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História O Pacto - Ato II : Passado e Presente


Escrita por: MAYONESSYMOON

Notas do Autor


Alô alô é do trem do amô?!

Depois de alguns ajustes venho trazendo um novo capitulo, que dá inicio a uma calmaria na história. Este é o primeiro da passagem de tempo de mais de dez anos. Será abordado um pouco da vida adulta dos nossos mocinhos. Então nada de monstrinhos... Por enquanto.

Como eu disse no capitulo anterior, o que estiver em itálico pode ser flashbacks, sonhos ou pensamentos.

ps.: Desculpem os erros de português pq eu sei que tem , como sempre! Principalmente as virgulas, pq eu sou a louca das virgulas kkkk Toda vez que vou corrigir eu começo a enfiar uma coisa aqui e outra ali. Eu até enjoo das minhas histórias pq sempre leio muito o capitulo pra arrumar erro de português e acabo mudando coisa do enredo, é triste!

Enfim...Boa leitura!

Capítulo 2 - Ato II : Passado e Presente


Nova York. 24 de Maio de 2016

Caminhava pela Rivington Street a passos largos. Era primavera e o clima agradável fazia as pessoas vestirem trajes mais leves e menos sofisticados do que se via no inverno. A movimentação da cidade era contínua, independente da estação do ano, assim como a beleza… Essa era inegável. Nova York era o lugar que fazia você se predispor em ser quem quisesse. Poderia andar nas ruas como um rapper, sem ser um de fato. Poderia estar enfurnado no melhor terno Armani, que ninguém iria repará-lo por isso. Sua língua materna poderia ser falada ao telefone ou com amigos, numa estação movimentada de metrô e ,ainda assim, ninguém daria a mínima. Estava todo mundo compenetrado em fazer dinheiro ou se divertir. Ninguém se importa com quem você é, não sendo um estrangeiro problemático, tudo segue seu fluxo.

Passou por várias lanchonetes e restaurantes até , de fato, chegar no qual deveria estar às duas da tarde. Observou o relógio prateado no pulso, quinze pras duas. Ele era pontual. Não só isso, era extremamente intolerante com atrasos e desculpas esfarrapadas que as pessoas comumente usavam para justificar a falta de comprometimento de chegar nos lugares na hora marcada.

Do lado de fora do restaurante, as paredes eram de tijolos vermelhos e uma fachada de metal escura tinha o nome do lugar, Essex, em amarelo. Adentrou no estabelecimento mediano de dois andares. Observou a bancada vinho lustrosa , com cadeiras altas. Mesas de madeira e cadeiras negras de metal, dispostas em todo o lugar. Em alguns pontos, as cadeiras eram substituídas por estofados de couro escuro. O lugar parecia um galpão muito grande, principalmente pelas janelas compridas perto do teto. Já estivera ali muitas vezes para desestressar, mas, naquele momento, aquele seria um lugar para um propósito diferente.

Um garçom viera recolher seu pedido. Já o conhecia e , assim como a grande maioria das vezes, pediu um café sem açúcar com um toque de canela. Colocou a pasta escura em cima da mesa. Pegou o celular, verificando as mensagens. Ignorou algumas, principalmente a de grupos, alguns destes ele ainda permanecia forçadamente, mesmo que já tenha tentado sair. Algumas pessoas simplesmente não levam em consideração a vontade dos outros.

“Estou indo para a casa da Rin, só devo voltar domingo a noite. Bom final de semana, Sasuke!”

Leu a mensagem da irmã e rapidamente respondeu com um “Ok. Para você também”

Yuugito, com quem atualmente dividia o apartamento, era sua irmã caçula. Esta, que há muito tempo viera acompanhada de pais, tios , uma avó e alguns primos, num pacote familiar, para a sua vida.

Ele fora adotado por uma boa família. Uma que o acolheu quando não sentia mais esperanças de nada. Sua infância e, principalmente, a adolescência fora uma época difícil. E toda vez que lhe vinha à memória alguma coisa relacionada a essas fases, ele bloqueava. Era difícil para ele ter qualquer sentimento bom relacionado à sua vida antes de sua família. Tudo parecia um mar escuro, que ele tinha receio em entrar novamente e se afogar.

