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História O menino da capa cinza - Yoonkook (Cancelada) - Justiça com as próprias mãos


Escrita por: Todorokismo

Notas do Autor


Eu sei, eu sei
Cheguei tarde, eu sei que Cheguei
Porém ainda estou aqui, de pé atualizando
Essa porra é longa, demora para escrever, e eu também tava me alimentando e respirando provas, então né
Agradeço a @Light-Girl , meu amorzinho, pela betagem
E fiquem com mais um capítulo dessa fic cheirosa

Capítulo 2 - Justiça com as próprias mãos



Yoongi abriu minimamente os olhos e tentou se acostumar com a pouca luz do ambiente. Seu corpo, diferente do seu cio, está frio e o ômega tremia. Seu corpo estava dolorido, principalmente a área da sua entrada. Porém o pior não era o seu estado completamente acabado, e sim as memórias frescas que se repetiam em sua cabeça em um lupe incessante. A sensação se estar envolvido pelo corpo grande e quente do desconhecido ainda era vivida, assim como o tremor de estar cara a cara com aqueles olhos vermelhos vibrantes, fazia um choque subir por toda sua espinha e explodir em sua nuca. 

Remexeu a cabeça tentando espantar as memórias e tentou se sentar na cama, sentindo novamente todo o seu corpo latejar. Um gemido mudo de dor escapou dos seus lábios e Yoongi olhou ao redor. Sua visão estava turva e ele estava um pouco tonto, mesmo assim pode reconhecer o porão velho que sua família se abrigava, que agora estava completamente dominado pelo cheiro de avelã do ômega. Velas aromáticas estavam acesas, provavelmente uma tentativa falha de esconder o cheiro chamativo que ele possuía. Velas de cera estavam completamente derretidas e apagadas, muito mal havia no máximo duas velas iluminando o local. 

Resmungou, ficar trancado em um local fechado com seu próprio cheiro dominando o ar estava o enjoando. Sem falar que a falta de luz também o deixava muito incomodado. Queria gritar, porém sentia sua garganta seca demais, provavelmente pela falta de água. Sua barriga também roncou, o levando a pensar em quanto tempo ficou ali, provavelmente muitos dias.

Jurou que não aguentaria ficar lá por mais tempo, sua sorte foi o seu pai ômega que enfim resolveu abrir a escotilha. Tentou falar algo, mas sentiu sua garganta arranhar, como se as palavras realmente saíssem repletas de espinhos. Jimin vendo o estado do filho rapidamente fez questão de chamar seu alfa para ajudar a tirar ele daquele porão. 

Yoongi por outro lado, estava exausto, sentia seu corpo fraco e sua cabeça girar e mal conseguia se aguentar sentado. Seu primeiro cio acabou consigo, se ficou dessa forma porque passou sozinho, imagine se tivesse passado com um alfa. Yoongi não conseguiu se manter lúcido até que seu outro pai o tirasse daquele lugar.



Quando recuperou sua lucidez, Yoongi já estava deitado sobre sua cama em seu quarto, dessa vez devidamente vestido. As dores em seu corpo ainda era presente, porém não era tão forte quanto antes. Também não sentia mais o desconforto em sua garganta, ou a sede, apenas a fome havia permanecido. 

— Você acordou. — Olhou na direção em que ouviu a voz melodiosa do pai ômega, e nem nas épocas de fome que a aldeia sofria, o ômega havia se animado tanto ao ver um prato de comida. Tentou se sentar, mas desistiu assim que sentiu seu corpo latejar. — Fique calmo. — Disse Jimin deixando o prato sobre o criado mudo e ajudando o filho a se sentar, Yoongi apenas soltou um alto gemido de dor. O que havia feito para seu corpo doer tanto, ele se perguntava. 

— Tudo está doendo… — Sua voz saiu baixa, quase inexistente, por muito pouco Jimin não havia o ouvido falar. O mesmo apenas riu, e carinhosamente deixou um beijo sobre a testa do filho. 

— Eu sei, também fiquei assim depois do meu primeiro cio… — Respondeu o mesmo entre uma curta risada. Pegou o prato sobre o criado mudo e posicionou o mesmo sobre a coxa, pegou uma colherada generoso e levou até a boca do ômega pálido, que aceitou de bom grado. Yoongi sentia que não comia a dias. — Com o tempo você se acostuma. — Completou, vendo Yoongi assentir com a cabeça, com a boca cheia da sopa de legumes. 

— Quando tempo eu fiquei lá em baixo? — Perguntou assim que engoliu o que lhe foi dado, aceitando mais uma colherada da sopa. Geralmente não gostava muito de sopa de legumes, mas sua fome era tão grande que no momento nem estava se importando com o que estava comendo. 

— Uma semana. Seu cio foi bem longo. — Jimin suspirou. — Você me assustou, nos últimos três dias rejeitou tudo que eu tentava lhe dar, desde água a comida. — Agora fazia sentido porque sentia tanta fome e sede, três dias sem comer ou beber algo e com o corpo em combustão, nunca iria acordar se sentindo bem. — Tive que fazer beber algo enquanto dormia.

— Sinto que fui atropelado por uma carroça. — Falou fazendo Jimin rir novamente. Não tinha certeza se seu pai havia falado algo a mais, sua mente novamente vagou para o distante, mais especificamente momentos antes de entrar totalmente no cio.

 Não se lembrava com clareza do que havia acontecido exatamente, mas de algumas coisas ele se lembrava tão bem que ao fechar os olhos, parecia que estava vivenciando novamente aquele momento. Sua mente vagou pelo momento em que foi puxado pelos betas Taekwoon e Mark, ambos tão bêbados que mal conseguiam formular alguma frase que fizesse sentido. 

Taekwoon… algo aconteceu com ele, mas o que? 

Forçou sua mente a lembrar de algo em relação ao beta que havia ocorrido naquela mesma noite. 

