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História O meu mundo Ice and Fire - Arya III


Escrita por: ThaiSnow

Capítulo 18 - Arya III


Fanfic / Fanfiction O meu mundo Ice and Fire - Arya III

Arya III

- Por que você precisava do rosto? Eu não deveria ter deixado você matá-lo, eu deveria tê-lo feito.

- Jon, você não precisa me proteger. Eu não sou uma menina indefesa. Eu não sou Sansa, eu nunca fui e você sempre foi uma das poucas pessoas que conseguia ver isso em mim. Eu sobrevivi todos esses anos, eu matei mais pessoas do que gostaria. Eu matei para me proteger, eu matei pra me vingar. Eu matei sem querer, e eu matei cruelmente, sem honra,  porque eu precisava ou  porque eu apenas queria.

- Eu amo você, Jon. E eu amo que você ainda me veja como sua irmãzinha. Mas eu cresci e mudei.

Ela colocou o rosto que agora estava limpo, e não eram mais seus olhos que viam Jon, e sim os de Petyr. O espanto de Jon era genoíno, nem mesmo os dragões o haviam assustado tanto.  Tirou e voltou ao seu rosto. Nos olhos de Jon via a si mesmo, quando Jaqen fez isso com ela.  

- Quando eu fiquei livre do Cão de Caça eu fui até o navio mais próximo, eu pedi que ele me levasse até você, até a muralha. Mas ele não seguiria aquele caminho, ninguém seguiria. Então, eu segui outro destino, eu fui para Bravos, para a Casa do Preto e Branco, onde eu treinei para ser um Homem Sem Face, e servir o seu deus. Mas para ser, de verdade,  um homem sem face, eu deveria deixar de ser Arya Stark, eu deveria renegar quem eu era, eu deveria renegar você, Sansa, Bran, Nymeria. Eu não podia fazer isso. Então, eu voltei. Eu voltei pra você com todas as minhas cicatrizes e com todo o meu passado. Nós mudamos, Jon. E muito. Não se preocupe comigo. Eu não sou seu fardo. E eu estou mais do que contente em ter eliminado Mindinho. Eu esperava por isso há muito tempo.

Jon a olhou profundamente e lhe deu abraço, daqueles que costumavam ter quando eram crianças. Não importava o que dissessem, não importava que ele não era seu irmão de verdade, eles sempre se amariam dessa forma. Eles sempre seriam os Stark diferentes, os estranhos. O bastardo e menina com cara de cavalo que não gostava de vestidos.

 

- Vou tentar,  prometo. Mas você sempre será minha irmãzinha. Eu não consigo mudar isso.

- Por favor,  não ande como Petyr por aí, isso é assustador.
 

- Não se preocupe, não andarei. Acho melhor até deixar isso entre nós. Quanto menos pessoas souberem dessa minha habilidade,  maior o nosso trunfo. O Vale é seu e está feliz em ter se livrado de Mindinho. No entanto, acho que ele pode ser uma boa carta com Cersei.

 

- Você não irá até lá, sozinha, para matá-la. Nem pense nessa possibilidade.

 

- Você não conseguiria me impedir,  Jon.

- Mas prometo que não guardarei mais segredos de você, ok?

Jon estava aflito, ela tinha deixado seu rei angustiado e preocupado.

- Eu prometo,  Jon. Nunca mais farei nada sem que você saiba, ok? Fique tranquilo. Não pretendo morrer tão cedo, ao menos, não antes de vê-lo casado com a Rainha Targaryen e sentando naquele maldito e asqueroso trono. Você devia saber, o pai costumava dizer que era extremamente desconfortável sentar ali,  que as espadas, as vezes, cortavam os reis.

Ela riu e pôde ver que o irmão acompanhava seu riso.

- Quando vocês se casarão?

 

- Daqui a dois dias. A Rainha e quase todos os lordes querem essa aliança que  sedimentada o quanto antes.

 

- Não se assuste, afinal, não será seu primeiro casamento. E da forma que vejo, esse parece ter mais benefícios.

- Jon,  você jurou sua vida a Patrulha da Noite, jurou nunca ter filhos, terras ou esposa. Agora sua promessa é apenas para uma mulher, e ela inclui o oposto. Você terá terras, títulos e filhos.

- Daenerys tem razão, Jon, não é justo que o sacrifício do seu pai e do meu pai sejam em vão. Aparentemente, Targaryens devem andar pelo mundo.

