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História O Legado dos Shinigamis - Em casa


Escrita por: Dani_M_2004

Notas do Autor


Penúltimo cap do arco, esse me fez chorar.

Capítulo 20 - Em casa


Achar a mansão foi a parte fácil. Apesar de não ter visto o caminho quando Hiyori me arrastou, eu o memorizei quando Fiona veio me resgatar. Meu real obstáculo era a barreira daquele que a loira chamou de Ushoda e como eu faria para atravessá-la. Fiona tinha conseguido quebrar com facilidade, mas, convenhamos, meu poder não se comparava ao dela. E duvido muito que eles me deixassem passar através dela como fizeram da primeira vez.

Eu estava parada de frente para a mansão e pensando em milhares de estratégias para entrar mas nenhuma parecia provável. Olhei para baixo e suspirei. Ainda estava no meu kimono e ele estava um trapo. Sujo de areia e rasgado em vários lugares. Estava pensando se tinha sido inteligente vir quando eu assustei com a voz.

— Sakura...?

Ergui minha cabeça e lá estava ela. Parada, com um olhar aliviado. Asami correu até mim e me abraçou.

— Você está bem! Eu estava tão preocupada... — ela enterrou o rosto na curva do meu pescoço. — Eu sinto muito por te deixar, eu não queria! Mas a Hiyori disse que o capitão Kuchiki estaria aqui em breve e não me queria em problemas.

— Asami — afastei-me e a encarei nos olhos. — Está tudo bem, eu sei.

— E você... está realmente bem? — perguntou e deu um passo para trás para ver meu ferimento. — Você deveria estar descansando, Sakura!

— Estou bem, o corte já está curado — apesar das palavras, meu corpo me traiu. Eu cambaleei e Asami me deu seus braços para eu me apoiar. — Estou... só um pouco cansada.

— Estou te levando de volta — disse firme.

— Não, espera — segurei seus braços mais forte. — Asami, eu vim aqui porque eu queria te ver. Mas também porque eu quero te dizer uma coisa.

— Me dizer? O quê...? — seu olhar se entristeceu. — Eu já sei...

— Sabe?

— Seu pai está aqui, isso que dizer que você vai voltar para a Soul Society, — lágrimas brotaram em seus olhos. — nao é isso? Você está indo embora.

— Não! Não, Asami. Você entendeu errado, eu não vou embora.

Um pouco de esperança se acendeu na maior.

— Não vai?

— Não — balancei a cabeça. — Eu vou ficar aqui com vocês, com você. O que eu queria te falar era que eu cansei de colocar uma barreira entre nós — mordi meu lábio inferior, nervosa. — Eu percebi que sempre vai haver um problema, ou um obstáculo, na vida. Não posso ficar esperando pelo momento certo, porque talvez ele nunca aconteça.

— O que está querendo dizer com isso, Sakura? — Asami deu um passo mais perto.

— Eu tive muito medo de te perder hoje, Asami. Nunca senti algo assim na vida. Mas eu senti, hoje, quando aquele hollow estava prestes a te acertar com um Cero — engoli seco. — Mas, mais do que isso, eu tinha medo de te perder antes que eu conseguisse dizer que eu te amo.

— V-Você... você o quê? — ela estava paralisada.

— Eu te amo, Asami — sorri enquanto as lágrimas se formavam. Dessa vez eram lágrimas de felicidade. — E você não precisa me corresponder agora, eu só queria...

Asami trouxe seus lábios para os meus. Um beijo doce mas que carregava a chama de seus sentimentos. Quando quebramos o contato, ela me trouxe para perto de seu peito.

— Eu também te amo, Sakura Kuchiki — depositou um beijo no topo da minha cabeça. — Você é a garota certa para mim.

— Por que você diz isso? — eu ri. Não que eu quisesse realmente rir, mas a felicidade era tanta, que não conseguia me conter.

— Porque você foi a única que não teve medo de ficar — senti sua mão em meus cabelos.

Eu ia responder Asami quando nós duas ouvimos um sussurro.

— Para de chorar, caralho! Fica quieto!

Os três estavam parados atrás de uma árvore. Aiko acenou para nós enquanto Kota deu um tapa na nuca de Tatsuo. O grandão parecia estar bem emocionado.

