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História O Monótono Diário de Isaac - 19 de dezembro, 2018 - Quarta (21h53)


Escrita por: lyanklevian

Notas do Autor


Hey, Lyan aqui \o/

Conto com você como BETA-READER ^_^
Caso veja uma das coisas abaixo, pode me avisar:


- Erro ortográfico;
- Problemas na construção de frase;
- Trecho confuso;
- Ou qualquer coisa no texto que cause incômodo


MUITO OBRIGADA por estar me acompanhando na construção deste livro! <3

Boa leitura!

Capítulo 146 - 19 de dezembro, 2018 - Quarta (21h53)


Fanfic / Fanfiction O Monótono Diário de Isaac - 19 de dezembro, 2018 - Quarta (21h53)

19 de dezembro, 2018 – Quarta (21h53)


De: [email protected]
Para: [email protected]
Assunto: Um convite louco e… A sombra que me visitou

 

Hey, minha irmã espiritual. Tive dois sonhos essa noite. Um bem estranho, no pior sentido possível, e outro muito bom. Fazia muito tempo que eu não tinha sonhos leves.

Mas antes de contar essa parte quero relatar uma loucura que fiz. Antes que se desespere, já aviso que a loucura não foi exatamente ruim. Ao menos eu acho. É que liguei para minha avó ontem (não é essa a parte da loucura ainda, calma que chego lá). Eu queria saber como ela estava, e também xeretar o que o desgraçado do filho dela (meu progenitor) anda fazendo.

A voz de minha avó estava bem amuada, como se estivesse cansada da vida, o que me preocupa. Apesar de tudo o que ela já me causou, foi a única pessoa que cuidou de mim até a maioridade, não é? Acho que devo alguma gratidão por isso. Ficamos um tempo em silêncio, pois eu tive esperanças que ela contasse alguma coisa, mas ficamos num silêncio desagradável por vários segundos. Ah, que sensação horrível essa, de ficar no telefone com alguém cuja conversa não se desenrola! Parecia que tinha uma mão invisível apertando minha garganta, pois a voz não saía!

Até que ela mesma perguntou:

E como você está? Tá bem? Tem feito suas orações à noite?

Senti certa afabilidade na voz dela. Não tem como ter certeza, pois não estava vendo o rosto, mas na minha imaginação ela sorriu. Espero que eu esteja certo quanto a isso, pois a pergunta me deixou feliz.

Estou melhor”, respondi. “Rezo de vez em quando, para meu anjo da guarda”.

E quando falei isso, eu estava pensando em você, amiga. Porque me disseram certa vez que orar é conversar com Deus ou com os anjos Dele. E você é minha irmã espiritual de luz, então… Para mim é como se eu entrasse em contato com algo maior que eu nestes momentos em que lhe escrevo.

Que bom, que bom”, ela respondeu, e voltamos a ficar quietos por alguns segundos que pareceram horas.

Até que perguntei uma das coisas que estavam me incomodando:

E o traste, o que ele tem feito esses dias?

Quem? Ah, sim, seu pai… Não pode falar assim de quem tem seu sangue Isaac. Mas ele está na mesma de sempre, desempregado e bebendo muito. Só que depois daquele dia ele ficou estranho. Olha pros cantos como se visse o demônio em todo lugar. Se assusta com facilidade, e quase não para em casa.

Esse detalhe me chamou a atenção.

Ele não contou nada sobre aquela noite?

Não acho que ele contaria… Seu nome foi proibido aqui. Se eu falar de você, ou de qualquer coisa relacionada a você, ele fica nervoso. Foi bem enfático ao falar que não quer seu nome dito nesta casa. Virou palavrão… Então nunca nem perguntei. Tudo o que sei é o que diz no jornal que teu primo mostrou.

Hum… E o Jonas falou algo a mais sobre aquela noite?

Ele disse que é só aquilo que estava no jornal. Por que? Há algo que eu deva saber?

Engoli em seco. Ou ela é muito perspicaz, ou eu que estava dando mole com a chuva de perguntas.

Não tem nada além daquilo. É que foi horrível demais, vó. Uma cena muito feia de se ver, não vale a pena contar. Foi pior que filmes de terror…

Jesus Cristo”, ela disse. Tenho certeza absoluta que se benzeu com o sinal da cruz.