Sangue

Como um passe de mágica, se lembrou da cena do mesmo caído sobre o chão e uma quantidade abundante de sangue saindo por entre suas partes íntimas. Aborto. A primeira palavra que veio em sua mente, o beta não havia sofrido nada mais, nada menos que um aborto – provavelmente por conta da quantidade exagerada de álcool que o mesmo ingeriu. 

Preciso conversar com ele, mas não posso ir sozinho….



As vozes que pareciam competir uma com as outras eram altas, alfas de todo o vilarejo estavam reunidos no armazém. Os corpos ainda estavam ali, enganchados e de cabeça para baixo. O cheiro da carne apodrecendo era forte e horrível, incomoda o olfato apurado de todos no armazém, porém curiosidade e raiva de todos presentes era maior. Todos estavam confusos, de uma hora para outro três alfas haviam aparecido mortos, e pelo jeito, de forma cruel. 

O filho mais novo da casa Jung, Hoseok, apenas permanecia em silêncio, observando o pai praticamente gritar junto com os outros homens e mulheres alfas no armazém. Seus estado era de choque, não havia superada a cena vista dias atrás. Evitava olhar para os corpos o máximo que pudesse, seu estômago ainda embrulhava ao ver as carnes expostas. As moscas que rodeavam os cadáveres não lhes davam um aspecto melhor.

— Conheço lâminas o suficiente para saber que esses cortes foram feitos por uma bem afiada. — Resmungou ChanYeol, o ferreiro, alto o suficiente para que todos os escutassem. Talvez ele fosse o único calmo no local. O olhar de desdém dele era direcionado a uma pessoa no meio daquela "reunião". Um olhar mortal que seria capaz de fazer até mesmo os mais inocentes se sentirem culpados. — Como essa que o jovem Jung tem na cintura. — O olhar de todos rapidamente se viraram em direção ao jovem alfa, que ainda assustado, olhou para o ferreiro confuso. 

— Como? 

— Não acham suspeito apenas ele tenha visto o sangue na estrada e neve? E consequentemente encontrar três corpos? — Desencostando-se da porta quebrada, o alfa que antes falava se aproximou do mais novo. Seu olhar de ódio queimava o Jung. 

Em questão de pouco segundos, ChanYeol já estava próximo o suficiente para socar o rosto de Hoseok, que caiu para trás com o impacto e susto. Os outros alfas presente no local seguravam e mantinham o Park afastado do Jung mais novo, que apenas tinha sua mão sobre o olho que havia sido acertado. Os xingamentos e sua acusação sem provas fez Hoseok queimar em ódio, porém apenas permaneceu em silêncio.

— Impossível. Todos nesse vilarejo conhecem Hoseok… — Começou Taehyung — Ele nunca faria isso.

— Devo concordar, meu filho não é dessas coisas. Mas do seu ômega eu não diria o mesmo. — O olhar acusatório do Jung mais velho queimou em cima de Taehyung, que devolveu o olhar em forma de ódio. 

— O que está insinuando, Jung Donghai? Que um ômega como o Jimin teria forças para fazer isso com três alfas de grande porte? — O tom de ironia havia escapado junto com o rosnado que Taehyung prendia a tempos. Aquela reunião já estava o irritando, estavam a horas naquele fedor e não chegavam a lugar nenhum — Acho que a idade estava afetando o seu cérebro, Donghai. 



Yoongi caminhava calmamente pela estrada enlameada, segurava parte de sua capa para que não sujasse ao tocar no chão. Recebia olhares por onde passava – sua grande maioria vindo de alfas – porém somente ignorava e seguia seu único caminho, uma taverna que geralmente os alfas descansavam depois que caçavam. Não era um lugar muito adequado para que ele fosse, mas ele precisa encontrar Hoseok.  

Olhou para todos os lados desconfiado, desde que havia saído de casa se sentia observado. Ignorou o máximo que pode, achando ser alguma paranóia da sua cabeça, mas já iria fazer um bom tempo que estava andando e ainda sentia alguém o observando. 

— Yoongi? — Deu um sobressalto quando sentiu uma mão gelada tocar em sua pele.

 Estava tão perdido em pensamentos que mal pode perceber sua prima mais velha por parte do pai alfa. Hyuna era uma alfa linda, com cabelos grandes e ruivos, caídos pelo ombros e seus olhos castanhos pareciam ter um brilho extraordinário. Não apenas sua aparência era bela, a alfa era um poço de personalidade, Yoongi amava isso nela.  — Fiquei sabendo que se tornou um ômega formado. — Disse a ruiva esbanjando um sorriso tão caloroso que a única reação que Yoongi teve foi retribuir. 

— Acho que todos estão sabendo… — Tímido. Isso era o que definia Yoongi, falar do período fértil que muitos ômegas passavam ainda era vergonhoso para  ele. Não sabia exatamente o porquê, mas toda vez que pensava sobre o assunto, sua mente vagava para a desastrosa conversa que teve com o pai. 

— Confuso não é? — Riu ela, passando a andar ao lado do primo. — Todos na aldeia comentam só sobre isso, uns dos ômegas mais belos já é formado. — Yoongi corou novamente e resmungou. Odiava quando lhe chamavam de "o ômega mais belo da aldeia", sendo que haviam muitos outros mais bonitos que si.

— Não me chame assim. — Suspirou e abaixou mais o capuz da capa, na intenção de esconder o rosto corado. Hyuna riu quando percebeu o que o ômega fazia.  — Sabe que não sou tão belo a este nível, existe ômegas bem mais bonitos que eu. 

— Apenas em seu mundo. — Riu Hyuna abraçando o primo. — Estou te seguindo, mas não faço ideia para onde está indo. 

— Taverna. — Respondeu simples e sem detalhes. No mesmo momento, Hyuna se pôs em frente ao ômega. 