- Apenas me prometa que, depois que tudo acalmar,  você me ensinará a montar nos seus novos dragões.

Ela conseguia aliviar a tensão e a responsabilidade que pesavam sobre os ombros Jon. Era perceptível seu pavor, Jon nunca havia cogitado casar. Ele nunca havia planejado ser Rei, Pai. E agora ele poderia ter essas coisas. E a sua esposa não seria qualquer mulher, era uma Rainha linda. Jon a merecia. Jon merecia o destino que lhe esperava.

 

- Que bom que você está tão bem humorada. Recebemos um corvo essa manhã. Aparentemente seu tio não pretende abandonar Riverrun, ainda sente-se inseguro. Mas a Irmandade dos Irmãos sem Bandeira segue para cá, pretendem jurar lealdade aos novos reis. Creio que em breve verá antigos amigos. E espero que, assim como fez com Melisandre, que eles não estejam mais na sua lista.

 

- Não farei promessas.

 

- Sim, fará. A não ser que eles apresentem qualquer ameaça, esses homens serão convidados nesse castelo. Eles ajudaram o seu tio. E eles nunca lhe fizeram mal, Arya. E eles não fizeram mal ao seu amigo. Se quiser, posso ordenar que o encontrem.

Era engraçado,  a forma como Jon falava com ela sempre a lembrava de seu pai. Até mesmo a forma como a abraçava e a beijava na testa.

 

- Ok. Me esforçarei ao máximo para ser uma boa menina.

- Deixe Gendry, talvez ele esteja melhor longe de tudo isso.

Jon se despediu, um pouco mais confortável com a sua promessa. Deixou o quarto dela e seguiu para suas tarefas e para verificar os preparativos para o seu casamento.

Sansa fora encubida da organização, sendo assim, só restava a ela fugir da irmã, não queria ser arrastada para bordados ou bolos.

Não tinha o menor interesse nos afazeres das festividades, preferia ficar à volta dos Dragões, e conhecer melhor a mulher que seria a futura esposa de Jon.

A mulher lhe inspirava confiança, mas, mesmo assim, não faria mal algum em conhecer um pouco mais a mulher que seria esposa de Jon.

Caminhou até os fundos do Castelo, local que havia sido destinado às tropas da rainha e aos seus dragões. Nymeria e Ghost estavam fora do castelo, o que era bom, assim não irritariam os dragões.

A mulher estava lá, com um belo vestido branco de lã. Fundia-se com a neve,  mas destacava-se em contraste com os seus dragões. Eles eram lindos e imensos. E tudo o que ela queria era voar em um deles. Mas sabia que os dragões provavelmente não a aceitariam. Ela não tinha sangue de dragão. Invejou Jon. Ele poderia,  se quisesse. Mas sequer tinha interesse. Toda a peripécia que aprontara dias antes tinha sido apenas para se impor.

-Vossa Majestade!

 

- Arya!

 

- Se importa se eu me aproximar,  será que eles me atacariam?

 

- Não, eles costumam respeitar àqueles que os respeitam e que não oferecem nenhum perigo. Quem sabe eles sintam que você e Jon tem alguma conexão. Eu nunca os ordenei a obedecê-lo, e mesmo assim, eles o fizeram.

 

- Jon é como você. Nos livros que eu lia, apenas os descentes de Valyria sabiam como controlar dragões.

 

- Não se preocupe. Eu estou aqui. Além do mais, Tyrion já interagiu com eles. E segue por aí, vivo.

 

Elas riram, juntas, ao imaginar a loucura que havia acometido o anão, dentre todos os homens, a libertar os dragões.

 

Ela estava impressionada. Os animais eram lindos. Conseguiu tocar em suas escamas e ficou fascinada.

 

- Como é voar neles?

- Jon poderia, se quisesse?

 

- É uma sensação maravilhosa. Uma liberdade que eu nunca havia experimentado antes. A primeira vez que montei foi em Drogon. Ele veio ao meu encontro para me salvar. Mas eles iam matá-lo,  Drogon não sabia o que fazer. Então eu subi nele. Ele não parecia estar muito confortável. Ele era o dragão dominante. Sempre havia sido. Ele era lindo, inteiramente preto.

 

- Sinto muito! Respondeu ao ver os olhos da Rainha cheio de lágrimas. Ela ainda lamentava a morte de seu Dragão.