Agradeceu, quando a xícara de porcelana branca com café fumegante foi colocada em sua frente. Bebericou, sentindo o gosto forte do grão com a peculiaridade da canela.

-Boa tarde! - Ouviu a voz feminina e virou-se, encontrando olhos azuis o encarando - Está aqui a muito tempo?- A mulher de meia idade sentou-se na cadeira vaga à sua frente.

-Boa tarde- Respondeu, recostando-se na cadeira enquanto abria a pasta em cima da mesa- Não muito.- Retirou alguns papéis, colocando-os de lado e segurou , para si , um envelope pardo. -Samantha, eu acho que tenho a conclusão do seu caso.

A mulher à sua frente, de roupas claras e cabelos castanhos num coque perfeito, espalmou as mãos sobre a mesa, levemente nervosa. Ela havia o contratado para saber se o que julgava de seu marido era verdade.

-Dê-me isto.- Ela ergueu tremulamente uma das mãos, enquanto falava com a voz baixa, porém, ansiosa.

Ele a entregou o envelope, vendo-a abrir rapidamente e retirar algumas fotografias, sua expressão era fechada, mas nos olhos eram refletidos toda a aflição que sentia. Ao chegar na terceira foto, sua boca abriu-se, sem deixar escapar nenhum som, enquanto as mãos seguravam fortemente as extremidades da imagem.

- Você está bem?- Perguntou sério, não que se importasse de verdade como com alguém de sua família, por exemplo, mas já passara situações em que logo após entregar a eles provas de suas desconfianças, muitos passavam mal. Um senhor chegará a ter um ataque cardíaco em sua frente. Era uma situação tensa que muitos deles enfrentavam, então toda cautela era pouca.

-Eu não sei, Sasuke- Ela tinha lágrimas nos olhos- Eu sinceramente não sei!

Viu ela deixar o retrato sobre a mesa, enquanto ambas as mãos iam ao rosto, tampando-lhe praticamente toda a face.

Observou a foto que ele mesmo tirou, naquela semana, numa terça- feira de madrugada. O marido de Samantha, George, estava dentro de um carro, parado no sinal. Os vidros do carro esporte estavam baixos, e ali ele conseguiu o flagra de algo que vinha tentando a uns bons dias, desde que tinha quase a certeza do relacionamento extraconjugal de George. O marido da Sra. Parker, que estava no carona, debruçava-se sobre o homem que dirigia e que ele descobrira ser Richard Willians, um novo sócio de um de seus famosos restaurantes. Eles beijavam-se, com corpos muito pertos um do outro. Naquela imagem, em específico, não se via muitos detalhes do acontecido, mas a sequência, de pelo menos umas seis fotos que estavam ali sobre a mesa e que Samantha nem tocara, mostrava a intimidade dos dois homens, e alguma indução de que a mão do Sr. Parker estava perto da intimidade do outro.

Samantha deslizou as mãos do rosto para o cabelo ajeitando o coque, enquanto fungava levemente, recuperando-se de um breve choro. Desde que a conhecera, quase duas semanas atrás, ela sempre demonstrara ser uma mulher firme e um tanto fria. Aquele dia fora o primeiro que a vira desestabilizada.

Depois de alguns segundos mirando o nada, no chão. Ela o observou, o rosto já começava a tomar uma cor uniforme e o olhar da mulher começava a demonstrar o de sempre: Nada.

-Eu não imaginava...- Começou ela, com a voz embargada.- Não desse jeito ao menos. - Tocou a foto novamente e riu pelo nariz- Homem de merda! - Ressoou baixo, mas, ainda assim, com puro ódio, enquanto largava a foto sobre a mesa - Você sabe que esse filho da puta fez com que nosso filho fosse embora de casa porque descobriu que ele era gay? - O cenho dela estava franzido, enquanto cuspia as palavras à mesa. Enquanto ele, mantinha-se passivo. Naquele momento, ele somente devia deixar que seus clientes expressassem suas frustrações- E agora olhe só! - Ela negativa com a cabeça, enquanto remexia nos papéis sobre a mesa- Minha vontade é de esganar aquele dissimulado…- Enquanto ela enfiava os papéis no envelope pardo, que ainda continha um pen drive com a filmagem do que estava em fotografias, ele ponderou que seus casos , na grande maioria das vezes, se tratavam de descobrir relacionamentos extraconjugais. Era o tipo de serviço mais fácil de se conseguir e de se resolver. Raras eram as vezes que ele conseguia algo diferente, como um desafio realmente. O que o deixava , quase sempre, muito entediado.