— Está louco? Seu cheiro ainda está forte, não irá acabar bem se você entrar em um lugar cheio de alfas assim. — Ela falou tudo em um suspiro. Yoongi já havia pensado nisso antes, mas apenas ignorou, pensando que seu pai e namorado estariam lá para o proteger. — O que quer na taverna a final? 

— Eu preciso falar com Hoseok um assunto sério, e já é meio dia, provavelmente ele deve ter acabado de sair da caça. — A imagem de Taekwoon sangrando ainda estava gravada em sua cabeça – junto com outros acontecimentos daquela noite –, tinha uma opinião quase formada em relação aquilo e pediria Hoseok para conversar com o primo beta mais velho. 

— Acho que não soube né? Todas as atividades da manhã foram canceladas para os alfas. Três alfas foram encontrados mortos em um armazém. 

— Ataque do lobo? — Estremeceu apenas em lembrar de como era estar envolvido pelo corpo quente daquela fera. 

— Não sabemos ainda, mas todos acham que foi o Hoseok a mando do Jimin.  Mas a maioria de nós não acredita nisso.

— Ainda bem… Hyuna, eu realmente tenho que ir agora. — Despediu-se da alfa e apertou os passos. Precisava falar urgentemente com Hoseok.



Jimin observava o filho mais novo correr junto os amigos pela aldeia, via como o pequeno alfa era desastrado o suficiente para cair pela terceira vez. A cena lhe lembrava muito a Taehyung quando pequeno, a forma como o alfa cheio de energia corria para cair logo depois. 

Suspirou, se lembrando da época em que corria livre pela aldeia sendo acompanhado pelo marido – que era apenas um amigo na época –, não havia um dia que, o agora casal, não se metesse em confusão. Admitia que a maioria delas era por culpa sua, Jimin tanto na infância, quanto na adolescência, não prestava nem um pouco. Sempre se metendo em confusão e metendo seu alfa junto. Taehyung, como o babaca apaixonado que era, apenas ia atrás do ômega nas artimanhas que aprontavam. Na maioria das vezes, era ele quem levava a culpa.

— Seokjin, eu estou indo para casa. Fique de olho no Jisung para mim? — Pediu com a voz carregada de manha, sabendo que o ômega mais velho não resistia quando o ex Park falava daquela forma. 

— Ômega cínico, sabe que não resisto. — Seokjin revirou os olhos, mas logo foi fazendo sinal para Jimin ir. — Suma da minha frente.

Jimin não contestou, apenas deu a volta e andou em direção a sua casa. 



Enquanto andava pela estrada coberta pela neve, Jimin observava toda a destruição causada pelo lobo na semana passada. E pensar que todas aquelas casas destruídas era por conta do cheiro forte e chamativa, Jimin sentia medo. Aquele ainda era o primeiro cio de Yoongi e pessoas quase morreram, imagine nos próximos.

Olhou atentamente para os lados quando se sentou observado, sentia ódio alheio queimando suas costas. Adiantou os passos quando sentiu a presença de alfas, no máximo dois, ambos se aproximavam devagar. Por mais que fosse um ômega marcado, sentia medo, a presença dos alfas estavam grandes e seus cheiros mais ameaçadores. O ômega já estava com todos os sentidos em alerta, preparado para correr caso os alfas tentassem fazer algo consigo. 

Se repreendeu mentalmente por ter pegado um caminho vazio, onde só ele andava naquela neve toda. E pensar que seu alfa já o avisava para nunca ficar sozinho, nem todos os alfas do vilarejo eram tão confiáveis quanto alguns amigos do casal. 

Tentou correr quando as presenças se tornaram mais pesadas e mais próximas. Sua respiração estava descompassada e seus cabelos arrepiados, sentia o nervosismo correr por todo seu corpo como se fosse adrenalina. Suava frio e apertava a manga da roupa, tentando conter o medo que o rodeava. 

E de repente, quando o ômega já estava próximo ao centro do vilarejo, sentiu pesadas mãos o puxando para para trás. Tentou gritar, mas teve rapidamente sua boca tampada e seu pescoço apertado, dificultando a passagem de ar. Lágrimas grossas escorriam pelo seu belo rosto, que no momento se resumia a apenas uma expressão de horror.



Um arrepio subiu por toda espinha assim que empunhou o machado na mão. Seu lobo, gritava feroz dentro de si, o alertando que algo não estava certo. Foi então que Taehyung havia sentido medo, muito, mas o medo não era seu. 

A imagem do marido se passou por sua cabeça, ao mesmo tempo que sentiu seus músculos tensos e o gosto de sangue vindo da gengiva rasgada pelo dente canino afiado do alfa. Sentia seu ômega implorando por si, pedindo socorro, sentia o desespero do ômega e principalmente, sentia dor. Alguém machucava o seu ômega, o seu Jimin.

Não pensou duas vezes antes de largar o machado velho no chão e tentar correr para fora daquela floresta, cego pelo ódio e pelo instinto de proteção. Rosnou alto quando sentiu seu braço ser segurado no mesmo instante que estava pronto para sair dali, e ao virar sua cabeça em direção a quem lhe tocava, se deparou com o olhar indescritível de Yixing, o olhou alfa que estava o ajudando com a tarefa que conseguir madeira. Yixing não estava sozinho, ao seu redor, podia ver mais cinco alfas o cercando. 

— Se não me soltar, irei arrancar a sua mão. — Ameaçou, olhando fundo nos olhos do alfa que o segurava, sem se importar com os outros que estavam em seu redor. O que Taehyung havia aprendido na vida, era que quando seu ômega estava em perigo, era capaz de fazer qualquer loucura. Já havia ficado cara a cara com a fera que rodeava e atacava a vila apenas para garantir a segurança do seu filhote e do seu ômega, lidar com alguns alfas agora não seria nada. 

