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História O lupino da floresta proibida - Eu estava errado sobre nós


Escrita por: Joisilly

Capítulo 15 - Eu estava errado sobre nós


Luffy calcorreou desde a parte mais afastada da cidade, onde estava com os amigos anteriormente, até a outra extremidade da pequena cidade. Caminhava apressado pela longa estrada de terra, agora coberta por neve, daquele caminho que já havia decorado tão bem ao ponto de seus pés se guiarem sozinhos por ela enquanto sua mente se tornava um turbilhão de pensamentos.

Apenas a luz da lua iluminava pobremente a área, todavia ele não se importava com isso, não tinha medo, sua expressão séria não era por preocupação. Podia ser realmente uma pessoa dispersa e pouco focada, mas quando tinha algo em mente ele seguia suas ideias até o fim; estava decidido e era teimoso o suficiente para que ninguém fosse capaz de impedi-lo de fazer algo uma vez que havia tomado uma decisão.

Desde a viagem com Law sentiu tudo em relação à ele se aplicar. Como uma tonelada de brasa sendo jogada em meio à um enorme incêndio, sentia seu seu corpo ansiar cada vez mais em sentir ele próximo de si, sentir o toque dele, poder tocá-lo, até mesmo o cheiro e presença havia ficado mais intenso; intensidade era o que definia tudo que sentia por ele.

Não sabia a razão de se sentir mudado daquela forma, de sentir-se tão conectado à ele como estava agora, porém ele também não se importava em descobrir, ele apenas queria entender a razão daquela ausência, queria saber o porquê dele se afastar de repente sem motivos ou explicações quando estavam tão bem e felizes. Disso sim ele tinha absoluta certeza: havia algo de errado com ele.

Não precisava de muito para denunciar sua presença e tão logo chegou próximo ao rio, quase totalmente congelado, que sempre frequentou sentiu a presença forte e marcante dele, sabia que seu cheiro seria notado por ele, e foi muito mais rápido que o comum.

Seu coração acelerou e as batidas fortes do ritmo descompassado pareceu que podiam até mesmo serem ouvidas em meio ao silêncio da floresta quando o viu novamente após semanas com ele longe, porque ele havia se afastado de si, desde aquela vez na casa do mesmo, e Luffy sentiu isso o atingir da pior forma possível, quanto mais longe estava dele mais sentia a necessidade de vê-lo lhe sufocar de forma extremamente angustiante e tudo lhe doía. Mas sua aparência estava diferente; os olhos dourados estavam mais opacos que o comum, suas orelhas estavam mais fundas e visíveis e ele parecia esgotado.

– Tral-

O menor tentou falar, mas fora interrompido antes que pudesse dizer algo.

– O que está fazendo aqui? - Luffy franziu o cenho confuso com o tom um tanto seco que ele usou consigo.

– Você ficou sem celular depois daquele dia, eu tentei ir na sua casa, mas você nunca estava então eu vim aqui. - Ele sinceramente não via necessidade de explicar o que estava fazendo ali. Era óbvio que ele queria conversar com ele e saber o porquê de toda aquela distância.

– Você não deveria estar aqui. - Quando o moreno se prostrou à sua frente Luffy finalmente pôde perceber o quão sem vida estava aqueles olhos dourados que achava tão fascinante. – Eu já disse que aqui é perigoso para você.

– E eu já disse que não me importo. - Deu um passo para se aproximar, mas o moreno deu outro para trás. A boca de Luffy se abriu em surpresa enquanto seu peito apertava em angústia, ele estava realmente o evitando? Aquilo o machucou mais do que gostaria. – Tral, você não é idiota, sabe muito bem porque eu tô aqui.

– Eu sei... Mas acho que as coisas já estão claras o suficiente, não? - Luffy não pôde acreditar ao ouvir aquelas palavras frias e mesmo que elas estivessem lhe machucando continuou a se aproximar sentindo a raiva crescer dentro de si.

– Não tem nada claro aqui, Tral! Você se afastou sem dizer nada, de novo! Você disse que não queria fazer isso! - O menor se pôs frente a frente com o lupino que desviou o olhar dos seus, fazendo-o estranhar ainda mais aquelas palavras e atitudes. – O que está acontecendo com você, Tral?

