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História O Maridão - Sasuke é um moribundo problemático.


Escrita por: nazeera

Notas do Autor


OLAAAAAAAAAAAAAA
não acredito que passei um mês sem atualizar isso. achei que tinha postado o segundo capítulo semana passada, quando vi a data só faltei morrer. perdoem a demora :c

Esse capítulo era para ter o dobro de tamanho, mas como sou fdp dividi em dois para ter o que postar rápido haaaaa (e também pq não tinha terminado o resto). Talvez vocês fiquem meio confusos com o começo do capítulo, mas a partir da metade vem um flashback pra explicar tudinho.

ah, e JESUS MARIA E JOSE EU TO MORTA COM OS FAVORITOS E COMENTÁRIOS DO CAPÍTULO ANTERIOR, SÉRIO, NAO TO SABENDO LIDAR
muito obrigada, fico feliz em saber que estejam gostando da história <3

boa leitura <3

Capítulo 3 - Sasuke é um moribundo problemático.


Sasuke estava, tipo, morto. Bem morto.

E por mais incrível que pareça, eu não tenho a mínima participação nisso.

— Neji! — Chamei o nome do moreno, sentindo minha garganta fechar em um estranho sufoco. Meus olhos pairavam pelo cômodo, como uma recusa pertinente a olhar diretamente para o cadáver exposto no chão. A Poc, por outro lado,  mantinha o contato visual com a maior cara de paisagem, como se não tivesse acabado de cometer um homicídio doloso. Céus, estou tão ofegante que começo a refletir se seria tarde demais para descobrir que sofro de asma ou qualquer outro problema respiratório que me faça morrer antes dos trinta por não ter verba para bancar um tratamento. Não vou negar ter sentido um daqueles arrepios de preocupação paranóica, precisando pisar acidentalmente na mão de Sasuke para voltar a realidade.  — Você matou ele! Você matou o Sasuke!

Encostado na parede e de braços cruzados, Neji faz questão de contorcer os lábios em um biquinho carregado de escárnio antes de tornar a falar. Poc debochada. Poc fria. Poc assassina.

Comecei a ouvir Smooth Criminal tocar em algum lugar distante, e levei alguns segundos olhando ao redor para perceber que a música vinha, na verdade, de dentro da minha cabeça. É bizarro, mas “Sasuke, are you okay?” daria um refrão incrível!

— Olha para ele, é óbvio que não está morto.

Eu olhei. Quase senti dó ao ver o corpo pálido do Uchiha estendido no chão frio do meu kitnet, desprotegido, totalmente entregue aos insetos no momento em que o processo de decomposição iniciasse. Quase.

Antes que pudesse realmente começar a derramar minhas lágrimas, não por ele estar morto, claro, mas por eu estar prestes a ser deportada como cúmplice de um crime terrível e aparecer nos noticiários do meu país por anos e anos em uma notícia intitulada como “O caso Haruno: imigrante assassina”, notei as ondulações discretas no abdômen — trincado — do falecido. Digo, não falecido, já que aparentemente estava mesmo respirando.

Não sei dizer se estou aliviada com isso.

 — E eu só fiz isso — Prosseguiu, balançando o dedo finíssimo na frente da minha face. Sinto-me ligeiramente ofendida com o abuso da Poc. — para salvar a sua pele oleosa, mon amour.

Auge. Devo ter ficado vermelha, pois meu rosto fervia em uma mistura assustadora de irritação e medo, seguido por uma urgência de crescer o tom de voz.

— Salvar a minha pele? — Minhas mãos agora estavam na cintura. Neji precisava inclinar o rosto para baixo para me encarar, consequência da diferença gritante de altura entre nós dois. Isso, vadia, abaixa a cabeça quando for falar comigo. — Mete meu nome na tua bagunça não, amapô de canudo! Eu estava conversando cilivi… civizi… vicili…

Ele arqueou uma sobrancelha, confuso.  

— Vicili?

— Não, não, cilivi… Ah, me fugiu. É que nem falar liquidificador e cabeleile… cabeleireiro, mas não é… Está na ponta da língua. Como se fala? Cilivi...

— Cilivi... — Ele repetiu, sua expressão mais suavizada. Repetiu mais uma vez, como se tentasse reconhecer a palavra. Eu fiz o mesmo, mas ele é de exatas e conseguiu pensar mais rápido. — Civilizado? Civilizadamente?