Quando percebeu que sua ameaça não havia resultado nada além de um sorriso que fez o Kim queimar de raiva, Taehyung apertou segurou fortemente o pescoço do alfa com a mão livre, dificultando a passagem de ar. O alfa se remexia, tentando se soltar e buscar pelo ar que lhe estava faltando, mas parecia que o Kim no momento havia se tornado um monstro.  Taehyung era um alfa de grande porte, era comum que o mesmo possuísse uma força desmedida, mas naquele momento, o Kim mais parecia uma fera raivosa, pronta para matar o primeiro que se metesse em seu caminho. Yixing podia ver a raiva nos olhos do Kim, jurava que até mesmo poderia ver o seu lobo rosnando e implorando por seu ômega.

Sua visão escurecia aos poucos, seu pescoço doía e Yixing poderia garantir que se Jaehyun não tivesse acertado a cabeça de Taehyung com um pedaço de madeira, provavelmente não estaria vivo. Tossiu como nunca quando teve seu ar liberado, sentia toda a pele do pescoço queimar porém apenas resmungou com a voz falha, e olhou para Kim Taehyung apagado sobre o chão. 



— Hoseok! — Yoongi gritou ao ver o alfa sair da taverna. Morreu de preocupação quando ouviu de Hyuna que o alfa estava sendo acusado de assassinato.  Não deu muito tempo para que o alfa pudesse o olhar ou reagir, apenas o abraçou com força, como se dependesse daquele abraço e do calor do alfa. E de certa forma, precisava.

Fitou a face apavorada do alfa, que retribuía o abraço de forma frouxa, diferente do comum. E então Yoongi pode ver um olhar que nunca viu depois de tantos anos, aquele mesmo que Hoseok estampava quando encontrou a mãe morta em frente a própria casa, um olhar de medo e temor, parecendo estar tão desorientado e perdido. 

— O que aconteceu? — A voz de Yoongi por muito pouco havia saído, estava sem reação ao ver o Jung em um estado que só havia visto quando pequeno. Não sabia bem o que fazer. 

Tentou tocar no rosto do mesmo, mas teve sua mão fortemente segurada, quase que o machucando. E lá estava o comum Jung Hoseok, o mesmo que engolia a  dor, o mesmo e ia em frente, que escondia sua dor por trás de uma máscara que parecia ser forte, mas era tão frágil quanto ele. Depois de tantos anos fingindo, depois de tantos anos aguentando, o alfa já não consegui mais, estava tão exausto de fingir que era forte, de que supera tudo que acontece em sua vida. A armadura que Hoseok construiu estava quebrada, já não conseguia mais mantê-la. Mas ainda precisava.

— Yoongi, me escute bem. — O alfa fez o ômega o olhar.  — Quero que vá para casa e fique com o seu pai agora. Faça isso agora, não o deixe sozinho. — Yoongi percebia como a voz de Hoseok soava tão quebrada quanto ele, mas não disse nada, apenas tentou prestar atenção no que o mesmo falava. 

Ia contestar o alfa, mas o que Hyuna lhe disse voltou a martelar sua cabeça e enfim pode pelo menos entender um pouco da situação, o suficiente para saber que um grande problema iria acontecer.

— Ainda acham que você e meu pai são os assassinos? — Perguntou vendo Hoseok apenas assentir. O alfa ainda estava tentando assimilar o que havia acontecido naquela "reunião", ficaram por horas naquele lugar fedorento até decidir que deveriam investigar mais antes de culpar alguém. Uma pena que uma parte não concordou com isso.

— É apenas uma acusação sem pé nem cabeça, mas acho que muitos levaram a sério. — Suspirou passando a andar de forma apressada ao lado do ômega. 

— Como assim? 

Deixando que um longo silêncio dominasse o ambiente por um tempo, Hoseok suspirou e se voltou para o ômega o olhando de forma séria.

— Alfas estão planejando fazer "justiça" com as próprias mãos. 

— Mas justiça pelo o que? Ninguém fez nada.

— Yoongi, eles foram atrás do seu pai. E depois viram atrás de mim. — Yoongi ficou estático por um curto período de tempo, engolindo o que o alfa falará. Não entendia o que os outros estavam querendo fazer, não se acusa e pune alguém sem provas. Todos estão enlouquecendo? 

— Como Hoseok? Como assim!? 

— Depois eu te explico corretamente, temos que ir até o Jimin. — Falará, voltando a puxar o ômega. 

Yoongi apenas deixou ser puxado, com sua mente perdida demais tentando entender o que estava acontecendo. Em apena alguns dias parecia que tudo na vila virará de cabeça para baixo. Um Ataque repentino do lobo. Um inverno rigoroso demais. Um assassinato. Agora planejavam fazer algo com Hoseok e Jimin por serem suspeito de algo que nenhum dos dois fariam algum dia. E ainda tinha a sensação de que o inferno ainda iria cair sobre aquele pobre vilarejo.



Jimin sentia sua cabeça girar e todo seu corpo doer, principalmente às suas costas que ardiam por estarem desnudas e em contato com a neve. Sua visão estava borrada por conta das lágrimas e mal ouvia a multidão que se formava em seu redor. Queria gritar de dor e de socorro, mas não tinha voz, quase não possuía sentidos que funcionassem no momento, por isso não ligou quando seu corpo fraco e machucado foi pego novamente. Tentava assimilar algo que acontecia, mas estava tão focado na dor de ter uma de suas pernas quebradas. Feridas de cortes feitas por facas afiadas estavam expostas e doíam. Via seu sangue indo embora, mas não podia fazer nada além de implorar para que aquilo acabasse.

Como se fosse algum tipo de troféu ganho com muita esforço, três alfas andavam por todo vilarejo exibindo o corpo machucado do ex Park, gritando palavrões e ofensas alheios. Assassino era o principal dos palavrões que recebia, e o único em que Jimin escutava com clareza.

