História O Okyia - Capítulo cinco

Na época da grande recessão econômica japonesa, muitos ômegazinhos eram vendidos por suas famílias, que não os podiam manter, para casas especializadas em preparar gueixas, os okyias. Depois de comprados, os pequeninos e pequeninas eram levados normalmente a uma mulher idosa, com muita tarimba no ramo, que os punha nus e examinava-ls dos pés à cabeça, como se fossem um ser inanimado. Mexia-lhes no seio, apalpava-lhes as nádegas e terminavam com o golpe fatal: afastava-lhes os joelhos, metia as mãos entre as pernas e, com os dedos, realizavam a prova do toque, para certificar-se de que eram virgens. Aqueles, que não passavam no teste para ser gueixas, eram encaminhadas para os bordéis.

Deidara se lembrava muito bem disso, quando ele chegou um ômega velho o apalpou até que deu seu veredicto: virgem.

Tsunade o aceitou de braços abertos, mesmo que fosse um mestiço. Era um ômega bonito e com todas certeza atrairia a atenção de algum alpha rico.

Uma vez no okiya, a criança era submetida aos serviços mais rudes, até que se iniciasse o seu treinamento para a futura profissão. Nunca podia desobedecer à dona do okiya, a quem chamava de okasan e apanhava por qualquer coisa, literalmente qualquer coisa mesmo. Deidara já apanhou por deixar um pouco de chá cair em seu colo, já apanhou porque Sakura fez o simples comentário de que o garoto se daria melhor nos bordéis, Tsunade bateu tanto nele e disse que se em sonhava ir aos bordéis ela o mataria. Foi então que conheceu Konan e o treinamento começou.

Seu treinamento consistia em frequentar a escola, onde teria aulas de música, dança, canto, cerimônia do chá, etiquetas e tudo aquilo que viesse a transformá-lo numa companhia perfeita para os alphas, pois a função de uma gueixa era entretê-los. Deveria, sobretudo, aprender a tocar um instrumento de cordas chamado shamisen e o biwa.

A aspirante a gueixa era registrada num cartório e, além das aulas, deveria observar a gueixa da casa, para aprender a usar maquilagem e vestir o kimono, que obedecia a um ritual todo especial.

Observar a gueixa da casa era um pouco difícil, já que Sakura já não tinha mais seu prestígio. Ino foi quem ensinou sobre quimonos, cabelo e maquiagem. Para sua sorte, então logo que completaram 13 anos conseguiram sua onee-san.

O ômega, candidato a gueixa, era um investimento em longo prazo. Todos os gastos eram debitados em sua conta, até mesmo um objeto que quebrasse. Tudo, no futuro, deveria ser pago, acréscimo de juros altos. Caso infringisse uma das regras abaixo, teria a vida arruinada, passando a ser serviçal do okiya:

•tentar fugir;

•tornar-se impopular com suas professoras;

•não praticar as várias artes que lhe iam sendo ensinadas.

Deidara teve sorte por ser carismático, ou fingir ser...

Ele sabia sorrir como ninguém e suas professoras o adoravam sempre elogiando sua conduta para Tsunade, a alpha sempre o tratava bem. Então passou de aspirante para aprendiz.

Quando a aspirante a gueixa torna-se uma gueixa aprendiz, ela pinta o rosto de branco pela primeira vez e passa a ser oficialmente conhecida com um novo nome. Seu cabelo passa a ser arrumado com o estilo conhecido como “pêssego partido”.

A dança é a mais importante das artes de uma gueixa. Talvez só a cerimônia do chá pode se comparada à riqueza da tradição da dança. Por isso, todas as gueixas aprendizes têm de estudar dança. Mas nem todas têm talento para dançar, por isso, só as mais promissoras e bonitas serão encorajadas a se tornar dançarinas, em vez de serem cantoras ou tocadoras de shamisen. Quando dançam, o rosto precisa permanecer inexpressivo, como se fosse uma máscara usada no teatro Nô. Também precisam aprender a mover a parte superior do corpo, independente da inferior.

Kurenai nunca teve o que reclamar de Deidara ou Konan, os dois eram excelentes em dançar e principalmente tocando o shamisen e o biwa. Mais pontos ao seu favor, Deidara logo estava sendo sempre chamado para as cerimônias de chá e conhecendo alphas importantes e um deles foi Sasori.

Com a popularidade aumentando as aulas e a pressão para ser perfeito também.

A maquiagem de uma gueixa é um capítulo à parte. Sem essa, isso não passam de um(a) ômega comum. Rosto e pescoço são pintados com uma pasta branca. Mas um pedacinho da pele nua, em torno da linha do couro cabeludo, não é maquiado. Dizem que os alphas sentem grande atração pelo pescoço de um ômega, assim como os sentem atração pelas pernas, seios ou nádegas mas uma gueixa não pode mostrar demais. Então normalmente as gueixas deixam as golas de seus kimonos escancaradas atrás, para que os alphas vejam seus pescoços. Quanto mais a maquiagem parecer uma máscara, mais erotizados ficam eles.