— Isso, ci.vi.li.zadamente. Eu estava conversando civilizadamente com esse cidadão — Apontei para o defunto, a boca de Neji abriu-se em um “o” de indignação, substituindo o rosto quase sereno de poucos segundos atrás.  — quando você o atacou que nem uma cutia raivosa sedenta por sangue de macho!

Gostaria de dizer que se a polícia baixar aqui e me levar como cúmplice, eu conto tudo. Saio deportada, mas saio inocente e livre. Ah, isso se a Poc não fizer comigo o mesmo que fez com Sasuke, claro.

 Neji gargalhou, jogando os longos cabelos negros e lisos — de chapinha e procedimentos químicos, diga-se de passagem — para o lado. Instintivamente joguei o corpo para trás, ciente de que um golpe daquela crina teria o mesmo efeito que uma chicotada na pele.

— Eu que o ataquei? Você é uma desgraçada traidora, Sakura Haruno! — Vociferou, sua voz se tornando repentinamente mais grossa. Não deve nem estar percebendo a mudança assustadora em seu próprio tom. Ai, caralho! — Conversando é a porra do meu ovo, vocês estavam quase se engalfinhando e eu temi por você, sua ingrata. — Fiz menção de falar algo, mas ele me interrompeu. — Ah, Sakura, na sinceridade, se vira aí com o seu presunto.

Mandíbula tensionada e veias levemente dilatadas na testa, fora a estranha vermelhidão em suas bochechas que me faz cogitar a possibilidade de Neji ter bebido antes de aparecer aqui — o que certamente explicaria muita coisa nessa reação inesperada ao me ver discutindo com Sasuke. Eu não havia notado nada disso antes. Com todo o conhecimento que tinha sobre meu melhor amigo estadunidense, sei que álcool não é do seu feitio. Neji não deve estar em seu melhor momento.

Antes que pudesse perguntá-lo qualquer coisa, ouvi a porta bater. Pensei em ir atrás dele e prestar aquele apoio moral, mas a lembrança do moribundo moreno deitado próximo aos meus pés me manteve estagnada, soltando um palavrão baixo, entretanto, carregado de frustração. E agora, José?

Ok, entendo perfeitamente que não estejam entendendo ocorrido — no caso, o que levou Sasuke a uma possível e dolorosa morte por traumatismo craniano no chão da minha casa. Sendo sincera, nem eu entendi bem o que aconteceu, mas mesmo assim, como boa narradora do meu próprio drama, me sinto na obrigação de ajudar vocês a encontrarem novamente o eixo da minha vida. 

Toda essa confusão começou a se desenrolar  algumas semanas antes do fato principal, por isso peço uma pausa para o flashback. Peço não, mando, já que isso se trata de um relato meu. Meu do verbo me pertencer, sendo assim, organizo da forma que quiser. Eu sou a lei. Ok, sem mais delongas.

No dia seguinte em que acordei com Sasuke na minha cama, descobri da pior forma que o “jogo” proposto por ele consistia na mais pura e descarada invasão de domicílio. Do meu domicílio. 

Sasuke passou a frequentar — forma educada de dizer invadir, claro — minha casa mais do que eu gostaria.

Eu acordava e lá estava ele, preparando o café da manhã — o que não seria tão ruim se ignorarmos o fato dele preparar comida suficiente para alimentar um pequeno país africano de população faminta, ou colocar quatros pratos sobre a mesa, o dele e de nossos três filhos, e não permitir que eu coma. Diz que não sou responsabilidade dele. 

No começo, achei uma ideia relativamente fraca de vingança, até chegarmos ao ponto em que aquilo começou a ficar estranho.

Eu chegava em casa e o encontrava jogado no sofá, às vezes adormecido em frente a televisão que transmitia um jogo qualquer de futebol americano daqueles times que nunca consegui decorar o nome. Quando ele não estava lá, encontrava vestígios que evidenciam sua presença em outra parte do dia.

Ele chegou a tomar banho no meu chuveiro, deixando apenas uma camada de pelos negros fixos no meu sabonete como prova do crime.

Quase todas as partes expostas do corpo de Sasuke são depiladas, o que me faz pensar bastante no lugar em que ele usou meu protex com ação antibacteriana prolongada para fazer aquele estrago. É nojento. Enfim... 

O Uchiha estava levando aquela brincadeira de casinha muito a sério, e o mais assustador era que, embora ele tivesse se tornado minha sombra dentro de casa, não trocávamos uma palavra.

Aquela havia sido minha tática desde o início: o ignorar até perceber o quão sem sentido era sua ideia de invadir minha vida, e que aquilo não iria me fazer mudar de ideia em relação a limpar sua barra com Karin. Eu não iria mesmo, e para meu desgosto, Sasuke também sabia ser insistente.

