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História O Mendigo e a Princesa - Ele Se Lembrou...


Escrita por: Vinilu

Notas do Autor


Espero que gostem capítulo

Qualquer erro ou contradição, me avisem!

Boa leitura a todos!

Capítulo 54 - Ele Se Lembrou...


Levy estava na sala da casa dos empregados, sentada sobre o sofá enquanto assistia TV junto de sua irmã. Wendy tentava chamar sua atenção de todas as formas, mas falhava miseravelmente enquanto Levy se perdia em seus pensamentos.

A mesma então se lembrou de momentos antes da loira interromper o que ela estava fazendo com Natsu. Se fechava os olhos, podia até mesmo sentir os toques do rosado ainda pelo seu corpo. Suas bochechas ganharam um leve rubor, mas logo a mesma se chateou devido a sequência dos eventos.

—... Que horas é isso? – ela pensou em voz alta, chamando a atenção da irmã.

— Quase seis e meia – Wendy a respondeu.

Mas logo as duas garotas notaram certa correria que começara de uma hora para a outra.

— O que está acontecendo? – a irmã mais nova indagou curiosa ao ver a mãe e o motorista dos Heartfilia adentrarem no local mais apressados.

— Parece que Virgo-san sofreu um acidente, aí nos pediram para pegar algumas coisas dela para levarem pro hospital – a mãe das garotas explicou sem nem mesmo parar, subindo rapidamente em direção aos quartos.

... Acidente? Com a Virgo-san?”, Levy demorou um pouco para raciocinar, mas logo se espantou ao imaginar o que realmente poderia ter acontecido.

Ela se levantou do sofá e correu para fora da casa, indo o mais rápido que podia até chegar na porta que dava acesso à mansão. Ao adentrar no local, passou a apenas caminhar em um passo mais acelerado, até ver Natsu e Lucy na sala, esperando pelo motorista.

A pequena podia notar a tensão que os envolvia.

—... Levy, o que está fazendo aqui? – o rosado indagou tentando fingir estar calmo, mas falhando miseravelmente.

A pequena pôde vê-lo de braços cruzados, enquanto o mesmo apertava os próprios braços, como se as marcas ali impostas voltassem a doer.

— Eu soube do que aconteceu... Será que posso ajudar de alguma forma? – ela indagou com certa preocupação.

— Quer vir conosco? – Natsu a perguntou.

Alguns minutos depois eles já estavam no carro a caminho do hospital. Natsu ia na frente, ao lado do motorista, enquanto Levy e Lucy viajavam no banco de trás.

A pequena olhou para o seu lado direito e viu como a loira estava nervosa, parecendo estar com o corpo completamente enrijecido enquanto apertava os próprios joelhos. E vendo o rosado na frente, percebeu como a perna do mesmo balançava incontrolavelmente, deixando bem claro seu nervosismo.

Levy não se atrevia a dizer um “A”, pois além de ser um momento tão grave, ela sabia quão importante aquela mulher era na vida dos dois.

Ao chegarem no hospital, viram que Jude já estava lá. O mesmo largara tudo na empresa e correra para o hospital. Há muito tempo Virgo havia deixado de ser uma simples empregada, ela já fazia parte da família.

Natsu e Lucy o questionaram sobre o estado da mulher de cabelos rosados, mas ele apenas explicou que os médicos ainda não haviam ido até ele. Então os dois se sentaram ao lado do pai e esperaram.

Levy se sentou ao lado do rosado, mas logo se sentiu deslocada, como se não houvesse motivo de ela estar ali. A perna de Natsu continuava a subir e descer descontroladamente, enquanto era possível ver um leve tremor em suas mãos. Ela então pegou a mão dele, entrelaçando seus dedos aos do rosado, para ver se o acalmava pelo menos um pouco. Mas a mesma falhou miseravelmente.

Quando o médico veio até eles, a pequena pôde sentir Natsu apertar sua mão. E assim que foram detalhados os ferimentos e o estado de Virgo, Levy pôde sentir o aperto relaxar.

E naquele instante, apenas um pensamento passou pela cabeça da pequena:

Ah... Eu o perdi...”, foi o que ela pensou ao ver o rosado sem expressão alguma, com seus olhos emergidos em uma profunda escuridão. Aquele pequeno brilho que ela conseguira trazer à tona se tornou apenas um pequeno momento esquecido.

E naquele mesmo instante Lucy já estava em lágrimas. Braço esquerdo quebrado, duas costelas quebradas, pé direito torcido, e sem falar nas diversas pancadas na cabeça que a mesma recebeu... Assim como também o corte em seu braço direito. Ainda assim os médicos disseram que seu quadro era estável e que sua vida não corria perigo, mas que ela teria que ficar no hospital em observação e fazer mais exames.

Os minutos se passaram. O médico permitiu que os Heartfilia a vissem se fossem rápidos, já que viram quão preocupados os mesmos estavam.

Jude e Lucy saíram um de cada vez, mas Natsu se manteve imóvel, olhando para o vazio. Nesse meio tempo Levy se afastou para fazer uma ligação.