-Aceita alguma água ou outra coisa para beber?- Perguntou, vendo-a ainda nervosa.

-Não , obrigada - Respondeu ela enfiando o envelope na bolsa e retirando o celular- Vou enviar para sua conta o resto do pagamento- Ela concentrava-se no celular, enquanto ele bebericava o café, observando o rosto fechado da mulher à sua frente. Samantha era uma mulher de pouco mais de quarenta e cinco anos, com uma boa fortuna, não só do marido, mas também por ser a diretora executiva de uma famosa rede de cosméticos de alcance mundial. Imagina o que passava na cabeça dela, certamente ela iria se separar de George. Desde que a conhecera sabia que se descobrisse algo ela não seria como algumas mulheres que tentam manter um casamento por status. Ela era incisiva e independente, tanto emocional, quanto financeiramente. Os olhos claros ergueram-se para os seus, ela deu um meio sorriso, não sabia dizer se triste ou decepcionado, talvez os dois, dada a situação. - Eu quero lhe agradecer pela agilidade e seriedade de seu serviço, Sasuke. Você tirou um peso de meus ombros… Algumas coisas não são feitas para durar, amor é uma delas.- Ela ergueu-se jogando a bolsa no ombro. Ele também levantou-se- Está concluída a transferência bancária, apesar do meu agrado com seus serviços, espero não ter que procurá-lo para nada equivalente nunca mais- Ela deu um sorriso genuíno, enquanto erguia a mão em sua direção, tocou a dela num breve cumprimento.

-Eu que lhe agradeço pela sua procura a mim.- Soltou a mão dela e depois enfiou no bolso da calça social - Espero que não precise mesmo dos meus serviços novamente- Deu-lhe um meio sorriso- Tenha uma boa vida!

-Você também Sasuke, muito obrigada, novamente!- Ela tocou rapidamente seu ombro e depois, a passos largos, saiu do restaurante.

Pagou seu café e depois caminhou pelas ruas movimentadas. Eram três e meia da tarde, o tempo estava propício para uma corrida de fim de tarde.

 

Chegou em casa, depois de cruzar algumas quadras. Adentrou em seu apartamento, que atualmente dividia com a irmã, que viera fazer um curso de confeitaria numa famosa escola de culinária. Yuugito passaria com ele pouco mais de oito meses. E depois voltaria para a Califórnia, onde seus pais atualmente moravam.

Cruzou a sala espaçosa com grandes vidraças que iam do chão ao teto e dava vista para prédios e mais prédios, além da rua movimentada. Atravessou o corredor com quatro portas, e adentrou na de sua suíte, que era tomada por móveis escuros , uma grande televisão e uma escrivaninha com seu notebook e alguns livros. As mesmas vidraças que tinham na sala tomavam uma parede de seu quarto, deixando o cômodo iluminado.

Ele tomou um banho breve e colocou roupa, um conjunto de shorts e camisetas esportivos. Pegou seu Ipod e quando pisou para fora de seu apartamento encontrou-se com sua vizinha de frente, ali no corredor.

-Oi Sasuke!- Karin tinha os cabelos ruivos presos num rabo de cavalo. Os olhos castanhos o encaravam com expectativa, mas com alguma outra coisa a mais. Ela trabalhava como arquiteta e era a pessoa com quem mais conversava no prédio e a que mais frequentava sua casa ultimamente - Como você está?

-Hmmm- Resmungou e estreitou os olhos, enquanto ligava o ipod. Num insight ele lembrou-se da mensagem da irmã, sua mente apitou o porquê do tipo de olhar que Karin o lançava e o que queria dizer. -Bem, obrigado... Karin, pergunte logo o que você quer. Nos dois sabemos bem que sua preocupação não é comigo.

-Ora essa! Quero saber como você está também, quase não para em casa- Ela recostou-se perto de sua porta, enquanto tirava a chaves da bolsa.

-Eu tenho que ir correr. É só isso?- Perguntou sugestivamente. Querendo que ela lhe fizesse logo a pergunta que queria fazer, ao parar ali. Ela torceu o bico, dando-se por vencida.