 Assassino? Mas porque? A mente do Park vagava, tentando encontrar o porquê estava ali, sofrendo daquela forma tão tortuosa. Não conseguia pensar em nada que lhe fizesse parar naquele estado. Ouvia algumas vozes que se destacavam na multidão, como o chora de Jisung o chamando, como a voz de Yungsun gritando por ele. Entre outras. Eram poucas as que ele conseguia similar. Mas uma voz em especial foi a que o chamou atenção, a voz rouca e grave, porém doce gritava de desespero, gritava seu nome. Virou a cabeça com  dificuldade para o lado e pode ver entre toda aquela multidão uma única pessoa que se destacava, sua visão estava borrada demais, mas a capa cinza não o confundia. 

— O que estão fazendo!? Larguem ele! — Yoongi gritava parando em frente aos alfa. Manteve um pouco da distância por conta de Hoseok que o segurava. Pela forma que Hoseok segurava sua cintura, percebia o quanto o alfa estava irritado. 

— Saia da frente Kim, ou irá acabar como a puta do seu pai. — Disse um dos alfas entre um rosnado, tentando assustar o ômega e fazê-lo se afastar. Yoongi continuou firme, encarando o alfa de forma séria, tentando não se deixar abalar pela imagem do seu pai tão machucado e sendo exibido como um troféu.

— Deixe ele no chão Youngjae. Vocês não tinham o direito de machuca-lo sem ter provas.

— Calado, você não tem direito de opinar em nada! — Frente a frente com os alfas, a sorte de Yoongi foi que Hoseok o puxou para trás, ou a mão do outro alfa teria atingido em cheio em seu rosto. Repreendeu um rosnado, ninguém tocava em seu ômega daquela forma.

Jimin ouvia tudo que se passava, seu olhar cansado sobre o desconhecido de capa cinza fazia-o pensar que reconhecia aquela pessoa, mas não sabia de onde. Sua cabeça não conseguia pensar em nada ao invés da dor que sentia.  Via como aos poucos sua visão ficava cada vez mais borrada e mais escurecida, sua respiração mais fraca parecia sair no mesmo nível que a neve caia, calma, totalmente diferente da situação. 

Então é assim que termina? 

Se passava na sua cabeça. Não estava pronto para seu fim ainda, era jovens e ainda tinha muitas coisas para ver e experimentar. Tinha filhos, não os viu crescer completamente, não viu Yoongi formando sua família com Hoseok. Assim como não vou Jisung conhecer seu/sua ômega. E principalmente, não era aquele fim que ele queria. 

Não… não era para ser assim. 

Lutou para manter seus olhos abertos ao mesmo tempo que orou por ajuda, queria mais que nada estar nos braços quente do seu alfa, no aconchego da sua casa pequena, mas  confortável. Não queria estar sendo exibido como um animal abatido, não queria estar machucado e muito menos queria morrer ali, daquela forma, com àquelas pessoas. 



Não muito distante de toda a confusão, Taehyung caminhava em passos lentos e carregados de ódio. Sua cabeça latejava pela porrada levada longos minutos atrás e não sabia muito bem para onde estava indo, apenas seguia seus instintos, seu lobo que gritava internamente, implorando e sentindo toda dor do seu ômega.

Tae… Podia ouvir a voz – antes melodiosa agora dolorida e quebrada – do seu Jimin. Lhe chamando entre lágrimas doloridas de dor e desespero. Sentia uma sensação de queimação na mão, demonstrando o quanto estava louco para acabar com aquele que encostou as imundas mãos em seu ômega. 

Só mais um pouco. Já podia ouvir todo o barulho da multidão, as gritos, os choros, os uivos e as risadas. Todos juntos em uma melodia esganiçada e assustadora, provavelmente uma daquelas que ninguém escutaria. Exceções existiam, conseguia ouvir bem a bela voz do filho mais velho, essa que demonstrava raiva e parecia discutir também. Ouvia o choro do seu pequeno Jisung, implorando pelo pai ômega. E principalmente, ouvia a sua alma gêmea o chamando. 



Yoongi tentava conter Hoseok, o alfa rosnava como um louco na direção de Youngjae, querendo partir para cima do mesmo. Deveria admitir que o Choi merecia sim umas boas porrada, mas a situação já estava ruim demais, ter uma briga ali seria pior. Eram três alfas mais velhos e mais experientes contra apenas um jovem alfa, as chances de Hoseok sair vitorioso eram mínimas. Também havia o fator de que seu pai Jimin já estava abalado demais, não queria piorar seu estado.

Como se fosse algo qualquer, Youngjae jogou o corpo de Jimin novamente no chão coberto de neve branca – agora manchada pelo sangue do ex Park –. Ao chocar-se contra o chão, Jimin gemeu alto de dor, causando risadas nos outros dois alfas que acompanhavam Youngjae.

Como vêem graça nisso? Pensou Yoongi, atordoado por ver o pai sofrendo daquela forma. Por um mínimo segundo, fez a péssima escolha de se esquecer de Hoseok, no mesmo momento que deixou o alfa para socorrer seu pai, Hoseok já havia avançando sobre Youngjae. A raiva do alfa era tanta que se um dos alfas que estava com o Choi não tivessem segurando o Jung, Youngjae provavelmente seria atingido por bem mais que simples socos.

E então pareceu que o tempo estava correndo em câmera lenta, antes que Yoongi ao menos se levantasse para ajudar Hoseok, em um movimento rápido – lento aos olhos do ômega – Hoseok retirou a faca que sempre carregava consigo na cintura, e cravou a mesma na mão do alfa que o segurava. Se sentiu louco por ter achado os gritos do outro tão satisfatório, ou por ter achada que a neve manchada com o sangue que pingou da sua mão uma obra de arte tão linda. Pode ouvir a multidão surpresa pela sua ação, mas apenas ignorou, e assim que que finalmente solto, encarou o último alfa com um olhar mortal. 