A questão é que já estávamos assim há quase duas semanas completas, e eu começava a sentir falta da minha extinta privacidade. Pensei em mandar trocar a fechadura da minha porta por uma que não abrisse ao ser empurrada com jeitinho, mas a ideia de Sasuke, não satisfeito, tentando entrar pela janela e sofrendo um acidente me fez mudar de ideia. Apesar de o querer longe de mim, não o queria morto e sabia que uma queda do sexto andar seria terrível.

Eu precisava pôr um fim nessa brincadeira o quanto antes e, aparentemente, a única forma viável de tirar Sasuke do meu caminho seria o diálogo. Afinal, somos adultos, não somos?  

E foi o ocorrido daquele dia — hoje, no caso, mas acho que “aquele dia” dá um tom de mistério na narrativa — que serviu como estopim para que eu enfiasse todo esse plano de diálogo no cu e enxergasse com clareza que a violência seria sim a melhor opção, embora não visse muitas vantagens em sair no soco com meu vizinho de dois metros.

Cacete, que peso! — Minha voz saíra como um resmungo, mas alto o suficiente para que a senhora rechonchuda atrás de mim ouvisse e soltasse uma risadinha sem graça. Eu acabava de chegar no prédio, já pelo final da tarde, quando encontrei Dona Emilia, a traficante idosa do quarto andar, tentando subir uma mala enorme pela escadaria. Como boa pessoa, iluminada e de vocação puro que sou, me disponibilizei para ajudá-la. Amaldiçoei até a vigésima nona geração da velha folgada quando ela aceitou.

Carregar aquela mala de aparentemente cento e setenta quilos por quatro lances de escada foi a batalha mais árdua que já enfrentei, mas, pasmem, consegui.

Céus, o que você trouxe aqui? — Parada em frente ao apartamento da idosa, tentava recuperar meu fôlego perdido. Acho que tenho que começar a pagar uma academia. — O corpo de um cara com obesidade mórbida fatiado?

Como você sabe?

Como eu sei o que?

Do corpo. Como você sabe, Sakura?

Acho que nem se aquela mala fosse uma bomba atômica prestes a explodir eu teria me afastado tão rápido.

Eu não… Isso é… — Iniciei, interrompendo a mim mesma quando sentia o olhar da senhora sobre mim, meus lábios ficando repentinamente secos demais. Ah, droga, sempre soube que não deveria confiar em idosos, e agora posso estar prestes a ser assassinada por um após tê-la ajudado a carregar um corpo em uma mala. — Um corpo? Isso é mesmo um corpo?!

Ela riu-se. Eu, nervosa, tentava fazer o mesmo enquanto olhava ao redor em busca de uma rota de fuga que me livrasse das mãos da vovó quando ela partisse para cima do meu pescoço.

Estou brincando, querida. Acho que uma senhora de setenta anos teria capacidade de fazer algo assim? — Acho, e é por isso que costumo manter, no mínimo, cinco metros de distância de qualquer um acima dos sessenta anos. Balanço a cabeça negativamente, não por concordar com ela, mas por estar com medo de discordar e aí sim ela me matar como fez com o pobre corpo dentro da mala.

Comprimi os lábios ao sentir uma gota grossa de suor deslizar por minhas costas até encontrar o caminho da felicidade.

Pf! É claro que não, eu sabia que estava brincando! — Soltei, escondendo as mãos atrás do corpo para que ela não percebesse que estavam trêmulas. — Aliás, esqueci completamente que estou com visita em casa. Preciso ir. Você sabe, para dar assistência.

Bom, não era mentira. Não duvido nada chegar em casa e encontrar Sasuke de bunda para cima no meu sofá — o que não seria uma visão desagradável se o próprio Sasuke não fosse tão desagradável.

Oh, espere um instante, querida. — Ela disse quando fiz menção de sair, abrindo a bolsa pequena que carregava no braço direito. 

Nunca tive tanto certeza do meu fim, era óbvio que ela estava prestes a sacar uma arma e atirar no meio do excelente alvo que é minha testa avantajada. Ou talvez uma seringa daquelas com veneno letal, que me mataria em poucos segundos após ser cruelmente aplicada no meu pescoço quando virasse as costas para a velha. Eu não teria tempo para correr, então iniciei minha oração mal-planejada, esperando ter tempo o suficiente para convencer Deus que, embora tenha estado em dúvida de sua existência durante toda minha vida, me aceitar no céu não seria uma ideia tão absurda.

