentir assim, tão… incapaz.

— Você não é um incapaz, Scott. – Isaac se levantou da cama, caminhando até estar de frente para o menor. – Só precisa ter um pouco mais de paciência para lidar com isso.

— Desde quando ficou tão sábio? – arqueou as sobrancelhas, sorrindo de canto.

— Eu sempre fui. – estufou o peito, convencido. – Só nunca houve uma oportunidade para agraciar-vos com os meus gloriosos conselhos.

— Você é mesmo uma figura, Isaac. – riu, negando com a cabeça. Os olhos fixos nos lábios do beta sem ao menos perceber.

— Está me chamando de palhaço? – Isaac ergueu uma das sobrancelhas, sentindo-se ofendido.

— O que? – Scott desviou o olhar para o os olhos do loiro, afobado. – Não! Claro que não!

— Tem certeza? Porque me pareceu ser exatamente isso!

— É claro que eu não te chamei de palhaço, Isaac. – revirou os olhos. – Eu só disse que você é engraçado.

— Mas nada do que eu disse era para ser engraçado. – rebateu. – Você me acha um palhaço mesmo.

— Para com isso, vai. – empurrou de leve o ombro do Lahey, sorrindo fraco.

— Viu? Você está bem mais relaxado. – Isaac disse depois de um tempo, observando como o Alpha parecia bem menos ansioso.

— Acho que seus conselhos são mesmo bons. – o moreno respondeu, esboçando uma careta ao sentir um soco em seu ombro. – Aí! Qual é?

— Meus conselhos são ótimos! – bradou com a cara emburrada, cruzando os braços

— Você está parecendo uma criancinha mimada, sabia? – gargalhou, correndo para dentro do banheiro e trancando a porta assim que o beta veio em sua direção.

— Eu te odeio! – Isaac bateu o punho na porta, deixando a cabeça pender sobre a madeira. Um sorriso suave preenchendo seus lábios.

Depois de alguns minutos, Scott voltou para o quarto de banho tomado e desceu para o andar de baixo, indo de encontro a Isaac que estava fazendo algo na cozinha.

— O xerife já saiu para a delegacia? – perguntou assim que adentrou no cômodo.

— Tem alguns minutos. – Isaac se virou para ele. – Disse que precisava esfriar a cabeça ou iria morrer.

— Ele está tão mal assim? – McCall arregalou levemente os olhos, sentando-se em uma das cadeiras.

— Já era de esperar depois de ser um tremendo covarde. – o beta deu de ombros, voltando a prestar atenção no fogão onde havia uma panela cozinhando algo.

— Isaac! Já disse para não falar das pessoas desse jeito! – o repreendeu, olhando-o de maneira feia mesmo que o maior não estivesse vendo.

— Eu só estou dizendo a verdade. – se defendeu, sem ao menos se virar para encará-lo. – John teve anos para contar isso a Stiles e mesmo assim não o fez.

— Não importa. Você ainda não pode falar com as pessoas desse jeito. – insistiu, balançando a cabeça.

— Tá bom, grande e poderoso Alpha Verdadeiro. – Isaac voltou a olhá-lo, curvando o corpo para frente e fazendo uma reverência.

O som da porta sendo aberta se fez presente no ambiente, tomando rapidamente a atenção dos dois lobisomens. Logo, dois batimentos foram ouvidos na sala de estar. Isaac e Scott correram até lá, encontrando com Derek e Stiles.

— Stiles! – o Alpha Genuíno correu para abraçá-lo. – Oh meu Deus, onde você estava?!

— Vai com calma, Scott. Eu estou bem. – Stiles sorriu de leve, retribuindo o ato do moreno.

— Faltava só mais cinco minutos para ele colocar o exército atrás de você. – brincou Isaac, um pouco afastado deles.

— Eu estava preocupado! – Scott se defendeu, se afastando um pouco do melhor amigo.

— Eu sabia que me amava demais, Scotty. – Stiles arqueou as sobrancelhas, sorrindo convencido.

— Você está bem? – Isaac perguntou sendo cuidadoso em seu tom, algo impressionante vindo dele.

— Wow, é isso mesmo? Isaac está preocupado comigo? – o castanho colocou a mão no peito, fingindo estar surpreso. – Precisam gravar isso.

— Já vi que voltou a ser um jovem irritante. – revirou os olhos, cruzando os braços e abaixando a cabeça para esconder um pequeno sorriso.

— Eu nunca deixei de ser um. – piscou para o beta, sorrindo de canto.

— Bom te ver também, Derek. – Scott acenou com a cabeça para o outro Alpha.