-Eu queria saber quando sua irmã volta… Ela viajou hoje, não é mesmo?

-Como você sabe?

-Eu a vi lá embaixo, mais cedo, com uma mala- Ela rodava a chave no dedo, parecendo desinteressada, mas isso para alguém que não a conhecia. - Ela foi para onde?

-Se ela não te contou, porque eu contaria?- Respondeu já começando a perder a pouca paciência que tinha. Sua irmã, desde que chegara, andara o colocando em umas presepadas por conta dos relacionamentos que acumulava. Uma vez quase a expulsou de sua casa quando um dia, ao chegar mais cedo, ela estava aos gemidos com mais duas garotas no quarto de hóspedes que ela ocupava. Descobrira depois que era Karin e a filha do dono da farmácia da esquina de seu prédio.- Olha, Karin... - Começou sério, na expectativa de encerrar logo aquele assunto- Esquece isso. - Disse e colocou as chaves no bolso e os fones nos ouvidos, enquanto ela o olhava meio inquieta- Eu se fosse você partia pra outra, Yuugito é minha irmã e eu sei bem como ela é, então só segue teu rumo.

Viu ela olhar para o elevador, no final do corredor, meio constrangida ou chateada, ele não saberia dizer. Mas ela pareceu entender a ideia, pois segundos depois deu um meio sorriso para si e entrou em casa batendo a porta. Suspirou pesadamente, Sabia que a aquilo não ia terminar tão fácil assim.

Seguiu rumo, sem se importar de ter deixado pra trás qualquer resquício de sentimento culposo pelas verdades que dissera. Às vezes as pessoas precisam da realidade exposta para mudar suas expectativas. Ele era o tipo de pessoa que não poupava ninguém disso.

 

Enquanto corria, em um parque arborizado e cheio de crianças gritando a plenos pulmões nos escorregadores , pensava o quanto ele mesmo fora sempre criando ideias na cabeça, de acontecimentos que, depois de um tempo, ele, por diversas vezes, indagava-se se era mesmo real. Se não era somente imaginação. Parou. Soltou o ar cansado pela boca, enquanto apoiava-se, com as mãos no joelho, tragando o ar pueril. Era difícil pensar em seu passado. Em tudo que viveu no orfanato e na situação que o levou a ser adotado e arrancado de sua origem.

Ergueu-se tirando o fone do ouvido esquerdo, se arrependendo logo em seguida ao ouvir um grunhido estridente de uma criança de seis anos ali perto, que chorava pedindo um sorvete. Isso enquanto o cara que vendia, olhava com expectativa para a mãe do menino, que agachava-se , repreendendo o berreiro da criança.

Bebeu água no bebedouro mais próximo e sentou-se em um dos bancos vendo a mãe encaminhar-se com a criança para perto do sorveteiro, que abria um sorriso, já se levantando da cadeira para recebê-los.

Observando aquilo, não pode deixar de pensar em como ele seria se tivesse uma família desde sempre. Às vezes, ele parava e ficava se colocando no lugar de pessoas em situações que via pelas ruas. Naquele caso, se ele fosse a mãe, certamente deixaria o filho chorar até cansar. Mas isso ele pensa por ter vivido de determinada maneira, talvez se tivesse tudo o que sonhara, desde cedo, ele olharia aquela mãe e diria que faria o mesmo que ela fazia agora.

Tudo o que você faz é reflexo da forma como viveu.

Ele sabia o quanto era ruim viver com tão pouco, seja afetivamente ou por questões materiais. E às vezes julgava-se egoísta por condenar pessoas que tinham tudo o que queriam, sem ter grandes esforços...Sem grandes perdas.

Enfiou o fone solto no ombro no ouvido, depois alongou os braços e voltou a correr. Dando uma última olhadela para a criança sorridente, assim como a mãe. No final, ambos estavam felizes, mesmo que por razões diferentes.

Cruzou a porta de seu apartamento e jogou a chave na mesinha ao lado da porta. Inalou o ar com força sentindo um aroma muito conhecido. Não estava sozinho em casa.

Tirou o tênis e as meias, enquanto seguia para seu quarto. Ao abrir a porta deparou-se com Samui deitada com um roupão roxo enquanto mexia em seu notebook. Ela o olhou, dando um meio sorriso logo em seguida.