Sakura?

Sim?

Por que está com os olhos fechados? Não se sente bem?

Oh, o que? Não, não, estou bem. — Respondi, reprimindo um suspiro aliviado quando vi que a senhora não segurava uma arma, e sim o saquinho transparente com o que parecia ser… orégano? Ah, com toda certeza não era orégano. A velha quer pagar minha ajuda com maconha! — Olha, senhora, eu sei que posso ter uma cara meio estranha às vezes, mas é só sono. Os olhos vermelhos também, quando não são de lágrimas. Não faço uso de… desse material. Não mesmo, mas muito obrigada.

Não seja tola, Sakura, não estou te dando drogas. Não as distribuo assim, eu vendo. — Ela me entregou o saquinho com certa impaciência. Bom, ao menos o cheiro era bom. — Isso é para fazer chá. Levanta até defunto, se é que me entende. — Não entendo, mas sorrio. — E lembre-se, garota, se alguém te perguntar sobre essa mala, você não sabe de nada.

Mas eu realmente não sabia.

E, com uma rapidez assustadora, ela puxou a mala para dentro e fechou a porta. Pude ouvir o barulho de diversos — seis, se contei direito — cadeados sendo trancados do lado de dentro. Não a julgo, eu deveria fazer o mesmo com minha porta que abre ao ser empurrada com jeitinho.

Fui embora, andando a passos largos pelos corredores. Tão inocente, não sabia do furacão que me aguardava em casa.

Me pus a subir a escadaria, carregando meu mais novo saquinho de orégano-maconha-erva-que-levanta-até-defunto-seja-lá-o-que-isso-seja, e um par de pernas sedentárias e exaustas que choravam cada vez que eu lembrava que ainda precisaria subir mais dois andares até chegar em casa. Ouvia meus joelhos clamando por um elevador — ou por um potinho daqueles de Calcitran B12, tanto faz, sério.

Sakura! — Oh, acho que não foram meus joelhos dessa vez. — Ainda bem que te achei.

Revirei os olhos com tanta força que achei que fosse ficar cega pelo resto da vida quando vi Rock Lee, meu vizinho da frente que tempos atrás mantinha uma estranha fixação em mim, parado no topo da escadaria com seu suéter listrado.

Estava me procurando, Lee? — Minha voz saíra em um suspiro exausto, e julgando pela expressão do rapaz, ele parece ter captado a mensagem de “tu de novo, caralho?”.

Olha, serei direto. Eu sei que você ainda não superou nosso término. — Arqueei uma sobrancelha, o término que o japonês se refere é o dia em que eu o pedi para parar de deixar flores na porta da minha casa após eu passar três dias espirrando por causa das malditas orquídeas. No dia seguinte, descobri que Lee falava para os amigos que estávamos no começo de um relacionamento, fora outras barbaridades que não me sinto confortável o suficiente para compartilhar.  — Mas não precisa fazer uma festa de noivado com um cara qualquer, só para que a vizinhança ache que está bem sem mim. Onde está sua maturidade, Sakura?

Tu tava cheirando o que, oitavo anão perdido? Aquelas orquídeas de camelô outra vez? — Lee me encarou de cara feia, começo a refletir sobre o rumo que estou dando na minha vida para merecer isso. — Eu passei o dia fora, de que festa está falando?

Da festa na sua casa, Haruno. Os vizinhos estão com medo de que a música alta acabe abalando as estruturas do prédio, é melhor você acabar com aquilo antes que eu tenha que agir.

Você tem menos de 1,60 de altura, vai invadir minha casa pelo buraco da fechadura de novo?  

Vou chamar a polícia.

Agora o nível subiu.

Mas que inferno, eu não estou dando festa nenhuma!

Mas seu maldito noivo está!

Eu já estava de boca aberta, pronta para xingar Lee com toda minha extensa lista de palavrões adquirida após meses de experiência trabalhando como garçonete em um bar de risca faca — do qual fui cruelmente dispensada há três meses, mas isso não vem ao caso — quando minha mente se iluminou em um único nome que me fez compreender toda a situação. Não se tratava de um mal entendido, ia muito além disso.

Se tratava de Sasuke.


Notas Finais


já dá pra ter noção do que rolou entre os dois, né? ;/ cês nem sabe oq vai rolar no próximo

aliás, ficaram muito confusos com isso de flashback ou deu pra entender direitinho? falem pra tia

se você leu até aqui, muito obrigada <3 até o próximo (prometo não demorar tanto aushauhshs)


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