Colocar o quimono não é tarefa fácil, pois todos eles possuem o mesmo comprimento, não importando o tamanho da usuário.  Por isso existem pessoas especiais, cuja função é ajudar a vesti-los, de modo que o traje adapte-se aos contornos do corpo, o que demanda muito tempo.

Em razão dos elaborados penteados, as gueixas não lavam os cabelos todos os dias, sendo as caspas um grande problema entre elas, que possuem um jeito especial de dormir, para não desmanchar o penteado. Usam um suporte para a base do pescoço, de modo que o cabelo fica suspenso no ar. As gueixas também são extremamente supersticiosas. Nada fazem antes de consultarem um almanaque, onde buscam as datas auspiciosas.

Por essa razão Tsunade depositou muito dinheiro em Deidara e Konan. Assim que completaram 18 anos passaram ao mizugen. Por isso para Konan e Deidara o dia 24 de fevereiro foi o escolhido, há exatamente quatro anos eles conheceram Mika que os ensinou diversas coisas. A ler, cantar e claro sobre coisas mundanas que só um nobre saberia.

Os dois forma grandes maikos, conseguiam manter conversas com qualquer alpha e sobre qualquer tema. Por se destacaram conseguiram um grande preço na cerimônia do mizuage.

Foi um caminho sofrido?

Foi, mas Deidara deixou seu nome por onde passava, claro seu nome artístico Kiiroi Katsu. Todos os alphas mais bem sucedidos conheciam seu nome e seu mizuage foi muito disputado e agradeceu muito por Sasori tê-lo "comprado". Seu único medo era Sasori não gostar dele por ser loiro, já que em apresentações e eventos Deidara era obrigado a usar uma peruca de cabelos preto. Mas Sasori o achou lindo de qualquer forma.

Mesmo que agora esteja sob um mar de rosas, Deidara não queria que Mika passasse por isso. Se ele pudesse, trabalharia o dobro e sustentará Mika pelo resto da vida dele. Assim ninguém o veria e ele seria como um flor e um jardim. Apenas seu dono poderia vê-la...

Deidara suspirou olhando para o ômega de longo cabelo preto. Konan balançou a cabeça negando tentando terminar de desembaraçar o cabelo do loiro.

- não vejo a hora de deixarem que você pare de usar peruca. Você tem fios tão finos...

- fios de ouro. - Mikaku falou olhando para o loiro e sorriu largamente.  

- preste atenção Mika. - Mugen falou irritado. 

- sim, desculpe onee-san... - Mikaku o olhou.

Mugen conversava com seu otouto sobre todos os detalhes, agora estava ensinando a ele como usar um quimono, Mika mesmo dizendo que sabia como vestir um Mugen não deu ouvidos. Tudo tinha que ser perfeito.

Konan terminou de pentear o cabelo de Deidara e se levantou sentando na frente dele. - minha vez.

Deidara suspirou pegando o pente, mesmo que Konan falasse do cabelo de Deidara o dela era pior. A mulher de cabelos roxo azulado não gostava dos cabelos longos e se não fosse por isso não precisava usar peruca.

- Murasaki-san? - Mugen a chamou. - pode me ajudar com isso?

- claro. - Konan se levantou.

Mikaku tirou seu quimono ficando completamente nu, Mugen analisava o corpo dele com calma. Entregou a yukata preta a ele.

- já escolheu seu nome artístico?

- Makka. - Mika o olhou. - eu quero ter esse nome quando me tornar gueixa.

- eu sou Murasaki. - Konan falou ao amigo.

- Kiiroi. - Deidara sorriu.

- prazer em conhecê-los. - Mika fez uma reverência fazendo seus amigos darem risada.

- ótimo, agora vou até o ateliê buscar seu quimono, fique aqui e descanse.

- eu vou com você. Mugen-sama, vamos Deidei? - Konan olhou para o amigo.

- não, eu estou cansado. Vou ficar aqui...

- ok, sem bagunça. - Mugen sorriu saindo ao lado de Konan, os dois eram praticamente melhores amigos depois que descobrir que o danna da ômega era um príncipe também.

O loiro o olhou e Mika jogou um leque, Deidara o olhou sem entender.

- quer brincar de lutinha espadachim Deidei-chan?

- quero.

Deidara e Mika brincavam com os leques aproveitando esse tempo sozinhos, desde que Deidara estava firme em seu treinamento ele não pode mais ficar tanto tempo junto de Mika, então Deidara aproveitava o máximo esse momentos.

