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História O Monótono Diário de Isaac - 28 de dezembro, 2018 Sexta (16h12) - (parte 1 de 2)


Escrita por: lyanklevian

Notas do Autor


Hey, readers ^_^

Como estão? Mais um capítulo para esquentar esse domingo.

Escrever tem sido difícil, pois os dedos DOEM AO DIGITAR 😢

Eu não gosto de frio. Nossa, que época difícil pra mim... T__T

Enfim, chega de papo furado.

Boa leitura! ^_^

Capítulo 150 - 28 de dezembro, 2018 Sexta (16h12) - (parte 1 de 2)


Fanfic / Fanfiction O Monótono Diário de Isaac - 28 de dezembro, 2018 Sexta (16h12) - (parte 1 de 2)

 

(parte 1 de 2)

 

28 de dezembro, 2018 – Sexta (16h12)


De: [email protected]
Para: [email protected]
Assunto: Sou uma contradição ambulante


 

Amiga, boa tarde! Nesses dias a floricultura está fechada. Vamos reabrir somente depois do réveillon, na semana que vem.

Todos os dias estamos almoçando aqui fora, naquela mesa grande de madeira, como se fosse um piquenique (tivemos que sair matando as aranhas da área, para ficar seguro para o Pinguinho). Mas antes de sair contando o que eu quero, preciso voltar o relato para aquela terça de Natal.

Bom… Depois que enviei aquele e-mail, me levantei e fui até a porta de casa onde o Nicolas estava sentado com o Lucas. Ele percebeu que tinha alguma coisa louca se revirando dentro de mim, pois perguntou:

Zak, tá tudo bem? Você parecia elétrico enquanto escrevia… Aconteceu alguma coisa?

Não sei ainda”, respondi. “É que tem essa coisa dentro de mim. Um senso de propósito, acho. Quero deixar de ser um inútil, Nick…

Você sabe que não gosto que fale assim…

Mas é como eu tenho me sentido desde… Sei lá, desde que nasci!

O Pinguinho estava nos olhando com atenção, e isso me preocupa. Vai que ele resolve repetir tudo por aí, na escolinha? É capaz de a professora dele acionar o conselho tutelar para que eu mantenha distância, alegando que o namorado do pai é um depressivo tóxico.

O Nicolas suspirou para mim, e depois olhou para o Pinguinho:

Lu, já passa da hora de você ir dormir.

Mai eu to di féias. Queio ficá aquiiii…

O papai precisa conversar com o Zak, tudo bem? Me dá um beijo de boa noite, e pede pra tia Jack colocar pasta de dente na sua escova.

Ele fez uma carinha emburrada e tentou apelar para mim ao olhar com aquele bico enorme que dá vontade de morder.

Logo a gente também vai dormir… Já está muito tarde”, falei, e ele finalmente entrou para a sala onde a Jack e o Jonas jogavam cartas. Fechei a porta, encerrando a luz dentro da casa, o que fez com que a varanda escurecesse um pouco, j´que não temos iluminação ali. “Desculpe falar aquelas coisas na frente dele… Na hora eu nem pensei”.

Não tem problema… Vem cá e me conta o que houve”.

Sentei ao lado dele, e fiquei admirando os olhos verdes. Respirei fundo, prendi o ar nos pulmões por alguns segundos, e depois os soltei de uma vez, soprando minha franja, que escorregava até o nariz.

Nick, você mais do que ninguém sabe pelo que eu passei. Você viu”. Ele abaixou a cabeça. Eu não queria invocar aquelas imagens na memória dele, mas não tinha como eu me expressar sem falar daquelas coisas. “Se eu pudesse, faria com que mais ninguém passasse por aquilo. Nunca, nunca… Só que eu não tenho como fazer isso”.

Zak, se eu pudesse

Ele segurou minha mão, perdendo a fala.

Eu sei”.

Por isso que eu e a Jack vivemos insistindo para

Sim, eu sei disso também. E depois da virada do ano vou ver alguém. Prometo, tá bom? Psicólogo, psiquiatra, sei lá. Quero começar a consertar essa bagunça aqui dentro.

O Nicolas beijou minha mão com um belo sorriso em um rosto mais belo ainda.