 

- Viserion é muito gentil. É mais fácil voar nele.

- Rhaegal,  por outro lado, é mais selvagem. Ele não me deixa sequer subir nele. Talvez seu irmão consiga controlá-lo.

 

- Você homenageou seus irmãos com os nomes dos dragões, comentou.
 

- Jon não parece muito animado com o casamento...

 

- Eu não diria isso, minha rainha. Jon está assustado. Ele nunca pensou que casaria, ainda mais, com uma Rainha.

 

- Não sabia o porquê, mas gostava da rainha. Jon tinha sorte, a mulher era corajosa, gentil e linda.
 

- Você ama Jon, Arya?

 

- Sim, claro. Não importa de quem ele seja filho. Ele sempre será o meu irmão. Ele sempre será o estranho no ninho dos Stark,  assim como eu. Jon era deslocado por ser bastardo,  e eu por nunca ter desejado ser uma Lady. Além do mais, de todos, nós éramos os mais parecidos.

- Você viu, né! Sansa é ruiva, alta e linda. Ela mesma faz os seus vestidos. Eu, eu sei brincar com a minha agulha, apenas isso.

 

- E Sansa, como era relação dela com Jon?

Achou estranha a pergunta. Será que mulher desconfiava que Sansa poderia lhe causar qualquer perigo.

- Sansa era muito parecida com a minha mãe, a cada dia mais. E minha mãe era é uma mulher amável, mas ela nunca perdoou meu pai por ter trazido um bastardo para casa. Ela nunca perdoou Jon por ser, de todos os filhos de Ned, o que mais se parecia com um Stark. Ela nunca… ela o rejeitava e Sansa fazia o mesmo.

Sansa era uma menina estúpida. Bom, afinal, ela realmente gostou de Joffrey. Mas ela nunca desejou nenhum mal a Jon. Ela apenas tinha v-ergonha de ter um irmão bastardo, diferente do resto dos irmãos.

 

-Então eles não conviviam muito?

 

-Posso lhe chamar de Danny?

 

- Claro. Respondeu a Rainha, contente com a forma como estava sendo tratada.

 

- Nós éramos duas meninas e quatro meninos. Jon e Rob tinham praticamente a mesma idade. Um pouco depois, o pai trouxe Theon para morar conosco. Os meninos andavam juntos. Até mesmo Bran e Rickon que eram os mais novos os seguiam.

- Eu tentava,  quando me deixavam. Jon e Rob me acobertavam, na maioria das vezes. Jon mais do que Rob. Sansa, bom, ela gostava das coisas de menina. Ela gostava de ficar horas bordando.

- Morávamos todos no mesmo castelo, mas o tempo nos afastou. Além do mais, saímos desse castelo há tanto tempo. Perdemos tanto no meio do caminho.

- Sansa não é mais a mesma. Ela mudou muito. E ela ama Jon e nunca lhe faria nenhum mal, não precisa se preocupar com isso.

- Todos nós fomos criados por Ned Stark, e ninguém quer ele nos assombrando.

Não conseguia ter certeza se havia convencido a Rainha. Esperava que sim. Não entendia o motivo da desconfiança, mas Sansa sabia ser bastante ríspida quando queria.

Deixou a rainha e seus dragões e seguiu até o pátio principal de Winterfell. Resolveu acompanhar um pouco do treinamento e ficou assistindo Brienne. Ela adorava a mulher. Era forte e podia bater em qualquer um. Queria vê-la contra Tormund, quase todos queriam. Mas a mulher fugia do selvagem.

Sansa desconfiava que Tormund gostava de Brienne de outro jeito. O que as fizera rir. De fato, seriam um grande casal.

Não conseguia parar de pensar na desconfiança da Rainha em relação a Sansa. Achou que era melhor checar a irmã e tentar descobrir o que estava acontecendo. Varys seria útil,  o homem sabia de tudo. Mas não achava prudente deixar o assunto público. Teria que descobrir sozinha.

Procurou Sansa em todo o castelo e não a achava de jeito nenhum. Resolveu ir até o seu quarto e lá estava a irmã,  bordando lobos e dragões no que deveria ser a roupa de casamento de Jon. Se ao menos a Rainha a visse agora, talvez percebesse que Sansa ama Jon também.

Reparou, no entanto, que irmã não parecia feliz. Como se houvesse chorado.