-Achei que você nem tinha chegado da reunião com sua cliente … Foi rápido então. -Concluiu ela, voltando os olhos para o notebook.

- Sim- Disse sentando-se na cama e colocando o tênis no chão. Esgueirou-se na cama , aproximando-se do rosto da loira de olhos azuis e rosto maduro. Ela inclinou-se encostando os lábios rapidamente nos seus e depois segurou seu rosto para um beijo mais íntimo, que fez despertar seu desejo mais carnal- Achei que você estaria ensaiando no Pumps club agora a tarde .

-Achei que estaria também, mas priorizaram uma novata na dança de cadeiras, então eu e Karui fomos retiradas do espetáculo hoje.- Ela colocou o notebook de lado e ele viu a pesquisa de passagens aéreas na tela. Ela percebeu seu olhar e respondeu:- Não que te interesse, mas estou indo passar esse final de semana na casa dos meus pais, to sedenta pra achar uma promoção nesta madrugada. E não tem jeito melhor de ficar acordada, do que lhe fazendo companhia.- Ela sorriu insinuante, enquanto erguia-se na cama, parando ao seu lado, enquanto ele observava e espalmava a mão sobre a pele macia da coxa da loira, que sentou-se, com uma perna de cada lado, em seu colo- Uma coisa que eu gosto mais do que homens que não falam- Ela beijou seu pescoço, subindo a boca molhada ate sua orelha e sussurrou:- É homens suados que não falam…

A boca dela foi de encontro à sua. Ambas as mãos agarraram as pernas de Samui, puxando-a para mais perto dele, enquanto as línguas se encontravam lentamente, num beijo calmo, mas que fazia uma tensão subir em expectativa.

Ele gostava de Samui, não a amava. Isso era fato até pra ela. Não precisava ser romântico, provar nada e nem se meter numa conversa prolongada por mera conveniência. Ele era ele, um cara sério, observador e que internalizava as coisas. Ela era ela, mente aberta, desapegada e falante.

O tipo de relacionamento que tinham era casual, estavam ali e assim permaneciam até quando quisessem, envolviam-se meramente pelas necessidades carnais. Isso até que a hora do “Faça dinheiro” chegasse. Nova York era boa nesse chamado, acontecia o tempo todo.

Virou-se com ela, esgueirando todo o seu corpo sobre o da voluptuosa mulher abaixo de si. Aquela seria uma a mais, das várias noites que, tanto ele, quanto ela, passavam juntos, afogando um no outro, qualquer certeza de um passado triste e encoberto.

-------xx-------

O céu estava cinzento, como se bem soubesse o que ali acontecia e, por isso, ele deixava-se tomar ,cada vez mais, por um humor amargurado e soturno.

As crianças e adolescente à sua volta encontravam-se lado a lado, no pátio do grande e antigo local que era seu atual lar. Ele observou como algumas pareciam não ligar para o que acontecia ali e ele pensou que, se não estivesse na posição que estava , talvez também não ligaria.

-Como sabem, um querido colega de vocês, Naruto, desapareceu.- A voz de Chiyo, a diretora do orfanato, se fez presente tão forte quanto o trovão que cruzava o céu naquele momento- Não sabemos o paradeiro dele, o que pode, de fato...- Viu ela olhar-lhe profundamente e depois dizer aos céus.- ter Acontecido. A polícia investiga os relatos ocorridos e as possibilidades. Por isso , quero pedir a cada um de vocês que rezem…- As mãos da senhora de olhos escuros e linhas bem expressivas juntaram-se, apertando-se com clamor- Rezem para que Naruto esteja bem! E...- ela o olhou novamente, enquanto ele permanecia parado com as mãos ao lado do corpo.- Caso ele não estiver, rezem pra que esteja a salvo com os bons Deuses…

A velha diretora segurou na mão de sua assistente e assim os seus colegas, que formaram uma meia lua no pátio pavimentado.

Ele sentiu uma mão tocar a sua e olhou para Sakura, vendo-a com os olhos vermelhos, assim como as bochechas e a ponta do nariz. Ela sorriu-lhe triste. A mesma amargura que rodeava ele, estava nela.