Longe dali, após longos minutos, Gray finalmente desligou seu celular. Em casa, ele estava sentado em seu sofá enquanto encarava uma garota de cabelos ruivos.

—... Era a Levy. Parece que dessa vez atacaram a empregada da casa, e que ela é como uma mãe para o Natsu – Gray explicou.

— Isso meio que se encaixa com o que te perguntei – Erza comentou — O que você pensa sobre o Natsu e toda essa situação em que ele vive? Esse ataque à empregada pode afeta-lo ainda mais?

— Como eu posso te explicar? – Gray se levantou e então foi até a estante que ficava naquele mesmo cômodo, onde pegou um pedaço de linha e dois objetos pequenos.

Ele se sentou ao lado de Erza, deixando um espaço entre eles, colocando a linha e os objetos ali.

—... Uma vez eu disse para a Levy que o que fazem com o Natsu é tentar isola-lo de todos e feri-lo para que ele nunca esqueça essa dor. Não é um bullying qualquer. O Homem é um ser social, ele vive em sociedade. Ainda que exista aqueles que preferem ficar sozinhos, eles não podem sobreviver por muito tempo sem a ajuda de outras pessoas... Imagina você sem ter um amigo com quem conversar, uma pessoa para poder se abrir e dizer o que lhe incomoda, alguém para ouvir o que você pensa. Imagina um mundo onde você está sozinha e não tem nada que possa fazer. Imagina um vazio o qual você apenas afunda constantemente... Uma vez eu comecei a afundar nesse vazio... Foi apenas o começo, mas era sufocante, machucava por dentro e eu não encontrava uma forma de sair daquilo... Foi quando eu comecei a aprender a lutar. Eu dei um fim à esse problema, e por isso achei que eu era uma pessoa forte – Gray explicou enquanto Erza prestava atenção em suas palavras — Mas então, eu conheci o Natsu... – ele soltou uma pequena risada — No começo eu acreditei que ele era apenas mais um que sofria com o bullying na escola, que eu poderia ajuda-lo a sair disso... Só que logo eu entendi que não era tão simples assim... Como ele pode lutar contra algo como isso? Ainda que tenhamos ideia de quem está por trás disso, como provar? E mesmo que consigamos provar, como pará-lo, sendo que nem a polícia nem a escola parece querer intervir? Foi então que eu entendi... Eu não sou forte. Pelo menos não como o Natsu... Ele tem aguentado tudo isso desde sua infância. Ele tem suportado e tentado simplesmente seguir em frente. Ele tem estado há anos no fundo do vazio o qual eu mal pude suportar a superfície... Ainda que eu seja o que mais possa saber o que ele realmente está passando, eu não consigo imaginar a dor que ele está tendo que suportar... E então...

Gray pegou a linha e a partiu ao meio. Uma das metades ele desfiou em outras quatro linhas mais fracas. Pegando um dos objetos, ele prendeu a metade mais grossa no centro e amarrou a outra ponta no outro objeto.

Segurando um dos objetos, ele mostrou com o outro ficava pendurado pela linha.

— Ultimamente eu andei pensando em algo... O que realmente dá toda essa força ao nosso amigo? E então eu cheguei a isso... Digamos que esse seja o Natsu – apontou para o objeto preso apenas por uma linha — E esse seja o lado de fora do vazio, a razão – se referiu ao que estava em sua mão — As linhas seriam aquilo que o impedem de afundar ainda mais, que o impedem de chegar ao insuportável... Depois do acontecido com a Juvia, um peso a mais caiu sobre ele — Gray puxou a peça de baixo com a outra mão, mas ainda assim a linha não estourou —... O que você acha que pode ser essa linha na vida do Natsu?

Erza pensou por alguns instantes, mas não conseguiu chegar a nenhuma conclusão.

—... No começo eu acreditei que poderia ser a Lucy, a garota o qual ele amou a vida toda – ele explicou — Mas então descobri que nem sempre eles foram tão íntimos. Que havia uma raiva dela direcionada a ele... Então, o que mais poderia ser? Ele não tinha amigos, não tinha uma irmã, não tinha um pai presente... O que poderia ser?

A ruiva então se lembrou da ligação que o amigo havia acabado de receber —... A empregada – ela o respondeu com certa surpresa, vendo Gray confirmar com a cabeça.

— Mesmo que das sombras, ela sempre esteve com ele... Uma mãe que não reivindicou tal título – ele continuou — Mas então nós chegamos... – Gray começou a amarrar as linhas mais finas ao redor da mais grossa — Eu... Levy e Wendy... E você – voltou a segurar apenas um dos objetos, deixando o outro segurado apenas pelas linhas — Nós o ajudamos, mas não podemos tira-lo desse vazio enquanto houver essa tal maldição. Nós só conseguimos impedi-lo de afundar ainda mais... Mas...

— Não temos um laço tão forte como a empregada – Erza complementou a frase de Gray, entendendo onde o amigo queria chegar.