- Sansa, está tudo bem? Estou procurando você já tem um tempo.

 

- Estava aqui finalizando as roupas dos noivos. A garota que acompanha a Rainha fala milhões de línguas, mas não sabe bordar. Assim como você, curioso, não.

 

- O vestido ficou lindo, Sansa. A rainha certamente gostará.

- E essa é roupa de Jon? Nunca imaginei que Jon se casaria, ainda acho engraçado.

 

- Jon agora é Rei. Reis e Rainhas devem casar. Sansa soava ressentida. Resignada.

 

- Você acha que Jon não deveria casar com a Rainha, Sansa?

 

- Não sei se podemos confiar plenamente nela. Você estava lá, você viu o que os Lannisters fizeram com nossa família. Como consegue ficar feliz com esse casamento, Arya?

 

- Porque ela não é Cersei, ou qualquer um daqueles malditos Lannisters. Ela, assim como Jon, tiveram que conquistar tudo o que eles têm, tudo que eles são.

- Sansa, não acredito que ela tenha qualquer intenção em fazer algum mal ao Jon.

 

- Espero que você esteja certa. Jon merece alguém que o ame. Que o trate corretamente. Ele passou por tanto.

 

- Sansa, talvez eles venham a se amar. Ou talvez eles tenham um casamento apenas pela aliança. Talvez eles casem com outras pessoas, o pai de Jon certamente fez isso.

- Sansa, porque você está reagindo dessa forma? o que está acontecendo? Com quem você acha que Jon deveria se casar.

 

- Não seja tola, Arya. Como saberei com quem Jon deveria se casar.

Notou que irmã estava estranha,  mais do que normal. Mas tinha medo de descobrir o que se passava na cabeça de Sansa.

 

- Arya, se não se importar, pode me deixar sozinha. Preciso terminar essas roupas e você está me desconcentrando.

 

- Antes de eu ir, me responda uma coisa, Sansa? Que raios está acontecendo com você?

- Por que você não está feliz por Jon?

- Você não pode, não depois de tudo o que ele fez por você, continuar odiando ele. Ele é seu irmão, ele a ama.

 

- Eu também o amo, Arya! Mais do que eu gostaria. Mais do que eu deveria. Jon é bom, é justo, é sincero, é um verdadeiro cavaleiro. Talvez o melhor Rei que Westeros poderia ter.

- Jon é carinhoso e amoroso.  A Rainha não poderia ter melhor sorte em encontrar um marido. Jon, certamente, é aquilo que todas as mulheres desejariam.

 

- Sansa, por favor, não me diga que… Você ficou louca? Nós fomos criados como irmãos.. Chega, não é possível que você ainda sonhe em ser rainha,  não depois de tudo pelo que passou.

- Esqueça isso. Eu certamente o farei. Jon irá se casar com Daenerys. É uma boa aliança, uma aliança que poderá assegurar a nossa sobrevivência. Uma aliança que nosso pai gostaria.

Saiu do quarto consternada com que discussão que acabara de ter com Sansa. Não era possível, como isso havia acontecido. Como? Quando? Seria uma obsessão de Sansa com aquela maldita coroa? Ela o amava de verdade, puramente?

Não podia pensar nisso, deveria esquecer. Jon jamais poderia saber e seja o que for que estiver acontecendo com Sansa, ela deverá resolver.

O casamento era crucial. Era uma aliança importante, especialmente com a possibilidade Cersei aparecer com seus exércitos em Winterfell.

Durante o jantar Sansa estava mais quieta do que de costume.

Jon e Daenerys pareciam mais confortáveis. Estavam se conhecendo, mas claramente poderiam gostar um do outro. Pensou que ficavam bonitos um ao lado do outro, e reparou que Sansa deveria notar o mesmo.

Daenerys era e teria o que Sansa sempre sonhou,  mas que o destino, cruelmente, lhe prometeu e lhe tirou. Ela quase havia sido uma Rainha, ela quase havia casado com Joffrey. Ela quase teve os seus filhos. Ao invés disso, casaram-na com o anão, depois, com um bastardo sádico.

Não entrava em detalhes, mas já havia visto algumas das cicatrizes que trazia em seu corpo. E havia escutado pelos corredores do Castelo as atrocidades atribuídas a Ramsey. Se não estivesse morto,  o mataria um milhão de vezes apenas para vingar a irmã.

