Seoul, Coréia do Sul.
06:30 A.M.
Acordei com o barulho da campainha, sentei rapidamente na cama, olhando para a porta, e em seguida para meu celular.
Estava muito cedo.
A campainha não tocou novamente, então pensei que a pessoa havia ido embora. Fui até o banheiro, ajeitando meu cabelo e lavando meu rosto. Saí de meu quarto, andando sonolento pelo meu corredor, desci as escadas, indo até a porta.
Ao abri-la, não vi ninguém, como eu esperava, mas ao olhar para o chão, vi três caixas, um em cima da outra. Notei que havia algo escrito em japonês na caixa de cima.
Tia Soon.
Sorri, pegando uma por uma e colocando para dentro. Fechei a porta, subindo para meu quarto. Depois de tomar banho, vesti uma blusa branca e um moletom azul, junto a uma calça e meu tênis. Saí do quarto, indo para o andar inferior, e encontro Jeongin na mesa, olhando para seu prato.
— Bom dia! — exclamei, vendo ele me olhar assustado. — Nossa, estava tão distraído assim?
— Não sei.
Sentei na sua frente, vendo sua mão tremer ao pegar a xícara.
— Jeongin... está tudo bem? — pergunto preocupado.
— Estou cansado. — falou abaixando sua cabeça.
— Onde está sua bombinha? — pergunto uma nova vez, me levantando.
— Na minha mochila, na sala. — respondeu respirando forte.
Corri para o outro cômodo, pegando a bombinha no bolso da frente de sua mochila, voltei para a cozinha e fiquei ao lado do mais novo, colocando a bombinha em sua boca. Eu apertei a bombinha, e ele respirou fundo, soltando o ar devagar. Repetimos aquilo outra vez, e eu guardei a bombinha em seu bolso.
Jeongin tinha asma, ele descobriu isso quando tinha 11 anos, ao ter uma crise em um parquinho perto de sua casa.
— Qualquer coisa me liga, eu vou até você. — falei massageando sua costa.
Ele sorriu, já melhor.
<●●●>
Depois que Jisung e Changbin me levaram para minha escola, eu resolvi dar uma volta ao redor da escola. Eu estava cansado desde que acordei. De madrugada, eu senti alguém apertar meu dedo do pé. Não fiz nada pensando ser um dos meninos. Mas aí eu senti uma ardência em meu tornozelo, resmunguei, puxando meu pé. Mas aí alguém puxou meu pé para a fora da cama.
Depois disso eu me encolhi, debaixo do lençol, até dormir.
Ouvi o sinal tocar, suspirei dando meia volta, indo até a entrada da escola. Todos sempre iam direto para a sala, mas eu gostava de chegar por último as vezes. Senti um pouco mais de dificuldade ao respirar, tirei minha mochila das minhas costas, me agachando para tirar a bombinha de minha mochila.
Meu corpo foi lançado para trás, soltei uma tosse, tendo mais dificuldade para respirar. Virei de lado, me apoiando com minha mão, olhando para minha mochila. Minha visão embaraçou, e em seguida voltou ao normal. Estiquei meu pé, tentando alcançar a alça da mochila, mas não consegui puxar ela, estava preso em algo. Resolvi me arrastar até lá, mas algo me puxou pelo chão, para longe da mochila. Eu gritei, assustado, olhando para meu pé.
Nada.
O ar faltou em meus pulmões, e eu caí fraco no chão, tentando forçar a respiração. Minha visão estava escurecendo, a dor ficou maior, chegando a ser insuportável, e eu comecei a gritar.
Senti alguém passar um braço por minhas costas, e em seguida senti algo em minha boca.
Minha bombinha.
Forcei a respiração, segurando o ar e soltando-o devagar. Repeti isso três vezes, e ouvia uma voz preocupada, pedindo para eu ficar bem.
Assim que minha respiração se normalizou, eu fechei meus olhos, sentindo as lágrimas descerem pela lateral do meu rosto.
— Ei, não chore... — ouvi uma voz próxima.
Imediatamente abri meus olhos, olhando para a pessoa que havia salvado a minha vida. Era um garoto, com os fios escarlate, olhando em meus olhos, parecendo ter corrido uma maratona.
— Quem é você? — pergunto confuso, ainda sobre seu braço.
Eu estava com minha costa em seu braço, enquanto seu braço livre estava me abraçando, e seu rosto estava próximo do meu. Meus ombros estavam encolidos, enquanto eu esperava uma resposta.
— Ah, desculpe. — afastou seu rosto, me soltando devagar. Ele me ajudou a levantar, sorrindo em seguida. — Sou Kim Seungmin. — se apresenta estendendo a sua mão.