— A Wendy e a Levy moram praticamente na mesma casa que ele. Mas eu não creio que isso seja algo que preocupe uma criança de doze anos, e a Levy estava fortalecendo o seu laço. Só que o quanto foi que ela fortaleceu? Será que foi o suficiente? Pois se não foi, o que acabou de acontecer com a empregada... – ele partiu a linha do meio e então voltou a deixar o objeto pendurado com as quatro linhas mais fracas.

A ruiva ficou um pouco confusa, já que o objeto ainda estava seguro. Mas então ela percebeu a outra mão do amigo se aproximar do objeto. E um leve pressionar foi o suficiente para romper as quatro linhas.

Erza começou a suar fria, vendo o objeto simplesmente cair sem parar, até bater contra o chão, enquanto Gray apenas soltou um leve suspiro.

— Todo o estresse recente, a situação da Juvia não ter se desculpado e os boatos sobre o acontecido com ela ainda não terem sido esclarecidos podem ser esse pequeno peso... E eu não sei o que posso fazer por ele – ele concluiu por fim, deixando bem claro o que pensava enquanto se abaixava para pegar a peça.

Naquele mesmo instante, Levy já estava no quarto de Virgo junto de Natsu. O rosado estava em pé ao lado da cama enquanto apenas encarava a empregada. Seus dedos indicador e médio então encostaram na mão dela, e logo as lágrimas rolaram por sua face.

Natsu se lembrou de quando criança, onde recebia os abraços mais apertados e calorosos de Virgo quando do nada começava a chorar por causa da solidão. Ele se lembrou também de todas as refeições cheias de amor que ela preparava para ele levar para a escola quando ainda trabalhava. Ele se lembrou de suas conversas com a empregada, que as vezes se estendiam por horas, mas que de forma alguma ficavam cansativas. Ele se lembrou dos sorrisos que ela tinha para ele, ainda que fossem raros para os outros.

Levy apenas pôde sentir um aperto no peito, enquanto seus olhos já se enchiam de lágrimas ao ver o choro de Natsu se intensificar, podendo ouvir até mesmo seus soluços. Mas então esses mesmos soluços começaram a se tornar uma risada mais baixa. Foi quando Levy notou o sorriso sádico na face do garoto, ainda enquanto o mesmo tampava os olhos com uma das mãos e as lágrimas continuavam a rolar incessantemente.

A pequena travou, sentindo um arrepio lhe percorrer o corpo, como se um medo intenso a tomasse ao presenciar aquela imagem.

E então, no dia seguinte, a aula acontecia naturalmente como todos os outros dias. Gildarts escrevia no quadro enquanto todos copiavam em um completo silêncio. Gray e Erza puderam perceber a frieza de Natsu, e foi quando do nada uma bolinha de papel acertou sua cabeça.

— Fui jogar em um lixo e acabei acertando outro – Sting debochou.

Ninguém deu muita bola para aquilo, já que era algo que acontecia com frequência.

Mas então o rosado fechou seu caderno e se levantou com o mesmo em mãos. Ele caminhou até o fundo da sala, o que acabou por chamar a atenção do restante da turma, que apenas observou em um completo silêncio.

— O que foi? – o loiro questionou irritado com a afronta de Natsu, mas logo se espantou com o olhar completamente negro e frio do rapaz, entendendo que ele faria algo.

Antes que Sting pudesse fazer qualquer coisa, o rosado o acertou na cara com o caderno. Um estalo que rasgou o silêncio e chamou a atenção de Levy. A pequena se virou rapidamente, e logo pôde ver Gray se levantar e correr para onde Natsu estava. O rosado começara a socar a face de Sting sem hesitação ou qualquer controle sobre a força que possuía.

Gray apenas ficou parado próximo a Natsu, impedindo que qualquer um o detivesse. Para ele, aquilo era algo que o próprio amigo precisava fazer caso quisesse ao menos se livrar do peso que o afundava. Mas para Levy era diferente. A pequena viu o mesmo sorriso da noite anterior, um sorriso que demonstrava o prazer que o garoto estava tendo ao ferir Sting sem o dar chances de se levantar ou se defender. O sangue já estava a impregnar sua mão, mas aquilo parecia apenas alimentar ainda mais sua violência. Nem mesmo o gesso em seu braço o limitava.

Gildarts então correu até ele. Prendendo seus braços, o impedindo de continuar a socar o jovem de cabelos loiros, ele pôde ver Natsu levantar o pé rapidamente e bater na cara de Sting com a sola em um chute alto, fazendo com que o mesmo batesse a cabeça na parede também.

Na cadeira ao lado, Lucy encarava a tudo sem um pingo de dó, como se desejasse ajudar o irmão no ato.

O professor apenas arrastou o rosado para fora da sala, enquanto Levy continuou a encarar Sting, vendo o mesmo simplesmente pender para o lado e cair da cadeira inconsciente e com a face levemente desfigurada.

Ah... Ele realmente enlouqueceu...”, ela apenas confirmou aquilo que havia pensado na noite anterior, sendo tomada pela tristeza, acreditando ter perdido para sempre aquele Natsu gentil ao qual conhecera.


Notas Finais




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