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História O Nosso Amor de Ontem - O Começo de Tudo


Escrita por: Miss_Vintage

Notas do Autor


AVISO - Essa história foi escrita em 1997, ainda durante a exibição da novela (terminada dois dias depois do final da mesma), pelo que aqui ficam "minhas apologias" por alguma incongruência,

Capítulo 1 - O Começo de Tudo


Santinha acordo com o sol batendo nos seus olhos. Florência, a empregada, acabava de escancarar a porta, com um enorme sorriso no seu rosto jovial de quem conhecia a família melhor do que ninguém. A menina sentou-se na cama e esfregou os olhos esverdeados, bocejando e se espreguiçando, muito ensonada.

-Ai, Florência, que ideia foi essa de me acordar tão cedo assim?

Florência sorriu, benevolente:

- Esqueceu de sua viajem lá pras estranjas? Se remanchar, vai acabar é perdendo o trem... e sua irmã não vai gostar é nadica de nada. É bem capaz de lhe botar de castigo pelo resto de sua vida!

Santinha deu de ombros, suspirando:

- Diacho de ideia essa de minha irmã de me mandar para a França. Palavra de honra que eu não consigo entender o que foi que passou pela cabeça de Altiva... Se todo o mundo aqui de Greenville vai estudar fora, vai pra Inglaterra, porquê justo Altiva, tão apegada às tradições britânicas, vai me mandar pra França? E justo a França, que é, assim, uma espécie de eterna rival da Inglaterra. O que será que minha irmã tá pretendendo com essa ideia maluca?

- E a menina não entende que o que ela quer é lhe tornar diferente das outras meninas de Greenville, só pra tu ficar dependendo dela pra sempre.

Santinha suspirou. Tinha apenas 13 anos e não sabia se estava entusiasmada ou assustada com a aventura de ir estudar em outro país. Olhou Florência com carinho e a abraçou com força:

- Oh, Florência, querida. Vou sentir sua falta por demais quando eu estiver lá nas estranjas. 

- Santa Maria! - Uma belíssima jovem loira, de olhos castanhos, assomou à porta, franzindo o cenho. - My God, criatura, você ainda tá assim? Desse jeito vai acabar perdendo o trem. Vamos, se avie, vá, pare de dar conversa pra criadagem. Já tá até falando igual a ela. My God, que decadência. - Olhou Florência com desprezo, que deu as costas pra ela. - Por isso, viu, por isso que eu tou  lhe mandando pra Europa, minha irmãzinha querida, é pra ver se você ganha um pouquinho mais de polimento. - Voltou a olhar para a empregada. - Florência, saia daqui, saia. Vá cuidar de seus afazeres!

- Sim senhora, Dona Altiva. - Florência retirou-se, mas antes colocou a língua de fora, fazendo cara feia para a patroa, o que apenas Santinha viu.

- Está rindo de quê, Santinha? - Inquiriu Altiva, vendo um sorriso malicioso nos lábios da irmã.

- Nada não, Altiva. - Santinha fez um sorriso angelical. - Coisa de criança.

Altiva voltou a franzir o cenho.

- Sei... E minha irmãzinha gostou do uniforme do colégio, gostou?

- Amei, Altiva. É lindo de mais. Você não acha não?

- É... - resmungou a outra, por entre os dentes. - Um tantinho curto demais pro meu gosto, mas enfim. O que se poderia esperar de um país como a França? Se fosse colégio inglês...

- Tá aí uma coisa que eu não consigo entender. - Santinha aproveitou para falar, enquanto calçava as meias pretas que faziam parte do uniforme. - Porque é que você tá me mandando para a França e não para a Inglaterra, como qualquer Greenvillense que se preze? Se nem francês eu sei falar...

- Aprende, ora. Quanto mais línguas estrangeiras uma pessoa souber falar, melhor. Inglês, você já sabe, e conhece bem as tradições britânicas. Chegou a hora de conhecer outra língua, outros costumes... Até pra chegar à conclusão de que realmente a Inglaterra é mesmo o melhor país do mundo.

- Mas se eu nem conheço a Inglaterra...

- Santinha, stop! - Exclamou a irmã, agastada. - Termine logo de se vestir, vamos.O trem não espera por você, mesmo em se tratando de minha irmã. E nem pense, viu, nem pense que vai levar pra lá a sua boneca inglesa tão bonitinha que Pedro Afonso, meu marido, lhe trouxe da Inglaterra.

- Pode deixar, Altiva. - replicou a menina com um sorriso, sabendo que ia arreliar a irmã. - Eu compro por lá uma boneca francesa.

Arreliou mesmo.

- Não me responda, Santa Maria! Ande, se avie, vamos. Eu quero você lá em baixo dentro de, no máximo, cinco minutos.

Altiva saiu, deixando Santinha meio desconsolada, no quarto. Pela sua cabeça passava o alívio de se ver livre da irmã, embora soubesse que, apesar de tudo, iria sentir a falta dela. Mais ainda de Florência, sua grande companhia e da romântica e sonhadora Eulália, irmã de Pedro Afonso, dois anos mais velha, com quem adorava conversar. Também sentiria saudade do próprio cunhado, que a tratava quase como um misto de filha e irmã, e com quem Altiva casara mais pela fortuna e sobrenome do que por amor.

Pedro Afonso de Mendonça e Albuquerque, o jovem dono da usina Monguaba, a grande fonte de riqueza da cidade e das redondezas, se encantara com a beleza e o po)rte da mais velha das irmãs Pedreira, uma das famílias mais tradicionais de Greenville, que estava na falência e precisava resgatar com urgência o prestígio de outrora.

Santinha era uma criança muito alegre, doce e sociável, mas não tinha amigas na cidade. Segundo Altiva, não havia em Greenville ninguém da idade dela que fosse merecedor da honra de ser amigo de uma Pedreira, muito menos cunhada de um Mendonça e Albuquerque.

Eram 13h15 quando Santinha deixou a cidade, acompanhada por Florência, que a levaria ao aeroporto da capital. Assim, rumo a um local totalmente desconhecido, Santa Maria deixou Greenville, cidade pernambucana, construída à imagem e semelhança da antiga Inglaterra, devido à influência dos britânicos que, séculos antes, ali haviam construído a Great Western. Orgulhosos de sua cidade, que diziam ser "um pedacinho da Inglaterra no Brasil, os greenvillenses seguiam à risca as tradições britânicas, não abdicando, inclusive, do chá das cinco (o five o'clock tea) e chegando a misturar inglês com português e expressões britânicas com expressões tipicamente nordestinas.



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