— Quer que eu corte a sua também? — Ameaçou dando um passo para frente. Yoongi estava conhecendo uma parte de Hoseok que ele nunca havia visto em todo seus dezessete anos, conseguia ver bem que ali não era mais seu doce Hoseok, e sim alguém raivoso e louco por sangue. Ameaçou se levantar para ir até alfa, mas sentiu uma mão gelada apertar fracamente seu braço. Ao se virar, pode ver Jimin negar com a cabeça, o mesmo parecia estar com muita dificuldade para respirar. Soltou um suspiro e voltou a posição que se encontrava antes, de joelhos sobre a neve, com o corpo do pai sobre o mesmo. Encarou Hoseok e pediu para que esse alfa corresse para longe.

Nada. O alfa não fazia nada, apenas ficava encarando Hoseok, devolvendo o mesmo olhar mortal. Ninguém que estava em volta deles mexia um músculo para impedir uma possível briga, pior e mais perigosa que a outra. O alfa estava pronto para dar um passo à frente, sem quebrar o contato com os olhos do jung.  Youngjae caído sobre o chão, desnorteado porém consciente o suficiente para saber o que estava acontecendo, segurou a perna do amigo, impedindo que se aproximasse do alfa Jung. 

Jiaying olhou para o estado deplorável em que Youngjae estava. Vale mesmo a pena? Pensou, não estando nem um pouco bem em saber que poderia estar no chão, caído e com o nariz sangrando como Youngjae, ou com um corte profundo na mão como o outro alfa. Seu orgulho gritava que sim, que valia se ferir desde o momento em que não agisse como um covarde e corresse de um outro alfa qualquer com uma faca na mão. Já sua ração, gritava que não valia a pena, dava para ver no olhar de Hoseok em como o alfa estava louco para cravar aquela faca em seu peito. Ambos os lados gritavam, mas a primeira parecia a mais aceitável a se seguir. 

Fechou sua mão em um punho e puxou o braço para trás ao mesmo tempo que usou a perna esquerda como apoio. Estava pronto para socar o Jung, faltava bem um pouco, apenas mais um simples movimento para acerta-lo em cheio. Mas, ao ouvir um rosnado alto vindo de entre a multidão, parou e congelou no mesmo lugar ao imaginar quem poderia ser. 

O Kim passava por entre aquelas pessoas sem cuidado nenhum, sem se importar se estava empurrando ou machucando alguém. Rosnava alto para qualquer pessoa que o olhava ou que tentava o segurar. Não se mexe com um alfa irritado e louco pelo seu ômega, todos sabiam daquilo, por isso não contestaram quando o Kim passou entre eles. Hoseok encarou o sogro confuso pelo sangue que escorria da cabeça do mesmo, como se alguém tivesse o acertado. Mas apenas o olhava, sem coragem de se aproximar. 

Como se nada tivesse acontecido, Taehyung se abaixou de frente para Yoongi – que no mesmo momento se afastou, temendo um pouco o pai –  e pegou em seu ômega no colo. Era bem evidente a mudança de Taehyung, que antes parecia completamente descontrolada, agora parecia calmo e preocupado com o estada em que seu ômega se encontrava. Ignorando os olhares de todos, olhou para Jisung no colo de Yungsun e para Hoseok e Yoongi, ambos entenderam bem o recado do Kim mais velho e o seguiram.

Youngjae, que se levantou com a anda de Jiaying, limpou o sangue em seu lábio cortado e olhou com raiva na direção dos que saíram. 

— Isso não acabou, Hoseok. — Gritou, com certa dificuldade pelos lábios machucados. O Jung, sem parar de seguir o sogro virou minimamente o olhar para o alfa machucado.


— Isso com certeza não acabou, Youngjae...


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𝕺𝖓𝖊 𝖜𝖊𝖊𝖐 𝖆𝖋𝖙𝖊𝖗

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Yoongi atravessava a floresta com a culpa martelando sua cabeça. Desobedeceu seu pai alfa e deixou seu irmão aos cuidados de Cha Hakyeon apenas para ir na cabana sua e de Hoseok. Mas sua consciência estava um pouco limpa por saber que seu hyung era cuidadoso o suficiente para que não acontecesse nada de ruim com Jisung. Sabia bem que seu pai Jimin surtaria, e seu estado já não era um dos melhores.

O ex Park se recuperava bem dos vários machucados que adquiriu, até mesmo da perna quebrada, que estava bem encaixada no momento. Porém, os machucados que ficaram na mente do ex Park era bem mais fundo do que qualquer ferida em seu corpo. Yoongi se lembra do quão assustado o pai ficou quando foi deixado sozinho no quarto, a ponto de se jogar no chão e rastejar-se até o outro cômodo da pequena casa, indo atrás do seu alfa. Sem falar do estado apático que Jimin parecia estar, com a cabeça sempre distante e perdida.

 Seu pai com toda certeza não era o mesmo. Faz dias que não via o mesmo sorrir como sempre fazia. O brilho em seus olhos, que antes pareciam lindas estrelas reluzentes, foram reduzidos a mera inexistência. Jimin sempre gostou de receber carinho e atenção de Taehyung, mas agora, o ômega se negava com toda as forças a sair de perto do alfa – muitas vezes até dos filhos. Como o dia em que Yoongi teve que retirar um Jisung assustado do colo do próprio pai, que abraçava e apertava o pequeno alfas com todas as forças.

Não era apenas seu pai ômega que andava tão diferente e distante do que sempre foi, ao olhar de Yoongi, Hoseok também estava tão diferente que mal conseguia reconhecer o amado. Parecia que aquele doce e animado Hoseok havia desaparecido e sido substituído por um alfa arrogante, que a todo todo momento queria ir atrás de Youngjae e fazer o mesmo pagar pelo que fez a seu sogro. 