Eu sorri, segurando sua mão, me curvando levemente.
— Sou Yang Jeongin. — me apresento sorrindo, suspirando em seguida.
— Bom... nós dois não vamos entrar mais. — ele comenta, e eu arregalo meus olhos.
Eu estou ferrado.
— Já que... estamos aqui, que tal sairmos? — tombou sua cabeça para o lado, e eu consegui notar sua orelha vermelha.
— Ah... tudo bem. — sorri, colocando minhas mãos no bolso do meu moletom vermelho.
Ele ficou ao meu lado, e nós caminhamos para fora da escola.
— Obrigado. — murmurei envergonhado.
Ele me encarou, sorrindo, negando com a cabeça.
— De nada.
Ficamos andando pela calçada, em silêncio. Até chegarmos em uma quadra de basquete.
— Vem! — ele me puxa para dentro da quadra.
— Mas não podemos, é particular! — informei, tentando o puxar de volta.
Mas ele era mais forte, então conseguiu me levar para dentro da quadra.
— Olha! Tem uma bola ali! — ele exclama animado, indo até a bola que estava parada.
Pegou a mesma, batendo a mesma no chão e jogando em direção a cesta, acertando ali.
— Uau, você é bom! — falei sorrindo, deixando minha mochila no chão.
— Vamos, tente! — pediu, pegando a bola e jogando para mim.
Peguei a bola com minhas duas mãos, olhando para a mesma, em seguida encarando o ruivo.
— Não sabe jogar? — neguei com a cabeça, envergonhado. — Vem cá!
Ele me puxou para perto da cesta, e ficou do meu lado. Segurou minhas mãos, fazendo eu segurar a bola corretamente.
— Pronto, agora você faz assim... — ficou atrás de mim, levantando meu braço. — E joga!
Fiz impulso para a bola ir para cima, mas a mesma mal chegou na cesta. Fiz um bico, chateado.
— Calma, vamos tentar de novo. — sorriu carinhoso, tirando minha franja de meus olhos, em seguida indo até a bola.
Ele voltou com ela em mãos, me entregou, e voltou a ficar atrás de mim. Eu estava nervoso, era notável. Ele passou suas mãos pelos meus ombros, fazendo uma leve massagem.
— Relaxe. — colocou seu queixo próximo ao meu pescoço, e eu podia sentir sua respiração ali, me arrepiando levemente. — Está ajudando?
Não.
— Um pouco.
Ouvi ele rir, levantando meus braços.
— Dessa vez acerte a cesta, Jeongin. — ele fala calmo.
Me derreti um pouco, tentando me concentrar.
Acertei.
Gritei, levantando meus braços, enquanto sorria alegre. Me virei e abracei o Kim, que se assustou com minha ação. Eu me afastei, envergonhado.
— Desculpe, me empolguei demais. — falei brincando com os meus dedos.
Ele apertou minha bochecha, e eu dei um tapa em seu ombro.
— Opa, garoto agressivo. Me respeite! — falou brincando.
— Não. — ri, indo até a bola.
— Ah é? — me olhou, cruzando os braços, tentando me intimidar. — Me chame de hyung!
— Você não é mais velho que eu! — devolvi, rindo.
— Sou sim! Tenho 18 anos! Fiz mês passado! — se defendeu, indignado, provavelmente por eu estar duvidando.
— E como sabe que é mais velho?
— Você não tem cara de alguém mais velho que eu. — respondeu rindo.
— Hm... então vamos fazer o seguinte. — falei girando a bola em meu dedo indicador. Meu pai havia me ensinado aquilo. — Eu te chamo de hyung se você conseguir fazer mais cestas que eu.
— Está se achando demais para quem acabou de fazer a primeira cesta. — respondeu, ainda de braços cruzados.
Eu sorri travesso. Ah, como eu amava as aulas de teatro.
— Não é a primeira. — rebati, ainda com o mesmo sorriso.
Ele ficou me olhando, dando um sorriso de canto em seguida.
— Tudo bem, vamos jogar então.
Ele correu em minha direção, e eu desviei quando ele tentou tomar a bola.
— Quase, tenta mais uma vez. — zombei, sorrindo para o ruivo.
Começamos a jogar, eu não estava ligando muito para a hora, e parecia que ele também não. Eu consegui acertar a cesta umas cinco vezes, e ele também. Depois de um tempo — eu não sabia que horas eram — eu parei. A bola estava em minhas mãos, e Seungmin estava uns passos longe de mim.
— Cansei, vamos parar. — digo batendo a bola no chão.
Mas ele não parou.