O traste deve estar com raiva de mim porque não tem dinheiro nenhum.

Ah, tsc… Ele ainda estava insistindo nisso?

A voz dela era de inconformidade.

Eu achei que ele já tivesse entendido que não sobrou nada depois que eu comprei a casa, mas aquele cérebro dele é podre. Não entra nada ali.

Ela não gosta que eu fale essas coisas dele mas, desta vez, não recebi bronca. Me pergunto se é porque minha avó cansou de lutar contra minha teimosia, ou se é porque ela finalmente começou a enxergar o filho inútil que tem.

Humm… Vó, ele ainda bate na senhora?

Ah, de vez em quando ele perde um pouco do controle, né… Mas seu pai é assim mesmo, não tem o que fazer.

E foi nessa hora que fiz a pergunta louca:

Desde que os gêmeos vieram morar comigo, a Casa das Flores ficou vaga. Por que não se muda para lá?

Eu quase nem acreditei no que tinha acabado de dizer. Ela manteve apenas três segundos de silêncio, e finalmente falou, enfática:

Está louco, menino? É aqui que eu moro desde que me casei com seu falecido avô! Minhas raízes estão aqui! Onde está com a cabeça de querer me arrancar de meu lugar?

Realmente, não sei onde eu estava com a cabeça, mas na hora me pareceu plausível. E o mais louco ainda foi eu ter oferecido algo que sequer e meu, e sem ter nem conversado a respeito com os Belson. Fui bem precipitado, e naquele momento agradeci que ela negou. Mesmo assim, continuei:

Sei que é estranho mudar de casa depois de tanto tempo, mas pode ser bom para a senhora… Ao menos, pense no assunto, tá? Aquela casa é boa. Você ficaria longe do traste, e seríamos vizinhos. Eu poderia te ajudar sempre que a senhora precisar”.

E por que em vez disso não me convidou para morar na sua casa? Não me quer aí, por acaso?

Ah, vó… Não fala como se eu fosse um desnaturado. Aqui os dois quartos já estão ocupados e, mesmo que tivesse um terceiro, você teria que ver eu e o Nicolas juntos o tempo todo, pois a gente é um casal, caso não se lembre. E você não ficaria à vontade nos vendo juntos o tempo todo, não é?”.

Você diz isso, mas não se beijam na boca, não é?”.

Não consegui evitar, e dei risada. Não era deboche, mas deve ter parecido.

Claro que nos beijamos na boca, vó… O tempo todo! Não teria motivo para eu não beijar meu namorado só porque umas pessoas cabeça-dura acham errado…

Ah, meu Deus… Mas isso não é certo…

Eu não entrei no assunto sobre o que era certo ou errado, porque a visão dela foi obstruída pelas merdas que as colegas de igreja dela falam. Lêem a Bíblia de forma literal, e nem percebem a hipocrisia disso, já que tem passagens bíblicas com absurdos incestuosos que ela finge não estar lá.

Vó, você achando certo ou não, é o que acontece. Eu o amo, e a gente se dá bem. Por isso nem sugeri de você morar comigo: para poupar nós dois desse papo desagradável. Mas pensa no assunto, tá bom? Assim você pode viver sem ter medo do próprio filho traste.

Eu achei que ela fosse retrucar, dizendo não ter medo dele, mas minha avó desconversou.

Meu lugar é aqui, onde Deus me proveu. Não vou sair. Tenho que desligar, tudo bem? Que Deus te abençoe. Reze toda noite, Isaac. Você precisa.

Eu sei que não devia ter oferecido a casa dos Belson como fiz, mas acho que só perguntei aquilo a ela por ter uma certeza inabalável que a resposta seria negativa. Depois fui conversar com o Nicolas, que estava mexendo num adubo para as plantas, e perguntei:

Eu estava pensando… O que acha de eu chamar minha avó para morar na Casa das Flores?

As sobrancelhas dele se elevaram, e ele riu.

Você, morando tão perto dela? Hum, não sei, Zak… As histórias que me conta dela são tão complicadas. Você está pensando em convidá-la?

Dei de ombros e mordi os lábios.

Já convidei… Mas ela negou com todas as forças.