Mika parou começando a tossir, Deidara o olhou preocupado, se afastou pegando um lenço para ele. Mikaku o aceitou, Deidara o olhava com preocupação 

- sinto muito. - Mika o olhou. - não queria te preocupar, aparentemente ainda estou com essa tosse chata.

- Você ainda não está totalmente recuperado, vamos parar. Descanse.

Mikaku concordou e deitou no tatame cansado, iria tirar um cochilo enquanto Mugen não voltava.

Deidara deitou atrás dele acariciando seu cabelo, o toque era sutil e quente, Mika respirou fundo deixando o mundo dos sonhos o abraçar. Mas na realidade era Deidara abraçando o seu corpo. Mikaku tinha um cheiro fraco de flor que o outro ômega não conseguia identificar, Deidara brincou com a mecha de cabelo solto dele, então era assim um ômega dominante? 

Mesmo sem ter tudo um cio ele ainda tinha um cheiro fraco, porém gostoso, um corpo bonito e bem delineado...

Se ele pudesse faria Mika feliz. De todas as certeza que Deidara tinha a que mais se assegurava era de que amava esse ômega. Deslizou o dedo indicador com um toque suave pela pele de Mika, era aveludada e macia. Agora uniforme em um tom lindo de porcelana, Deidara sorriu ao ouvir o resonar dele. Mika virou buscando fugir da luminosidade e ficou de cara para Deidara.

O loiro o olhou com atenção. Desde os cílios longos e pretos, aos lábios carnudos rosados entreabertos mostrando seus dentes perfeitos.

Deidara se aproximou um pouco mais tocando seus lábios aos dele de forma carinhosa. Ao se afastar olhou Mika de olhos aberto. Deidara se sentiu tão sujo ao ser pego em flagrante.

- DESCULPE. - o ômega loiro se levantou e correu para a okyia. Precisava se arrumar para encontrar seu danna.

- DEIDARA! - Mika gritou, mas era tarde.

O loiro já estava longe.

.

Sasori o olhou e sorriu. Deidara parecia cabisbaixo, o médico já deveria imaginar o motivo. Deidara estava em um teatro e não aguentava mais ficar ali sorrindo e cumprimentando as pessoas com tanto carinho e atenção. O ômega se afastou para ficar ao lado de seu danna, caminharam para uma parte afastada.

- você me parece infeliz... - Sasori comentou depois de um tempo.

- danna, meu coração dói, você é médico... pode curá-lo? - Deidara o olhou.

- Mika?

Deidara concordou, na noite do seu mizugen o loiro chorou tanto que Sasori não pode cobrar pelo que comprou. Eles conversaram sobre o que incomodava o ômega, então Deidara contou tudo. Tudo que deixava seu coração angustiado. Pesado...

Sasori suspirou. - vamos para um lugar privado...

[...]

Sasori terminava de conversar com o dono do ryokan e entrou no quarto, Deidara tinha tirado a peruca e a maquiagem.

Deidara era lindo, tão lindo e só ele podia vê-lo dessa forma. Os olhos azuis o encaravam, Sasori admirou a pele em tom de pêssego, o cabelo loiro e longo.

- se importa de fazer hoje? - Deidara perguntou. - prometo que dessa vez vamos até o final danna...

- não precisa se forçar a algo que não quer... - Sasori acariciou seu rosto.

- eu quero. - Deidara abriu seu quimono mostrando seus ombros. - Eu te quero danna...

Sasori se aproximou sendo abraçado por Deidara. O alpha o puxou para roubar um beijo do loiro que aceitou, Sasori segurou seu rosto com ambas as mãos aprofundando o beijo. Deidara tentava imitar o que Sasori fazia, pois bem, ele não teve aulas de beijo na escola de maiko e a única pessoa que já beijou foi Mika, que estava sempre dormindo, então ele não era nenhum perito.

Deidara se afastou pois ficou sem ar.

- respire pelo nariz... - Sasori falou lambendo seu lábio.

Deidara concordou voltando a beija-lo, agora de forma lenta. Sasori desfez o nó do obi do quimono do ômega fazendo o tecido deslizar pela pele dele.

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Deidara entrou no okyia e viu Mika o olhando assim que entrou, o ômega Ishikawa sorriu undo de encintro ai amigo. Sem dizer nada Deidara seguiu para o seu quarto e deitou em seu futon. Conseguiu ouvir os passos calmos de Mika vindo pelo corredor, a porta deslizar e ele entrou.

- Deidara?

- agora não... - Deidara falou com a voz sonolenta. - amanhã.

- eu não vou brigar com você, se é isso que pensa... - Mika falou sorridente. - está tudo bem mesmo, a Konan disse que você estava com medo pois nunca fez isso com seu danna...

Deidara o olhou assustado. - ela fez o que?

- desculpa se ela contou seu segredo. Mas está tudo bem...

Deidara colocou a mão no rosto. - obrigado por entender.

Mais uma mentira contada, no meio de tantas