—... Vamos subir, assim podemos conversar com mais privacidade – Levy estendeu a mão para Natsu, que apenas estreitou os olhos e pegou a mão da mesma.
— Essa é outra tentativa de me seduzir? – o rosado questionou enquanto já era puxado escada acima — Não cairei em seu charme uma terceira vez, pois precisamos realmente conversar.
As bochechas da pequena ganharam aquele leve tom avermelhado, mas ela nada disse, apenas pensou:
“Quando foi que eu te provoquei? Você que simplesmente me cercou contra a porta...”
Ao chegarem no quarto, Levy trancou a porta, deixando Natsu ainda mais receoso. Só que dessa vez a pequena acendeu a luz, já que a noite já indicava sua chegada, deixando o local mais escuro.
Os dois permaneceram em pé no meio do cômodo, mas nenhum ousou começar a conversa. Levy abaixou o olhar, tendo aqueles pensamentos confusos a voltar para sua cabeça.
—... Acho que eu quem tenho que começar, já que vim atrás... – o rosado soltou um leve suspiro.
A pequena de cabelos azulados se virou e caminhou até sua cama, onde se sentou, enquanto Natsu permaneceu no mesmo lugar.
— Mais cedo... Eu menti – deixou Levy confusa — Seu ex ter aparecido mexeu comigo sim... Claro que eu ficaria incomodado, ainda mais com minha namorada agindo daquela forma na presença de outro homem...
A jovem de cabelos azulados encarou Natsu com certa surpresa, vendo que o mesmo nem conseguia encara-la direito.
—... Bem... Eu meio que te entendo. Daquela vez, quando declarou seu tipo favorito, você disse pensando nele, certo? – fez com que Levy voltasse a abaixar o olhar, sem que ela o respondesse — Acho que somos ambos idiotas tentando seguir em frente, não? – ele soltou uma risada mais sem graça, soltando um leve suspiro logo em seguida —... Você ainda o ama?
A pequena apertou os joelhos com as mãos, como se temesse por aquela pergunta. Ela pensou em encarar Natsu e responde-lo, mas sentia que seria completamente lida pelo rapaz.
— Acho que já tenho minha resposta... – a voz do rosado soou mais entristecida – Então não me resta escolha... Creio que será o melhor para nós dois...
No mesmo instante os olhos de Levy se encheram de lágrimas, já imaginando o que o rapaz diria.
— Vamos comprar um pote de sorvete!
A pequena travou por alguns instantes, tentando entender o sentido daquela frase, procurando a maldade por trás de tais palavras. Logo a mesma virou os seus olhos em direção a Natsu, vendo o mesmo a encarar com certa seriedade.
—... Eh? – sua confusão apenas aumentou ainda mais enquanto tentava entender como um pote de sorvete poderia solucionar os problemas deles.
— Você foi uma das melhores coisas que me aconteceram nos últimos tempos, não planejo desistir de ti tão facilmente. Então vamos comprar um sorvete. Depois vamos nos sentar e conversar sobre nós dois enquanto saboreamos nossa deliciosa aquisição – Natsu abriu um sorriso de canto ao concluir, voltando a surpreender Levy.
As lágrimas voltaram aos olhos da garota, mas agora por outro motivo. A mesma confirmou com a cabeça, concordando com a ideia do rosado, enquanto lutava contra aquele misto de emoções que queriam fazê-la chorar a qualquer custo.
— Eu vou em casa pegar o dinheiro e me trocar. Te encontro no portão, pode ser? – viu a jovem de cabelos azulados confirmar com a cabeça.
Não muito tempo depois, Levy descia as escadas um pouco mais arrumada, quando viu seu pai e sua mãe passarem pela porta da casa.
— Precisamos conversar! – o homem exclamou em um tom mais elevado, sem conseguir disfarçar a irritação — Sua mãe me contou! Eu não posso acreditar que você... – ele acabou por ser interrompido.
— Será que podemos conversar sobre isso depois? O Natsu está me esperando. Nós vamos sair para comprar um sorvete... – a pequena abriu um sorriso sem graça, terminando de descer as escadas.
—... E-Entendi... N-Não demore a voltar – ele a respondeu com certa confusão. E assim que a filha saiu de casa, indagou à sua mulher — Você não disse que ela ia terminar com o Natsu-sama para voltar com o filho imprestável dos Redfox?
— Eu achei que ela fosse fazer isso! – a mulher exclamou também tomada pela confusão.
Pouco mais de meia hora depois, Natsu e Levy já estavam no supermercado, parados em frente à geladeira onde os sorvetes se encontravam.