Yoongi já estava começando a achar que seu cio havia libertado uma espécime de maldição sobre a vila.

Suspirou, deixando todos os pensamentos ruim para trás e olhou para a velha e acabada cabana, novamente caindo na ideia de que se não fosse o colorido jardim que circulada a casa – que no momento estava coberto por neve –, a casa teria sempre aquela aparência de relaxamento. Andando entre as flores, em uma pequena estradinha terra e neve, Yoongi percebeu que havia algo de errado com o padrão das flores. Se aproximou para ver, o que havia de errado e se surpreendeu ao perceber aquela grande pegada animal, amaçando as flores que floreciam belas até então. 

Achou estranho, pois não existiam animais daquele tamanho naquele parte da floresta. Apenas a terrível fera, mas essa ficava mais adentro na floresta, fundo o suficiente para que nem mesmo a luz solar conseguisse entrar naquela parte. 

Ignorou, ainda confuso e se aproximou mais do barraco. O olhou bem antes de entrar, para ver se não havia nada errado do lado de fora. Nada. Tudo parecia perfeitamente em ordem. 

Ou quase tudo. Assim que encostou sua mão sobre a maçaneta e abriu a porta velha, ouvindo o típico rangido que a mesma fazia, teve seu corpo rapidamente puxado para dentro da casa. No mesmo momento, um cheiro cítrico e forte – uma mistura de laranja e limão talvez, não foi capaz de reconhecer –  invadiu suas narinas com forças. 

Pode reconhecer tão bem aquele cheiro, juntamente com a toque bruto em sua cintura. Quiz se encolher quando sentiu o outro violar os limites de distância dos corpos e afundar o rosto em seu pescoço, fazendo um breve arrepio subir por sua espinha.


Ômega… — A voz pouco conhecida, mas bem marcante em sua memória, sussurrou abafado. Quando Yoongi enfim teve a coragem de abrir os olhos, que nem havia percebido que foram fechados, pode ver bem o belo rosto do alfa em sua frente.

— Me solta. — Ditou e estranhou quando foi rapidamente obedecido. Achou que o outro faria a mesma coisa que na noite antes do seu cio.

— Seu cheiro está mais forte, não pude resistir. — Riu o outro. Uma risada tão gostosa que Yoongi se culpou por ter gostado. Tentou respirar fundo e ignorar o olhar desejoso do outro.

— Primeiro, quem é você e o que está fazendo aqui? — Tentou falar da forma mais calma possível, achacando que a situação já estava louca demais para surtar ali, agora e em frente aquele alfa estanho que havia o agarrado. 

O mesmo apenas suspirou e sorriu, deixando bem a mostra os dentes similares a de um coelho, e os grandes e salientes dentes caninos. Achou tão estranho, ainda mais pelos mesmos estarem sujos de sangue. 

— Fui tão mal educado que nem ao menos me apresentei. — Tentou se aproximar do ômega, este que se afastou e se encolheu contra a parede. Achou aquilo tão fofo que não pode resistir em pegar seu ômega e por o mesmo contra a parede. Yoongi no mesmo momento sentiu outro arrepio, o alfa era tão rápido e imprevisível que chegava a assustar. — Jungkook, seu alfa. — Deu ênfase nas últimas palavras, usando o voz de comando ativa. Por instinto fechou seus olhos e se encolheu contra o alfa. Era realmente assustadora a forma que ao mesmo tempo que o alfa o deixava tão apavorado, seu cheiro o deixava tão calma e extasiado que fazia até mesmo seu lobo se acalmar.  — E estou aqui para te levar comigo.

Como se estivesse em um sonho e fosse grosseiramente empurrado para a realidade, rapidamente abriu seu olhos e empurrou o alfa para longe, sentindo toda aquela esquisita sensação de segurança indo embora. Se afastou o máximo que pode, ouvindo o estranho resmungar coisas inaudíveis.

— Não encoste em mim, você é maluco. — Tentou sair da casa, mas no momento em que segurou a maçaneta, teve novamente seu corpo pego e jogado contra algo que reconheceu ser a cama velha que ficava ali. 

— Nem tente fazer isso. — Falou o alfa entre rosnados e se sentou ao lado de Yoongi, segurando as mãos do mesmo sobre sua cabeça. — Você não tem opção. Não vou deixar meu ômega naquele vilarejo, muito menos perto do Jung. — Rosnou no mesmo momento em que se lembrou da forma em que o mesmo tocava o seu ômega

— Não sou nada seu! — Yoongi se debateu o máximo que pode, tentando se soltar, percebendo que o alfa era forte demais para isso. — E muito menos vou a algum lugar! — Sentiu o aperto em suas mãos aumentar junto com a áurea do alfa, demostrando bem a irritação do outra. Esperou por qualquer coisa, porém o que recebeu foi o tal de Jungkook se afastando do seu corpo.

— Não vou te obrigar a nada, Yoongi, mas preste bem atenção nas escolhas que faz. Aquele pequeno inferno irá pagar por isso. — Foi a última coisa que Yoongi ouviu do alfa, que veio acompanhada pelo som alto da porta batendo com força e um rangido tão alto que fez os ouvidos de Yoongi doerem.

Por mínimos segundos, se sentiu aliviado por não estar mais sobre a presença do alfa. Mas o alívio logo passou assim que as palavras do alfa passaram a martelar sua cabeça. 



Taehyung observava o esposo levemente adormecido sobre a cama do casal. Tinha faixas pelo corpo inteiro, principalmente a perna quebrada. Suspirou e se sentiu ao lado do mesmo. Havia tão pouco tempo que havia adormecido e Taehyung já teria que o acordar para que comesse. 