Foi essa resolução que fez você ficar eufórico daquele jeito enquanto escrevia?

Ah, não. Não foi isso”. Respirei fundo. “Eu ainda não tenho certeza do que é, mas… Quero fazer algo, sabe? Quero um propósito pra minha vida. Aquele dia que fomos no hospital vi uma menina agradecendo uma médica, e… Ah, não sei”.

Cocei a cabeça e encolhi os ombros.

Hã… Por acaso está passando em sua cabeça de fazer medicina?

Em momento algum eu havia pensado nisso. Mas assim que ele me fez a pergunta, a imagem dos membros dilacerados do Marcus vieram à tona. Sangue escorrendo na estrada de terra… Aquele cheiro nauseante… A carne e os ossos expostos.

Coloquei as mãos nas orelhas, como criança burra que acha que isso vai de alguma forma impedir que a mente continue trabalhando.

NÃO!”, respondi, tentando controlar a respiração. “Medicina nunca! Nicolas, eu não aguentaria ver aquelas coisas de novo… E se mais alguém morresse na minha frente, eu… Ah, droga… Droga…

As lágrimas começaram a escorrer mesmo com eu fazendo força para segurá-las.

Desculpa, foi só uma ideia besta. Vem cá! Me desculpe mesmo…

Aceitei o abraço dele. Estávamos sentados na varanda, com as pernas esticadas no tablado de madeira. Aos poucos o calor dele em volta de mim fez com que a respiração voltasse ao normal, apesar de meus olhos ainda estarem úmidos.

Eu quero ajudar alguém, Nick. Não tenho como impedir que essas coisas aconteçam, mas quero ajudar. Depois que li aquele livro, que comprei esses dias, me dei conta que tem mais gente com a cabeça na merda do que imaginei”.

Você comprou aquele livro para entender melhor como sua cabeça funciona, não é?

Uhum

E gostaria também de entender como a cabeça das pessoas funcionam… E agora veio com esse papo de querer ajudá-las”.

Ele estava contendo um riso.

Está debochando de mim?

Não. É que está tão óbvio que chega a ser cômico você não ter notado. Sua raiva de psicólogos está turvando seus pensamentos. Por isso não percebeu”.

Eu estava com a cabeça encostada no ombro dele, mas me afastei para encará-lo. Eu estava com os olhos arregalados e juro que senti uma pedra de gelo bater na barriga, ao mesmo tempo em que uma bola de fogo queimou o peito.

Até agora não sei como não virei um palito de carvão.

Você quer dizer… Psicologia?

Sim.

Eu, Isaac Rodrigues, cursando psicologia? Eu, o cara com toneladas de merda na cabeça… Tratando da cabeça dos outros?

Nicolas deu de ombros.

Claro, e por que não?

Não resisti.

Hahahahaha! Eu fazendo psicologia! Aaaaahahahaha! Hahaha… Haha…

Comecei a rir como um retardado, mas não durou muito. Tão rápido como a gargalhada começou, a coisa quente no peito tomou conta de tudo. Abaixei a cabeça, e comecei a chorar abertamente. Chorei. Chorei e derramei em forma de lágrimas toda a euforia que estava presa em mim.

Como, Nick?”, perguntei em meio aos soluços. “Como eu poderia ajudar as pessoas assim? Olha pra mim, Nick. OLHA!

Ele segurou meu rosto.

“Eu sempre olho para você, e o que vejo é uma pessoa que nunca conseguiu se enxergar. Estou sempre te observando, e a cada dia fico mais encantado com o homem à minha frente, Zak.”

Homem na sua frente? Onde? Eu estou mais para um moleque”. Limpei as lágrimas, e tentei amenizar: “Eu vou ver um psicólogo, mas você vai ter que tratar da sua visão, que está meio ruim…

Ele não riu.

Você vai conseguir ajudar muitas pessoas quando se enxergar… Não deboche das coisas que falo”.

Eu… Não estava debochando de você…

O Nicolas se aproximou, encostando a testa dele na minha.

Eu sei. Foi pior: Você debochou de si mesmo. Você faz isso o tempo todo, e às vezes chega a ser triste ver como você pensa mal de si mesmo.

Ele me olhava firme. Os olhos verdes não vacilaram como os meus. Encarei o piso de madeira.