— Os três mosqueteiros vão vir até aqui ou vão ficar ai atrás o dia inteiro? — provocou Asami com um sorriso.

— O que estão fazendo aqui? — perguntei ao se aproximarem.

— A gente não queria espiar, eu juro — Kota ergueu as mãos. — Mas seu pai insistiu que fôssemos atrás de você, por segurança.

— Ele não foi rude com vocês, foi?

— Comigo, não. Acho que por causa da minha mãe. Mas ele olhou feio pro Tatsuo.

— Sempre sobra para mim. Impressionante! — bufou o maior.

— De qualquer forma, eu tinha que vir buscar minhas coisas da mansão mesmo.

— Espera... você está voltando para a casa da Fiona? — ele assentiu.

— É. Vai ter que me aturar agora, capitã.

— Se precisar esconder o corpo, eu sei de um bom lugar — Asami sussurrou para mim e Kota pareceu indignado. — Eu até ia falar que iria ficar com seu quarto, mas o meu é maior.

— Eu sabia que o seu era maior! — ele gritou. — Isso é favoritismo!

Ela deu de ombros.

— Kota, — disse séria. — você vai levar a Sakura em segurança para casa?

Kota mudou sua postura e se endireitou.

— É claro que eu vou.

— Espera, Asami. Você não vai voltar comigo? — franzi as sobrancelhas e ela me deu um beijo na testa.

— Não hoje. Aiko e Tatsuo vão para casa também — olhei para eles e só então notei como eles pareciam desgastados. Aiko tinha arranhões leves pelo corpo ainda e a mão de Tatsuo estava machucada por conta do disparos que tinha feito mais cedo. — e você precisa descansar. Amanhã, quando todos estiverem com a energia recarregada, nos encontramos de novo.

— Pois é, — comentou Aiko. — daqui a pouco minha mãe vem que nem louca atrás de mim. Melhor eu ir para casa mesmo. Tô acabada.

— E meu pai precisa cuidar disso aqui — Tatsuo mostrou a mão. — Cara, eu vou levar uma bronca das grandes — riu.

— Eu não vou a lugar nenhum — Asami apertou minha mão. — Eu prometo.

— Tudo bem — suspirei. — Nos vemos amanhã então?

— Amanhã — ela assentiu e me deu um selinho.

Ainda consegui passar mais um tempo com Asami enquanto esperava o Kota arrumar as coisas dele. Não passava nada mais do que uma pequena mala. Eu estava começando a ficar tão cansada que mal conseguia andar direito, então o garoto me levou em suas costas na volta para casa. Kota era forte, ou seja, para me carregar não foi um problema.

Meu pai andava de um lado para o outro com a expressão dele de sempre, mas eu sabia que estava aflito. Consegui ver alívio em seus olhos quando chegamos. Ele me levou direto para a cama, onde eu poderia enfim descansar apropriadamente. Fiona até tentou me fazer comer alguma coisa, sem sucesso. Meu cansaço era maior que a fome.

Kota ficou do meu lado o resto do dia. Mesmo com o que eu tinha dito, eu sabia que ele ainda se sentia culpado. Como eu não estava conseguindo dormir, ele ficava tentando me fazer rir com as piadas idiotas dele, e na maioria das vezes dava certo, porque eu ria muito fácil das coisas que meus amigos falavam.

Já estava tarde quando Fiona o mandou pro quarto dele. Afinal, ele também tinha se esforçado muito na luta, precisava de descanso assim como eu. Assim que o garoto saiu, meu pai entrou e sentou-se ao meu lado na cama.

— Como você está se sentindo? — perguntou medindo minha temperatura.

— Não dói mas meu corpo ainda está cansado — disse no meio de um bocejo.

— E... como foi com a garota? — ele parecia incerto ainda se deveria perguntar.

— Não poderia ter sido melhor — a lembraça trouxe um sorriso ao meu rosto. — Mal posso esperar para que você a conheça.

— Se ela te faz tão feliz assim, ela já tem meu respeito.

— E como... você se sente em relação a isso? — questionei mexendo no cobertor.

— Eu deveria sentir algo? — seu olhar era confuso. — Se você a ama, é isso que importa.

— É que... — respirei fundo. — Pai, você lembra daquela colega que eu conversava às vezes?