Pelo contrário, ele chegou mais perto, e tentou pegar a bola, porém eu comecei a bater ela no chão atrás de mim, olhando para ele assustado. Ele olhou em meus olhos, parecendo querer me decifrar. Não era muito difícil. Chegou mais perto, fazendo eu dar um passo para trás.
Ele deu um passo para frente, e eu para trás. E ficou assim, enquanto ele se aproximava eu me afastava.
Até eu sentir o ferro que segurava a cesta.
Eu nem sentia mais a bola em minha mão, somente mantinha meus olhos focados no ruivo próximo a mim, somente um passo longe. Ele se aproximou mais, e eu senti algo em minha barriga. Eu iria perguntar o que ele estava fazendo, se não escutasse o barulho da bola entrando na cesta.
O que?
Vi um sorriso surgir nos lábios do Kim, enquanto este se afastava.
— Ganhei. — falou sorrindo, ajeitando sua franja, que estava grudada em sua testa.
Soltei o ar pela boca, que eu nem sabia que estava segurando. Sorri, olhando para cima.
— Okay, você ganhou. — digo me afastando do ferro.
— O que?
— Você ganhou. — repeti, vendo ele cruzar os braços, contendo um sorriso. Soltei um suspiro, revirando os olhos. — Você ganhou, hyung.
Ele virou de costas, indo pegar a bola, e eu mostrei língua para o mesmo.
Fui até minha mochila, vendo que estava quase na hora do almoço.
— Seungmin. — o chamei, colocando minha mochila em minhas costas, ouvindo um murmuro em resposta. — Quer ir comigo em um lugar aqui perto?
<●●●>
O sino tocou, fazendo eu soltar um suspiro, aliviado.
— Amém! — me levantei, quando a professora saiu da sala.
— Para, Jisung. Nem foi tão ruim. — ouço Félix falar, rindo.
— Para Jisung. Nem foi tão ruim. — engrossei minha voz, imitando o Lee. O encarei, sorrindo. — Ainda não acredito que você pintou o cabelo.
— Ficou bom, não é? — pergunta jogando sua franja para seu rosto, me acompanhando para fora da sala.
— Sim.
Começamos a andar, até estar fora da faculdade.
— Depois a gente se vê, eu tenho que encontrar o idiota do meu irmão. — falou revirando os olhos.
— Não chame ele assim! É hyung! — bati em seu ombro. Os estrangeiros são diferentes no jeito de tratar seus familiares, é estranho.
— Que seja! Vou encontrar meu hyung idiota! — falou levantando seus braços.
Eu ri, achando engraçado o jeito do australiano.
— Tudo bem, eu desisto. — levantei minhas mãos, revirando meus olhos. — Até.
Ele acenou se afastando, eu me virei, começando a andar até a praça de alimentação. Dei um pequeno pulo ao sentir duas mãos em minha cintura. Me virei, vendo o Lee mais velho ali.
— Contato demais, Minho. — tirei suas mãos de minha cintura, voltando a andar, agora com ele ao meu lado. — Seu irmão está indo para o estúdio.
— Eu vou comer antes. — respondeu sorrindo, olhando para mim.
Suspirei, parando de andar ao ver alguém claramente perdido, um pouco longe. Ri me aproximando, esperando ele chegar mais perto.
— Oi. — vi ele dar um pulo para trás, arregalando os olhos. — O que você faz aqui?
Senti braços ao redor de meu pescoço, em seguida pequenos soluços. Vi um garoto ruivo se aproximar, receoso.
— Ei, Jeongin, o que aconteceu? — o abracei de volta, preocupado. — Me responda.
— Foi horrível, hyung! — ele diz contra o meu pescoço, e eu vi o garoto ruivo entortar a boca.
— O que foi que aconteceu? — perguntei outra vez, agora para o garoto que eu não conhecia.
— Eu encontrei ele caído no chão, forçando a respiração. Por pouco ele... — engoliu em seco, abaixando a cabeça.
— Uou, ele tem asma? — ouço Minho perguntar, surpreso.
Arregalei meus olhos, apertando o mais novo em meus braços.
— Por que você não me ligou?! — perguntei tentando ver o rosto do Yang, mas ele somente balançou a cabeça negativamente. — Meu Deus, Jeongin!
Tirei meu telefone de meu bolso, discando o número do Changbin. Após pedir para ele vir onde estávamos, foi somente uns três minutos para ele chegar lá, e tirar o mais novo de meus braços, o abraçando em seguida. Puxei o garoto ruivo para longe, e Minho nos seguiu.
— Qual o seu nome? — indago andando ao seu lado.
— Kim Seungmin. — respondeu calmo.
— Okay, Kim Seungmin, eu sou Han Jisung, um amigo do Jeongin. — falei olhando para ele. — O que aconteceu de verdade? — pergunto preocupado, parando na frente do garoto.