Luffy estava certo que algo estava errado e agora tinha a total confirmação, porém adquiriu ainda mais dúvidas que antes. Ele realmente esperava que Luffy deixasse as coisas por isso mesmo e não fosse procurá-lo? Ele achou que se distanciar daquela forma iria afastá-lo?

As mãos do moreno menor seguraram o rosto do outro, o virando para si e encarou o mais profundo que era capaz daqueles olhos âmbar, vendo eles estremecerem por um momento, mas era algo que pareceu além da sua compreensão, pois não soube identificar o que aquele turbilhão de emoções que viu naquele lapso de tempo queria dizer e eles logo tornaram a parecer sem emoção alguma. O que aquilo significava? Por que estava sentindo que estava perdendo algo, algo importante?

Para a surpresa do menor não recebeu uma reação positiva dele, mas sim um afastamento bruto de suas mãos dele, que o olhou com desdém. Luffy já havia recebido muitos olhares de desdém na vida, seja por seu jeito de ser, se vestir ou agir, mas nunca doeu tanto como aquilo, mesmo que ainda parecesse haver mais naquele olhar do que ele conseguia decifrar.

– Eu estava errado sobre a gente, sobre o que eu sentia por você. - Luffy sentiu sua garganta se fechar e seus olhos marejarem, tudo em seu interior se agitou enquanto sua mente conciliavam o sentido daquelas últimas palavras. – Nada disso era-

– Eu não acredito nisso! - Firmemente Luffy o cortou, ainda com um aperto no peito. Ele poderia ser alguém que confiava facilmente nas pessoas e não pudesse perceber mentiras facilmente, mas se tratando de sentimentos ele entendia bem sobre isso e sua mágoa não era por acreditar naquilo, mas sim por Law estar tentando fazê-lo acreditar. – Eu sei que você sente o mesmo que eu, você me mostrou isso também. Você não pôde ter me esquecido assim.

– Você não está se elevando um pouco demais não? Acha que é inesquecível, Luffy? - Novamente aquelas palavras o atingiram em cheio, ele nem sequer havia usado o "ya" ao final do seu nome, além daquele tom frio.

– Eu posso não entender bem o que acontecia pra gente se sentir assim, mas eu sei que era real, Tral. Eu sei que você não esqueceria tudo tão rápido assim!

– Você não pode decidir o que eu sinto ou estou sentindo! Você acha que sabe de alguma coisa, mas você não sabe de porra nenhuma, nem tem a mínima ideia de nada! - Mesmo com o tom agressivo e as orbes acesas como brasa Luffy não recuou por nenhum segundo e com o coração acelerado se manteve imóvel com os punhos cerrados; se Law sabia, por que não contava e não deixava-o ajudar no que fosse? Ao invés disso Luffy viu o olhar dele se tornar frio. – Talvez eu só estivesse a fim de saber se vocês pudessem ser ao menos uma boa diversão.

Luffy sentiu seu peito apertar com aquelas palavras e uma faca atravessar seu coração com a forma desdenhosa que elas foram ditas, o olhar frio e aquela barreira que ele estava tentando estabelecer entre eles, mas mesmo que quisesse chorar por isso, ele não iria chorar. Seus punhos cerrados apenas se apertaram mais enquanto seu cenho fraziu de nervosismo e quando seu olhar se tornou raivoso seu único movimento foi, com rapidez e toda a raiva que sentia, acertar um soco em cheio contra o rosto do tatuado.

Aquela não era uma reação esperada por Law e pego de guarda baixa seu corpo foi rapidamente e com brutalidade pressionado contra uma árvore próximam. As mãos de Luffy agarraram o colarinho da camisa do maior e seus olhos se mantinham irados.

– VOCÊ ACHA MESMO QUE EU VOU ACREDITAR NISSO!? ACHA QUE EU NÃO CONSIGO VER A RAIVA E A TRISTEZA NOS SEUS OLHOS?! - O menor berrou com raiva e ressentido, mesmo que não pudesse entender tudo que estava acontecendo com ele ou o que ele estava sentindo que estava levando-o a fazer aquilo, ele entendia que havia muito além do que o superficial mostrava. - Você pode estar dizendo isso na minha cara, mas não tem verdade em nada do que diz! ACHA QUE NÃO TE CONHEÇO A ESSE PONTO!?