— Era a única pessoa da sua idade com quem você conversava. Emi, não é?

Assenti.

— Eu gostava dela. Quero dizer, mais do que só amiga, mas ela nunca retribuiu — balancei os ombros. — Agora que eu tenho amigos de verdade, eu sei que ela não se importava realmente comigo — suspirei. — Mas o ponto é... eu não sei como, mas algumas pessoas do clã Kuchiki ficaram sabendo. Em uma das reuniões, eles me chamaram de canto para conversar enquanto você estava distraído.

— Quem? — uma raiva se acendia aos poucos em sua expressão.

— Eu não sei exatamente, sabe que eu não sou boa com nomes. Mas eu lembro de uma mulher, Fumiko. Eu nem sei qual o nosso parentesco... — lembrei de suas palavras e as lágrimas começaram a surgir. — Eu me senti tão mal nesse dia. Ela disse... ela disse que esse tipo de sentimento era repulsivo e imoral, e que se eu continuasse nesse caminho, eu seria uma depravada. E o clã Kuchiki jamais aceitaria alguém como eu...

Não consegui conter os soluços e meu pai me trouxe para seu abraço.

— Eu sinto muito por deixar que isso acontecesse, eu não tinha conhecimento disso — o tom em sua voz era de ódio. — Mas eu juro, Sakura, ninguém jamais irá falar com você assim de novo. Porque se acontecer... eu não me importo de perder meu posto de capitão, mas essa pessoa vai pagar.

Ele se afastou e limpou meu rosto.

— Eu vou ter que voltar à Soul Society amanhã de manhã — disse triste e meu coração se apertou. — Queria ficar mais com você, mas sei que a Fiona vai cuidar muito bem de você.

— Sim, eu vou — a mulher disse da porta. Eu tomei um leve susto e ela piscou para mim, o que me fez rir.

— Eu vou sentir sua falta — disse a meu pai.

— Eu venho te ver assim que possível — deu um beijo na minha testa antes de se levantar. — Chegando na Soul Society, eu vou ter uma conversa séria com Fumiko. Eu prometo. Tenha uma boa noite, filha.

— Quem diria que um dia eu teria Byakuya Kuchiki dormindo no meu sofá? — Fiona cruzou os braços.

— É a primeira e última vez — disse com a expressão neutra dele.

— Essa eu duvido muito — ela riu. — Eu sei que você ainda vai vir visitar a Sakura.

— Eu fico em um hotel — rebateu.

— Ficar em um hotel de humanos? Poxa, é mais baixo ainda para você.

— Você... — ele fechou os olhos e o punho com força e respirou fundo. — Boa noite, Fiona.

— Boa noite, capitão Kuchiki — o jeito que ela sempre dizia seu título era divertido, como se não o levasse a sério. — E você, querida? Como está? — caminhou até mim. — Quero dizer, como está aqui — colocou o dedo onde ficava meu coração.

— Aliviada, eu acho — sorri. — Meu pai não teve nenhum problema com... quem eu sou.

— Ótimo! Eu iria bater nele se tivesse — ela disse em um tom brincalhão mas eu sabia que ela falava sério. — Hoje eu achei uma semelhança entre você e o Kota.

— Semelhança?

— Vocês dois conseguem me preocupar igual — disse passando a mão no meu rosto. — É sério, Sakura. Nunca mais faça uma coisa dessas comigo.

— Sinto muito por te fazer passar por isso — eu só podia imaginar como era doloroso para Fiona reviver um cena tão parecida.

Ela me envolveu em seus braços e passou a mão em meus cabelos. Era uma mania dela e eu sempre gostei, era relaxante. Inspirei seu perfume e fechei os olhos, aproveitando melhor o contato.

— Eu te amo, mãe — as palavras saíram antes que eu pudesse me impedir.

Congelei e Fiona pareceu endurecer sua postura também. Estava pronta para me desculpar quando ela relaxou e me deu um beijo na cabeça.

— Eu também te amo, querida — ela se afastou sorrindo, e então notei algumas lágrimas em seus olhos. — Durma bem!

— V-você... você também!

Ela saiu, e assim que fechou a porta, eu me joguei para trás na cama. Eu me sentia leve, feliz e, o melhor de tudo, em casa.



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