—... Que tal o de chocolate? – a pequena opinou.
— Só por que ele é moreno? Se for assim é melhor o de morango – o rosado brincou.
— Que tal napolitano então? – um sorriso malicioso brotou nos lábios de Levy, espantando Natsu.
— O-O que você quis dizer com isso? – ele indagou, mas não recebeu nenhuma resposta.
— E o de limão suíço? – ela questionou encarando fixamente o pote.
— Algo azedo seria bom para o momento? – Natsu respondeu com uma pergunta, desejando por algo mais doce.
— Abacaxi ao vinho? – Levy deu mais uma opinião.
— Qual as chances de você fingir embriagues e tentar me seduzir por causa desse vinho? – mais uma vez o rosado brincou com a pequena.
— A mesma de você fingir o mesmo e tentar me prender contra a porta – ela o respondeu no mesmo tom.
— Que tal cada um levar um pote? – Natsu soltou um leve suspiro ao ver que não entrariam em um acordo.
Levy então pegou o pote de limão suíço, enquanto Natsu apenas pegou um de flocos.
Minutos depois os dois já estavam a andar de volta para casa, cada um com seu pote em uma sacola.
— Acha que vamos dar conta de dois sorvetes? – a pequena de cabelos azulados indagou em um tom mais calmo.
— Se sobrar podemos terminar amanhã – sorriu para a jovem, que por algum motivo se surpreendeu com aquilo.
Mas então a mesma sentiu Natsu pegar sua mão, entrelaçando os dedos aos dela, fazendo com que sua face ganhasse um leve tom avermelhado.
Ao chegarem à casa dos empregados, os dois apenas subiram as escadas em direção ao quarto, enquanto o pai da pequena viu tudo da entrada da cozinha ao ouvir a porta da residência se abrir.
— Estou começando a ficar nervoso... – o homem de cabelos grisalhos comentou com certa impaciência.
— Pois trate de se acalmar! É você quem está namorando Natsu-sama por acaso? – sua esposa o questionou.
— Eu sei! A vida é dela. Mas se for para insistir no mesmo erro, não posso evitar em ficar preocupado! – ele explicou.
A mulher não o respondeu, pois de certa forma concordava com o marido.
Já no quarto, Natsu tirou os tênis e se sentou sobre a cama, se encostando na cabeceira. Levy também se descalçou, mas então se lembrou que precisariam das colheres.
Toda a calma do rosado se desfez no momento em que a pequena deixou o cômodo. Ele posicionou os dois potes de sorvete a sua frente, os encarando enquanto sua mente começava a criar milhares de perguntas e respostas para elas, acreditando que alguma daquelas poderia ser a resposta de Levy.
Mas então a jovem de cabelos azulados tornou a aparecer, agora com as colheres em mãos. Ela rapidamente se sentou sobre a cama, de frente para o rapaz.
Natsu pegou uma das colheres e logo abriu seu pote, vendo a pequena fazer o mesmo.
— Por onde devemos começar? – ela questionou, dando uma colherada em seu sorvete.
—... Você quer terminar comigo? – Natsu indagou pegando um pouco do próprio sorvete.
—... Eu não quero te fazer sofrer... – Levy explicou sentindo o leve azedo do limão se intensificar ainda mais em sua boca devido ao assunto, entendendo o que o rosado havia dito antes enquanto escolhiam os sabores.
— E quem garante que não irei sofrer se terminarmos? – a pequena se sentiu encurralada com a pergunta, trazendo aos poucos aquela intensa confusão que sentira de tarde.
— Mas você nem me ama... – acabou sendo interrompida.
— Tem certeza? – Natsu voltou a surpreender a jovem —... Eu sempre lhe disse que amava a Lucy, mas que queria seguir em frente devido a tudo que aconteceu. E mesmo sabendo disso, você me aceitou como seu namorado, vem me dando carinho e o amor que preciso... Mas e você? Você quer seguir em frente ou voltar para o seu passado?
Conforme o rosado continuava a falar, mais a pequena enchia a boca com sorvete, como se tentasse baixar a tensão com o alimento.
— Se escolher o seu passado, eu compreenderei e então terminaremos... Mas se escolher seguir em frente, então lhe estenderei a mão e seguirei junto com você – ele concluiu em um tom calmo, algo que ele não estava naquele momento.
Mas ao ver o olhar baixo da garota, onde a mesma parecia perdida em seus pensamentos, Natsu levou a colher até seu pote e ao enchê-la a direcionou à boca da pequena.