Taehyung estava tentando ser forte por seu ômega e por sua família – principalmente por seu ômega — que estava passando pela pior fase. Mas era tão difícil ver o ômega naquele estado, completamente fragilizado e com feridas internas tão profundas.

— Minnie — O chamou gentilmente enquanto afagava os cabelos negros do mesmo. Pode ver de onde Yoongi aquela característica de ter cada fio do cabelo escuro como a noite. — Acorde para comer. — Chamou o mesmo pela última vez e teve seu corpo fortemente abraçado.  Jimin escondia seu rosto no peito do alfa e o farejava como se dependesse da presença e do cheiro de eucalipto do marido, e no momento realmente precisava. 

Taehyung suspirou se deitando ao lado do ômega e o abraçando com cuidado por conta dos machucados do mesmo. Sua mente viajada demais no que Youngjae havia feito com seu Jimin que nunca mais seria o mesmo. Ainda faria aquele alfa covarde pagar por ter posto suas mãos sujas em seu ômega. Mas no momento, se contentou em apenas ficar ali e oferecer a Jimin todos o apoio que poderia dar, pois era isso que o mesmo precisava no momento.



Taekwoon olhava para aquele monte de tecidos em sua frente, com a mente viajada demais para exercer a sua função de costurar, mal teria percebido que quase havia costurado seu dedo se não sentisse uma pequena pontada de dor no dedo. Resmungando, ele se levantou e olhou para a vó que ria, a menta sentada em uma cadeira de balanço costurando alguma camisa toda esburacada.

— Leo, não costure seu dedos na roupa. — Taekwoon resmungou, Assentindo com a cabeça. No exato momento em que a mais velha ia falar algo a mais, Taekwoon se assustou quando viu Yoongi encostado na batente da porta, com o típico e famoso sorriso doce e gentil.

— Podemos conversar? — Perguntou ele. Taekwoon apenas assentiu, prevendo que tipo de conversa teriam. 



O beta e ômega andavam próximos a cachoeira congelada, um pouco distante do vilarejo. O silêncio reinava no ambiente e ambos olhavam para direções completamente diferentes, admirando a paisagem cercada pelo manto de neve branca.  Yoongi pensava em alguma maneira de abordar aquele tipo de conversa com seu amigo. Já Taekwoon, em pequenas espiadas que dava no ômega, pensava o quanto era estranho ver Yoongi com aquele capa que por pouco não se arrastava no chão. Ao mesmo tempo que possuía pensamentos tão bobos como aqueles, sua mente pensava em alguma forma de escapar dalí, daquela conversa.

— Por que não me contou? — Começou Yoongi, parando de andar e se virando para Leo. No mesmo momento, o beta se abraçou e permaneceu com o olhar sobre a cachoeira congelada. 

— Uma gravidez não é algo que se conte a qualquer um, Yoongi. Principalmente se você for um beta que nunca recebeu um cortejo. — No mesmo momento em que uma brisa gelada se chocou contra seu corpo, se abraçou ainda mais e se arrependeu de não ter trago roupas mais quentes.

— O quem é o outro pai? — Alí estava a pergunta que Yoongi tanto receava em fazer. — E quando aconteceu?  — No mesmo momento, o semblante caído de Leo apenas piorou.

— Bom, sabe o comerciante Kim? Aquele que sempre vem aqui depois dos ataques do lobo? — Yoongi assentiu com a cabeça e o Jung prosseguiu — As vezes quando ele vem aqui nós… bom, acho que você já entendeu. Da última eu acho que ele ejaculou dentro e o resultado foi este que você diz. 

Yoongi o olhou um pouco chocado, ao mesmo tempo que assustado. Nunca foi de falar muito com o filho do comerciante Kim ou de ficar próximo do mesmo toda vez que ele vinha com o pai. Mas o pouco que conversou com o alfa sentiu algo estranho em relação a ele. 

— Não sei bem quando aconteceu, acho que na terceira visita. Sabe Yoongi, eu sei que está louco para saber porquê eu bebi daquela forma na festa da colheita. Pra ser sincero nem eu sei porque, eu só estava assustado com tudo isso, não pensei muito bem no bebê e agora… — Yoongi viu as pernas do beta vacilar e o mesmo cair sobre sobre a neve. Abraçou o beta e deixou que o mesmo escondesse o rosto em seu pescoço e se desfizesse em lágrimas sofridas. Permaneceu alí o tempo que o beta precisou até que se sentisse bem o suficiente para se recompor. 

Em certa parte entendia o beta. Estava sozinho e assustado em uma situação complicada onde não poderia contar a ninguém. Mas, beber de forma compulsiva, mesmo sabendo que gerava uma vida em seu ventre já estava indo longe demais. 

— Hey, ouviu isso? — Foi puxado para longe dos seus pacientes quando Taekwoon o cutucou, assustado com o barulho que veio de trás dos dois. No momento em que Yoongi se levantou, quase que havia escorregado na borda da cachoeira, a sorte foi que conseguiu manter o equilíbrio. Taekwoon já não obteve a mesma sorte, se levantou de forma tão brusca que escorregou e quase caiu, tentou buscar apoio em Yoongi, que o segurou de volta, tentando evitar que o amigo caísse na água gelada. 

Taekwoon tentou buscar apoio para escalar e subir novamente, mas as pedras que haviam ali eram escorregadias e machucavam sua mão. Yoongi se esforçava para puxar o amigo, mas sua força era pouca para puxar o Jung. 

Faltava bem pouco para que duas mãos se soltassem, Yoongi tentava, mas falhava, Taekwoon já visualizava seu corpo se chocando naquela água tão movimentada e gelada quando Yoongi já não era mais capaz de segura-lo. Por isso tentou segurar a primeira coisa que pudesse o salvar, nesse caso, a capa cinza.




Notas Finais


Uooooou
Esperam que tenham gostado e espero que estejam preparados para tretas, daqui em diante tudo só piora


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