Sakura abaixou a cabeça quando a voz de Chiyo fez-se presente novamente:

-Que nossos olhos talvez possam ver alguma coisa impura, mas deixe nossas mentes verem as coisas que não são claras- Outro trovão cruzou o céu, iluminando tudo naquele início de noite, enquanto a voz grossa e firme de Chiyo cortava o silêncio posterior- Que nossos ouvidos talvez possam ouvir algo impuro- Os pingos de chuva começaram a cair, enquanto sentia a mão de Sakura apertar-se na sua . Sentiu um nó entalado na garganta, abriu a boca, inalando e exalando, num ritmo calmo, para que suas emoções não o dominasse novamente- Mas deixe nossa mente escutar as coisas que não são claras. Que nosso menino hiperativo esteja bem, onde quer que esteja. E que a verdade a nós possa apresentar-se.

Viu ela fechar os olhos e muitos ali , que realmente consideravam Naruto, também. Um minuto de silêncio se estendeu. E os chuviscos agora tomavam a forma de uma leve chuva .

-Voltem para seus quartos, a janta será servida no horário de sempre- Disse a assistente de Chiyo, Hana, conduzindo algumas crianças mais novas em direção à casa.

Aos poucos, todos iam adentrando o grande casarão. E a chuva, antes fina, engrossara rapidamente. Olhou para a mão presa à sua. E depois para o rosto, que estava erguido ao céu, enquanto a água torrencial deslizava sobre ela, que permanecia estática ao seu lado e de olhos fechados.

Se havia alguém que o entendia, esse alguém era ela, Sakura. Toda a dor, confusão, medo e arrependimento o tomavam, assim como a ela.

-Vamos entrar, Sakura- Disse para a garota, em meio ao som tempestuoso da natureza à volta- Você vai ficar doente.
 

Ela abriu os olhos, olhando-o tão profundamente que por um momento se sentiu subjugado.

-A violência do mar só apunhala aqueles que não fazem parte do que ele é.- Nem a água da chuva conseguia mudar a opacidade daquele olhar.

Dito isso, ela soltou sua mão e virou-se, deixando-o ali, com sua fragilidade tão palpável. As palavras dela ricocheteavam em sua mente, deixando-o, por um momento, inerte ao dilúvio à sua volta.

Assustou-se com o chacoalhar das árvores que rodeavam o grande pátio. E não pode deixar de lembrar de quando correu com Sakura nos braços, enquanto desespero e medo o tomavam a cada passo que dava. Como a escuridão, que tanto o acolhia e o fazia se sentir bem, agora o lembrava de manchas de sangue e dentes pontiagudos.

Um espectro, mais escuro que a noite, se possível, fez-se presente no muro que rodeava o orfanato.

Deu alguns passos para trás, pensando se aquilo era sua imaginação ou não.

Semicerrou os olhos, vendo que nada ali havia. Decidiu sair daquela chuva, tudo estava começando a ficar confuso e assustador. Virou-se, a fim de adentrar em seu lar, mas seus olhos foram encobertos pela mais profunda escuridão, enquanto sentia o corpo cair…

 

Abriu os olhos num rompante, enquanto o corpo erguia-se. Assustado, olhou para os lados. Mas tudo que encontrou foi a escuridão de seu quarto e um corpo conhecido ao seu lado, na cama.

A mão tocou a testa suada, enquanto respirava forte.

-Está tudo bem?- Disse Samui, colocando o celular de lado e retirando os fones de ouvido, deixando escapar um pouco da música alta que ela ouvia. Ele acenou positivamente com a cabeça.- Bom…. - Iniciou ela, virando-se para ele- Você ficou resmungando a noite toda ,praticamente, mas não quis acordá-lo.- Ela colocou-se de joelhos sobre a cama, e passou a mão na testa dele empurrando a franja comprida, que grudava na testa, para trás.- Você quer falar alguma coisa sobre isso?

-Não é necessário, obrigado.- Recostou-se na cabeceira, enquanto Samui o olhava interrogativa- Nós damos certo porque eu não preciso ficar falando da minha vida pra você, lembra?

Ela revirou os olhos e levantou, saindo para fora do quarto. Por um momento pensou se fora por causa do que ele disse, mas o pensamento se esvaiu quando ela retornou com um copo de água. Ela o estendeu e ele pegou, virando um bom gole em seguida.