Outra risada de Nicolas.

Eu não me importaria de emprestar a casa para ela, e acho que a Jack também não. O que me preocuparia é a proximidade dela quando você está se recuperando. Ela não costuma ter palavras macias como a Dona Rosa”.

Eu sei. Mas acho que eu conseguiria. E a Jack sabe domar ela de forma incrível. Poderia dar certo… Assim ela não ficaria perto do traste, e não sofreria os abusos de nervosismo dele.

Você tem que denunciar isso… Igual fizemos com a Sônia”.

Com quais provas? E outra, ele pode contar a história daquela noite do jeito dele, sobre eu ter empurrado o…”. Me calei por um momento, e o Nicolas esperou. “De qualquer jeito, não posso simplesmente sair falando que o traste bate em minha avó. E sei que ela nunca iria depois contra o próprio filho. Por isso achei que manter ela por perto é uma boa.

Vou falar com a Jack, mas sei que ela não se importaria. Nossa casa está parada, nem conseguimos alugar. Se sua avó aceitar, diz que ajudamos com a mudança.

Segurei as mãos dele.

Obrigado, Nick!

Ele franziu o cenho.

Mas tem uma condição… Você precisa ver um psicólogo, Zak”.

Eu sei disso, droga… Eu já disse que vou, não disse? Mas não tem que ser agora. Deixa eu curtir o fim desse ano e início do próximo sem ter que ficar cavocando meu limbo, pode ser? Deixa eu fingir por uns dias que tá tudo bem!

Com aqueles pesadelos que você anda tendo? Não tem como fingir que está bem, Zak.

Estou bem. E vou fazer a porra da terapia, juro! Só não fica me colocando contra a parede. Me dá pânico.

Eu saí sem esperar uma resposta. Realmente quero passar esses dias de Natal e Ano Novo sem ver ninguém que pergunte sobre meu passado, ou como estou me sentindo. Por enquanto estou feliz conversando com o Nicolas e fazendo estes relatos a você. Não que eu não precise de um profissional direcionando as coisas, não é isso. Mas… Ah, foda-se: eu ainda não estou pronto. É isso. Estou com um medo absurdo de ter um treco na frente de um estranho, e querer morrer depois de tanta vergonha.

Enfim. Aquele livro pode ajudar em algo (já terminei de ler, e acho que vou começar de novo). Estou vendo muitos vídeos relacionados a essa coisa de auto conhecimento, de como nossos pensamentos geram ações, e percebo a cada dia que esse assunto é mais denso e vasto que imaginei.

Ah, sim. Sobre o pesadelo e o sonho. Eu já ia me esquecendo…

Ambos foram essa noite. Primeiro, aconteceu o pesadelo, mas desconfio que foi pior que isso, e você vai entender o porquê. Aconteceu assim: em meu sonho eu estava exatamente na sala. Mas o curioso é que sempre que eu sonho com minha casa, ela parece meio lúdica, com elementos oníricos e absurdos, como um sonho. Todos os outros pesadelos aconteciam em outros locais, sempre com cenas muito exageradas, e coisas assim. Mas neste sonho eu estava olhando para minha sala, e não havia nada de bizarro nela. Era de fato minha sala. Mas havia lá uma sombra. Um homem parado, me olhando. Eu não vi quem era, pois era apenas uma silhueta escura e um pouco disforme. Ao vê-la, senti um pânico imenso, e subi para meu quarto. Neste momento a coisa mais estranha aconteceu: eu meio que percebi que estava acordado, mas não consegui abrir os olhos.

Dá para entender o quão louco é isso? Eu estava consciente de que estava deitado, com os olhos fechados, e não conseguia me mover. A única coisa que eu conseguia controlar era a respiração. E mesmo com os olhos fechados eu vi aquela sombra vindo para meu lado. Não era como num sonho comum, amiga. Eu realmente percebi isso acontecer. E a sombra apenas parou ao meu lado e ficou me olhando, enquanto meu pânico aumentava. Eu comecei a respirar mais rápido, e tentei gritar. A única coisa que consegui, foi gemer.

Sim, eu ouvia minha própria voz gemendo, pois eu estava consciente, caralho. É isso que me deixou mais apavorado. Eu estava consciente, mas ao mesmo tempo preso no pesadelo.

