História O Meu Lado da História - Como Me Sentia...

Cheguei na escola. Sala de psicologia, era vazia, o eco corria. Estava lá, Cinthia me esperando, com uma caderneta, do lado de uma poltrona. Então começou a falar:

_Sente aqui. 

Eu me sentei. E ela começou a fazer perguntas,  quase um interrogatório:

_O que você gosta de fazer? 

 Até aí perguntas simples. 

_Ficar em casa, dormir e comer. - respondi. 

Depois de quase uma hora de diálogo furado, ela chegou na  pergunta, que nem eu, sei responder:

_Como você se sente? Por que está se toranando assim, tão agressivo? 

_Eu... Eu, é, não sei o que eu sinto, não sei o que tem dentro de mim. Talvez apenas um espaço vazio que nada ocupa, nada. E eu também não sei, o que me faz agir assim, o que me faz pensar assim. 

_Você já tomou algo que pudesse afetar sua cabeça, seu cérebro? 

_Não, vivo apenas trancado em um quarto, você acha mesmo que iria tomar algo?! 

__Bom, obrigada. Continuamos segunda-feira tá certo?! 

Não falei nada sobre as drogas. Segunda-feira com certeza irei faltar. 

Quando cheguei em casa, minha mãe estava arrumada, e apenas disse que iríamos à o hospital que o Lucas está, ela nem esperou eu trocar de roupa. Eu apenas fui, cunfuso, mas fui. 

Na sala que Lucas ficou, estava junto com ele a Melissa, segurando em sua mão, com lágrimas no rosto. Eu, não tive reação, antes eu não tinha sentido nenhum remorso, mas depois de vê-la assim, tão para baixo, tão depressiva, eu só pensava em voltar atrás, e não ter feito nada. 

Minha mãe levou flores até ele, que estava desacordado, e disse que era para eu pedir desculpas. Eu fiquei indignado:

__Mãe, ele começou, ele que provocou isso tudo. E eu que tenho que pedir desculpas? Ah, e outra, ele ainda está desacordado então, o que vai adiantar eu pedir desculpas à um "quase morto"

Melissa que ouviu tudo, se pôs no meio de tudo dizendo:

__Olha Isac, por mais que o Lucas tenha feito tudo pra merecer, por mais que tenha te ofendido, por mais que ele, sem motivo algum mexeu com você, não justifica o estado que ele está agora, praticamente em coma. Ah, e mais, isso, se fosse com mais força, talvez estaria em um necrotério ao invés de hospital. Então se você acha mesmo que ainda tem razão, por favor, se retire daqui! Eu

Eu não falei nada, apenas caminhei, silenciosamente até a cama que ele estava. Coloquei minha mão em seu ombro, e pedi desculpas. Silenciosamente, voltei e até a porta do hospital, após sair, sozinho, comecei a chorar, muito, muito mesmo. Por fora não saía nem uma lágrima, mas dentro de mim estava caindo, como a chuva em uma ventania.

Pensava apenas em chegar em casa e me drogar outra vez. Entrei pela janela, porque a chave ainda estava com a minha mãe. Abri aquele saco, e tinha apenas 2 pedras, eu surtei, dei 10 murros na parede, e respirei fundo. Então usei pouco dessa vez, apenas a metade da droga, eu sabia que Lanna ou Matheus não me daria outro saco desses. 

Apenas queria contar para alguém, alguém que me ajude de verdade, alguém que eu confie. Mas naquele momento, nada, e nem ninguém, me tirava daquela realidade, tinha perdido confiança em tudo.