-Eu sei, mas não custa perguntar- Samui disse séria, enquanto abria a gaveta do criado-mudo e pegava um cigarro da cartela. Ela acendeu e deu uma tragada.

-Sabe que não gosto que fume aqui- Colocou o copo vazio no criado-mudo.

-Sei, mas não se preocupe, já estou de saída.

-Como assim? -Disse e verificou no relógio ser duas horas da manhã.- Está muito cedo.

-Eu sei, mas enquanto você enchia esse seu rabo branco de sono, eu comprava minha passagem- Ela deu um meio sorriso- Achei uma promoção mara! Por isso tenho que ir cedo, então vou dar uma passadinha lá em casa e depois ir para o aeroporto.- Ela levantou-se da cama, e ia seguindo porta fora quando virou-se para ele com um sorriso sarcástico- A propósito, você tá muito mole ultimamente… Duazinhas e já estava estirado na cama como um defunto. Você já foi melhor Sasuke…

-Você não disse que tinha que ir? Ta fazendo o que aqui ainda?- Respondeu azedo, mas com um olhar divertido.

Ela riu e cruzou a porta do quarto.

Ele deitou novamente e pedaços de seu sonho , que na verdade eram lembranças de quando mais novo, ressurgiam.

Não pense nisso. Não pense nisso. Não pense nisso…

Sua mente, por mais que não quisesse, lhe pregava peças e o induzia a questionar muitas coisas, como Sakura estava, assim como os garotos que costumavam atormentar eles, mas, o principal era, o que de fato acontecera naquela noite e, se tudo aquilo acontecera mesmo, qual seria a explicação.

Posteriormente ao desaparecimento de Naruto, ele e Sakura prestaram vários relatos, e devido ao estado psicológico que se encontravam , foram encaminhados primeiro para um psicólogo, depois para um psiquiatra. Nisso, a verdade dos fatos que estavam diante dele e até mesmo de Sakura, foram colocadas na mesa e resultou numa série de trabalhos para que houvesse uma explicação do que estava por trás da história sem sentido que dois adolescentes contavam.

Toda vez que pensava naquele fim de tarde, daquele ano, no auge de seus quinze anos e naquela maldita casa, ele entrava em contradição dentro de si mesmo sobre o que ele vira e o que ouvira logo após o desaparecimento do amigo.

Puxou o lençol sobre o corpo, tentando esquecer tudo aquilo. Ele tinha que deixar encoberto, não poderia começar a levantar hipóteses agora, quando seguia seu rumo sem tanto medo da sombra de sua antiga vida. Era doloroso demais pensar.

-Sasuke- A voz de Samui o fez abrir os olhos e encará-la- Eu já estou indo.- Ela sentou-se ao seu lado, na cama- Você está bem?

-Já perguntou isso.

-Ok !- Ela bufou, rendida- Segunda pela manhã estou de volta a cidade. Não vá fazer besteiras!

-Não sou homem de besteiras, você sabe.

-Sei, falo isso mas sei que você precisa realmente fazer algumas de vez em quando- Olhou para ela de cenho franzido e ela riu- De doido você já tem a cara, só falta um pouco de atitude.

Rolou os olhos. Sentiu ela passar a mão em seu cabelo e depositar um beijo rápido em seus lábios logo em seguida.

-Não sinta tanto minha falta- Dizendo isso , Samui levantou-se e seguiu para fora do quarto.

-Boa viagem- Disse baixo, mas foi o suficiente para ela ouvi-lo e o olhar de canto , com um meio sorriso.

Ouviu a porta de entrada do apartamento bater.

E mais uma vez estava sozinho em sua própria escuridão.



 


Notas Finais


Bom, tenho que dizer que não ficou exatamente do jeito que eu queria, mas depois de colocar uma coisa aqui e outra ali eu me irritei e pensei: É isso, não consigo melhorar mais! Enfim... O que acharam?

Como eu disse no primeiro cap., eu to com alguns cap. prontos, mas como eu iniciei essa historia no começo do ano eu quero mudar algumas coisas nos que já estão escritos. Então não sei quando postarei o próximo, espero que o mais breve possível.

Nos vemos no próximo, que já adianto: Será com foco na Sakura.

Bjokas :*


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