— Eu conheço o Jeongin, de longe, mas conheço. Eu sempre via ele com a bombinha nas aulas cansativas. — começou, olhando para seus pés. — Eu só ouvi os gritos, e fui na direção deles. Aí eu vi o Jeongin no chão, gritando, e parecia que estava forçando a respiração, aí eu já lembrei da bombinha dele... — olhou para mim, engolindo em seco.
Eu sorri, sorri tanto que minha bochecha chegou a doer. Eu puxei o ruivo, e o abracei, dizendo "obrigado" diversas vezes.
— Tudo bem... — falou sem jeito.
— Seu amigo está te chamando, Jisung. — ouço a voz do Lee.
Me afastei do garoto ruivo, olhando para onde estava o Seo, vendo ele me chamar com a mão.
— Minho, daqui a pouco o horário do almoço acaba. — informei, andando até Changbin.
— Tudo bem, eu não tenho aula agora.
Quando cheguei, recebi outro abraço do mais novo, dessa vez ele estava mais calmo. O abracei de volta, soltando um suspiro.
— Não se preocupe, você ainda vai viver muito para eu encher seu saco. — falei sorrindo.
<●●●>
Depois de deixarmos o Yang na praça de alimentação, junto ao ruivo, eu fui para a praça, esperar pela próxima aula, já que eu estava com vergonha de entrar no meio da aula de administração nesse momento.
— Está triste? — ouço Minho perguntar.
Esqueci de falar que esse garoto não saiu de perto de mim em nenhum segundo. Félix deve estar puto nesse momento.
— Um pouco. — respondo, olhando para as árvores dali.
— Teve tanto medo assim? — perguntou, e eu senti que ele estava incomodado com algo.
— Sim. Eu e Jeongin nos conhecemos há cinco anos, ele me ajudou em... um tempo difícil da minha vida. — falei cruzando meus braços, suspirando ao lembrar de algumas coisas.
— Entendi. — falou balançando a cabeça positivamente.
Ficamos em silêncio, e eu agradeci por isso. Changbin me contou que viu uma marca no tornozelo do Jeongin, e isso me preocupou. Fazia mais de 24 horas que eu não via aquela coisa, isso era estranho e suspeito. Joguei minha cabeça para trás, fechando meus olhos. Senti a mão de Minho segurar a minha, e entrelaçar nossos dedos. Eu quase abri meus olhos para reclamar.
Mas reclamar de que? Aquele contato era bom.
Pelo menos era, até eu sentir um beijo em meu pescoço. No momento em que eu abri meus olhos, eles duplicaram de tamanho, e eu encarei o moreno, incrédulo.
— Dá 'pra parar?! — exclamo, em uma mistura de irritado com envergonhado.
— Por que? — fez um pequeno bico.
Fofo.
Não.
— Estamos em uma praça! — falei, olhando ao redor, tinha alguns alunos ali, mas eles estavam concentrados em outras coisas.
— Então... e se estivéssemos em um... quarto? — indagou, sorrindo travesso.
Não respondi, somente voltei a olhar para as árvores. Senti ele colocar seu rosto na curvatura do meu pescoço, e passar levemente seu nariz ali.
— Para, merda! — exclamo baixo, me contorcendo levemente.
— Hm... Não. — respondeu, em seguida dando uma leve mordida na minha pele.
Suspirei baixinho, quase jogando minha cabeça para o lado oposto do seu. Senti sua respiração em minha orelha, em seguida uma leve mordida naquele local. O suspiro que eu soltei foi baixo, mas o outro escutou. O pior era que eu precisava afastar ele, tinha inspetores ali, e não era comum um casal... gay, por ali.
Calma aí.
Não somos um casal.
— Jisung-ah... — ele sussurra em meu ouvido. — Eu gostaria de fazer-lhe um convite...
— Eu não posso me vestir de Cinderela para dançar com você, príncipe. — brinquei, ouvindo ele rir brevemente, ainda em meu ouvido.
— Você gostaria de sair comigo amanhã? — arregalei meus olhos ao ouvir a pergunta.
Olhei para o lado, não acreditando no que eu estava ouvindo. E acabei por encostar meu nariz no do Lee. Engoli em seco, tentando me concentrar em seus olhos.
— Está mesmo me chamando 'pra sair? — pergunto.
— Você não quer? — jogou a cabeça para o lado, formando um bico em seus lábios.
Eu sorri, olhando para a frente, cruzando meus braços.
— Depois das 4, quando todas as aulas acabarem. — me levantei do banco, me afastando do Lee.
Agora eu tinha que procurar entender a situação do Jeongin.
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