Ao lado da irmã estava Theon, eles pareciam se entender melhor agora. Afinal, apesar de tudo o que ele havia feito, se não fosse por ele, talvez Sansa não estivesse viva. Isso foi o que fez com que Jon o perdoasse, sob a promessa, claro, de que se ele sequer tentasse traí-lo, não existiriam reinos o suficiente para Theon escapar de sua ira.

Jon não culpava Theon por Bran ou Rickon. Ele sabia que se não fosse por Theon,  Bran e Rickon teriam virado reféns dos Boltons e dos Lannister muito antes. Roose Bolton traiu Rob porque havia visto uma oportunidade, porque Rob havia perdido metade de suas forças quando rompeu seu compromisso com os Frey e quando sentenciou à morte o Lorde Karstark. Culpava Theon por ter traído Rob e por ter matado Sor Rodrik. Mas o homem sofrera imensamente nas mãos de Ramsey, mais que do que Jon conseguiria sequer imaginar.

Não era de estranhar a relação que Sansa e Theon tinham desenvolvido. Eles não precisavam conversar, apenas se olhar. Ambos haviam sido quebrados pelo mesmo homem. Ambos carregam suas cicatrizes.

Quando a ceia acabou, Sansa foi a primeira a ir para os seus aposentos. Precisava finalizar as roupas dos noivos, ao menos era o que dizia a quem perguntasse. Depois da conversa que haviam tido mais cedo, suspeitava que essa não era verdadeira razão.

Poucas pessoas ainda estavam no salão quando as cornetas anunciaram que haviam visitantes no portão. Um grupo desgrenhado, ela sabia quem era. Não precisava de mais informações do que isso. A irmandade havia alcançado os portões de Winterfell.

A mulher vermelha ficara animada, teria com quem conversar. Desde o que ocorrera entre ela e Davos, poucos se interessavam em manter contato com a sacerdotisa. Tyrion,  por vezes, a indagava sobre sua fé, sobre o Azor Ahai e o Príncipe prometido. Não parecia acreditar, mas, talvez, gostasse das histórias. Em breve, se ainda estivesse vivo, Thoros de Myr poderia lhe fazer companhia e, quem sabe, fazer coro às suas profecias.

Os homens entraram. Ela não podia acreditar no que estava diante de seus olhos. Ele havia morrido. Ao menos estava morrendo. Não queria demonstrar,  mas uma parte de si ficou feliz em vê-lo. Ela sabia, ele não estava na sua lista há muito tempo. A casa do preto e branco lhe  mostrara isso. O motivo pelo qual Arya o odiava era porque o homem havia cumprido ordens de Joffrey. Se não o fizesse, talvez estaria morto. A morte de Micah pertencia a ela. Era culpa dela.

O grupo estava maior do que da última vez, mas muitas faces conhecidas ainda estavam lá. Lorde Beric trazia mais cicatrizes. Thoros seguia bêbado.

Ao fundo, escondido entre tantas faces, um rosto que sonhara em rever, mas que imaginava impossível. Gendry! Ele estava vivo e, novamente, com a irmandade.

Nem pensou no que diriam, saiu do meio de alguns lordes que, sem querer, a escondiam,  e seguiu em direção ao amigo que há muito não via, foi interrompida pelo Cão de Caça.

- Veja só quem está aqui, a cadela chegou ao seu lar.

Rugiu o homem, furioso com ela. Embora não ligasse para a forma como ele a havia chamado, sabia que isso lhe custaria caro. Tentou, o máximo que pôde, entrar na brincadeira. Felizmente ele percebeu,  e pediu desculpas ao Rei. Dizendo se tratar de uma brincadeira que costumavam ter.

 

- Constrangido, tentou fazer reverências ao rei e a rainha. Arya pediu que desaparecesse da frente dos dois, e o homem assim o fez.

Sabia que antes de alcançar o seu objetivo teria que cumprimentar Thoros e Beric, e introduzi-los a Jon.

- Vossas Altezas. Me permitam apresentá-los os homens da Irmandade sem Bandeiras. Velhos amigos, da época em que perambulava pelas Terras Fluviais. Lorde Beric Dondarrion fora enviado pelo meu falecido a pai, à época Mão do Rei, com a missão de dar fim ao Montanha,  que aterrorizava os senhorios da região. Ele pertencia a guarda real do Rei Robert Baratheon.