Luffy sabia que algo estava errado antes mesmo de voltarem da viagem. Ele viu o olhar dele mudar, viu suas atitudes estranhas e viu aquele colar, que ele uma vez lhe disse que usava apenas quando estava confuso e preocupado. Por mais que estivesse sim magoado, estava mais preocupado e via com clareza o que ele estava tentado fazer.

– Eu sei que você está tentando me afastar, e com desculpas idiotas! Mas eu não vou permitir isso! Não é você quem decide as coisas assim, eu quem decido! - Sua irritação era tão vívida que era quase palpável e o lupino se manteve em silêncio enquanto o olhar irado de Luffy penetrava sua alma e se prendia ao seu como magnetismo. – Eu sei que algo ruim está acontecendo com você, mas você apenas está guardando pra você e sofrendo sozinho! Isso me machuca mais que essas merdas que você disse!

Para ele aquele sentimento tão bom que sentia era muito real e intenso, e ele sentia Law correspondê-lo com apenas um olhar e não iria acreditar que ele mentiu ou não sentia o mesmo. Ele ia precisar de muito mais que se afastar ou dizer mentiras para fazê-lo acreditar que tudo não passava de uma fantasia sua e sentia tudo aquilo, que parecia queimar ainda mais intensamente agora, sozinho.

– Eu vou embora daqui sim, mas vou porque se eu ficar vou chutar sua bunda por toda essa floresta. - O menor soltou a gola da camisa do mais velho e o encarou sério, como um ultimato. – Mesmo que tente, você não vai fugir de mim, porque está bem claro que você não está bem. - Se afastou, mas não rompeu a conexão firmada entre seus olhares. — E para você saber, eu não sou alguém que desiste no primeiro, segundo ou qual for o obstáculo a menos que eu mesmo decida que não devo mais insistir.

Law assistiu o menor virar as costas e sair, mas seu corpo não moveu um músculo sequer, manteve-se ali por um longo período, se perdendo completamente em meio à bagunça de seus sentimentos e pensamentos que estavam terrivelmente pior agora.

[...]

O lupino corria veloz na parte mais interna da floresta enquanto os olhos e color âmbar brilhavam excessivamente destacando-se entre os pelos soturnos que eram balançando pelo vento gélido e forte que o cercava. Tudo parecia borrões ao seu redor enquanto ele acelerava mais ainda. Estava irritado, frustrado, cansado, e tudo que queria era cravar suas presas em qualquer coisa que surgisse em sua frente.

Sentia sua cabeça doer ao ponto de parecer que iria explodir assim como seu coração, que pareciam pequenos demais para suportar algo tão grande como o que vira e passara a sentir nos últimos dias e dolorosos demais para suportar sozinho. As coisas haviam mudado repentinamente e toda a certeza de seguir seus desejos havia evaporado, dando espaço para um conflito interno.

Enquanto cada ínfima parte do seu corpo implorava para ir até ele, sua mente tentava impedir que fizesse algo que sabia que iria machucá-lo muito mais que sua ausência, não poderia permanecer e fazê-lo dividir consigo todo aquele peso e aquela dor.

Mesmo que fosse muito mais difícil à um lupino deixar sua racionalidade comandar e que seu lobo interior, que uivava tão forte e claro em sua mente, o dizendo para ir até aquele garoto e ceder àquele desejo que queimava a pele sob os pelos negros, que ardia internamente e se alastrava por todo seu interior de forma sufocante e agonizante, continuasse a atormentá-lo e mantivesse a voz em sua mente a exigir que ele fosse até o garoto, deixasse tudo de lado e o fizesse seu, ele não o faria.

Pois embora seu lobo interior fosse forte e lutar contra aquela vontade intensa que jamais havia sentido antes fosse tão irritante e parecesse tão errado, ele não poderia se deixar levar, não se perdoaria se fosse ainda mais culpado pelo sofrimento dele e o fizesse sentir o mesmo que estava sentindo agora, porque ele sabia que, inevitavelmente, era o que aconteceria se ele se mantivesse ali. Ele não devia nem mesmo ter se aproximado ou ter lhe dito que eles poderiam se conhecer.