— Por que não foram a escola? – Derek perguntou para evitar um silêncio um tanto constrangedor.

— Estávamos preocupados. Faziam horas que vocês tinha sumido.

— Está tudo bem, Scott. – Stiles o tranquilizou. – Eu precisava de um tempo para digerir tudo isso.

— Mas… Você está mesmo bem? – o moreno indagou incerto. – Tipo, com tudo isso?

— Meu pai não é o meu pai, eu nunca vou estar realmente bem sobre isso. – resolveu ser sincero, estava cansado de guardar as emoções. – Mas, nós vamos conversar melhor. E ainda tem essa profecia maluca.

— Quem diria que você seria três criaturas sobrenaturais, em. – Scott sorriu, arqueando as sobrancelhas.

— Eu sempre disse que era incrível, vocês que nunca me levaram a sério. – estufou o peito, com um sorriso convencido nos lábios.

— Ah, por favor, não acariciem o ego idiota dele. – Isaac revirou os olhos, cruzando os braços.

— Não sinta inveja dos outros, Isaac, isso é falta de educação. – Stiles fingiu o repreender, claramente o provocando.

— Bom, eu já vou indo. – Derek, que até o momento estava apenas observando a cena, disse. – Se precisar de alguma coisa é só me ligar.

— Posso falar com você antes de ir? – Stiles perguntou com as bochechas um pouco coradas.

Derek assentiu e os dois deixaram Scott e Isaac na sala, caminhando juntos até a porta da entrada e parando em frente a mesma.

— Eu só… – o menor desviou o olhar daqueles olhos verdes que tanto apreciava. – Obrigado por ter ido atrás de mim.

— Não o deixaria sozinho, Stiles. – Derek deu um meio sorriso. – E eu falei sério lá dentro. Se precisar de qualquer coisa, é só ligar.

— Quem diria que Derek Hale seria tão gentil um dia. – brincou, voltando a olhá-lo nós olhos.

— Tchau, Stiles. – revirou os olhos, negando com a cabeça.

Logo, Derek se virou de costas e andou em direção ao seu Camaro, o qual Peter deixara ali noite passada para quando o sobrinho voltasse da busca pelo Stilinski.

— Tchau, Derek. – Stiles sussurrou enquanto viu o carro do lobo se afastar. Um pequeno sorriso involuntário em seu rosto.

Deus, Stiles iria enlouquecer com todos esses sentimentos.

* * *

Depois de Derek ter ido embora, Stiles preferiu ir descansar em uma cama de verdade, um colchão bem macio e um travesseiro muito confortável, mas não antes de tomar um longo banho quente afim de relaxar seus músculos e deixar a água retirar toda tensão acumulada em seus poros.

Scott e Isaac não o atrapalharam e preferiram dar um tempo ao amigo, o qual Stiles agradecia mentalmente. O Alpha e o beta avisaram que sairiam para dar uma volta e que no final da tarde voltariam para casa, deixando o primordial sozinho com seus vários pensamentos e sentimentos conflitantes.

Depois de três horas de um sono muito bem aproveitado, Stiles se levantou da cama e desceu para o andar debaixo para tomar água e comer alguma coisa. Estava tão desligado de tudo ao seu redor, que não notara com sua audição apurada que havia alguém na cozinha.

— Stiles? – a voz de John adentrou nos ouvidos do menor, fazendo-o frear os passos imediatamente. – Stiles, você está bem?

— Eu… – o castanho fez uma breve pausa, reorganizando sua mente e despertando por completo. – Precisamos conversar.

— Eu também acho. – John respondeu engolindo em seco, atento a todas as reações do garoto. – Sente-se, por favor.

— Não precisa me tratar como se eu fosse um executivo. – revirou os olhos, dando a volta na mesa e se sentando de frente para o maior.

— Stiles, eu… – ignorou a reclamação do menor, não sabendo como dar início aquela conversa.

— Deixa eu falar primeiro, okay? – Stiles tomou as redias, pedindo com uma voz suave ao pai.

— Certo, tudo bem. – o xerife concordou várias vezes com a cabeça, olhando no fundo dos olhos do filho.

— Eu sei que eu reagi mal sobre isso. – começou, soltando um breve suspiro. – Eu não queria ter surtado daquele jeito, mas você precisa entender como eu me senti. Eu descobri, por outra pessoa e enquanto era torturado, que você não era meu verdadeiro pai, e que eu faço parte de uma profecia bizarra. Eu sequer sabia que era um lobo, como eu poderia acreditar naquilo?