- Thoros de Myr, Sacerdote do R´olor, assim como Lady Melisandre. Acompanha a irmandade e também fora bastante gentil comigo.

Olhou, mais ao fundo, e achou que era o momento de apresentar Gendry, da forma que ele deveria ser apresentado.

- Gendry,  um velho amigo que me acompanhou com Yoren, quando tentávamos chegar à Muralha. Gendry é o filho bastardo do Rei Robert Baratheon, talvez o último sobrevivente dessa casa e o único que Cersei não conseguiu matar.

Sabia que isso tocaria Jon e Daenerys. Talvez isso fizesse dele o senhor Ponta Tempestade. Jon poderia reconhecê-lo. Não sabia porque desejava isso, sequer havia perguntado se Gendry queria.

Finalizadas as introduções, os homens juraram lealdade ao rei e a rainha, e foram logo aproveitando para saciar um pouco de sua fome com o resto do banquete.

Aproveitou a confusão que faziam para falar, de forma discreta, com Gendry. Novamente, Cão de Caça a interrompera.

- Você, de novo! Já sei que está vivo. E se quer eu lhe diga verdade, estou feliz com isso. Então, faça-me o favor de se comportar para que seu status de vivo seja mantido.

 

- Sim, estou vivo. Não graças a você. Você me deixou lá para morrer miseravelmente.

 

- Que bom que eu o fiz, não. Se eu tivesse tido misericórdia você não estaria aqui, agora, a um passo de poder destruir Cersei e seu irmão zumbi que agora acompanha ela.

 

- Ou a um passo de lutar com mortos vivos. É por isso Beric está aqui. Ele acredita que é um tal de Azor Ahai. Ele o Thoros passam o dia falando merda.

 

- Se você não acredita neles,  porque está aqui?

 

- Bebida, comida e a sorte de morrer lutando me agrada.

 

- Fico feliz que esteja vivo, mas,  sério,  Jon é muito parecido com meu pai, com quem você pôde conviver um pouco. Ele é justo. Seja leal e será recompensado. Seja descontrolado e poderá perder a sua cabeça.

- Ah, antes que eu esqueça, Brienne está aqui. É a guarda de Sansa. Sugiro que se comporte. Você não querer apanhar para uma mulher na frente de todos.

- Não se preocupe, seu segredo está seguro comigo.

Deixou o homem resmungando enquanto ia até o fundo do salão, lá estava Gendry, encostado na parede e entornando um caneco de cerveja. Estava diferente, mais forte do que lembrava. E curiosamente mais parecido com Robert Baratheon.

- My Lady! Então esse é o seu castelo. Não imaginava que fosse tão grande.

 

- Já disse que pode me chamar de Arya. E, sim, aqui é Winterfell,  o lugar onde nasci,  o meu lar,  e se você quiser, o seu lar também.

 

- Eu estou com a irmandade, Arya. Seguirei com eles para a luta que está por vir.

 

- Achei que irmandade não tinha reis.

 

- Agora eles têm. Beric diz que precisa do seu irmão para combater a noite. Que é o príncipe prometido. Azor Ahai renascido. Ele vencerá a noite, Arya!

 

- Você realmente acredita nisso?!

 

- Claro que sim. Você viu quantas vezes Thoros trouxe ele de volta. O homem não morre. Esse deus deve gostar mesmo dele. Quem sou eu para dizer o contrário. Por que você tem sempre que ser assim?

 

- Jon também foi trazido de volta. Jon é um Targaryen. E se a sacerdotisa que te levou e que agora está aqui estiver certa,  ele é o príncipe prometido. Entendeu minha confusão? Muitos príncipes nessa história.

- Mas uma coisa é certa, com ou sem profecia, uma guerra se aproxima. E os caminhantes brancos são verdadeiros.

- Eu também estarei nessa  guerra,  não pretendo ficar para trás. Mas, se por acaso sobrevivermos, você deveria considerar que Winterfell pode ser seu lar, sim.

Ela saiu e o deixou ali. Ficou pensando nessa maldita profecia que os sacerdotes de R´ollor gostavam tanto de entoar. Lembrou que em Bravos faziam o mesmo. E segundo o anão, em Meeren Daenerys era quem preenchia esse papel. Queria que Beric fosse tal o príncipe. Não gostaria que fosse Jon. Preferia Jon seguro.



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