Então o Nicolas me acordou. Disse que eu estava fazendo sons estranhos.

Nick, tinha alguém aqui, me olhando…

Eu me levantei e acendi a luz do quarto, do corredor e do banheiro. A porta do Lucas estava fechada, então fui espiá-lo. Estava tudo bem.

Zak, era só um pesadelo…

NÃO! Eu sei como pesadelos são, e isso foi diferente. Foi real. É aquela coisa que você e a Jack falam de espírito, Nick. Tenho certeza”.

Então contei a ele o que acabei de lhe relatar. Ele concordou que era diferente, e que poderia, sim, ser algo do tipo. Uma visita “dele”. Mais tarde contei para a Jack, e ela disse que a forma de afastar isso é mantendo uma vibração boa, como um mantra.

Manter vibração boa? Ok, estou ferrado.

Me pergunto se era o Marcus querendo se vingar. O curioso é que a sombra não falou nada, nem levantou um dedo contra mim. Apenas ficava olhando, me causando aquele pânico.

Ah, que sensação horrível!

Fui no banheiro, ainda mantendo todas as luzes do andar de cima acesas (menos a do Pinguinho, que estava dormindo), e depois voltei para a cama.

Nick, obrigado por me acordar. Eu estava realmente preso naquela merda de pesadelo. Totalmente consciente de estar aqui, no quarto, mas preso. Eu não conseguia me mexer. Não conseguia abrir os olhos”.

Se eu perceber isso de novo, te acordo mais uma vez, tá?

Uhum… Valeu, Nick. De verdade”.

Como ainda estávamos no meio da madrugada, voltamos a dormir. E voltei a sonhar, mas desta vez um sonho bom como eu não tinha há tempos. Sonhei com você. Estávamos num campo aberto, todo gramado e com flores. Você estava ao meu lado, e esticou a mão para meu peito. De lá, você tirou uma pedra vermelha que estava me causando dor. Fechou-a em sua mão e, quando voltou a abrir, a pedra tinha se tornado cristalina, se desfazendo em centenas de borboletas que voaram para longe. As borboletas pousavam, cada uma, no peito de uma pessoa diferente, e as fazia sorrir. Então você me olhou novamente, piscou, e eu acordei. O sol já estava nascendo, então nem voltei a dormir. Anotei esse sonho estranho, para não me esquecer, e fui para o banho pensando a respeito.

Eu juro que até agora não entendi. O jeito como as coisas aconteceram foi bem vívido, e me parecia muito com um enigma. Só para você saber, eu não costumo ser bom em enigmas. Prefiro que as coisas sejam ditas de forma clara, sem um monte de simbologia, pois se eu interpretar essa coisa de forma errada posso acabar fazendo o oposto do que deveria.

Minha dor se tornando um bando de borboleta cristalina e indo até os outros e fazendo-os rir? Minha vida é algum tipo de piada, por acaso?

Bom, estou confuso ainda, mas mesmo assim sonhar com você me traz uma sensação de paz que não sei explicar. Bem semelhante a quando abraço o Nicolas e sinto o perfume da pele dele.

Ah, e por falar nele, nessa sexta-feira vão ser retirados os pinos externos, mas manterá imobilizado. O Nick diz que está louco para voltar a dirigir, mas só vai poder fazer isso mês que vem.

Parece pouco tempo, mas a experiência tem me mostrado que muitas águas podem rolar até lá.

Que sejam águas boas, porque não sei se tenho mais forças, amiga. Vou ficar por aqui, pensando sobre a coisa das borboletas. Bye, minha querida irmã espiritual.

 


Notas Finais


Links que você poderá gostar: https://linktr.ee/lyanklevian


OBSERVAÇÃO: para quem está com dúvidas sobre a PRONÚNCIA de meu nome:

FORMAS ERRADAS:
- LiÃÃN K. LeviÃÃN ❌
- Lyan "KLEVIAN" ❌

FORMA CORRETA:
- LÝan Ká LÉvian ✅

Ou seja: a sílaba tônica são as primeiras, e o "K" é lido sozinho, pois é abreviação de "Kohime".

KISSES~KISSES
Lyan K. Levian


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