— Filho, eu sinto muito. Sinto muito mesmo. – John suplicou, pegando uma das mãos do menor por cima da mesa e a apertando. – Eu não queria que soubesse dessa maneira, mas eu não sabia como contar isso para você.

— Por que escondeu isso de mim? Por que não contou no minuto em que o sobrenatural entrou nas nossas vidas? – não tinha mais aquele tom acusador de antes, Stiles estava apenas querendo esclarecer as coisas.

— Eu… Eu tive medo. – abaixou a cabeça, envergonhado. – Eu sabia que se contasse algo dessa magnetude depois tanto tempo, corria o risco de te perder. E eu não posso perder você, Stiles. – voltou a encará-lo, suas íris brilhando pelo acúmulo das lágrimas.

— Você nunca vai me perder. – assegurou, intensificando o aperto em suas mãos unidas. – Eu estava com raiva antes e falei coisas que não são nenhum pouco verdadeiras. É claro que você continua sendo meu pai! Você sempre vai ser meu pai.

Os dois tinham os olhos marejados e sorrisos pequenos nos lábios, ambos se sentindo aliviados pela exposição de sentimentos e por estarem se acertando. Jamais poderiam viver longe um do outro, eles eram pai e filho. O sangue não definia a relação entre eles, somente em seus corações era o que importava.

— Cláudia me pediu para te contar quando chegasse o momento certo. – John continuou, após um curto período de um silêncio confortável entre eles. – Eu não sabia exatamente quando seria, mas eu já estava me preparando para te contar.

— Você sabe quem é o meu pai? – Stiles não conseguiu conter sua curiosidade.

Será que seu outro pai estava vivo? E estava o procurando? Será que ele também era um híbrido? Ou ele era só mais um homem sem caráter que abandona a mulher quando descobre que tem um filho com ela? Deus, Stiles iria enlouquecer com tantas dúvidas.

— Não, eu não sei. – negou, comprimindo os lábios. – Cláudia quase nunca o mencionava e eu achei melhor não insistir no assunto para não a deixar mal.

— Essa profecia é real mesmo? Eu posso destruir o mundo sobrenatural? – Stiles indagou engolindo em seco, seu coração batendo rápido em seu peito.

— Ela é real, filho, mas não quer dizer que você será a destruição. – assegurou, confiante. – Você é um grande poder, algo que muitos cobiçam por aí. Muita coisa ruim pode acontecer para que coloquem as mãos em você, mas eu nunca vou deixar ninguém sequer encostar o dedo em você.

— Eu acredito em você. – sorriu abertamente. – Mas, eu acho que agora consigo lidar com qualquer coisa. Porque eu sou mais incrível do que era antes.

— Estava demorando para começar a se gabar. – John revirou os olhos, mas por dentro estava feliz por finalmente estar contando a verdade do jeito certo e ainda manter a mesma relação com o garoto.

— Ah qual é, eu sempre vou me gabar. – arqueou as sobrancelhas, sorrindo convencidamente. – Eu já era incrível como humano, agora eu sou três tipos de criaturas sobrenaturais. Eu sou legendário.

— Por falar nisso, eu tenho alguns livros guardados da sua mãe. Você precisa entender melhor sobre bruxaria.

— Oh meu Deus, eu tenho mesmo poderes mágicos? – os olhos de Stiles brilharam feito o de uma criança quando ganha o doce preferido.

— A bruxaria é mais complexa do que isso, mas sim. – deu de ombros, achando engraçado as reações do Stilinski.

— Mas como eu vou fazer isso? Mamãe não tinha, sei lá, me enfeitiçado para não ter nenhum sinal de magia no meu corpo?

— Deaton já está resolvendo essa questão. Logo você será o que nasceu para ser.

— E o que isso seria? – ergueu uma das sobrancelhas, olhando desconfiado para o pai.

— Alguém único. – John respondeu afetuosamente, lançando-o um olhar doce.

Stiles não respondeu nada. Apenas se levantou do lugar e correu até o pai, fazendo-o ficar em pé também e o abraçando o mais apertado possível.

— Eu te amo. – sussurrou no ouvido do xerife, finalmente deixando que algumas lágrimas rolassem por seu rosto. – Eu te amo, pai.

— Eu também te amo, filho. – beijou os cabelos do menor, intensificando mais o aperto dos dois. – Tanto, tanto, Stiles.

As coisas seriam difíceis a partir dali, eles tinham total consciência daquilo. Mas, apenas naquele momento, eles esqueceram completamente do mundo ao redor e se deixaram se perder no amor avassalador entre um pai e um filho.