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História O outro lado da fita - Visita à loja de doces


Escrita por: vittorioboamorte

Capítulo 1 - Visita à loja de doces


Fanfic / Fanfiction O outro lado da fita - Visita à loja de doces

Visita à loja de doces

Já havia 18 anos que Rafael morava dentro daquela casa da árvore, sem nunca sequer ter tido contato com a luz do dia. Seu pai o fabricante de brinquedos artesanais Jorge Alcantara nunca permitiu que ele conhecesse o mundo fora das paredes daquela casa. Na manhã do seu décimo oitavo aniversário,  Rafael decidiu conversar com seu pai e pedir-lhe pela milésima vez que ele o permitisse sair de casa.

- Pai eu acho que chegou a hora de você me deixar sair dessa casa, eu sinto muito mais não há nada que você possa fazer para me impedir.

- Meu filho eu só quero o seu bem; eu já te ensinei uma profissão e já te contei sobre as agruras do mundo lá fora, não acabe com a sua vida saindo daqui, por favor!

- Pois eu quero ver essas agruras com os meu próprios olhos e desejo enfrentar os conflitos do mundo como todas as outras pessoas.

- Acredite em mim meu filho, o mundo lá fora vai te destroçar como uma onça que devora sua presa.

- Justamente pai, a questão é que eu nem sei ao certo como é uma onça...preso nessa casa eu nem sei que cor as coisas realmente possuem...minha vida aqui é em preto e branco.

- Bem meu filho, você chegou em uma idade em que eu já não tenho mais domínio sobre você. Faça o que quiser com a sua vida mas lembre-se que eu te avisei!

    A casa da árvore era relativamente confortável, porém não era muito grande, principalmente porque a mini-fábrica de brinquedos do senhor Jorge também ficava instalada lá. Rafael cresceu no meio de brinquedos, o sonho da maioria das crianças, porém se pudesse ele teria trocado todo aquele universo lúdico por apenas um dia no mundo real.

    Pela primeira vez na vida Rafael abria a porta de entrada da sua casa e pôde sentir os raios solares penetrarem em sua pele. A natureza ao seu redor o deixou encantado e ao mesmo tempo entorpecido. Até então ele não conhecia sequer o quintal de sua casa, uma floresta tropical rica em biodiversidade e completamente isolada da violência e poluição urbana. Conforme descia as escadas da casa da árvore ele era tomado por diversos pensamentos e sensações. “Então esse é o paraíso encantado descrito nos livros?” Pensava ele enquanto deslumbrado cada detalhe que o circundava.    

Rafael estava disposto a explorar o máximo possível daquele mundo recém descoberto, ele começou a caminhar pela floresta seguindo uma longa trilha, até chegar à pequena vila de Vassoural. Lá haviam diversas lojas, bancas de vendas e vendedores ambulantes, além de artistas que se apresentavam nas praças e ruas, expondo sua arte em troco de alguns trocados; no período da noite também era comum notar a presença de rapazes e moças que expunham seus corpos em determinadas áreas de Vassoural, oferecendo entretenimento adulto. Os bares lá abriam cedo e fechavam ao amanhecer, e alguns dos artistas e boêmios realizavam festas regadas a álcool, drogas, música e poesia; não haviam grandes casas de eventos lá, apenas essas festas que ocorriam praticamente todos os dias, e se intensificavam a partir das quinta-feiras. A vida noturna de Vassoural era de fato uma atmosfera sedutora para um jovem que havia literalmente acabado de conhecer o mundo. Uma loja em especial chamou sua atenção, ela possuía uma vitrine bastante chamativa, em que era possível observar uma extensa variedade de doces e quitutes, um verdadeiro sonho açucarado; em sua fachada estava pendurado um vistoso letreiro colorido que dizia: Confeitaria Doce Ilusão. Aquela era provavelmente uma das fachadas comerciais mais chamativas de Vassoural, absolutamente ninguém passava imune aos encantos daquela loja de doces. Rafael se aproximou da vitrine atraído por aqueles docês, e pelo aroma de chocolate quente que dominava a rua. Aquilo para ele estava completamente fora de sua realidade habitual, que costumava ser mórbida e solitária.

Ao adentrar a Doce Ilusão Rafael foi prontamente atendido por um rapaz que aparentava ter a sua idade, e carregava um bocado de flores em suas mãos.

- Bom dia senhor em que posso lhe ajudar? - Perguntou o atendente com um grande sorriso no rosto enquanto entregava um flor para Rafael, o qual ficou paralisado diante do rapaz e mal conseguiu responder de volta ao seu cumprimento, ele apenas pegou a flor de sua mão, deu-lhe as costas e saiu correndo. 

Aquele foi o primeiro contato que Rafael teve com alguém além do seu pai, o rapaz da loja de doces havia provocado uma sensação que ele não conseguia compreender ou explicar mas sabia que seria melhor ocultar.

 



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