Você acha mesmo que eu seria capaz de fazer uma faculdade desse tipo?

Estou diante de um cara inteligente demais. Você me ajudou a estudar há uns meses, e vi como essa coisa aqui dentro funciona bem quando não está se depreciando”, falou, cutucando minha cabeça.

O elogio desceu como um mousse de limão. Doce e azedo ao mesmo tempo. Mas muito saboroso.

Eu não sei se consigo me imaginar sendo tão incrível assim”, confessei, com as lágrimas voltando a escorrer. Meu rosto já estava vermelho, daquele exato jeito que faz eu detestar olhar no espelho. “Fazendo um curso importante desse, para

Para ajudar as pessoas a passarem por coisas como as que você e eu passamos.

Meu peito continuava queimando. A coisa se expandia, subia por meu pescoço, tomava meu cérebro e vazava pelos meus olhos. Me perguntei dezenas de vezes naquela noite… É isso mesmo? E tudo o que meu ser conseguia responder era: “É isso, é isso!

Olhei para cima quando um vento passou pela copa das árvores. Dava para ouvir os morcegos voando ao longe, produzindo aqueles chiados agudos. Eles estavam lá o tempo todo, mas só naquele momento os notei. E os insetos, que sempre fazem algazarra, pareciam cantar. O som da noite pareceu lindo naquele instante.

Eu não sei se alguém como eu seria capaz de ajudar as pessoas… Eu nem gosto de pessoas…

Ouvi um riso bonito de meu namorado.

Isso não é verdade. Já percebi que você odeia multidões, mas sempre que conversa com alguém sobre algo que lhe interessa, você se transforma”.

A gente ainda está falando de mim?

Ele riu outra vez.

Eu não disse? Você não percebe a si mesmo, Zak”.

Aquele mesmo vento que estava chacoalhando as folhas chegou em meu rosto. Estava fresco e agradável, fazendo os caminhos de lágrimas em meu rosto terem uma sensação gelada. Sequei-as na manga da camiseta.

Me parece tão errado eu me olhar de forma positiva. É como se uma coisa dentro de mim dissesse que não posso ser feliz, não posso me achar bom. Essa coisa às vezes tem a voz de meu progenitor, às vezes de minha avó, e em alguns momentos até a voz da Hellen aparece.

Mas na maioria das vezes é minha própria voz repetindo tudo o que eles já me falaram ao longo de anos de convivência. Todas as coisas que aprendi sobre mim mesmo vieram deles. Entendi desde cedo que, por viverem comigo por tnto tempo, eles sabem mais do que eu. Entendi que não posso me glorificar por meus méritos, que não posso gostar do que vejo no espelho, e que nada do que faço é correto, pois sou um desviado do caminho de Deus.

Quando conheci os gêmeos, esses discursos mudaram tanto que de início foi desconcertante. Aliás, ainda é um pouco, como quando o Nicolas disse que sou um “homem inteligente”. Acho que desde que me mudei estou sendo mimado por eles (até demais, na minha opinião). Às vezes parece que estão debochando de mim, pois a forma como demonstram me enxergar é quase oposta ao que eu tinha na minha cidade de origem, com meus parentes. Quando ouso concordar com alguma dessas visões deles, mesmo que minimamente, sinto que estou desagradando a Deus, pois “o correto seria enxergar quem sou de verdade”.

Mas… Quem sou eu de verdade?

Aquela conversa com o Nicolas ajudou a enxergar um pouco melhor aquele êxtase que eu estava quando lhe mandei o e-mail anterior.

Fique abraçado a ele, olhando nosso jardim escuro enquanto os sons da noite enchiam nossos ouvidos. Ele acariciava meus cabelos, e eu apenas me entreguei, amando aquele gesto agradável.

Eu estava quieto, aparentava serenidade, mas em minha cabeça as perguntas fervilhavam: eu mereço esta felicidade ao lado dele? Eu mereço pessoas tão incríveis como a Jack e o Lucas? E a pergunta que mais fez meu coração acelerar: Será que eu consigo?
 

(continua na parte 2/2)


 


Notas Finais


Domingo que vem tem a segunda parte ^_^

K I S S E S ~ K I S S E S

Lyan K. Levian


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