Levy só percebeu ao sentir o gelado em seus lábios. Sem pensar, abocanhou a colher, sentindo o doce espalhar por sua boca.
— Quando vim mais cedo, acreditei que... Ou nosso relacionamento sairia destruído ou mais forte após nossa conversa – o rosado explicou —... Eu preciso saber o que você quer. O que quer para você? O que quer para nós?
Alguns segundos de silêncio se estenderam. Até que Natsu pôde ver as lágrimas escorrerem pela face da jovem.
Levy colocou os potes de sorvete para o lado e então se aproximou do rosado, ficando de joelho em frente ao mesmo, onde acabou afundando o rosto no peito do rapaz.
—... Eu deveria considerar isso como uma resposta? – Natsu questionou com certa insegurança, hesitando se deveria abraça-la ou não.
Mas ao não receber nenhuma resposta, o rosado não resistiu, apenas abraçou a jovem de cabelos azulados.
—... O sorvete vai derreter – ele soltou um leve suspiro ao comentar, sem se separar do abraço.
—... Eu quero do seu – ela murmurou em um tom abafado com a face ainda contra o peito de Natsu.
— E quem vai comer o seu? – o rosado soltou uma pequena risada.
Alguns minutos depois, Levy já estava sentada entre as pernas de Natsu, com as costas no peito do mesmo. Com o pote de sorvete de flocos sobre suas pernas, a pequena o comia sozinho, enquanto o rosado apenas a enchia de carinho.
— O meu sorvete vai derreter... – ela comentou sentindo os dedos de Natsu brincarem com seus cabelos.
— Podemos colocar no freezer depois... Me dê um pouco – ele pegou a colher da mão de Levy, a ouvindo reclamar — Sabe, falta pouco menos de três meses para o fim das aulas, e eu disse que iria embora depois da formatura... Você não quer vir comigo?
—... Você não prefere ficar comigo aqui mesmo? – ela o respondeu com certa insegurança.
— Assim você me deixa em um beco sem saída... – Natsu soltou um leve suspiro.
— Não sei se eu deixaria minha família assim... – a pequena explicou.
— Eu entendo... – o rosado falou voltando a pegar a colher da mão de Levy, tomando mais um pouco do sorvete — Então que tal umas férias? Tipo, por uns seis meses a um ano?
— É você que está tentando me deixar sem uma saída! – ela exclamou com certa indignação.
—... Você tem razão, perdão... Será que pode me dar um beijo? – seus braços envolveram a cintura da jovem de cabelos azulados, a abraçando.
Levy colocou sorvete na boca e se virou, apontando para seus lábios, indicando que a mesma estava cheia e que não poderia fazer aquilo no momento. Mas Natsu não se importou, abaixou sua face e se aproximou dos lábios da pequena.
A jovem de cabelos azulados se surpreendeu, mas nada pôde fazer, apenas sentiu a língua do rosado invadir sua boca, tomando parte de seu sorvete.
Após alguns poucos segundos, Natsu se afastou.
—... Você é mesmo uma tarada, querendo um beijo com sorvete... Mas devemos testar agora com o de limão? – ele abriu um sorriso sacana.
“NÃO ERA ESSA A MINHA INTENÇÃO!”, Levy pensou com certa indignação, já que fora taxada mais uma vez como a pervertida da história, e novamente por um mal-entendido.
Mas em meio àquilo ela apenas colocou o pote de sorvete de flocos de lado e então se virou de frente para Natsu, ficando ajoelhada na frente do mesmo.
O rosado viu a jovem trazer o pote de limão suíço e logo entendeu onde aquilo os levaria.
A pequena colocou o sorvete na colher e então a encaminhou até a boca de Natsu, fazendo com que o mesmo a abocanhasse.
Foi a vez do jovem de cabelos rosados sentir a namorada invadir sua boca em busca do doce. Os braços dela se fecharam ao redor de seu pescoço, enquanto o mesmo apenas a abraçou, a trazendo para mais perto. Mas dessa vez o beijo não parou no momento em que o sorvete acabou...
Naquele mesmo momento em um ponto diferente da cidade, Gajeel estava parado na calçada, em frente à uma casa mais comum, sem nenhum luxo que a riqueza da sua família poderia proporcionar.
—... Boa noite – ele falava ao celular — Eu liguei devido a uma dúvida que me surgiu... – Gajeel fechou os olhos e pensou por alguns instantes, hesitando se deveria perguntar ou não no fim das contas. Mas então o mesmo soltou um pequeno suspiro e questionou —... O senhor por acaso teve algum filho há cerca de dezessete/dezoito anos?
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