P.O.V Lucas
Eu não posso acreditar que Guilherme está me beijando.
Ele larga a faca no chão e põe as mãos na minha cintura, me puxando para mais perto dele.
Estou tão surpreso que não consigo fechar os olhos, porém percebo que ele quer a língua. E sem responder aos meus atos concedo passagem.
É um beijo rápido e voraz. Finalmente me entrego e permito fechar os olhos. Realmente está muito bom. É melhor que os beijos do Davi.
Nos separamos sem ar. Guilherme me encara por alguns segundos e depois começa a beijar meu pescoço.
Percebo que ele está excitado e meu órgão começa a dar sinais de vida.
Guilherme começa a tirar o cinto e eu o interrompo: — É melhor pararmos.
Ele ao ouvir aquilo se afasta bruscamente de mim e sua fisionomia muda.
— O que eu fiz? — Ele se pergunta indignado e em tom baixo.
— Guilherme não se preocupe, eu não vou contar para ninguém. — Digo tentando tranquilizá-lo, se esse for o problema.
— Cala a porra dessa boca. — Guilherme dá um grito.
— Mas… — Tento falar, porém ele me dá um soco no rosto.
Caio no chão com o impacto. Meu nariz está sangrando.
— Eu te odeio seu viadinho de merda. — Ele me olha com raiva. — Você vai pagar caro.
Guilherme transtornador se vira e pula o muro da mansão.
Eu me levanto com dificuldade ainda horrorizado com o que ele fez.
Será que Guilherme é esse monstro, mesmo? Por que ele me beijou? Será que ele sempre gostou de mim todo esse tempo?
Eram tantas perguntas.
— Meu Deus, a Damiana. — Digo me lembrando dela e do casal na sala.
Decido ir até lá correndo.
Chego na sala de estar e vejo Damiana e Débora desmaiadas e Estevam no celular.
— O que aconteceu com você? — Ele pergunta interrompendo a ligação.
— O Guilherme me deu um soco no rosto. — Respondo. — E elas?
— As duas desmaiaram. — Estevam responde aflito. — Eu chamei a ambulância. Ela já está a caminho.
Me aproximo de Damiana: — Força minha amiga!
_Quebra de tempo_
P.O.V Mariana
Estou arrasada, destruída.
— Minha filha vai lá tomar um banho, tirar esse vestido. — Minha mãe pede, ao meu lado.
— Eu não quero! — Respondo aos prantos. — Eu quero chorar até morrer.
— Para de exagerar minha filha. — Diz minha mãe.
— Exagerar? Eu amava o Guilherme. — Digo. — Ou melhor, eu o amo. Você sabe que sou de detestar pessoas, mas com Guilherme foi diferente.
Nisso meu pai entra no quarto e se senta ao lado de minha mãe, na cama.
— Se você realmente o ama então irá perdoá-lo. — Ela fala.
— Não tem como mãe, ele é pobre. — Respondo. — Eu odeio gente pobre.
— E qual o problema de ele ser pobre? — Minha mãe questiona. — Eu não te ensinei a ser desse jeito.
— Sem condições de ela namorar um pobre querida. — Meu pai decide falar. — Nós ricos não devemos nos misturar com pobres, eles são interesseiros, sem cultura.
Minha mãe revira o olho: — Agora já sei de quem ela aprendeu.
— O papai tem razão. — Digo e ele me abraça.
— Vai ficar tudo bem minha princesa. — Ele acaricia meu cabelo. — Vai ficar tudo bem.
_Quebra de tempo_
P.O.V Guilherme
Minha vida acabou de vez.
Estou aqui numa praça qualquer chorando por tudo que aconteceu.
Não tenho para onde ir, fui humilhado e ainda por cima descobri que sou viado. Aquele beijo no viadinho foi a prova.
Droga de vida. Eu posso até ser pobre, mas viado? Isso é demais.
Me levanto ao perceber que começa a chover. Puta que pariu.
Vou andando meio desnorteado pensando na minha vida que está na merda.
A chuva começa a engrossar, e logo vira uma tempestade.
Decido atravessar a rua, porém não consigo enxergar nada. De repente sinto algo bater em meu corpo.
Antes que eu pudesse raciocinar estava caído no chão. Meus olhos ficam pesados e do nada tudo fica escuro.
_Quebra de tempo_
P.O.V Daniela
Bom vocês já me conhecem. Sou a professora de Língua Portuguesa da E.E. Eduardo Chaves.
Dou aula lá desde 2014 quando passei no concurso do estado. Não é fácil minha rotina, já que dou 32 aulas por semana, e ganho pouco.
Nesse momento estou medindo a temperatura do meu filho de 7 anos, o Miguel.
— Ele está com febre mor. — Digo para o meu marido Anderson. — Tem como você ir à farmácia comprar dipirona, antes que feche?
— Vai você amor, eu estou muito cansado. — Ele responde enquanto está deitado no sofá vendo TV. — Trabalhei demais hoje na obra.
Meu marido trabalha como pedreiro em um prédio que está sendo construído no centro.
— Eu trabalhei muito hoje também. — Digo.
— Você só dá aula, amor. — Ele diz se levantando. — Mas cansativo que meu trabalho impossível.
Ele me dá um selinho e vai para o banheiro.
Parece que vai sobrar para mim. Pego o dinheiro e vou até a farmácia.
No caminho vou refletindo como está meu casamento, porém sou interrompida por uma voz: — Fêssora, andando sozinha a essa hora?
Era Erick meu aluno do 2º ano.
P.O.V Lucas
Estamos aqui no Sírio Libanês, um hospital caríssimo. Débora e Damiana já acordaram. Tiveram apenas uma queda de pressão.
— Graças a Deus vocês estão bem. — Diz Estevam abraçado a mulher.
Olhamos para Damiana que está cabisbaixa.
— Damiana? Está tudo bem? — Débora pergunta.
— Eu estou com vergonha de olhar para vocês depois de tudo que o Guilherme fez. — Ela fala em tom triste. — Se quiserem me demitir irei entender.
— Ei Damiana nós adoramos você. — Estevam a abraça. — Você foi tão enganada quanto a gente. Não tem motivos para te demitirmos.
— Muito obrigado senhor Estevam. — Damiana diz emocionada. — Você e sua esposa são pessoas maravilhosas.
O celular de Estevam começa a tocar.
— Com licença, irei atender. — Ele diz saindo.
— Eu estou sentindo uma angústia. — Fala Damiana colocando a mão no peito. — Mesmo com tudo o que aconteceu estou preocupada com o Guilherme.
— Ele saiu bem transtornado da mansão. — Digo. — Depois que me agrediu.
Estevam entra com tudo no quarto onde estávamos: — O Guilherme foi atropelado e está em estado grave no hospital.
— Não! — Damiana dá um grito abafado.
Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.
Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.