Tudo poderia ser evitado e ele não precisaria machucá-lo daquela forma se ele não soubesse da existência daqueles sentimentos. Se Law não houvesse os despertado, Luffy estaria bem e não correria qualquer risco, muito menos sofreria por si.

O lupino se deixou cair no chão cândido, esgotado física e mentalmente, com sua pele voltando novamente à estar totalmente exposta ao frio extremo da noite ao qual ele não sentia, ao menos não em sua pele, mas sim no seu interior. Sua mente e seu coração estavam quebrados, ele agora sabia o que acontecia entre eles e estava fadado a perder a pessoa que descobriu amar para que, enfim, pudesse protegê-lo e mantê-lo a salvo, de si mesmo e tudo de ruim que ele poderia trazê-lo, e agora, de todos os outros que poderiam fazê-lo mal.

– Acha mesmo que eu não estou sentindo a porra do cheiro de um humano em você, Law!? - O Alfa gritava com toda a raiva que sentia transbordando nas palavras despejadas. – O que você fez com a merda do seu cérebro!?

– O que eu faço na minha vida pessoal não lhe diz respeito em nada! - O Beta estava irritado e mesmo que não devesse confrontar o Alfa daquela maneira, mesmo apenas por palavras, não podia evitar de defender Luffy. – Isso não é da sua conta!

– Eu estou pouco me fudendo para onde você enfia a porra do seu pau, mas quando isso interfere na alcateia isso é da minha conta sim! Onde você estava quando um dos nossos quase morreu? - Citar aquele fato foi o suficiente para fazê-lo se encolher e recuar em suas palavras. – Quando você era um dos únicos que poderiam ajudar, mas estava longe demais até para perceber isso!? Hein!? Você realmente quer trocar sua família pelo caralho de um humano, Law!?

O Beta manteve-se calado, sentindo a culpa daquilo o atingir, ele entendia a dor que era perder um irmão e quase permitiu que isso acontecesse com um dos seus, por puro egoísmo. Não queria que nada daquilo acontecesse, mas ele realmente não estava ali com sua família quando precisava, não cumpriu seu dever nem foi leal a quem sempre esteve consigo. O ruivo se aproximou ainda revoltado e o prensou contra a parede, seus olhos castanhos se tornando vermelhos escarlates enquanto sua aura repleta de ira preenchia todo o cômodo da casa.

– VOCÊ SE ESQUECEU QUE FORAM HUMANOS QUE FIZERAM A GENTE PERDER A NOSSA CASA!? QUE MATARAM MAIS DA METADE DA NOSSA FAMÍLIA, OS MEUS E OS SEUS PAIS!? A LAMI?!

Ele não precisava lembrar, aquelas cenas ainda viviam claras em sua mente, o atormentando sempre. Mas Kid tinha seus motivos para estar tão irritado e não filtraria sau raiva, tampouco seria sensível à dor alheia que ele também partilhava, pelo que viveu e por Law ainda ser um dos seus.

Com sua aura ainda emanando o mais puro ódio o Alfa se afastou rosnando alto.

– Eu não sei por que caralho você fez isso, mas se eu ver esse humano ou qualquer outro, eu te juro que vou matá-lo na hora.

Com um olhar perdido e distante o moreno sentiu toda aquela pressão, tudo que descobriu e a dor de ter que renegar o que sentia fazer seu interior colapsar, e em meio a todo aquele caos de emoções, lágrimas quentes escorreram por seu rosto em meio ao frio. Talvez não houvesse como fugir do destino.


Notas Finais


Tô só aquele meme do Jerry chorando aaaaaa

A primeira parte do foco no Law é mais voltado para as coisas que ele tá vendo e descobriu, não só pelo o que o Kid disse, foi os dois, na verdade, que o influenciaram a se afastar do Luffy
Mas e aí? Estão com raiva do Tral ou acham que ele teve bons motivos?
Ele deve um pedido de desculpas, de qualquer forma, não...?


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